MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Zapata, não é bem assim, mas fiquei interessado, sabe o número do processo do BINA? Vou procurar o histórico do processo.
"Quando um rico rouba, vira ministro" (Lula, 1988)
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Achei isso aqui na wikMarechal-do-ar escreveu:Zapata, não é bem assim, mas fiquei interessado, sabe o número do processo do BINA? Vou procurar o histórico do processo.
Com referência à matéria "Tem Boi Na Linha", de 12/2 (sobre confusões provocadas pelo uso de celulares), a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) esclarece: a patente da Bina nunca foi concedida pelo INPI. Em 2/7/1980, Nélio Nicolai fez o depósito de patente, mas o pedido foi indeferido em 13/9/1983. Uma outra patente dele, a PI 9202624-9, também não cobre as aplicações celulares e, atualmente, seus efeitos estão suspensos por força de liminar. Ela não é a única patente de identificador de chamadas telefônicas. A mais antiga concedida pelo INPI pertence a João da Cunha Doya, já falecido, cuja família mantém uma ação por perdas e danos contra Nélio Nicolai e outras empresas por contrafação (pirataria). Outra patente foi concedida a José Daniel Martin Catoira e Affonso Feijó da Costa Ribeiro Neto, que, em novembro de 2005, propuseram ação, em tramitação, contra Nélio Nicolai e a Lune, alegando, em resumo, que são os legítimos inventores da PI 9202624-9. Há, ainda, uma terceira, de Antonio Martins Ferrari e outros, concedida em 9/3/1993. Como se pode ver, há várias maneiras patenteáveis de se implementar um serviço, sem que haja infração de direitos de propriedade industrial. José Carlos de Oliveira, assessor de comunicação da Abinee em http://www1.folha.uol.com.br/revista/rf1203200618.htm
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
E o pessoal simplesmente adora quando se fala em trazer qualquer coisa de fora para produzir aqui, em detrimento dos desenvolvimentos locais. E depois reclama quando o país não decola e fica para trás até de vizinhos com muito menos recursos do que nós
.

Leandro G. CardA miragem da inovação
José Fucs, especial para O Estado, 26 Novembro 2016
O economista Joseph Schumpeter (1883-1950), um dos pioneiros no estudo do empreendedorismo, dizia que empreendedor não é quem monta um negócio qualquer, igual a tantos outros existentes por aí, mas quem consegue criar um produto, um serviço ou um processo de produção que seja realmente inovador e provoque uma ruptura com o padrão existente. “A função dos empreendedores é mudar ou revolucionar o modelo de produção pela exploração de uma invenção ou mais comumente de uma possibilidade tecnológica ainda não experimentada, para produzir um velho produto de uma nova maneira; pela descoberta de uma nova fonte de suprimento de materiais ou um novo mercado para produtos; pela reorganização de uma indústria e assim por diante”, afirmava Schumpeter.
Pelo conceito de Schumpeter, adotado até hoje pelos grandes estudiosos do empreendorismo no mundo, o Brasil seria praticamente um deserto de empreendedores. A esmagadora maioria dos empreendedores do País não produz qualquer inovação em seus negócios. Apenas adapta, com ligeiras modificações, que não representam ruptura com o padrão em vigor, ideias já existentes no mercado. Segundo o Observatório do Empreendedorismo, produzido pela Endeavor Brasil, os empreendedores brasileiros tem a pior taxa de inovação do mundo, igual à de países como Trinidad e Tobago e Bangladesh. Apenas 11% dos empreendedores brasileiros que estão abrindo seus negócios dizem que o produto ou serviço que oferecem é novo para pelo menos uma parte dos consumidores.
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o mais completo estudo sobre empreendedorismo no mundo, quase a metade dos empreendedores brasileiros montou seu negócio por necessidade e não por oportunidade. É natural que a preocupação com a inovação nesse segmento seja reduzida. Mas mesmo quem monta um negócio para explorar uma oportunidade de mercado quase não inova no Brasil. “O empreendedor brasileiro tem baixíssima ambição, não tem vontade de crescer e inova muito pouco”, diz Juliano Seabra, diretor geral da Endeavor. “Isso favorece o oceano de mediocridade geral, no sentido de que vai todo mundo pela média, mas, nenhuma empresa consegue crescer no Brasil se não tiver algum nível de inovação.”
A falta de empreendedores com foco na inovação acaba limitando o potencial de crescimento do País. Na visão do economista americano Edmund Phelps, prêmio Nobel de Economia de 2006, o Brasil só conseguirá dar uma salto no desenvolvimento se estimular a inovação. “Se o Brasil quiser chegar perto dos países desenvolvidos, tem de encorajar e receber bem a inovação”, afirma Phelps. Embora tenha feito tal afirmação há alguns anos, durante uma visita ao País, nada ou muito pouco mudou nesse quesito. “Se você não estimular a inovação, não vai gerar os empregos que seriam criados em empresas que desenvolvem e implementam a inovação. Também não vai ajudar a criar empregos nas empresas que fariam a publicidade das inovações. Nem promover o crescimento das empresas que podem treinar os empregados”.
Para reverter a situação, é preciso tornar o ambiente de negócios mais amigável. O prazo para obtenção de uma patente, que em outros países não passa de 3 ou 4 anos, não pode continuar a ser de dez anos ou mais. Há quem defenda também a volta do incentivo fiscal, que era usado de forma fraudulenta por muitas empresas para reduzir o imposto a pagar, com o objetivo de criar um estímulo para os empreendedores investirem em inovação. “Se as empresas não inovarem, não serão competitivas e cada vez vai piorar mais a situação”, diz o professor Tales Andreassi, coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vagas (FGV) de São Paulo. Também é fundamental resolver o eterno problema da aproximação dos centros de tecnologia e principalmente as universidades das empresas. “As universidades no Brasil, por uma questão ideológica, quiseram sempre se manter distante do mercado, para não confrontar a pureza de suas pesquisas”, afirma Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae, a organização de apoio às micro e pequenas empresas. “Nos Estados Unidos, as startups oriundas de universidades são a marca do imenso progresso que eles tiveram em inovação.”
A baixa taxa de inovação dos empreendedores brasileiros se deve também a uma questão de fundo, cuja solução é de longuíssimo prazo – a educação. Falta senso de urgência para o País na área. Segundo Seabra, do Instituto Endeavor, o Brasil não vai conseguir ampliar o número de empresas inovadoras enquanto houver problema no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), no ensino médio e no superior. “A formação de gente qualificada para inovar não acontece em quantidade no Brasil”, diz. “O que faz uma empresa ser mais ou menos inovadora é educação, a qualidade do material humano que ela tem. A inovação vai acontecer na medida que a gente consiga juntar gente boa, ultraqualificada, e ter um ambiente de negócios mais simples”. Talvez, aí, a inovação deixe de ser uma eterna miragem.
/ J. F.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Uma velha pergunta: por que os intelectuais odeiam o capitalismo?
Andrea Faggion - O Estado de São Paulo, 29.11.16.
Como era previsto, a morte do ditador cubano Fidel Castro desencadeou entre intelectuais profissionais uma série de malabarismos retóricos para justificar, ou, ao menos, desculpar as violações de direitos humanos sob seu governo. “Se não fosse pela ameaça ianque, não precisaria ter sido assim”; “se não fosse pela revolução, Cuba seria hoje tão pobre quanto o Haiti” foram algumas dessas desculpas.
De minha parte, se tivermos licença para o apelo a enunciados contrafatuais, optarei por um mais seguro: “se não fosse uma ditadura anti-capitalista, nenhum intelectual passaria a vergonha de defendê-la publicamente”. E isso me dá o mote para desenterrar uma antiga questão, já levantada e respondida por mais de um autor: por que a maioria dos intelectuais odeia o capitalismo?
Embora vários – como Ludwig von Mises, Thomas Sowell e Bertrand de Jouvenel – já tenham escrito sobre a rejeição dos intelectuais ao capitalismo, a mim, neste momento, interessam algumas das considerações de Robert Nozick, feitas no famoso artigo “Por que os intelectuais se opõem ao capitalismo?”, das quais me apropriarei livremente. Naturalmente, uma pergunta do tipo se baseia no pressupostos de que a oposição ao capitalismo seria maior entre a média dos intelectuais do que entre a média geral da população. Aceitemos esse suposto fato em prol do argumento.
Quanto ao que se entende por capitalismo, como não existe um conceito consensual, entendamos que o livre mercado e o acumulo de capital sejam traços centrais a qualquer concepção de capitalismo. Assim, uma pergunta como a de Nozick pode ser colocada da seguinte forma: por que intelectuais em especial, mais do que pessoas em geral, tendem a se opor a um sistema de livre mercado, permitindo acumulo de capital? Em outras palavras, trataremos da oposição dos intelectuais ao capitalismo mesmo em suas formas mais perfeitas, assim por dizer, e não de alguma oposição a formas supostamente corrompidas, como o capitalismo de Estado.
Pois bem, para Nozick, o fator que impele os intelectuais na direção do anti-capitalismo diz respeito aos valores que orientam o sistema de justiça distributiva. Intelectuais se sentiriam no direito às maiores recompensas da sociedade e se sentiriam ressentidos ao não receberem essas recompensas. Em suma, o ressentimento intelectual contra o capitalismo surgiria ao constatarem que um sistema capitalista de distribuição não satisfaz um princípio meritocrático da forma “a cada um conforme seu mérito ou valor”. Quem, afinal, não conhece um professor ressentido por ser menos valorizado do que um Neymar? Ou um filósofo que não torce o nariz para a sociedade que coloca os livros de Augusto Cury nas bancas de destaque das livrarias, em vez dos dele?
Agora, na lógica capitalista, é perfeitamente compreensível que Neymar seja mais valorizado do que qualquer intelectual e Augusto Cury, mais valorizado do que grandes acadêmicos. Como Nozick diz, em uma sociedade capitalista – heranças, doações e loterias à parte – o mercado distribui para aqueles que satisfazem demandas que se expressam pela livre flutuação dos preços. Você só será especialmente beneficiado nesse sistema se houver uma demanda pelo seu produto ou serviço maior do que ofertas alternativas à sua. Mas convenhamos que a demanda por artigos que esmiuçam a dedução transcendental dos conceitos puros do entendimento, levada a cabo por Kant, nunca será exatamente alta, a menos que a natureza humana passe por alguma grande revolução.
Agora, se o padeiro percebe que o pão de jiló que ele inventou não tem muita saída no mercado, ele não se ressente contra o capitalismo. Ele muda sua produção para pão doce, por exemplo. Muitos, inclusive, desistem de abrir uma nova padaria, quando uma pesquisa de mercado revela que a oferta de pães e similares já é mais do que suficiente naquela região. Mudam de ramo. Sem ressentimentos!
Por que, então, o intelectual se ressente da preferência pelo futebol a palestras sobre Kant? Porque, diferentemente do padeiro, ele foi treinado para pensar que o que ele faz tem um valor intrínseco e que a boa sociedade deveria recompensar quem produz valores intrínsecos, e não quem satisfaz demandas de mercado.
Acima de tudo, durante sua formação e no decorrer de sua vida profissional na academia, o intelectual é supostamente recompensado pelo mérito do seu trabalho. Por mais que o mérito esteja em declínio hoje no sistema de notas – muitos programas de pós-graduação aderem ao mero aprovado ou reprovado no sistema de avaliação de teses – ainda gostamos de pensar que chegamos onde chegamos academicamente, porque somos os melhores, e não porque nosso orientador era o mais influente. Pois, no mercado, você pode saber preparar o melhor prato da alta gastronomia francesa e ainda ficar desempregado se as pessoas demandam mesmo um churrasco. Como Nozick diz, a sociedade não é uma escola em larga escala.
Outro ponto interessante relativo à diferença entre a escola e a sociedade é que a última carece da figura do distribuidor central, com a qual o intelectual se acostumou na escola. Na escola, temos professores distribuindo notas, temos comitês e pareceristas para nos avaliar. No mercado, a distribuição é difusa. Cada um de nós – ao eleger em qual padaria vai comprar pão, ou optar entre comprar um livro ou ir ao cinema – é um distribuidor agindo por conta própria. Como pode, então, haver racionalidade nessa distribuição desorganizada?
O intelectual, na escola, se habituou a cobrar critérios claros de avaliação, uniformemente empregues. Na sociedade, ele se depara com milhões de arbítrios dispersos. Como recorrer de uma decisão? Como se sentir intitulado a ela? Se suas crenças normativas relativas à justiça na distribuição de bens foram amplamente moldadas pela escola, é mesmo natural que você veja injustiça em cada parte de uma sociedade de livre mercado.
Oferecido este esboço de explicação da rejeição dos intelectuais ao capitalismo, mesmo em sua melhor forma, vale adicionar que o fato do valor de mercado não corresponder a algum valor intrínseco pode ser mesmo digno de lástima. Ao explicarmos por que o intelectual se ressente do capitalismo, não podemos afastar a hipótese normativa de que haja boas razões para ressentimento. Afinal, parece haver mais do que simples preconceito no desgosto que se expressa por um mundo onde ninguém mais esmiuce Kant, porque estão todos ocupados demais produzindo muitos “Kant e os Simpsons” para o mercado. Portanto, talvez, Nozick tenha ido longe demais ao sugerir, se o entendi bem, que filósofos enaltecem o valor do conhecimento apenas por uma espécie de corporativismo.
Porém, por mais que possa ser legítimo que o intelectual lute por um mundo do qual o valor intrínseco não desapareça por não conseguir tomar a forma de valor de mercado, também é bom termos cuidado com o que desejamos, ao sonharmos com um mundo meritocrático substituindo a sociedade de livre mercado. É prudente termos em mente que todos queremos pão, e até algum circo de vez em quando. Os sistemas anti-capitalistas romanticamente defendidos por intelectuais, na prática, têm se mostrado incapazes de prover esse pão. E parece que, por isso mesmo, eles tampouco têm produzido muitos Kants.
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Andrea Faggion é professora de Filosofia da Universidade Estadual de Londrina.
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Como era previsto, a morte do ditador cubano Fidel Castro desencadeou entre intelectuais profissionais uma série de malabarismos retóricos para justificar, ou, ao menos, desculpar as violações de direitos humanos sob seu governo. “Se não fosse pela ameaça ianque, não precisaria ter sido assim”; “se não fosse pela revolução, Cuba seria hoje tão pobre quanto o Haiti” foram algumas dessas desculpas.
De minha parte, se tivermos licença para o apelo a enunciados contrafatuais, optarei por um mais seguro: “se não fosse uma ditadura anti-capitalista, nenhum intelectual passaria a vergonha de defendê-la publicamente”. E isso me dá o mote para desenterrar uma antiga questão, já levantada e respondida por mais de um autor: por que a maioria dos intelectuais odeia o capitalismo?
Embora vários – como Ludwig von Mises, Thomas Sowell e Bertrand de Jouvenel – já tenham escrito sobre a rejeição dos intelectuais ao capitalismo, a mim, neste momento, interessam algumas das considerações de Robert Nozick, feitas no famoso artigo “Por que os intelectuais se opõem ao capitalismo?”, das quais me apropriarei livremente. Naturalmente, uma pergunta do tipo se baseia no pressupostos de que a oposição ao capitalismo seria maior entre a média dos intelectuais do que entre a média geral da população. Aceitemos esse suposto fato em prol do argumento.
Quanto ao que se entende por capitalismo, como não existe um conceito consensual, entendamos que o livre mercado e o acumulo de capital sejam traços centrais a qualquer concepção de capitalismo. Assim, uma pergunta como a de Nozick pode ser colocada da seguinte forma: por que intelectuais em especial, mais do que pessoas em geral, tendem a se opor a um sistema de livre mercado, permitindo acumulo de capital? Em outras palavras, trataremos da oposição dos intelectuais ao capitalismo mesmo em suas formas mais perfeitas, assim por dizer, e não de alguma oposição a formas supostamente corrompidas, como o capitalismo de Estado.
Pois bem, para Nozick, o fator que impele os intelectuais na direção do anti-capitalismo diz respeito aos valores que orientam o sistema de justiça distributiva. Intelectuais se sentiriam no direito às maiores recompensas da sociedade e se sentiriam ressentidos ao não receberem essas recompensas. Em suma, o ressentimento intelectual contra o capitalismo surgiria ao constatarem que um sistema capitalista de distribuição não satisfaz um princípio meritocrático da forma “a cada um conforme seu mérito ou valor”. Quem, afinal, não conhece um professor ressentido por ser menos valorizado do que um Neymar? Ou um filósofo que não torce o nariz para a sociedade que coloca os livros de Augusto Cury nas bancas de destaque das livrarias, em vez dos dele?
Agora, na lógica capitalista, é perfeitamente compreensível que Neymar seja mais valorizado do que qualquer intelectual e Augusto Cury, mais valorizado do que grandes acadêmicos. Como Nozick diz, em uma sociedade capitalista – heranças, doações e loterias à parte – o mercado distribui para aqueles que satisfazem demandas que se expressam pela livre flutuação dos preços. Você só será especialmente beneficiado nesse sistema se houver uma demanda pelo seu produto ou serviço maior do que ofertas alternativas à sua. Mas convenhamos que a demanda por artigos que esmiuçam a dedução transcendental dos conceitos puros do entendimento, levada a cabo por Kant, nunca será exatamente alta, a menos que a natureza humana passe por alguma grande revolução.
Agora, se o padeiro percebe que o pão de jiló que ele inventou não tem muita saída no mercado, ele não se ressente contra o capitalismo. Ele muda sua produção para pão doce, por exemplo. Muitos, inclusive, desistem de abrir uma nova padaria, quando uma pesquisa de mercado revela que a oferta de pães e similares já é mais do que suficiente naquela região. Mudam de ramo. Sem ressentimentos!
Por que, então, o intelectual se ressente da preferência pelo futebol a palestras sobre Kant? Porque, diferentemente do padeiro, ele foi treinado para pensar que o que ele faz tem um valor intrínseco e que a boa sociedade deveria recompensar quem produz valores intrínsecos, e não quem satisfaz demandas de mercado.
Acima de tudo, durante sua formação e no decorrer de sua vida profissional na academia, o intelectual é supostamente recompensado pelo mérito do seu trabalho. Por mais que o mérito esteja em declínio hoje no sistema de notas – muitos programas de pós-graduação aderem ao mero aprovado ou reprovado no sistema de avaliação de teses – ainda gostamos de pensar que chegamos onde chegamos academicamente, porque somos os melhores, e não porque nosso orientador era o mais influente. Pois, no mercado, você pode saber preparar o melhor prato da alta gastronomia francesa e ainda ficar desempregado se as pessoas demandam mesmo um churrasco. Como Nozick diz, a sociedade não é uma escola em larga escala.
Outro ponto interessante relativo à diferença entre a escola e a sociedade é que a última carece da figura do distribuidor central, com a qual o intelectual se acostumou na escola. Na escola, temos professores distribuindo notas, temos comitês e pareceristas para nos avaliar. No mercado, a distribuição é difusa. Cada um de nós – ao eleger em qual padaria vai comprar pão, ou optar entre comprar um livro ou ir ao cinema – é um distribuidor agindo por conta própria. Como pode, então, haver racionalidade nessa distribuição desorganizada?
O intelectual, na escola, se habituou a cobrar critérios claros de avaliação, uniformemente empregues. Na sociedade, ele se depara com milhões de arbítrios dispersos. Como recorrer de uma decisão? Como se sentir intitulado a ela? Se suas crenças normativas relativas à justiça na distribuição de bens foram amplamente moldadas pela escola, é mesmo natural que você veja injustiça em cada parte de uma sociedade de livre mercado.
Oferecido este esboço de explicação da rejeição dos intelectuais ao capitalismo, mesmo em sua melhor forma, vale adicionar que o fato do valor de mercado não corresponder a algum valor intrínseco pode ser mesmo digno de lástima. Ao explicarmos por que o intelectual se ressente do capitalismo, não podemos afastar a hipótese normativa de que haja boas razões para ressentimento. Afinal, parece haver mais do que simples preconceito no desgosto que se expressa por um mundo onde ninguém mais esmiuce Kant, porque estão todos ocupados demais produzindo muitos “Kant e os Simpsons” para o mercado. Portanto, talvez, Nozick tenha ido longe demais ao sugerir, se o entendi bem, que filósofos enaltecem o valor do conhecimento apenas por uma espécie de corporativismo.
Porém, por mais que possa ser legítimo que o intelectual lute por um mundo do qual o valor intrínseco não desapareça por não conseguir tomar a forma de valor de mercado, também é bom termos cuidado com o que desejamos, ao sonharmos com um mundo meritocrático substituindo a sociedade de livre mercado. É prudente termos em mente que todos queremos pão, e até algum circo de vez em quando. Os sistemas anti-capitalistas romanticamente defendidos por intelectuais, na prática, têm se mostrado incapazes de prover esse pão. E parece que, por isso mesmo, eles tampouco têm produzido muitos Kants.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Os intelectuais que odeiam o capitalismo, são os mesmos que não gostam de TRABALHAR!!! Mas adoram escrever musiquinhas e poeminhas idiotas para terem adolescentes e esquerdistas fora de época para idolatra-los... RESUMINDO, É PQ ESSA PARTE DOS INTELECTUAIS NÃO PASSAM DE UNS BONS VAGABUNDOS!!!Clermont escreveu:Uma velha pergunta: por que os intelectuais odeiam o capitalismo?
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Mas morcego, convenhamos, você gosta MESMO de trabalhar ou gosta é do salário que recebe? Por exemplo, vc pagaria para trabalhar?Wilton kvalheiro escreveu:Os intelectuais que odeiam o capitalismo, são os mesmos que não gostam de TRABALHAR!!! Mas adoram escrever musiquinhas e poeminhas idiotas para terem adolescentes e esquerdistas fora de época para idolatra-los... RESUMINDO, É PQ ESSA PARTE DOS INTELECTUAIS NÃO PASSAM DE UNS BONS VAGABUNDOS!!!Clermont escreveu:Uma velha pergunta: por que os intelectuais odeiam o capitalismo?

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Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Eu gosto de trabalhar pq gosto de ganhar $$$Bolovo escreveu:Mas morcego, convenhamos, você gosta MESMO de trabalhar ou gosta é do salário que recebe? Por exemplo, vc pagaria para trabalhar?Wilton kvalheiro escreveu: Os intelectuais que odeiam o capitalismo, são os mesmos que não gostam de TRABALHAR!!! Mas adoram escrever musiquinhas e poeminhas idiotas para terem adolescentes e esquerdistas fora de época para idolatra-los... RESUMINDO, É PQ ESSA PARTE DOS INTELECTUAIS NÃO PASSAM DE UNS BONS VAGABUNDOS!!!
Com tudo, eu já paguei pra trabalhar sabia? Fiz pq tinha uma idéia de aprender determinada coisa, me coloquei a disposição para trabalhar durante um tempo, e como única coisa que eu queria em troca era aprender todo um processo.
Alias, as vezes me da vontade de fazer novamente, trabalhar também é um aprendizado.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Quando quiser me avisa que te arrumo um emprego nestes moldes.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Eu não gosto de trabalhar para os outros não, mas preciso de grana para pagar contas e comprar as coisas, fazer funcionar a engrenagem capitalista.
Gostaria de ter alguns milhões na minha conta e trabalhar só em projetos meus.
Gostaria de ter alguns milhões na minha conta e trabalhar só em projetos meus.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Eu gostaria de ter alguns milhões e ser rentista, igual o Dória. Seria ótimo.mmatuso escreveu:Eu não gosto de trabalhar para os outros não, mas preciso de grana para pagar contas e comprar as coisas, fazer funcionar a engrenagem capitalista.
Gostaria de ter alguns milhões na minha conta e trabalhar só em projetos meus.

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Morcego vem aqui que qro te escravizar
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
O sistema que utilizamos incentiva a circulação de recursos e mercadorias em ritmo cada vez mais elevado. Empresas criam equipamentos já obsoletos visando oferecer algo um pouquinho melhor no ano seguinte. Em resumo, os equipamentos são criados visando ir para o lixo em pouco tempo. É um sistema fortemente atrelado aos excessos, ao desperdício e ao mesmo tempo à escassez (para aqueles que não têm as mesmas condições financeiras).Wilton kvalheiro escreveu:Os intelectuais que odeiam o capitalismo, são os mesmos que não gostam de TRABALHAR!!! Mas adoram escrever musiquinhas e poeminhas idiotas para terem adolescentes e esquerdistas fora de época para idolatra-los... RESUMINDO, É PQ ESSA PARTE DOS INTELECTUAIS NÃO PASSAM DE UNS BONS VAGABUNDOS!!!Clermont escreveu:Uma velha pergunta: por que os intelectuais odeiam o capitalismo?
Não é porque critico o capitalismo que tenho uma solução na manga, mas o fato que este processo é impossível de ser adotado para sempre. Cedo ou tarde precisa mudar.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Artigo BRILHANTE !!!Clermont escreveu:Uma velha pergunta: por que os intelectuais odeiam o capitalismo?
Andrea Faggion - O Estado de São Paulo, 29.11.16.
Como era previsto, a morte do ditador cubano Fidel Castro desencadeou entre intelectuais profissionais uma série de malabarismos retóricos para justificar, ou, ao menos, desculpar as violações de direitos humanos sob seu governo. “Se não fosse pela ameaça ianque, não precisaria ter sido assim”; “se não fosse pela revolução, Cuba seria hoje tão pobre quanto o Haiti” foram algumas dessas desculpas.
De minha parte, se tivermos licença para o apelo a enunciados contrafatuais, optarei por um mais seguro: “se não fosse uma ditadura anti-capitalista, nenhum intelectual passaria a vergonha de defendê-la publicamente”. E isso me dá o mote para desenterrar uma antiga questão, já levantada e respondida por mais de um autor: por que a maioria dos intelectuais odeia o capitalismo?
Embora vários – como Ludwig von Mises, Thomas Sowell e Bertrand de Jouvenel – já tenham escrito sobre a rejeição dos intelectuais ao capitalismo, a mim, neste momento, interessam algumas das considerações de Robert Nozick, feitas no famoso artigo “Por que os intelectuais se opõem ao capitalismo?”, das quais me apropriarei livremente. Naturalmente, uma pergunta do tipo se baseia no pressupostos de que a oposição ao capitalismo seria maior entre a média dos intelectuais do que entre a média geral da população. Aceitemos esse suposto fato em prol do argumento.
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Os Estados não se defendem exigindo explicações, pedidos de desculpas ou com discursos na ONU.
“Quando encontrar um espadachim, saque da espada: não recite poemas para quem não é poeta”
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Trabalho está no topo da satisfação pessoal do ser humano ... não trabalhar é deprimente, faz o ser humano se sentir um lixo ...Wilton kvalheiro escreveu:Eu gosto de trabalhar pq gosto de ganhar $$$Bolovo escreveu: Mas morcego, convenhamos, você gosta MESMO de trabalhar ou gosta é do salário que recebe? Por exemplo, vc pagaria para trabalhar?
Com tudo, eu já paguei pra trabalhar sabia? Fiz pq tinha uma idéia de aprender determinada coisa, me coloquei a disposição para trabalhar durante um tempo, e como única coisa que eu queria em troca era aprender todo um processo.
Alias, as vezes me da vontade de fazer novamente, trabalhar também é um aprendizado.
Depois de uma semana cansativa, tomar uma cerveja, porque vc MERECE isso ... não tem preço ...
Sucesso financeiro também faz parte dessa pirâmide, mas é uma satisfação que nunca chega ... o ser humano é assim, quer sempre alcançar um alvo maior ... já dizia o sábio ... FELICIDADE é o reconhecimento do que JÁ CONSEGUIU ...
Como diz a poesia >>>
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Vc sabia que os europeus se livram de muita cosia velha que pare eles é lixo, exportando para países da África? O ponto da escala produtiva é que quem tem 10 reais compra um celular de 10 reais, e quem tiver 1000 compra um de 1000, deste modo a empresa pode manter sua participação naquele mercado, não é bem assim como vc falou.Algus escreveu:O sistema que utilizamos incentiva a circulação de recursos e mercadorias em ritmo cada vez mais elevado. Empresas criam equipamentos já obsoletos visando oferecer algo um pouquinho melhor no ano seguinte. Em resumo, os equipamentos são criados visando ir para o lixo em pouco tempo. É um sistema fortemente atrelado aos excessos, ao desperdício e ao mesmo tempo à escassez (para aqueles que não têm as mesmas condições financeiras).Wilton kvalheiro escreveu: Os intelectuais que odeiam o capitalismo, são os mesmos que não gostam de TRABALHAR!!! Mas adoram escrever musiquinhas e poeminhas idiotas para terem adolescentes e esquerdistas fora de época para idolatra-los... RESUMINDO, É PQ ESSA PARTE DOS INTELECTUAIS NÃO PASSAM DE UNS BONS VAGABUNDOS!!!
Não é porque critico o capitalismo que tenho uma solução na manga, mas o fato que este processo é impossível de ser adotado para sempre. Cedo ou tarde precisa mudar.
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OBS: Vcs não entenderam nada do que eu quis dizer com o exemplo que dei, e creio que expliquei bem, infelizmente, o mimimi se fez necessário mais uma vez, só pra que alguns possam se pendurar nas bolas dos vagabundos "intelectulóides" que não gostam de trabalhar.
OBS2: Eu gosto de trabalhar sim, mas gosto mais do dinheiro que isso me proporciona, E DAI? É CRIME??
OBS3: Por mim, privatizava todas as universidades públicas, acaba com essas autonomias e bota no olho da RUA todos esses "intelectuloides" que se refugiam ali, junto com UJS, JPT e outros lixos criminosos, CAMBADA DE VAGABUNDO MACONHEIRO FILHOS DA PUTA.
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bom dia.