14/12/2011 - 18h44
Chefe da ONU pede ação contra Síria "em nome da humanidade"
DA FRANCE PRESSE, EM NOVA YORK
Onda de Revoltas O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, disse nesta quarta-feira que a comunidade internacional precisa agir
"em nome da Humanidade" contra a repressão dos protestos pelo regime sírio.
"Na Síria, mais de 5.000 pessoas morreram. Isto não pode continuar. Em nome da humanidade, é hora de a comunidade internacional agir", afirmou o chefe da entidade.
Ban disse, durante coletiva, ter enviado um relatório do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre a repressão ordenada pelo ditador Bashar al Assad ao Conselho de Segurança.
Isto pode aumentar a pressão sobre o Conselho, composto por 15 países, para tomar medidas.
A Rússia e a China já tinham vetado um projeto de resolução do Conselho de Segurança sobre a crise em outubro.
Na próxima quinta-feira, os protestos vão completar seu décimo mês, enquanto os militantes pró-democracia continuam com um movimento de desobediência civil, apesar da violência cotidiana.
POLÊMICA
As declarações de Ban chegam um dia após a comunidade internacional ter discutido o tema em reunião do Conselho de Segurança, quando a alta comissária de direitos humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, apresentou um relatório aumentando o número de mortos para 5.000. Semanas atrás ela já havia alertado que o país encontra-se em estado de guerra civil.
O embaixador da França junto à ONU (Organização das Nações Unidas) descartou na terça-feira o uso da força militar contra a Síria, ao menos por enquanto, dizendo que é preciso esgotar todos os recursos políticos para evitar que o Oriente Médio como um todo "pegue fogo".
"Não é só com a situação humanitária que devemos nos preocupar, mas também com o risco de que a Síria mergulhe numa guerra civil, e que toda a região pegue fogo", disse Gerard Araud a um canal de TV francês.
A Síria enfrenta desde março uma onda de protestos reprimida com dureza pelo governo. A França lidera os esforços ocidentais pela deposição de Assad, e propõe a criação de zonas de proteção aos civis.
No começo do ano, Paris apoiou a intervenção militar da Otan que contribuiu para a derrubada de Muammar Gaddafi na Líbia.
EUA PRESSIONAM RÚSSIA
Também ontem o Departamento de Estado dos EUA exortou a Rússia a apoiar, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, medidas que condenem o regime do ditador sírio Bashar al Assad. "Chamamos outra vez a nossos parceiros no Conselho de Segurança a se mobilizarem para apoiar os inocentes da Síria, incluindo a Rússia", disse Victoria Nuland, porta-voz do órgão americano.
O pedido chega um dia após a alta comissária para os direitos humanos da ONU, Navi Pillay, ter apresentado um relatório ao Conselho de Segurança mostrando que o número de mortos pela repressão na Síria já passa de 5.000.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em entrevista após encontro em Moscou nesta terça
Já o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, classificou como "imoral" a atitude dos países ocidentais que acusam a Rússia de bloquear uma resolução da ONU condenando a Síria, dizendo que as potências deveriam pressionar os extremistas sírios.
"Os que se negam a pressionar a parte extremista e armada da oposição são os mesmos que nos acusam de bloquear o trabalho no Conselho de Segurança da ONU. Considero que a posição é imoral", disse Lavrov.
Ele também reiterou a posição russa sobre o tema sírio, destacando que o Conselho de Segurança não deve estigmatizar apenas o regime de Bashar Assad.
"Nossos interlocutores não querem condenar as violências dos grupos armados extremistas contra as autoridades legais da Síria", destacou.