Causou-me surpresa seu comentário sobre a corveta Barroso no tópico "Força Aérea Portuguesa (FAP)":
Citação:
Quanto às Barroso são navios ultrapassados que não vinham acrescentar nada à nossa Marinha.
Ocorre, que no sitio do PT há uma referência ao cruzador Barroso, um dinossauro da 2ª Guerra Mundial:
http://www.areamilitar.net/cplp/br_mari ... &pa=Brasil
Por outro lado, a corveta Barroso é um aperfeiçoamento das corvetas Classe Inhaúma:
http://www.infomarmb.hpg.ig.com.br/barroso.htm
Minha questão é a seguinte: No seu comentário você estava se referindo à corveta ou ao cruzador?
Um grande abraço
Como julgo que a mesma dúvida se colocou a outros companheiros e também para que a minha afirmação seja compreendida e não seja mal interpretada, eu vou explicar porque a produzi.
Em primeiro lugar devo esclarecer que me estava a referir à corveta Barroso, ainda em construção e que por sua vez é um melhoramento das Inhaúma.
A corveta Barroso é uma evolução da classe Inhaúma, a qual é um projecto da Diretoria de Engenharia Naval da Marinha do Brasil, a partir de 1977, com ajuda de um gabinete técnico privado alemão. O projecto Inhaúma tem portanto origem nos fins da década de 70, tendo o 1º navio da série, V 30 Inhaúma, construído no Ars. Ilha das Cobras, sido assentado em 23-09-83, lançado em 13-12-86 e entrado em serviço em 12-12-89. Foi um navio que começou a ser construído já lá vão perto de 22 anos. A operação desta classe de navios veio mostrar algumas defeciencias de projecto, nomeadamente o desenho da roda da proa e também um excesso de peso na superstrutura, acarretando problemas de estabilidade além da total inexistência de características furtivas. (quanto à furtividade dos navios, penso que é um belo assunto de discussão, se o amigo JNSA o quizer fazer, seria um bom tópico). Esses problemas foram corrigidos no 5º navio da classe, o qual acabou por constituir uma classe à parte. A corveta Barroso teve a quilha assentada em 21-12-94, foi lançada em 20-12-02 e não se sabe quando entrará em serviço. A corveta Barroso em relação às Inhaúma tem o casco alongado em 4,2 m (103,40 m), maior deslocamento (1 785 t, 2 350 tcp) e motores mais potentes (CODOG, quando actualmente se está a optar por motores eléctricos), assim como uma plataforma para 1 helicóptero mais vasta. Terá sistema de combate Siconta 2 em lugar do CAAIS, 1 radar RAN-20S em lugar do AWS-4, um radar RTN-30X no lugar do RTN-10 X, 1 radar Racal-Decca no lugar do 1226, 1 sonar ASO 94-2 no lugar do ASO 4-2, 1 único 40 AA Bofors Trinity, 1 empastelador SLQ-2 no lugar do SLQ-1 e lança-engodos brasileiros. Estou correcto não é?
Vamos ao armamento:
1/114 Mk 8 - 1/40 Bofors Trinity - SSM : 4/MM 40 Exocet - ASW : 6 T/Mk 32 - 1 helicóptero Lynx.
É portanto, um navio com um desenho e concepção antigos, embora melhorado, com razoável armamento ASW mas completamente desarmada do ponto de vista AAW. O 40 Bofors Trinity, pese embora a opinião dos amigos brasileiros, não me convence como CIWS. Prefiro um Goalkeeper ou o novo Milleneum, ou melhor ainda um sistema RAM.
É portanto um navio grande para corveta e pequeno para fragata, com uma tripulação numerosa (122 h.) e armamento ultrapassado (até porque o 114 deverá ser abandonado pela Royal Navy, num futuro não muito longínquo) excepto os mísseis Exocet (embora prefira os RBS-15) e que não traria nenhuma mais valia à Marinha portuguesa. No fundo, seria um NPO mais armado, mas isso também podemos obter a partir do desenho do NPO, que é um projecto mais actual e adaptado às nossas águas. Mesmo para a MB, penso que a Barroso não trará nada de novo e deverá ser uma classe de uma única unidade.
Este tipo de projecto de navio, unicamente ASW, é totalmente ultrapassado, os projectos mais modernos de corvetas como por exemplo as K-130 alemãs ou as do Emirados Árabes Unidos, contemplam todas uma defesa aérea aproximada por mísseis, além de artilharia AA (76 Oto-Melara SR). Esta corveta serviria unicamente como patrulha oceânica e eventualmente escolta ASW, mas lembro que a ameaça submarina, com o fim da guerra fria, no que diz respeito a Portugal é diminuta ou mesmo inexistente. Onde estas corvetas poderiam ser empregadas era num conflito de baixa intensidade em África e aí faz falta armamento AAW e não ASW. Estas corvetas, em relação às Batista de Andrade, não acrescentam nada, excepto os Exocet. Em África, que me lembre, só a África do Sul, Argélia e Egipto possuem submarinos e no ambito dos PALOPS, nenhuma ameaça submarina poderia traduzir-se.
Calculo que vá levar porrada dos amigos brasileiros mas esta é a minha opinião e eu não costumo usar panos quentes.
Falou