MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Se bem que ele pode fazer como o Paulo Maluf:.deixar de disputar uma eleição majoritária de vitória duvidosa, para tentar virar deputado, que é uma vitória certa e assim o livra de ir pra cadeia.
- Bolovo
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Olha só que coisa mais fofa. O patinho chefe não está gostando dos rumos que o governo que eles tanto queriam no poder está tomando. O que eu posso dizer, além de rir?
Indústria pressiona governo por conteúdo local no setor de petróleo
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
NICOLA PAMPLONA
DE DO RIO
23/10/2016 02h00
As duas maiores federações de indústrias do país decidiram pressionar o governo para participar da elaboração das novas regras de conteúdo local do setor de petróleo. A avaliação é que as medidas anunciadas beneficiam apenas as petroleiras.
O tema foi discutido pelo presidente Michel Temer e os presidentes da Fiesp, Paulo Skaf, e da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira em almoço em setembro.
As entidades reagem à pressão das petroleiras, que tem se reunido frequentemente com o governo neste ano.
O recado dado a Temer foi que, embora entenda a necessidade de flexibilização, a indústria quer evitar uma mudança radical.
Os principais pontos de atrito são o programa de isenção tributária para a compra de equipamentos petrolíferos, chamado Repetro, e a possibilidade de perdão às petroleiras pelo não cumprimento de índices comprometidos em leilões realizados.
Criado em 1999, o Repetro vence em 2019. As petroleiras pedem sua prorrogação, alegando que sua extinção resultaria em perda de competitividade e de investimentos.
A indústria reclama que o programa incentiva importações em detrimento dos fabricantes locais, que não conseguem isenção total sobre os equipamentos feitos no Brasil, já que pagam impostos sobre componentes nacionais e importados.
A gerente de petróleo e gás da Firjan, Karine Fragoso, diz que a entidade propõe a extensão dos benefícios para os fabricantes nacionais.
Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, o programa representou uma renúncia de R$ 10 bilhões por ano entre 2011 e 2013.
No caso do perdão pelo não cumprimento dos compromissos anteriores, chamado de "waiver", a indústria reclama que empresas se instalaram no país para fornecer para as petroleiras com base nos índices de conteúdo local. Entre 2011 e 2016, a ANP aplicou R$ 570 milhões em multas às petroleiras.
As discussões de flexibilização no conteúdo local foram iniciadas no governo Dilma, mas ganharam ritmo com Temer, que quer lançar um novo modelo em dezembro, quando serão anunciados os próximos leilões de áreas petrolíferas no país.
Em janeiro, foi lançado o Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva, ao Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores do Setor de Petróleo e Gás Natural (Pedefor), que dá bônus para petroleiras que fomentarem abertura ou expansão de fábricas no país.
A medida foi criticada pelos fornecedores por permitir que as concessionárias usem os bônus para evitar multas por não cumprir índices.
A pressão sobre o governo aumentou em junho, quando a Petrobras passou a defender abertamente a flexibilização das regras após a chegada de Pedro Parente à presidência. Em 2016, o governo recebeu os presidentes globais da Shell, Ben Van Beurden, e da Statoil, Eldar Saetre. O setor afirma que ganharia investimentos de US$ 250 bilhões com as mudanças.
"Eles ameaçam com um investimento que só vai acontecer na década que vem. O fechamento de fábricas vai trazer desemprego agora", rebate Velloso.
Folha de S. Paulo
Indústria pressiona governo por conteúdo local no setor de petróleo
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
NICOLA PAMPLONA
DE DO RIO
23/10/2016 02h00
As duas maiores federações de indústrias do país decidiram pressionar o governo para participar da elaboração das novas regras de conteúdo local do setor de petróleo. A avaliação é que as medidas anunciadas beneficiam apenas as petroleiras.
O tema foi discutido pelo presidente Michel Temer e os presidentes da Fiesp, Paulo Skaf, e da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira em almoço em setembro.
As entidades reagem à pressão das petroleiras, que tem se reunido frequentemente com o governo neste ano.
O recado dado a Temer foi que, embora entenda a necessidade de flexibilização, a indústria quer evitar uma mudança radical.
Os principais pontos de atrito são o programa de isenção tributária para a compra de equipamentos petrolíferos, chamado Repetro, e a possibilidade de perdão às petroleiras pelo não cumprimento de índices comprometidos em leilões realizados.
Criado em 1999, o Repetro vence em 2019. As petroleiras pedem sua prorrogação, alegando que sua extinção resultaria em perda de competitividade e de investimentos.
A indústria reclama que o programa incentiva importações em detrimento dos fabricantes locais, que não conseguem isenção total sobre os equipamentos feitos no Brasil, já que pagam impostos sobre componentes nacionais e importados.
A gerente de petróleo e gás da Firjan, Karine Fragoso, diz que a entidade propõe a extensão dos benefícios para os fabricantes nacionais.
Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, o programa representou uma renúncia de R$ 10 bilhões por ano entre 2011 e 2013.
No caso do perdão pelo não cumprimento dos compromissos anteriores, chamado de "waiver", a indústria reclama que empresas se instalaram no país para fornecer para as petroleiras com base nos índices de conteúdo local. Entre 2011 e 2016, a ANP aplicou R$ 570 milhões em multas às petroleiras.
As discussões de flexibilização no conteúdo local foram iniciadas no governo Dilma, mas ganharam ritmo com Temer, que quer lançar um novo modelo em dezembro, quando serão anunciados os próximos leilões de áreas petrolíferas no país.
Em janeiro, foi lançado o Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva, ao Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores do Setor de Petróleo e Gás Natural (Pedefor), que dá bônus para petroleiras que fomentarem abertura ou expansão de fábricas no país.
A medida foi criticada pelos fornecedores por permitir que as concessionárias usem os bônus para evitar multas por não cumprir índices.
A pressão sobre o governo aumentou em junho, quando a Petrobras passou a defender abertamente a flexibilização das regras após a chegada de Pedro Parente à presidência. Em 2016, o governo recebeu os presidentes globais da Shell, Ben Van Beurden, e da Statoil, Eldar Saetre. O setor afirma que ganharia investimentos de US$ 250 bilhões com as mudanças.
"Eles ameaçam com um investimento que só vai acontecer na década que vem. O fechamento de fábricas vai trazer desemprego agora", rebate Velloso.
Folha de S. Paulo
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
by Bolodeovo. Eu li hoje que o Brasil está maravilhoso: a economia melhorou pra baixo, a gasolina desceu pra cima e a corrupção foi limpa com merda!
- Clermont
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Não caiu a ficha.
Editorial da Folha de São Paulo, 5.11.16.
Ninguém se iluda com a ampla maioria de deputados a favor da proposta de emenda à Constituição que cria um teto para os gastos federais. Ainda é precária, no setor público como um todo, a consciência acerca das limitações orçamentárias e da premência de melhorar o padrão de despesas do Estado.
Em poucos segmentos a desconexão com a realidade é mais patente do que nas altas esferas do Judiciário. Basta ver a manifestação do ministro Ricardo Lewandowski na abertura do 6º Encontro Nacional de Juízes Estaduais, na quinta (3).
Conhecido por suas posições corporativistas, o integrante do Supremo Tribunal Federal declarou que os magistrados não podem ter vergonha de pedir aumentos. "São trabalhadores como outros quaisquer e têm seus vencimentos corroídos pela inflação", disse.
A bem da verdade, os juízes não são exatamente trabalhadores como outros quaisquer. Gozam de estabilidade de emprego e aposentadorias especiais, além de inúmeras outras regalias inacessíveis à imensa maioria de brasileiros.
A inflação de fato corrói seus vencimentos. O problema maior, porém, são aqueles que nem salário têm — os 12 milhões de desempregados — por causa do colapso das finanças do Estado e da recessão.
O ministro disse ainda que juízes merecem remuneração condizente com o serviço prestado. Ora, nesse quesito a sociedade não lhes deve nada. O salário médio de um magistrado brasileiro é similar ao pago a seus pares em nações ricas.
Postos na balança, esses valores explicitam o desequilíbrio. Enquanto nossos juízes em fim de carreira percebem o equivalente a cerca de 16 vezes a renda média nacional, em outros países a proporção raramente chega a seis vezes.
O custo do Judiciário brasileiro, ademais, já é alto: 1,8% do PIB, somados Ministério Público e Defensorias. Na Europa, nenhum país investe mais de 1% do PIB.
Lewandowski, por fim, reforçou o apoio à PEC 63/2013, que não só prevê a criação de um adicional por tempo de serviço a juízes e membros do Ministério Público mas também pretende contar o exercício em outras carreiras jurídicas, retroativamente. Um escárnio.
O mau exemplo é seguido por outros Poderes, em todos os níveis de governo. A Câmara Municipal de São Paulo, por exemplo, cogita aumentar em 26,4% os salários de prefeito e vereadores.
Além de inconvenientes no momento de crise, esses reajustes desencadeiam um efeito cascata, já que muitas carreiras acompanham os vencimentos mais altos.
Não haverá solução para a penúria orçamentária, nem será possível ao Estado atuar com maior equidade, enquanto determinados grupos mantiverem acesso privilegiado a recursos públicos.
Editorial da Folha de São Paulo, 5.11.16.
Ninguém se iluda com a ampla maioria de deputados a favor da proposta de emenda à Constituição que cria um teto para os gastos federais. Ainda é precária, no setor público como um todo, a consciência acerca das limitações orçamentárias e da premência de melhorar o padrão de despesas do Estado.
Em poucos segmentos a desconexão com a realidade é mais patente do que nas altas esferas do Judiciário. Basta ver a manifestação do ministro Ricardo Lewandowski na abertura do 6º Encontro Nacional de Juízes Estaduais, na quinta (3).
Conhecido por suas posições corporativistas, o integrante do Supremo Tribunal Federal declarou que os magistrados não podem ter vergonha de pedir aumentos. "São trabalhadores como outros quaisquer e têm seus vencimentos corroídos pela inflação", disse.
A bem da verdade, os juízes não são exatamente trabalhadores como outros quaisquer. Gozam de estabilidade de emprego e aposentadorias especiais, além de inúmeras outras regalias inacessíveis à imensa maioria de brasileiros.
A inflação de fato corrói seus vencimentos. O problema maior, porém, são aqueles que nem salário têm — os 12 milhões de desempregados — por causa do colapso das finanças do Estado e da recessão.
O ministro disse ainda que juízes merecem remuneração condizente com o serviço prestado. Ora, nesse quesito a sociedade não lhes deve nada. O salário médio de um magistrado brasileiro é similar ao pago a seus pares em nações ricas.
Postos na balança, esses valores explicitam o desequilíbrio. Enquanto nossos juízes em fim de carreira percebem o equivalente a cerca de 16 vezes a renda média nacional, em outros países a proporção raramente chega a seis vezes.
O custo do Judiciário brasileiro, ademais, já é alto: 1,8% do PIB, somados Ministério Público e Defensorias. Na Europa, nenhum país investe mais de 1% do PIB.
Lewandowski, por fim, reforçou o apoio à PEC 63/2013, que não só prevê a criação de um adicional por tempo de serviço a juízes e membros do Ministério Público mas também pretende contar o exercício em outras carreiras jurídicas, retroativamente. Um escárnio.
O mau exemplo é seguido por outros Poderes, em todos os níveis de governo. A Câmara Municipal de São Paulo, por exemplo, cogita aumentar em 26,4% os salários de prefeito e vereadores.
Além de inconvenientes no momento de crise, esses reajustes desencadeiam um efeito cascata, já que muitas carreiras acompanham os vencimentos mais altos.
Não haverá solução para a penúria orçamentária, nem será possível ao Estado atuar com maior equidade, enquanto determinados grupos mantiverem acesso privilegiado a recursos públicos.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
LuLLa se usar o cérebro vem candidato pra deputado para levantar a chapa de deputados, mas ele vai é com o ego mesmo, vem pra Presidente mesmo...
... se não for preso, o que esta demorando já.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Eu acho que ele deveria ser senador.Wilton kvalheiro escreveu:LuLLa se usar o cérebro vem candidato pra deputado para levantar a chapa de deputados, mas ele vai é com o ego mesmo, vem pra Presidente mesmo...
... se não for preso, o que esta demorando já.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Isso só resolve o problema dele, no meu modo de ver, ele pra deputado arrastaria uns 5 do PT com ele no coeficiente + os do PT que se elegeriam com os próprios votos, tipo um Enéas+Tiririca+Russomano.prp escreveu:Eu acho que ele deveria ser senador.Wilton kvalheiro escreveu:LuLLa se usar o cérebro vem candidato pra deputado para levantar a chapa de deputados, mas ele vai é com o ego mesmo, vem pra Presidente mesmo...
... se não for preso, o que esta demorando já.
Pra Senador não tem coeficiente... e acho que ninguém tem duvidas que o PT fará ainda menos deputados em 2018.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
O Inevitável Fracasso da Atual Política Econômica Brasileira
Publicado em 19/11/2016 18:21:42
Por Fernando Grossman e José Martins, da redação
A atual política econômica da burguesia brasileira padece de um claro defeito genético. É tecnicamente equivocada na forma de combater os desequilíbrios das contas públicas que ela mesma se propõe a resolver. Não se trata aqui de lamúrias morais de se condenar os ataques sobre os mais pobres, aumento da miséria, etc. – essas coisas perfeitamente rotineiras no regime capitalista. Esses ataques de pauperização absoluta da população são permanentes em qualquer país do atual mundo capitalista. E o problema que queremos tratar não diz respeito às desigualdades sociais e nem à mera repartição do produto.
Acontece que a ênfase do governo brasileiro em cortar apenas despesas correntes – saúde, educação e outras áreas sociais – além de direitos de aposentados e assalariados, etc., são quantitativamente insignificantes, em termos macroeconômicos, capitalistas, para o ajuste fiscal que os técnicos da protoburguesia brasileira procuram implementar. Apenas matar mais pobres do que eles estão acostumados não vai reequilibrar suas contas públicas. Só vai agravar.
A única política econômica capaz de promover quantidades significativas e suficientes de economias para a recuperação da produção e, consequentemente, o reequilíbrio das contas públicas brasileiras em curto período de tempo (isso é importante) é uma decidida eutanásia dos rentistas. Quase metade dos gastos públicos destina-se ao pagamento de juros e amortização da dívida bruta da União. Como esse danoso parasitismo poderia ser cortado? Em primeiríssimo lugar, concentrar os cortes sobre as despesas financeiras, via profundo corte da taxa básica de juros (Selic). Cada corte de 2 pontos percentuais nesta última equivaleria anualmente, em termos relativos, a um ano das economias geradas pela PEC 55. Essa adição relativa de economias geradas pela simples redução de 2% da Selic leva em conta o incremento de recursos gerado diretamente pela diminuição do gasto com juros e, indiretamente, pelo aumento das receitas fiscais da decorrente e imediata elevação do nível de atividade da economia. Outra vantagem da redução dos juros em lugar do teto de gastos sociais é que a primeira economizará recursos fiscais imediatamente e o congelamento dos gastos de despesas sociais correntes só fará efeito (se fizer, o que é altamente imprevisível) no médio e longo prazo. A redução dos juros não precisa nem passar pela volúvel e cada vez mais cara “base aliada” do Congresso.
É esse tipo de política econômica ativa de redução das taxas de juro – e concomitante aumento das despesas públicas com investimentos em obras de infraestrutura, etc. – que ocorre atualmente no resto do mundo, principalmente nas economias centrais. Sem desequilibrar as contas públicas e, muito menos, provocar inflação. Importante: não há nenhuma justificativa técnica – a não ser política, claro – para essa modalidade inteligente de política monetária não ser aplicada também no Brasil. Essa profilaxia financeira do setor público, que verificamos com a hipótese acima de redução da Selic, destravaria no país os circuitos de crédito e levaria a uma recuperação, mesmo que pequena, mas positiva, da produção industrial e do produto nacional (PIB). É a expansão da economia que, aumentando as receitas fiscais, possibilita a redução do déficit público. E não o contrário. Travar o crescimento econômico – via elevada taxa básica de juro – para reduzir o déficit público provoca inevitavelmente a sua elevação. É isso que ocorre com a atual política econômica brasileira, iniciada com Levy e Barbosa (governo Dilma) e meramente continuada com Meireles (governo Temer). Mudam as moscas mas a moeda continua a mesma.
As taxas básicas próximas de zero, ou mesmo abaixo, em termos reais, nos EUA, Europa, Japão e demais economias com moeda conversível (moeda forte) ocorrem devido à profunda deflação que toma conta do mercado mundial. Essa deflação mundial dos preços enfraquece a produção industrial das diversas economias nacionais e reduz como nunca, nos últimos setenta anos, valor e volume de mercadorias trocadas no comércio internacional.
Essa deflação global já aparece concretamente também no Brasil. Não apenas nos preços de exportação e de importação, como também, de maneira mais do que visível, nos índices de preços de produção (ou de atacado). É esse movimento que impacta também nos índices de preços ao consumidor (IPCA). É por isso que este último está em rápida queda neste ano. Deve fechar o ano próximo de 7% e cair para as proximidades de 4% no próximo ano. A Crítica da Economia foi a primeira a antecipar essa forte tendência de queda da inflação no Brasil. Vide, dentre outras nossas publicações a respeito, nosso boletim semanal de Maio deste ano que justifica teórica e praticamente aquela nossa previsão.
É exatamente neste forte movimento de queda da inflação no Brasil que nos defrontamos agora com um dos maiores crimes da política macroeconômica brasileira. Enquanto o Banco Central do Brasil mantém a taxa nominal de juros de 14% praticamente congelada nos últimos 24 meses – a taxa mais elevada do mundo –– a taxa de inflação já caiu mais de 3% em 2016. Isso quer dizer que a taxa real de juros (taxa nominal menos taxa de inflação) subiu absurdos 3% neste ano. No final do ano passado essa taxa era de aproximadamente 4%, neste final de 2016 já alcança 7%. Isso é inimaginável em qualquer lugar do mundo. Uma imensa jabuticaba, só dá no Brasil. É um disparate econômico (teórico e prático) principalmente no atual quadro deflacionário global.
O atual presidente do Banco Central do Brasil, Sr. Ilan Goldfajn, responsável pela definição do nível da Selic é um dos donos do Banco Itaú. Foi nomeado para este cargo para defender não só os interesses do seu banco, mas os de todos os parasitas do país. O faz da maneira mais dissimulada possível. Ao mesmo tempo em que, com a maior cara de pau do mundo, se vangloria da rápida queda da inflação – como se isso fosse obra da sua eficientíssima política monetária, afirmando que no próximo ano ela deve convergir para a meta da inflação do governo de 4.5% – o Sr. Goldfajn não dá nenhuma indicação de quando vai rebaixar significativamente a super lucrativa taxa básica de juros real com a qual seu banco e os demais trinta milhões de parasitas da nação país (e de outros tantos do exterior, off course) extorquem diariamente da dívida pública e entesouram em seus cofres privados.
Afinal, as maiores taxas de juros do mundo (nominais e reais) só poderiam ser justificadas em uma conjuntura de forte elevação da inflação, grave crise cambial, etc. Como vimos, nada disso está ocorrendo. Muito pelo contrário. Mas o diretor do Banco Itaú, quer dizer, do Banco Central, diz em repetidas entrevistas coletivas que só vai pensar nesta possibilidade de reduzir mais intensamente a Selic depois que o Congresso nacional aprovar a PEC 55 (também conhecida como a PEC da morte) de congelamento real das despesas correntes por vinte anos, a reforma da Previdência de redução dos direitos e congelamento radical dos benefícios correntes e, pasme-se, a reforma trabalhista de enxugamento geral dos direitos trabalhistas – jornada legal de trabalho, acordo coletivo, indenizações, férias, 13º salário, FGTS, etc.
Quer dizer: o Sr. Goldfajn se utiliza da sua suja política monetária para chantagear a nação a aceitar as criminosas “reformas necessárias”. Ao mesmo tempo, sempre mui dissimuladamente, ganha mais tempo para garantir os crescentes lucros extraordinários da taxa real de juros para sua inútil empresa privada e toda a sua classe burguesa de trinta milhões de parasitas que vivem dos rendimentos dos títulos do Tesouro.
Resumo da tragédia: o problema desta insana política econômica brasileira não é apenas o fato que ela é tecnicamente impotente para reequilibrar as contas públicas. Na verdade ela é o próprio motivo para torná-las ainda mais desequilibradas, na medida em que, via Banco Central, ela comete o crime lesa pátria de manter congelada por mais de dois anos a maior taxa básica de juros do mundo enquanto a taxa de inflação cai com enorme rapidez. Essa criminosa política econômica – iniciada, em janeiro de 2015, pelo deposto governo Dilma Rousseff, e continuada ipsis litteris pelo atual governo Michel Temer – é o principal determinante de outro inglório título mundial da protoburguesia brasileira: ter criado desnecessariamente a maior crise econômica (produção) no mundo nos dois últimos anos. Pelo menos no G-20, que reúne as 20 maiores economias do mundo.
O resto do mundo ainda está se segurando. Aqui não para de afundar. Na América do Sul o Brasil não está sozinho. A mesma política econômica e a mesma depressão econômica ocorre também na Argentina de Macri, até recentemente a grande esperança de sucesso do diktat imperialista na América Latina. Em sua posse no governo argentino, há um ano, era apresentado e louvado pela mídia global imperialista e brasileira como o mago da administração empresarial – de técnicos, não de políticos populistas, dizem eles – que mostraria como funciona bem o milagre da austeridade e das “reformas necessárias” para reequilibrar as contas públicas, recuperar a confiança dos capitalistas, os investimentos, e retomar altas taxas de crescimento da economia. Menos de um ano depois ninguém mais acredita, nem na Argentina nem no exterior, que a milagrosa administração empresarial de Macri produza algum resultado positivo realmente importante. Até a banda de música da mídia global já recolheu seus instrumentos. A brasileira, então, nem se fala.
Os capitalistas argentinos olham para a fracassada austeridade imperialista de Macri com a mesma preocupação com que seus colegas brasileiros olham para os mais recentes indicadores da economia de Temer. Terríveis indicadores. Do mesmo modo que na Argentina de Macri, todas as promessas de recuperação da economia do atual governo brasileiro também estão sendo desmentidas pelos fatos. Os últimos números oficialmente divulgados demonstram que no próximo ano a situação da economia brasileira estará pior que o inferno atual. Essa perspectiva aumenta brutalmente a ingovernabilidade burguesa.
A mais importante reflexão frente ao atual quadro econômico e político de Brasil e Argentina é que nenhum governo no mundo jamais se sustentou por muito tempo só com parasitismo econômico e repressão policial para impor aos trabalhadores desemprego, redução dos salários, perdas de direitos e destruição do sonho de conhecimento e liberdade da juventude proletária. Muito menos na Argentina e no Brasil será possível mais essa agressão sem que ela irrompa imediatamente em ingovernabilidade e guerra civil. Diferentemente de países da periferia europeia (Portugal, Grécia, Espanha, etc.), que ainda sofrem com os resultados de processos liberais de austeridade econômica, nas duas maiores economias da América do Sul as populações já se encontram há muito tempo esgotadas pela fome e o desespero social e não têm mais nenhuma “gordura” para queimar. Vide as explosões sociais no Rio de Janeiro nesta semana. Mas esse é um assunto que merece ser continuado com cuidado especial, o que faremos em um próximo post.
Fonte: http://www.criticadaeconomia.com.br/not ... talhes/351
Politica não é a satisfação de um desejo, não é para atingir a perfeição, Não é para satisfazer os anseios morais. Se a pessoa se deixar levar por estes coisas será inevitavelmente manipulada.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
O artigo, em que pese uma certa tendência ideológica, aponta para a questão mais relevante da economia brasileira não apenas hoje, mas já desde o início do governo FHC: A política de juros elevados NÃO CONTROLA A INFLAÇÃO, E CRIA ELA PRÓPRIA O GROSSO DO DESEQUILÍBRIO DAS CONTAS GOVERNAMENTAIS.Lord Deimos escreveu:O Inevitável Fracasso da Atual Política Econômica Brasileira
Publicado em 19/11/2016 18:21:42
Por Fernando Grossman e José Martins, da redação
A atual política econômica da burguesia brasileira padece de um claro defeito genético. É tecnicamente equivocada na forma de combater os desequilíbrios das contas públicas que ela mesma se propõe a resolver. .
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É exatamente neste forte movimento de queda da inflação no Brasil que nos defrontamos agora com um dos maiores crimes da política macroeconômica brasileira. Enquanto o Banco Central do Brasil mantém a taxa nominal de juros de 14% praticamente congelada nos últimos 24 meses – a taxa mais elevada do mundo –– a taxa de inflação já caiu mais de 3% em 2016. Isso quer dizer que a taxa real de juros (taxa nominal menos taxa de inflação) subiu absurdos 3% neste ano. No final do ano passado essa taxa era de aproximadamente 4%, neste final de 2016 já alcança 7%. Isso é inimaginável em qualquer lugar do mundo. Uma imensa jabuticaba, só dá no Brasil. É um disparate econômico (teórico e prático) principalmente no atual quadro deflacionário global.
O atual presidente do Banco Central do Brasil, Sr. Ilan Goldfajn, responsável pela definição do nível da Selic é um dos donos do Banco Itaú. Foi nomeado para este cargo para defender não só os interesses do seu banco, mas os de todos os parasitas do país. O faz da maneira mais dissimulada possível. Ao mesmo tempo em que, com a maior cara de pau do mundo, se vangloria da rápida queda da inflação – como se isso fosse obra da sua eficientíssima política monetária, afirmando que no próximo ano ela deve convergir para a meta da inflação do governo de 4.5% – o Sr. Goldfajn não dá nenhuma indicação de quando vai rebaixar significativamente a super lucrativa taxa básica de juros real com a qual seu banco e os demais trinta milhões de parasitas da nação país (e de outros tantos do exterior, off course) extorquem diariamente da dívida pública e entesouram em seus cofres privados.
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Quer dizer: o Sr. Goldfajn se utiliza da sua suja política monetária para chantagear a nação a aceitar as criminosas “reformas necessárias”. Ao mesmo tempo, sempre mui dissimuladamente, ganha mais tempo para garantir os crescentes lucros extraordinários da taxa real de juros para sua inútil empresa privada e toda a sua classe burguesa de trinta milhões de parasitas que vivem dos rendimentos dos títulos do Tesouro.
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O resto do mundo ainda está se segurando. Aqui não para de afundar. Na América do Sul o Brasil não está sozinho. A mesma política econômica e a mesma depressão econômica ocorre também na Argentina de Macri, até recentemente a grande esperança de sucesso do diktat imperialista na América Latina. Em sua posse no governo argentino, há um ano, era apresentado e louvado pela mídia global imperialista e brasileira como o mago da administração empresarial – de técnicos, não de políticos populistas, dizem eles – que mostraria como funciona bem o milagre da austeridade e das “reformas necessárias” para reequilibrar as contas públicas, recuperar a confiança dos capitalistas, os investimentos, e retomar altas taxas de crescimento da economia. Menos de um ano depois ninguém mais acredita, nem na Argentina nem no exterior, que a milagrosa administração empresarial de Macri produza algum resultado positivo realmente importante. Até a banda de música da mídia global já recolheu seus instrumentos. A brasileira, então, nem se fala.
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Mas não adianta publicar artigos assim, logo se segue uma enxurrada de contra-opiniões de todas as fontes possíveis afirmando que os juros absurdos pagos pelo governo brasileiro são fundamentais para conter a inflação (embora jamais nenhum deles sequer explique o mecanismo pelo qual isso se daria além de alusões vagas a "limites da capacidade de crescimento" que o país teria, e que também jamais são explicitados em detalhe porque isso apontaria para outros problemas que não se quer mencionar), e louvores à toda e qualquer desculpa que se dê para justificar a manutenção dos juros sempre no patamar mais elevado possível, não importa quão estapafúrdia seja esta desculpa.
E assim vamos tocando o barco, cada vez mais cheio de água e mais próximo de afundar de vez (porque os botes salva-vidas dos beneficiados por esta política já estão preparados - e o resto da população que se dane).
Leandro G. Card
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Os rentistas se agarram ao Brasil como uma Jiboia na presa, nos apertando, nos sufocando e ultimamente está faltando inteligencia até para garantir a própria mamata deles e manter a presa viva.
- Clermont
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Questão de vida ou morte.
Em ‘Anatomia do Desastre’, Dilma diz que ‘despesa é vida’ e sai pedalando...
Eliane Cantanhêde - O Estado de São Paulo, 20.11.16.
Se a classe média, a economia e o País foram ao paraíso nos anos Lula, como, quando, onde e por que o “Brasil grande” da era petista começou a dar errado até se esborrachar no inferno da recessão, inflação, juros, desemprego e impeachment de Dilma Rousseff? É a essas perguntas que “Anatomia do Desastre”, da editora Portfolio-Penguin, 264 pág., responde com uma clareza estarrecedora.
O momento crucial ocorre em 2005, terceiro ano do governo Lula, e tem como personagem chave a própria Dilma. O Brasil estava em êxtase, com o boom internacional das commodities, a continuidade da herança bendita de FHC, Lula como salvador da pátria, a sociedade vibrando. Condições perfeitas para o “choque de austeridade” que Delfim Netto, Antonio Palocci e Paulo Bernardo articulavam para sedimentar o futuro, baseado em déficit nominal zero por cinco a dez anos. Aliás, uma versão preliminar da atual PEC do teto dos gastos.
Na reunião decisiva, relata o livro, Dilma olhava para o teto, como que distraída, e tamborilava os dedos na mesa, como que impaciente, para então demolir as teses de austeridade e responsabilidade fiscal com uma ode ao populismo: “Despesa é vida!”. Meses depois, em entrevista ao Estado, desqualificou a proposta a seu estilo: “É rudimentar”.
Como a história mostrou dramaticamente, rudimentar era ela, que não apenas decretou ali o fim do “choque de austeridade”, mas o ambiente para as pedaladas, o descontrole fiscal, o desastre na economia e, por fim, o enterro do próprio mandato. Com um detalhe sórdido: Dilma só era ministra das Minas e Energia, fora do núcleo das decisões. Como teve tanta audácia? Segundo o livro, ela não falava por ela, mas falava por Lula, já empenhado na reeleição em 2006 e na perpetuação do PT no poder. Logo, Lula e Dilma construíram juntos o desastre.
E foi assim que Dilma subiu depois a rampa do Planalto endeusando a “despesa”, carregando a “nova matriz econômica” debaixo do braço, desdenhando o tripé econômico de austeridade fiscal, meta de inflação e câmbio flutuante e capaz de manipular preços públicos e desonerações fiscais de acordo com suas ideologias políticas, suas crenças intervencionistas e as conveniências eleitorais do PT (e dela). Deu no que deu. Mas não foi nenhuma surpresa para os autores de “Anatomia do Desastre”.
Ano após ano, desde o final da era Lula, os jornalistas Cláudia Safatle e Ribamar Oliveira, do Valor Econômico, e João Borges, da Globonews, não perdiam uma oportunidade, nas redações ou em encontros casuais, de manifestar perplexidade, ou indignação, com o desastre que se avizinhava. Hoje, cada um deles poderia se gabar: “Eu não disse?” Mas preferiram contar um desastre como “nunca antes na história deste País”, embalado pelo aparelhamento do Estado e pela corrupção sistêmica. É tão chocante que, no prefácio, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga adverte: “Se o texto lhe parecer ficção, a culpa é dos fatos, não dos autores”.
Em ‘Anatomia do Desastre’, Dilma diz que ‘despesa é vida’ e sai pedalando...
Eliane Cantanhêde - O Estado de São Paulo, 20.11.16.
Se a classe média, a economia e o País foram ao paraíso nos anos Lula, como, quando, onde e por que o “Brasil grande” da era petista começou a dar errado até se esborrachar no inferno da recessão, inflação, juros, desemprego e impeachment de Dilma Rousseff? É a essas perguntas que “Anatomia do Desastre”, da editora Portfolio-Penguin, 264 pág., responde com uma clareza estarrecedora.
O momento crucial ocorre em 2005, terceiro ano do governo Lula, e tem como personagem chave a própria Dilma. O Brasil estava em êxtase, com o boom internacional das commodities, a continuidade da herança bendita de FHC, Lula como salvador da pátria, a sociedade vibrando. Condições perfeitas para o “choque de austeridade” que Delfim Netto, Antonio Palocci e Paulo Bernardo articulavam para sedimentar o futuro, baseado em déficit nominal zero por cinco a dez anos. Aliás, uma versão preliminar da atual PEC do teto dos gastos.
Na reunião decisiva, relata o livro, Dilma olhava para o teto, como que distraída, e tamborilava os dedos na mesa, como que impaciente, para então demolir as teses de austeridade e responsabilidade fiscal com uma ode ao populismo: “Despesa é vida!”. Meses depois, em entrevista ao Estado, desqualificou a proposta a seu estilo: “É rudimentar”.
Como a história mostrou dramaticamente, rudimentar era ela, que não apenas decretou ali o fim do “choque de austeridade”, mas o ambiente para as pedaladas, o descontrole fiscal, o desastre na economia e, por fim, o enterro do próprio mandato. Com um detalhe sórdido: Dilma só era ministra das Minas e Energia, fora do núcleo das decisões. Como teve tanta audácia? Segundo o livro, ela não falava por ela, mas falava por Lula, já empenhado na reeleição em 2006 e na perpetuação do PT no poder. Logo, Lula e Dilma construíram juntos o desastre.
E foi assim que Dilma subiu depois a rampa do Planalto endeusando a “despesa”, carregando a “nova matriz econômica” debaixo do braço, desdenhando o tripé econômico de austeridade fiscal, meta de inflação e câmbio flutuante e capaz de manipular preços públicos e desonerações fiscais de acordo com suas ideologias políticas, suas crenças intervencionistas e as conveniências eleitorais do PT (e dela). Deu no que deu. Mas não foi nenhuma surpresa para os autores de “Anatomia do Desastre”.
Ano após ano, desde o final da era Lula, os jornalistas Cláudia Safatle e Ribamar Oliveira, do Valor Econômico, e João Borges, da Globonews, não perdiam uma oportunidade, nas redações ou em encontros casuais, de manifestar perplexidade, ou indignação, com o desastre que se avizinhava. Hoje, cada um deles poderia se gabar: “Eu não disse?” Mas preferiram contar um desastre como “nunca antes na história deste País”, embalado pelo aparelhamento do Estado e pela corrupção sistêmica. É tão chocante que, no prefácio, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga adverte: “Se o texto lhe parecer ficção, a culpa é dos fatos, não dos autores”.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Crise? Para quem?
Brasil ganhou 10 mil novos milionários em 2016, aponta estudo
Nº passou de 162 mil em 2015 para 172 mil em 2016, diz Credit Suisse.
Brasil tem 245 mil pessoas dentro do 1% mais rico do mundo.
Do G1, em São Paulo
22/11/2016 20h07 - Atualizado em 22/11/2016 20h07
Apesar da recessão, o Brasil ganhou 10 mil novos milionários na passagem de 2015 para 2016, segundo relatório sobre riqueza divulgado nesta terça-feira (22) pelo banco Credit Suisse.
De acordo com o levantamento, o número de milionários brasileiros subiu de 162 mil para 172 mil.
Pela metodologia do estudo, são considerados milionários os indivíduos com ativos avaliados em mais de US$ 1 milhão, excluindo a residência principal.
Segundo o relatório, o Japão foi o país que mais ganhou novos milionários em 2016 (acréscimo de 738 mil), seguido dos Estados Unidos (283 mil), Alemanha (44 mil). Já os países que mais perderam milionários, pela ordem, foram: Reino Unido (-406 mil), Suíça (-58 mil) e China (-43 mil).
No mundo, o número de milinários cresceu 2%, ou 596 mil, passando de 32,3 milhões de pessoas para 32,9 milhões. O EUA concentra o maior número de super-ricos (13,5 milhões)
Desigualdade no Brasil
O relatório não aborda especificamente a crise econômica no Brasil, mas destaca que o país entra "enfrenta claramente dificuldades sérias", apontando que a riqueza média do brasileiro medida em dólar caiu em um terço desde 2011.
Entre 200 e 2011, a riqueza média por adulto no país triplicou, passando US$ 8 mil para US$ 27,1 mil, mas caiu para US$ 18,06 mil em 2016.
O Credit Suisse cita ainda que a desigualdade no Brasil é gritante. O relatório destaca que o Brasil tem 245 mil pessoas dentro do 1% mais rico do mundo e 24 milhões de pessoas com renda abaixo de US$ 249 anuais.
Brasil ganhou 10 mil novos milionários em 2016, aponta estudo
Nº passou de 162 mil em 2015 para 172 mil em 2016, diz Credit Suisse.
Brasil tem 245 mil pessoas dentro do 1% mais rico do mundo.
Do G1, em São Paulo
22/11/2016 20h07 - Atualizado em 22/11/2016 20h07
Apesar da recessão, o Brasil ganhou 10 mil novos milionários na passagem de 2015 para 2016, segundo relatório sobre riqueza divulgado nesta terça-feira (22) pelo banco Credit Suisse.
De acordo com o levantamento, o número de milionários brasileiros subiu de 162 mil para 172 mil.
Pela metodologia do estudo, são considerados milionários os indivíduos com ativos avaliados em mais de US$ 1 milhão, excluindo a residência principal.
Segundo o relatório, o Japão foi o país que mais ganhou novos milionários em 2016 (acréscimo de 738 mil), seguido dos Estados Unidos (283 mil), Alemanha (44 mil). Já os países que mais perderam milionários, pela ordem, foram: Reino Unido (-406 mil), Suíça (-58 mil) e China (-43 mil).
No mundo, o número de milinários cresceu 2%, ou 596 mil, passando de 32,3 milhões de pessoas para 32,9 milhões. O EUA concentra o maior número de super-ricos (13,5 milhões)
Desigualdade no Brasil
O relatório não aborda especificamente a crise econômica no Brasil, mas destaca que o país entra "enfrenta claramente dificuldades sérias", apontando que a riqueza média do brasileiro medida em dólar caiu em um terço desde 2011.
Entre 200 e 2011, a riqueza média por adulto no país triplicou, passando US$ 8 mil para US$ 27,1 mil, mas caiu para US$ 18,06 mil em 2016.
O Credit Suisse cita ainda que a desigualdade no Brasil é gritante. O relatório destaca que o Brasil tem 245 mil pessoas dentro do 1% mais rico do mundo e 24 milhões de pessoas com renda abaixo de US$ 249 anuais.
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Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
E o pessoal ainda fica todo feliz quando empresas brasileiras que tem potencial de inovação são preteridas por empresas estrangeiras que só fabricam aqui o que desenvolvem lá fora, reduzindo cada vez mais a base tecnológica/gerencial do Brasil apta a inovar
.

Leandro G. CardInvestimento empresarial em P&D no Brasil
Para haver impacto econômico da pesquisa são imprescindíveis empresas inovadoras
Carlos Henrique de Brito Cruz (Diretor Científico da Fapesp)- O Estado de São Paulo, 26 Novembro 2016
Muitas nações conseguem obter substancial impacto econômico com atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em ciência e tecnologia (C&T). No Brasil há muitos casos reconhecidos e claramente a economia brasileira sem P&D seria muito mais atrasada e frágil. Exemplos: produção de energia, extração de petróleo, o maior caso mundial de uso extensivo de bioetanol para transporte, equipamentos e sistemas para telecomunicações, aviões, serviços de software e informática, a agricultura e a pecuária, que fazem do País o celeiro do mundo, todos criados por gente que estudou em nossas melhores universidades, trabalhando em empresas inovadoras. Esses sucessos mostram que vale a pena buscar continuamente os caminhos que façam a economia cada vez mais competitiva, pois vários países parecem obter mais impacto econômico de P&D que nós.
Nos países que têm conseguido os maiores efeitos da pesquisa em sua economia há intensa atividade de P&D realizada por empresas. Essa característica é frequentemente esquecida no debate brasileiro, no qual se consideram universidades como o único lugar da pesquisa. Esse engano prejudica as estratégias nacionais, pois desvia o foco do real problema: a debilidade das atividades de P&D em empresas no País.
Nos EUA, dos US$ 456 bilhões aplicados em P&D em 2013, 71% (US$ 323 bilhões) foram executados por empresas. Desse total o governo federal entrou com apenas 9%, o restante foram recursos das próprias empresas. Na Coreia do Sul, dos US$ 68 bilhões (PPP) aplicados em P&D, a fatia empresarial foi 78% (US$ 53 bilhões – PPP). Na Alemanha o porcentual empresarial representou, no mesmo ano, 68% do total; no Reino Unido, 64%; e na China, 77%.
No Brasil, em 2013, a participação de empresas no dispêndio em P&D foi apenas 40% do total nacional, de US$ 40 bilhões PPP (indicadores do MCTI em https://goo.gl/cRveWf). Pior, o porcentual empresarial vem caindo: em 2000 foram 47%. Indicadores de C&T do MCTI mostram que em 2000 havia 44.183 pesquisadores trabalhando para empresas. Em 2010, após uma década de esforços de apoio e incentivos, esse número caiu a 41.317, parecendo refletir a queda precoce da participação da indústria no PIB nacional.
Enquanto cada vez mais lideranças empresariais defendem a necessidade de mais P&D e inovação, as regras da economia brasileira criam um ambiente hostil para tal. Não são só crises ética, fiscal, política e econômica instaladas nos últimos anos. Trata-se, além e antes disso, de protecionismo em excesso, do fechamento da economia, da autoexclusão do Brasil dos grandes acordos comerciais mundiais, dos altos custos trabalhistas, da complexidade tributária, que beira a irracionalidade (faltou mencionar a moeda sobrevalorizada, que torna os produtos brasileiros pouco competitivos, e o elevado custo dos recursos para os necessários investimentos em P&D). O baixo esforço privado em P&D no Brasil não é resultado – como é comum ouvir no meio acadêmico – de certo desvio de conduta das lideranças empresariais; é a resposta lógica a uma economia em que a tecnologia raramente é determinante para a posição da empresa no mercado.
Ao lado do tímido esforço de P&D empresarial, um óbice adicional à realização de mais impacto econômico é a falta de ousadia das empresas, que, em geral, se concentram em atividades adaptativas locais. Veja-se o número de patentes internacionais que as empresas no Brasil obtêm. A revista Pesquisa Fapesp (https://goo.gl/jmkUE7), tratando exclusivamente de patentes obtidas por empresas (não universidades ou institutos), mostra que, de 2011 a 2015, para cada 10 mil pesquisadores empregados as empresas do Brasil obtiveram 32 patentes no Escritório de Patentes dos EUA (USPTO). Para as empresas da China, os mesmos 10 mil pesquisadores criaram 47 patentes; na Coreia do Sul, 519; na Alemanha, 648; e nos EUA, 1.082. No Brasil, entre os 10 maiores solicitantes de patentes há apenas 3 empresas (sendo a primeira uma multinacional), os outros 7 são universidades e institutos de pesquisa. Nos EUA, entre os 10 maiores solicitantes, 10 são empresas; na Alemanha, 9.
Outro equívoco comum no debate brasileiro sobre impacto da pesquisa é supor que a pesquisa colaborativa com universidades será uma peça essencial para superar esse quadro. A colaboração com universidades e laboratórios públicos é importante e tem sido muito estimulada, mas vai bem além da pesquisa colaborativa, seja na formação de pessoal, seja no acesso ao conhecimento público produzido pela pesquisa acadêmica. Nos EUA, dos US$ 270 bilhões gastos por empresas (de seus próprios recursos) para P&D, apenas 1,3% foi dirigido a contratar P&D em universidades. Não é a colaboração com universidades, sozinha, que faz a empresa dos EUA ser inovadora, é o esforço próprio das empresas em seus laboratórios e centros de P&D, onde empregam gente educada nas universidades.
Universidades podem ser determinantes para criar impacto econômico na sociedade e para isso é preciso uma instância mediadora ligada ao mercado, a empresa. Podem ser empresas já bem estabelecidas com vigorosos esforços próprios de P&D ou empresas iniciadas por estudantes ou professores universitários, também com esforços próprios de P&D. Para criar prosperidade empresas precisam de pessoas capazes de ter ideias e de desenvolvê-las – pessoas educadas em universidades com referenciais acadêmicos elevados e atividades intensas de pesquisa, onde desenvolvem sua capacidade intelectual e aprendem a enfrentar problemas usando o método da ciência.
Sem empresas com expressiva atividade própria de P&D o Brasil não conseguirá ser competitivo e criar riqueza com base em conhecimento. Para que as empresas no País possam dedicar-se à inovação é necessário um ambiente econômico que favoreça a competição. Não se trata apenas de haver incentivos explícitos, subvenções e financiamentos, trata-se de algo bem mais sofisticado e complexo: criar no País, para o bem do interesse público, um ambiente estimulante à inovação empresarial.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Aqui vale um comentário, as patentes são vistas de formas diferentes nesses países, no Brasil, é algo puramente acadêmico.No Brasil, entre os 10 maiores solicitantes de patentes há apenas 3 empresas (sendo a primeira uma multinacional), os outros 7 são universidades e institutos de pesquisa. Nos EUA, entre os 10 maiores solicitantes, 10 são empresas; na Alemanha, 9
Nos EUA e Alemanha se patenteia qualquer bobagem não com o objetivo de inovar, mas para atrapalhar judicialmente as concorrentes, por exemplo, a Apple patenteou bordas arredondadas, que, bem, não são uma grande inovação, mas ela usa isso para processar concorrentes e praticamente impossibilita que empresas pequenas consigam comprar a briga, essas bobagens patenteadas (que a propósito, tem pouco valor como patente já que, após alguns anos de briga jurídica elas são invalidadas pela trivialidade) explica o grande número de patentes nesses países.
Já o Brasil vive um problema oposto, aqui patentes só servem para serem colocadas no currículo e por isso só acadêmicos tem real interesse em patentear alguma coisa, hoje demora ao menos dez anos para se conseguir um registro de patente (para desenho industrial é rápido, mas com pouco valor), essa demora faz com que as empresas não consigam usar as patentes comercialmente, nem para dificultar a vida dos concorrentes como fazem la fora, então, por aqui, mesmo quando uma empresa cria algo novo ela não patenteia essa invenção.
"Quando um rico rouba, vira ministro" (Lula, 1988)
- zapata
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
E ainda quando o cara descobre algo revolucionário o escritório de registro inexplicavelmente indefere a patente e joga o estudo de uma vida inteira do cara que lhe renderia milhões no ralo. Vide Bina.Marechal-do-ar escreveu:Aqui vale um comentário, as patentes são vistas de formas diferentes nesses países, no Brasil, é algo puramente acadêmico.No Brasil, entre os 10 maiores solicitantes de patentes há apenas 3 empresas (sendo a primeira uma multinacional), os outros 7 são universidades e institutos de pesquisa. Nos EUA, entre os 10 maiores solicitantes, 10 são empresas; na Alemanha, 9
Nos EUA e Alemanha se patenteia qualquer bobagem não com o objetivo de inovar, mas para atrapalhar judicialmente as concorrentes, por exemplo, a Apple patenteou bordas arredondadas, que, bem, não são uma grande inovação, mas ela usa isso para processar concorrentes e praticamente impossibilita que empresas pequenas consigam comprar a briga, essas bobagens patenteadas (que a propósito, tem pouco valor como patente já que, após alguns anos de briga jurídica elas são invalidadas pela trivialidade) explica o grande número de patentes nesses países.
Já o Brasil vive um problema oposto, aqui patentes só servem para serem colocadas no currículo e por isso só acadêmicos tem real interesse em patentear alguma coisa, hoje demora ao menos dez anos para se conseguir um registro de patente (para desenho industrial é rápido, mas com pouco valor), essa demora faz com que as empresas não consigam usar as patentes comercialmente, nem para dificultar a vida dos concorrentes como fazem la fora, então, por aqui, mesmo quando uma empresa cria algo novo ela não patenteia essa invenção.
"“A cadela do fascismo está sempre no cio” (Bertolt Brecht)