FCarvalho escreveu: Seg Jun 07, 2021 12:00 pm
Se os militares venezuelanos tiverem um mínimo de competência, eles irão concentrar forças ao longo da fronteira com a Guiana a despeito de uma desculpa qualquer como exercícios de rotina ou coisa que o valha. E nós não vamos explodir nada no território deles sem um motivo crível para isso antes que algo de fato aconteça.
Enquanto eles estão fazendo "exercícios" do lado deles não podemos fazer nada. E se entrarem na Guiana pelo lado deles, também não faremos nada, a princípio, posto que a agressão não foi contra nós. O máximo que dá para fazer é como falei, reforçar as tropas em Roraima e ver o que acontece depois.
Se por acaso o congresso aquiescer uma intervenção brasileira em favor da Guiana, o que deve demorar sabe-se lá quanto tempo para ser tomada uma decisão assim, afinal são ineptos para qualquer coisa que não diga respeito a seus próprios interesses, então teremos condições de explodir pontes, estradas, vias de acesso e o que for. Isto posto, espera-se que o EB esteja já preparado para lançar mão de suas forças especiais com planos já organizados para tais ações. Que podem impedir ou atrasar a chegada de reforços e de apoio logístico as tropas venezuelanas no país vizinho.
Mas não espere-se que eles fiquem apenas olhando terem seu acesso obstruído em seu próprio território sem que um contra ataque venha para cima de nós, e mesmo que eles refaçam com pontes móveis os acessos que necessitam. E aí a coisa fica muito mais séria, dado que a nossa defesa AAe é praticamente um zero a esquerda frente ao que eles tem e podem empregar mesmo que com uma efetividade quase marginal contra nós ao longo de toda a fronteira norte, de SGC até Belém.
Eu particularmente não acredito que o congresso autorizasse tomarmos qualquer atitude contra a Venezuela caso eles façam alguma besteira contra a Guiana, visto que isto atrairia ingleses e americanos para uma intervenção clara e inequívoca. Mantendo a nossa tradição de passionalidade diplomática o que se pode esperar que façamos é realmente apenas reforçar nossa segurança na fronteira em Roraima e acompanhar, desta vez de perto, o desenrolar dos acontecimentos.
Notar que os reforços teriam que ser feitos ao longo de toda a fronteira com a Venezuela, e não apenas em Roraima, o que quer dizer desdobrar tropas desde a região da Cabeça do Cachorro no Alto Rio Negro até a Guiana Francesa. Não é algo simples e nem fácil de se fazer já que estamos falando de mais de 2 mil kms de fronteira em plena selva com pouca ou nenhuma infraestrutura de apoio.
Para fazer isso seria, na verdade é, necessário muito mais em tropas e equipamentos do que eu citei anteriormente. E eu nem sei se há disposição no país agora ou em qualquer tempo para arcar com os gastos da movimentação de tanta gente assim, vide que até recursos para exercícios regulares mesmo a nível Batalhão são escassos por aqui. Imagina ter que manter mais de 10 mil efetivos em estado de prontidão por mais de uma semana.
Como eu costumo dizer, manter a paz é um negócio caro, mas guerras costuma ser mais caras ainda.