F A R C

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Re: F A R C

#526 Mensagem por Túlio » Dom Mai 04, 2008 10:56 pm

Trocando em miúdos: não se fazem mais comunas como antigamente, né não? [003] [003] [003] [003]




“You have to understand, most of these people are not ready to be unplugged. And many of them are so inured, so hopelessly dependent on the system, that they will fight to protect it.”

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Re: F A R C

#527 Mensagem por Bolovo » Dom Mai 04, 2008 11:00 pm

Túlio escreveu:Trocando em miúdos: não se fazem mais comunas como antigamente, né não? [003] [003] [003] [003]
Eles estão tendo que cair na real, né? [003]




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Re: F A R C

#528 Mensagem por Edu Lopes » Sex Mai 09, 2008 8:23 am

Arquivos mostram laços profundos de Venezuela e Farc, diz jornal

REUTERS

WASHIGNTON - Arquivos encontrados nos laptops de um líder guerrilheiro morto em março mostram que o governo do venezuelano Hugo Chávez tem fortes ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), disse o jornal Wall Street Journal na sexta-feira.

A simpatia de Chávez pelas Farc já é bem conhecida, mas os arquivos demonstram também que a Venezuela ofereceu armas aos rebeldes, possivelmente granadas lançadas por foguetes e mísseis. O país também ofereceu às Farc o uso de um porto para receber carregamentos de armas, disse o jornal.

Chávez acusa a Colômbia de ter forjado os arquivos.

Bernardo Alvarez, embaixador da Venezuela nos Estados Unidos, deu uma entrevista ao jornal na quarta-feira, na qual disse que "eles (os arquivos) são falsos, uma tentativa de pôr o governo da Venezuela em descrédito".

Mas o jornal citou uma importante autoridade norte-americana, que teria dito que "não há acordo completo entre a comunidade de inteligência sobre se esses arquivos são o que parecem ser".

Os arquivos indicam que a Venezuela planejava um esquema de segurança em conjunto com as Farc e procurou treinamento básico em técnicas de guerrilha, disse o jornal, sugerindo que Chávez estava se preparando para uma possível invasão norte-americana da Venezuela.

O jornal disse que as conclusões de Washington sobre os arquivos podem aumentar a pressão para que o país declare a Venezuela uma patrocinadora do terrorismo.

Fonte: http://www.estadao.com.br/internacional ... 9968,0.htm
Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!




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Re: F A R C

#529 Mensagem por Pablo Maica » Sex Mai 09, 2008 10:34 am

Eles são tão falsos a mesma proporção que o chavez é democrático! :mrgreen:


Um abraço e t+ :D




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Re: F A R C

#530 Mensagem por Tigershark » Sex Mai 09, 2008 11:07 am

Há um tempo atrás postei uma reportagem que analisava os riscos dos EUA declararem Chavez e a Venezuela como fomentadores de terrorismo.Apesar de toda a retórica,não acredito em mudanças significativas nesta relação nos próximos tempos,a não ser que Chavez passe das ameaças e intervenha mesmo na Bolívia,caso Morales deixe o poder no referendo.




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Re: F A R C

#531 Mensagem por Kratos » Sex Mai 09, 2008 11:15 am

Túlio escreveu:Mas peraí, o Presidente Lula não era comuna e simpatizante das FARC? Algo não está batendo... :?
Isso foi uma pergunta retórica, certo?




O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
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Re: F A R C

#532 Mensagem por FIGHTERCOM » Sáb Mai 10, 2008 10:05 pm

As Farc se expandem de forma silenciosa pelo continente

Publicada em 10/05/2008 às 19h09m
O Globo Online

BOGOTÁ - Bernardo é um economista argentino, de não mais que 50 anos, e, entre 1990 e 1996, foi assessor externo da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). Depois de fazer uma pequena fortuna, acaba de enviar seu filho mais velho aos Estados Unidos para fazer um curso de piloto Já o colombiano Héctor Orlando Martínez Quinto chegou em 2000 à Costa Rica e se casou com uma jovem, o que lhe permitiu obter o visto de residência e ingressar no mundo das frotas pesqueiras, em associação com outro colombiano, Huberth González Rivas, também casado com uma costa-riquenha.

Essas poderiam ser histórias ordinárias de emigrantes latino-americanos, a não ser pelo fato de Bernardo e Héctor Orlando serem dois dos agentes usados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para levar adiante uma nova e silenciosa batalha: expandir-se ideológica, logística e financeiramente pela América Latina, conta uma reportagem publicada neste domingo pelo Jornal O Globo.

Bernardo, dizem fontes do Exército colombiano e das próprias Farc que hoje colaboram com a Justiça, foi o encarregado de penetrar em países do Cone Sul, enquanto Héctor Orlando - autor do massacre de Bojayá (Chocó), em maio de 2002 - se meteu no negócio da pesca na Costa Rica para utilizá-lo como base de troca de cocaína por armas. É a conclusão a que chegou o Ministério de Segurança da Costa Rica.

- A estratégia consiste em enviar a esses países quadros com o disfarce de refugiados, que, uma vez instalados, tornam-se intocáveis e iniciam a ofensiva - assegura um oficial colombiano.


Link: http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/ ... 322030.asp


Abraços,

Wesley




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Re: F A R C

#533 Mensagem por Marino » Dom Mai 11, 2008 9:55 am

Uma expansão silenciosa pelo continente

Acossada em seu país, guerrilha colombiana monta rede de organizações de apoio no resto da América



BOGOTÁ. Bernardo é um economista argentino, de não mais que 50 anos, e, entre 1990 e 1996, foi assessor externo da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). Depois de fazer uma pequena fortuna, acaba de enviar seu filho mais velho aos Estados Unidos para fazer um curso de piloto.

Já o colombiano Héctor Orlando Martínez Quinto chegou em 2000 à Costa Rica e se casou com uma jovem, o que lhe permitiu obter o visto de residência e ingressar no mundo das frotas pesqueiras, em associação com outro colombiano, Huberth González Rivas, também casado com uma costa-riquenha.

Essas poderiam ser histórias ordinárias de emigrantes latino-americanos, a não ser pelo fato de Bernardo e Héctor Orlando serem dois dos agentes usados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para levar adiante uma nova e silenciosa batalha: expandir-se ideológica, logística e financeiramente pela América Latina.



Membros das Farc se passam por refugiados

Bernardo, dizem fontes do Exército colombiano e das próprias Farc que hoje colaboram com a Justiça, foi o encarregado de penetrar em países do Cone Sul, enquanto Héctor Orlando - autor do massacre de Bojayá (Chocó), em maio de 2002 - se meteu no negócio da pesca na Costa Rica para utilizá-lo como base de troca de cocaína por armas. É a conclusão a que chegou o Ministério de Segurança da Costa Rica.

- A estratégia consiste em enviar a esses países quadros com o disfarce de refugiados, que, uma vez instalados, tornam-se intocáveis e iniciam a ofensiva - assegura um oficial colombiano.

Na Argentina, foram recebidos nos últimos cinco anos 80 refugiados políticos colombianos. Mas quando se indaga sobre seu passado e suas atividades, a resposta oficial do governo é que, ainda que entre eles haja vários membros das Farc, trata-se unicamente de perseguidos ou desmobilizados.

O mesmo padrão se repetiria no Equador, no México e no Brasil. Essa estratégia internacional da guerrilha começou a se gestar em 2002, quando Alvaro Uribe chegou ao poder na Colômbia, com um duro discurso contra as Farc e com as Forças Armadas fortalecidas.

- Por causa da pressão militar, as Farc se viram obrigadas a renunciar à campanha de seqüestros e às grandes ações, com que chegaram a penetrar inclusive em Cali, a terceira cidade mais importante da Colômbia - diz um membro da inteligência militar colombiana.

Naquela época, o Secretariado das Farc optou por iniciar a penetração no resto do continente, que já tivera duas fases, embora pouco produtivas. A primeira, nos anos 80, fracassou por inexperiência. E a segunda foi detida pelo retrocesso do socialismo a nível mundial.

Mas essa terceira fase, coordenada pelos membros do Secretariado Raúl Reyes e Iván Márquez, rendeu frutos. As Farc conseguiram armar uma rede de mais de 400 organizações legais, clandestinas e semiclandestinas que respaldam sua causa, da Argentina até os EUA. Sua ponta de lança foi a Coordenadora Continental Bolivariana (CCB). Não é gratuito que, três dias antes da morte de Reyes, o Segundo Congresso da CCB, reunido em Quito (Equador), tenha aprovado uma resolução de apoio à batalha internacional das Farc para serem tiradas da lista de organizações terroristas e reconhecidas como grupo beligerante.

Na rede de organizações articulada pelas Farc há desde movimentos de revolucionários puros até ONGs defensoras dos direitos humanos, passando por partidos políticos legalmente estabelecidos. A inclusão na categoria de legal ou ilegal decorre do tipo de atividades que desempenham. Se o apoio é apenas ideológico, não há laços. Mas se passa a ser, transformam-se imediatamente em alvo das autoridades. E isso é o que começou a ocorrer com muitas organizações em toda a América Latina. Por exemplo, o Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), no Peru, dá respaldo aberto ao discurso das Farc, por ter como coincidência ideológica um acirrado antiimperialismo. Mas, desde 2006, também há indícios de que membros do grupo peruano tenham recebido treinamento militar da guerrilha. A polícia local tem evidências de que as Farc usam a cidade de Iquitos para recrutamento de milicianos e recuperação de feridos, obtenção de armas e tráfico de drogas.



Próximo objetivo é penetrar nos Estados Unidos

Esse limite entre o apoio ideológico e logístico (incluindo-se o tráfico de drogas e armas) e a condição de refugiados por parte daqueles que promovem essas organizações é o que preocupa as autoridades da Colômbia e de outros países da região. Na Cidade do México, por exemplo, chama a atenção que alguns membros das redes bolivarianas têm interesses numa casa de câmbio e em duas empresas.

E no Equador há agentes de ligação, além de o país abrigar acampamentos da guerrilha. Também na Venezuela e na Colômbia, grupos de jovens aglutinados na Cruzada Latino-americana e no Grupo Anarquista foram treinados para manejar explosivos e armas. No Chile, a liderança do trabalho pró-Farc cabe a um refugiado conhecido como Roque, que conseguiu que o Partido Comunista enviasse membros à Colômbia para receberem instrução militar.

No entanto, tudo indica que o principal esforço das Farc esteja encaminhado a estabelecer algum tipo de conexão nos EUA. A inteligência colombiana assegura que as Farc já abriram ali duas bases de trabalho ideológico: uma ONG ambientalista e um centro de estudos. Com todo esse panorama, funcionários da inteligência do governo colombiano admitem que, embora as Farc estejam encurraladas na Colômbia, podem reclamar seu fortalecimento no exterior como seu grande triunfo nos últimos cinco anos.





Farc teriam vários escritórios no México

Do El Universal



CIDADE DO MÉXICO. Precisar o nível de aliança entre organizações de esquerda mexicanas e estudantes da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) tem sido uma das tarefas conjuntas mais complicadas para os governos colombiano e mexicano. Mas muito já foi descoberto. Em 2002, o governo do presidente colombiano Álvaro Uribe informou ao México que a guerrilha tinha um escritório na capital, de onde articulava seus negócios e contatos.

Apesar do escritório ter sido fechado, dezenas de outros lugares suspeitos estão sendo investigados pelas autoridades mexicanas, especialmente nos estados de Monterrey, Texcoco e Toluca. Muitas das informações chegaram recentemente, fornecidas pela Colômbia depois da suposta descoberta de arquivos no computador do guerrilheiro Raúl Reyes, morto durante um ataque colombiano a um acampamento das Farc no Equador.

Fontes de inteligência afirmam que algumas delas nas unidades das Farc no México são estratégicas para o transporte de cocaína para os EUA e para o envio de armas e munições para a América do Sul.





O Brasil na rota da guerrilha

Fronteira mal protegida e emaranhado de rios favorecem penetração pela Amazônia



O Brasil há tempos está na rota da guerrilha colombiana, que atua especialmente na zona de fronteira, onde o policiamento no lado brasileiro é insuficiente, facilitando o uso do país como estrada de escoamento de drogas, muitas vezes utilizadas como moeda de troca por armas.

Por conta disso, a Polícia Federal tem um projeto para inaugurar uma base de operações na confluência dos rios Içá e Solimões, próximo à fronteira com a Colômbia, no oeste do Amazonas. Nos últimos anos, a PF tem apreendido em média 1,5 tonelada de cocaína a cada ano no Rio Içá, cuja cabeceira é dominada pelas Farc. A base Garatéia terá como objetivo fechar essa rota, que vem sendo explorada pela guerrilha nos últimos anos. A Polícia Federal fiscaliza a partir de bases nos pontos de entrada dos rios Solimões e Içá no Brasil, mas os traficantes de drogas furam o bloqueio pelo labirinto de igarapés e pequenos rios. A cocaína é embarcada algumas dezenas de quilômetros à frente da fronteira, levada por pequenas lanchas ou canoas. Sem outros pontos de controle, a droga chega com facilidade a Manaus, de onde segue para o resto do Brasil e o exterior.

No caminho inverso, suspeita-se que seguem armas para a guerrilha. Em 2004, a Polícia Civil do Amazonas apreendeu aproximadamente 50 mil cartuchos de munição num galpão em Manaus. Na época, o delegado-geral adjunto da polícia de Manaus, Frederico de Souza, afirmou que a munição - para fuzis AR-15, AK-47 e pistolas 9 milímetros - estava em caixas que seriam colocadas dentro de 30 tonéis de plástico branco e seria enviada pelo rio para a Colômbia. A suspeita era reforçada pelo calibre da munição. Um brasileiro e um colombiano foram presos na operação.

Também ficou claro que a fronteira é quase uma terra de ninguém, onde a guerrilha colombiana entra e sai do Brasil como bem entende para fazer ajustes de contas: somente em Tabatinga, que faz fronteira com a cidade colombiana de Leticia, ocorreram entre janeiro e maio do ano passado 26 assassinatos ligados ao narcotráfico, segundo uma comissão da Câmara de Vereadores estabelecida para investigar os crimes. Muitos dos mortos eram estrangeiros. Nos primeiros meses de 2008, quatro dos dez assassinatos ocorridos na cidade foram de estrangeiros. Segundo a Polícia Federal brasileira, a narco-guerrilha comanda a produção, a venda e o escoamento de toneladas de cocaína e dá proteção aos traficantes que atuam na região.

Recentemente uma equipe do GLOBO enviada a Tabatinga, no Amazonas, para investigar a atuação das Farc na área, revelou um enfrentamento ocorrido em 2002, quando o Exército brasileiro matou cinco integrantes da guerrilha que navegavam pelo rio Japurá, perto do Pelotão Especial de Floresta da Vila Bitencourt, na fronteira com a Colômbia.





Costa Rica é refúgio seguro de guerrilheiros

Do La Nación



SAN JOSÉ. Segundo o ministro da Segurança da Costa Rica, Fernando Berrocal, mais de duas mil pessoas vinculadas às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) vivem atualmente na Costa Rica, e a maior parte imigrou ilegalmente no início na década. Muitos deles, segundo o ministro, pagaram para se casar com mulheres costarriquenhas para legalizar sua situação.

Informações da imigração do país revelam que as autoridades concederam nos últimos anos 1.242 vistos de residência para colombianos com vínculos na Costa Rica. Em dez anos, mais de dez mil colombianos pediram asilo ou visto para permanência no país, número recorde.

A guerrilha colombiana atua com cada vez mais força na região. Entre dezembro de 2005 e janeiro de 2007, dez barcos pesqueiros, que carregavam no total 25 toneladas de cocaína, foram apreendidos pelas autoridades no litoral do país. Em 2006, a policia também apreendeu um grande carregamento de armas, munições e explosivos, entre eles fuzis e dinamites, que tinha como destino os guerrilheiros na Colômbia.




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: F A R C

#534 Mensagem por Tigershark » Dom Mai 11, 2008 7:00 pm

É só o que está nos faltando na Amazônia!Além das ONG's uma infiltração das FARC.... :?




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Re: F A R C

#535 Mensagem por Tigershark » Ter Mai 13, 2008 9:29 am

O Globo

Assunto: Opinião
Título:Tentáculos das Farc
Data: 13/05/2008


Os recentes acontecimentos envolvendo as Farc, a Venezuela e o Equador mostraram que a atuação desse grupo narcoterrorista há muito transcende o território da Colômbia, onde ele foi criado na década de 60, e, até hoje, entre outras atividades - como seqüestros e ataques -, luta para derrubar sucessivos governos eleitos.

Um levantamento do Grupo de Diários América (GDA), do qual O GLOBO faz parte, publicado neste jornal domingo, desvenda a expansão sub-reptícia das Farc pelo continente. As reportagens do GDA revelam que o movimento, desde 2002 - quando o presidente Alvaro Uribe chegou ao poder na Colômbia -, vem lançando mão de militantes, supostamente refugiados, que se estabelecem em outros países para montar núcleos de apoio ideológico, financeiro e logístico.

O Peru é usado para arregimentar milicianos e obter armas e drogas. O Equador, além de abrigar acampamentos guerrilheiros em áreas de fronteira, é um bastião financeiro. Venezuela, Costa Rica e México servem para lavagem de dinheiro do narcotráfico, uma das fontes de recursos das Farc. Chávez, na Venezuela, dá forte apoio ideológico e político ao grupo, que tem no México e na Costa Rica firmas de fachada. O Brasil, com suas imensas fronteiras amazônicas, faz parte das rotas de escoamento de drogas e envio de armas. A Argentina tem recebido "refugiados" teleguiados das Farc.

O esquema, segundo o levantamento do GDA, possibilitou à narcoguerrilha montar uma rede de 400 organizações no continente - de partidos políticos legais a ONGs e movimentos revolucionários clandestinos. O próximo objetivo é ampliar sua presença nos EUA, onde já funcionam uma ONG ambientalista e um centro de estudos.

É um plano capaz de pôr em perigo a estabilidade da região, sobretudo se as forças verdadeiramente democráticas não trabalharem em conjunto para detê-lo. Principalmente porque as Farc têm o respaldo de regimes dito democráticos, mas que na verdade usam um manto "socialista" para disfarçar seu caráter populista e autoritário - como se houvesse contradição entre estes predicados -, numa recriação do caudilhismo que a América Latina pensava ter sepultado. É o caso, sobretudo, da Venezuela de Hugo Chávez, e seus aliados em Bolívia e Equador.

Governos como o do Brasil devem agir com firmeza para monitorar e neutralizar a tentativa de exportação de um modelo que nada tem a ver com a democracia, com a modernização política e econômica e com a real melhoria das condições de vida dos povos da região.




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Re: F A R C

#536 Mensagem por FIGHTERCOM » Sex Mai 16, 2008 12:38 am

Interpol comprova autenticidade de arquivos apreendidos das Farc

Publicada em 15/05/2008 às 20h53m
Reuters

BOGOTÁ - A Interpol, agência policial internacional, anunciou na quinta-feira que os documentos encontrados nos computadores das Farc apreendidos pela Colômbia são autênticos.

No entanto, a agência não verificou o conteúdo dos arquivos capturados em março, quando um líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia foi morto por forças colombianas em território equatoriano.

A Colômbia convidou a Interpol para fazer testes forenses para assegurar que os três laptops e outros hardware não foram manipulados depois que as tropas colombianas os apreenderam.

"A Interpol concluiu que não houve alteração", disse o chefe da Interpol, Ronald Noble, em uma coletiva de imprensa em Bogotá. "Mas não é nosso papel avaliar o conteúdo (dos documentos)", ressaltou.

A Colômbia e autoridades dos Estados Unidos dizem que os arquivos mostram que a Venezuela e o Equador prestam auxílio aos rebeldes.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o equatoriano, Rafael Correa, negaram as acusações e disseram que elas fazem parte de uma campanha "suja" apoiada pelos EUA.

O presidente colombiano, Alvaro Uribe, se tornou o maior aliado dos norte-americanos na América Latina. A Venezuela e o Equador são seus maiores críticos.

Tanto Chávez quanto Correa acusam a Colômbia de ter usado os computadores para fazer propaganda dos Estados Unidos. Eles dizem que quaisquer contatos que os governos tenham tido com as Farc fazem parte dos esforços humanitários para libertar os reféns da guerrilha.

"O governo da Colômbia é capaz de provocar uma guerra com a Venezuela para justificar a intervenção dos Estados Unidos", disse Chávez recentemente. "O que eles quiserem eles vão descobrir - é ridículo".

As supostas provas nos computadores fizeram com que o Congresso norte-americano discutisse a possibilidade de Washington aplicar sanções contra Chávez ou colocá-lo em sua lista de Estados que apóiam o terrorismo. Ambas as opções são complicadas porque parte crucial do petróleo importado pelo país vem da Venezuela.

Link: http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/ ... 406428.asp


Abraços,

Wesley




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Re: F A R C

#537 Mensagem por Tigershark » Sex Mai 16, 2008 11:10 pm

DEFESA@NET 16 Maio 2008
Exclusivo DEFESA@NET

AS FARC DESNUDADAS

GenBda R/1 Alvaro de Souza Pinheiro
Especialista em Operações Especiais e Guerra Irregular

Forças de Operações Especiais colombianas capturaram valiosas fontes de informações por ocasião da incursão em território equatoriano que, em 1º de março do corrente ano, resultou na eliminação de uma das mais significativas lideranças das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). À medida que o tempo passa, as autoridades de segurança colombianas tornam públicas algumas dessas informações, possibilitando a elaboração de análises conclusivas, tanto sobre o planejamento e a execução daquela complexa operação especial, “Operación Fénix”, quanto sobre vários aspectos extremamente controvertidos da atuação das FARC no contexto da atual geopolítica latino-americana.

Na madrugada de sábado, 1º de março do corrente ano, uma Força Tarefa Combinada de Operações Especiais da Colômbia executou uma incursão extremamente audaciosa e muito bem sucedida sobre um acampamento localizado na região Norte do Equador, próximo à fronteira com a Colômbia. A “Operação Fênix”, como foi identificada, resultou na eliminação de Luis Edgar Devia Silva, mais conhecido pelo seu codinome, “Raúl Reyes”, que, até então, era considerado como o segundo homem na mais alta hierarquia das FARC.
A ostensiva e assumida violação da soberania equatoriana, que também levou à eliminação de 24 outros irregulares, incluindo um notório ideólogo da organização, Guillermo Enrique Torres, codinome “Julián Conrado”, Liliana Palácios, codinome “Lucia Marin”, amante de “Reyes”, alguns mexicanos, ligados aos cartéis do narcotráfico, e pelo menos um equatoriano, desencadeou uma crise diplomática internacional de graves proporções, principalmente com o Equador e com a Venezuela.

À medida que o tempo passa, além de detalhes do planejamento e execução da “Operação Fênix”, estão emergindo resumos do inventário da inteligência obtida naquele acampamento, recuperada de um laptop do próprio Reyes, bem como de vários hard drives ali apreendidos, propiciando valiosos dados referentes às atividades mais importantes, recentes e atuais das FARC, bem como suas relações com os Governos Venezuelano e Equatoriano.

“Operação Fênix”

Declarações de autoridades de segurança a órgãos de comunicação social colombianos e da mídia internacional enfatizam que a operação especial de incursão em território equatoriano se constituiu no clímax de uma operação de inteligência humana de longa duração, coordenada pela Direción de Inteligência de la Policia Nacional (DIPOL), cujos agentes, operando em conjunto com militares especializados, encontravam-se infiltrados no interior do território equatoriano, desde há um ano, quando obtiveram o dado de que Raúl Reyes estava visitando com freqüência um acampamento situado em região próxima à fronteira Norte do Equador com a Colômbia. Órgãos de comunicação social especializados, como é o caso do JANE’S TERRORISM & SECURITY MONITOR (em sua edição de abril de 2008) divulgaram, dentre outras informações, que a ação direta colombiana foi planejada com uma efetiva participação de agentes da inteligência israelense, dentre os quais, pelo menos 4 deles permaneceram na Colômbia por mais de um ano.

Em meados do mês de fevereiro deste ano, a operação de inteligência cumpriu integralmente seu objetivo, com a localização exata do alvo, em área montanhosa coberta por selva, situada a 1800 metros ao Sul do Rio Putumayo, tendo sido instalado no terreno, um GPS beacon que possibilitou às inteligências colombiana e norte-americana o levantamento preciso das coordenadas daquela base das FARC.

Assim, com o objetivo do ataque oportuna e precisamente localizado, o Destacamento de Operações Especiais (DstOpEsp) colombiano infiltrou, antecipadamente, em território equatoriano, um “Comitê de Recepção”, constituído por Operadores de Forças Especiais, com a finalidade de efetuar um reconhecimento final da área do objetivo, estabelecer uma ação de vigilância aproximada sobre aquela área, atuar como Guias Aéreos Avançados no ataque aéreo planejado, e operar a zona de pouso para helicópteros para a ação de investimento ao objetivo. Concluída a preparação de inteligência, confirmou-se o dia D, como 1º de março. A infiltração do grosso do Escalão de Assalto do DstOpEsp foi efetuada por helicópteros UH-60L, Black Hawk.

Uma esquadrilha de aeronaves de caça A – 29, Super Tucano (fabricadas no Brasil, pela EMBRAER), pertencentes ao Escuadrón de Combate 211 Grifo, da Força Aérea Colombiana (FAC), recebeu luz verde para o desencadeamento da ação ofensiva e decolou da Base Aerea de Tres Esquinas, uma instalação militar conjunta colombiana e norte-americana situada no Sul da Colômbia, aos 25 minutos do dia D. A hora sobre o objetivo (HSO – horário de lançamento do armamento no alvo) da ação de apoio aéreo aproximado desencadeada pelos Super Tucanos foi a 01:00h. Apoiado pelos Guias Aéreos Avançados do Comitê de Recepção, com as bombas de fragmentação guiadas por laser, o ataque aéreo foi magnificamente coroado de êxito.

Conforme posteriormente divulgado, Raúl Reyes sobreviveu ao lançamento das bombas, porém foi vitimado por uma mina terrestre que lhe extirpou o pé direito, quando tentava fugir do acampamento. Imediatamente após o ataque das aeronaves de caça, o Escalão de Assalto investiu em sua ação no objetivo, desembarcando dos helicópteros, em pouso de assalto, diretamente sobre o alvo, eliminando os sobreviventes remanescentes, ao mesmo tempo que um Grupo de Tarefas Especiais resgatava o corpo de Reyes, o seu computador laptop, e o corpo de Julián Conrado, retraindo, em seguida, para território colombiano. Duas horas após a ação no objetivo, os integrantes do Grupo de Tarefas Especiais retornaram à área do acampamento para um resgate complementar de hard drives, bem como de memory sticks.

Tendo em vista neutralizar a aproximação de elementos de combate das FARC que, após a quebra do sigilo da incursão, iniciaram deslocamento para a área do objetivo, as aeronaves de caça colombianas desencadearam sobre eles, quando ainda se encontravam em território colombiano, uma nova ação de apoio aéreo aproximado, fazendo novas baixas na força de guerrilha e possibilitando que o retraimento e a exfiltração de todo o DstOpEsp fossem efetuados, com segurança, ainda durante a madrugada.

As autoridades colombianas, no mesmo ato de divulgação da morte de Reyes, confirmaram que, nesta ação, veio a falecer, morto em combate, o Soldado Carlos Hernández León, enterrado com honras militares, condecorado post-mortem, tendo sua família recebido as condolências oficiais do próprio Presidente Alvaro Uribe. Homenagens póstumas muito bem recebidas por toda a população colombiana. Apesar desta baixa, a operação especial, complexa, tanto no seu planejamento e preparação quanto na sua execução, foi avaliada como um significativo sucesso. O Presidente Uribe, em pronunciamento à Nação, congratulou-se efusivamente com “os destemidos soldados e policiais que executaram a ação”. Anunciou também que duas polpudas gratificações em dinheiro seriam pagas a informantes que possibilitaram dados decisivos para o planejamento e a execução da bem sucedida incursão.

A significativa participação de agências de inteligência estrangeiras no planejamento e na preparação da “Operação Fênix” não minimiza a magnífica demonstração de capacitação operacional das forças de segurança colombianas. E a presença de sistemas de armas dotados de alta tecnologia como as aeronaves Super Tucano que, operadas com competência e alto grau de profissionalismo, introduzem uma significativa vantagem para as forças governamentais no complexo cenário daquele sangrento conflito interno.

Um Golpe Profundo

A eliminação de Raúl Reyes foi universalmente considerada como um golpe profundo nas FARC. Ele pertencia ao chamado “Secretariado de los Siete Miembros”, constituinte do grupo de mais alto nível no sistema de comando e controle da organização. Identificado pelas autoridades colombianas como segundo em comando de Pedro Antonio Marin, codinome “Manuel Marulanda”, também conhecido pela alcunha de “Tiro Fijo”, comandante e fundador das FARC, Reyes era, juntamente com Guillermo Saenz Vargas , codinome “Alfonso Cano” e com Jorge Briceño Suárez, codinome “Mono Jojoy”, um dos três mais poderosos dirigentes das FARC, abaixo de Marulanda. Raúl Reyes, com 59 anos de idade e aparentando muito boa saúde, era considerado o mais provável sucessor do atual comandante.

Reyes destacava-se, na atualidade, pelo trabalho que desenvolvia como chefe de relações internacionais e comunicações, desenvolvendo, com desenvoltura, um trabalho de intensivos contatos com governos estrangeiros, partidos políticos estrangeiros simpatizantes e organizações estrangeiras do crime organizado. Tornou-se famoso como o grande responsável pelo aborto das negociações de paz 1999-2002. Caracterizava-se por possuir um trânsito fácil em todos os escalões das FARC, enquanto os comandantes militares das diversas frentes de combate revolucionárias, em função da pressão exercida pelas ações ofensivas colombianas, mantinham-se cada vez mais isolados entre si.

Sua morte se caracterizou como o mais significativo golpe psicológico sofrido pelas FARC, por ter ele sido o único membro do mais alto comando da organização a ser eliminado pelas forças de segurança, desde a sua fundação nos anos 1960. Essa baixa foi ainda mais sentida pelo fato de apenas alguns dias após, um outro membro do “Secretariado de los Siete Miembros” ter sido assassinado. A 6 de março, um guerrilheiro identificado como Pedro Pablo Montoya, apresentou-se a soldados do Exército Colombiano conduzindo a mão decepada de Manuel Jesús Muñoz, codinome “Ivan Rios”, bem como, seus documentos de identificação e memory sticks. Montoya, que era chefe da segurança de Rios, declarou que o fuzilou e a sua amante, três dias antes, enquanto dormiam, na tentativa de obter a gratificação prometida pela captura ou eliminação dos membros do Secretariado.

O Ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, referiu-se ao assassinato de Rios por um desertor das FARC como uma demonstração inequívoca de que a organização está vivenciando graves conflitos internos. José Obdulio Gaviria, um alto assessor do Presidente Alvaro Uribe, enfatizou em meados de março deste ano que, na atualidade, as FARC estão reduzidas a 4 esparsos grupos armados. Esta declaração é, indiscutivelmente, exagerada. Porém, a muito bem sucedida operação especial de eliminação de Reyes e o assassinato de Rios por um desertor são consideradas evidências claras e significativas de que as FARC perderam a iniciativa e foram colocadas numa situação defensiva extremamente adversa.

As Revelações Digitalizadas

Assessorada por agentes do FBI norte-americano e da INTERPOL, a DIPOL colombiana está engajada na recuperação e no exame dos dados contidos tanto no laptop quanto nos hard drives. O Ministério da Defesa da Colômbia acredita que a tarefa de análise de todos os arquivos, que são da ordem de alguns milhares, demandará semanas de trabalho para sua conclusão. Mas, algumas informações já foram produzidas e divulgadas ao público por diferentes órgãos de comunicação social, com destaque para o jornal diário “El Tiempo”, de Bogotá. E demonstram inequivocamente que o sistema de comando e controle das FARC passa por momentos de grande pressão.

Um e-mail enviado por Raúl Reyes, em 13 de julho de 2007, ao encarregado de sua segurança, Angel Gabriel Losada, codinome “Edgar Tovar”, comandante da Frente 48 das FARC, registra que Alfonso Cano, um dos membros do Secretariado, encontrava-se incomunicável. Cano, uma figura política chave da organização viu-se, nos últimos meses, fortemente perseguido pelas forças de segurança, as quais estiveram muito próximas de capturá-lo na Província de Tolima.

Outra comunicação revela que em 4 de agosto de 2007, um comandante das FARC, que se identifica como “Daniel” envia mensagem a Milton Toncel, codinome “Joaquin Gómez”, militante que veio a substituir Raúl Reyes, após a sua morte, alertando sobre os riscos conseqüentes das operações altamente descentralizadas e simultaneamente desencadeadas, em diferentes áreas, por unidades leves, dotadas de grande mobilidade tática, oportunamente apoiadas por aeronaves de asa fixa e móvel, tanto do Exército quanto da FAC.

Manuel Marulanda, o comandante de mais alto nível, alerta os membros do Secretariado, em outra mensagem, enviada em setembro de 2007, que o emprego das comunicações rádio fosse utilizado o mínimo possível, e sempre em mensagens muito curtas, em função da capacitação das unidades especializadas colombianas de interceptar e localizar os postos das estações em prazos muito curtos.

Este e-mail foi enviado poucos dias antes de um outro ataque aéreo bem sucedido desencadeado por caças A–29 da FAC, que resultou na eliminação de Tomas Medina Caracas, codinome “Negro Acacio”, comandante da Frente 16 das FARC, elemento de contato de Luis Fernando da Costa (vulgo “Fernandinho Beira-Mar”), o mais notório narcotraficante do Brasil. “Beira-Mar” foi capturado, após ter sido ferido, por uma patrulha do Exército Colombiano, em 21 de abril de 2001, na Provincia de Vichada, por ocasião da “Operação Gato Negro”, do Exército Colombiano, quando tentava negociar com o “Negro Acacio” a compra de grande quantidade de cocaína refinada, tendo como parte do pagamento 3 000 fuzis AK-47, Kalashnikov, e 500 000 cartuchos 7,62 mm. Extraditado para o Brasil, “Beira-Mar”cumpre pena numa prisão de segurança máxima.

Manuel Marulanda, que tem sido visto com problemas de saúde já há alguns anos, pode estar perto de encerrar sua carreira como comandante de mais alto nível das FARC. Em mensagem eletrônica enviada aos membros do Secretariado, em 11 de janeiro de 2008, queixa-se das crescentes dificuldades para planejar e executar operações a nível nacional. Devido à situação atual, declara que se encontra homiziado em esconderijo, aguardando um momento propício para a condução de uma “última” operação militar. Há controvérsias com relação à interpretação da palavra “última”, se seria a sua operação final ou a mais recente.

Conexões com Chávez e Correa

De todas as informações até agora tornadas públicas, as mais impactantes são aquelas que abordam as atuais relações das FARC com governos estrangeiros simpatizantes, principalmente com os da Venezuela e do Equador. Mensagens eletrônicas trocadas ao final de 2007 e ao início de 2008 indicam que o Governo de Chávez estava trabalhando no sentido de incrementar a legitimidade política das FARC, além do oferecimento de significativo suporte financeiro.

Num e-mail enviado em 22 de setembro de 2007 aos membros do Secretariado, Marulanda faz referência ao objetivo político de Chávez junto a outros governos estrangeiros para garantir para as FARC o status de “beligerante” ao invés de “terrorista”. Marulanda complementa dizendo que esta intenção auxiliaria, sobremaneira, o projeto geopolítico de Chávez para a América Latina. O comandante maior das FARC conclui a mensagem eletrônica levantando a possibilidade da realização de um encontro futuro com Chávez na localidade de Los Llanos del Yari, região situada no Sudeste da Colômbia.

Numa outra mensagem enviada em janeiro de 2008, Marulanda agradece a Chávez pela sua atuação na liberação de militantes presos em troca de reféns mantidos em cativeiro pelas FARC. Nesta mensagem, Marulanda também agradece a manifestação pública de Chávez em prol da aquisição do status quo de “legítimos beligerantes”, reconhecendo essa atitude como um “gesto revolucionário”. Conclui, oferecendo a Chávez incondicional apoio, no caso de um ato hostil por parte dos EUA contra a Venezuela.

Em outra comunicação ao Secretariado, Manuel Marulanda afirma que é imperativo, no momento atual, que as FARC tenham em Hugo Chávez um “aliado estratégico”. Pondera que embora Chávez não veja possibilidade que as FARC venham a conquistar o poder pela força, em função do atual poder militar do Governo Uribe, e do efetivo apoio cedido por Washington, o Chefe de Governo Venezuelano precisa entender que as FARC são indispensáveis ao grande objetivo de “criar, com apoio das massas, um grande exército revolucionário capaz de derrotar o sistema capitalista e instalar o socialismo”.

Em 28 de fevereiro de 2008, dois dias antes de ser eliminado, Reyes enviou um e-mail ao Secretariado no qual regozija-se da liberação unilateral de quatro “prisioneiros”, três homens e uma mulher. Estes ficaram mantidos em cativeiro por cerca de sete anos e Reyes assinala que “essa liberação nos absolve de muitos pecados”. Estes comentários são interpretados como um indício de que, na atualidade, as FARC estão extremamente desconfortáveis tanto no que se refere à necessidade de gastar recursos valiosos na manutenção de grande número de reféns em cativeiro por tantos anos, quanto no aspecto psicológico dessa controvertida questão. Reyes acrescenta que uma significativa conseqüência negativa nesse tema específico, era a crescente pressão internacional sobre as FARC para a liberação de Ingrid Betancourt, uma antiga candidata presidencial, que possui também a cidadania francesa, mantida presa desde fevereiro de 2002, e que, segundo fontes governamentais colombianas, está com a saúde extremamente debilitada.
Com relação ao oferecimento de suporte material e financeiro às FARC por parte do Governo Venezuelano, este tema sempre foi objeto de inúmeras especulações, porém, nenhuma delas tinha uma evidência claramente comprovada. Entretanto, mensagens eletrônicas específicas envolvendo um outro membro do Secretariado, Luciano Marin, codinome “Ivan Márquez” propicia a revelação de novos dados da maior relevância.

Ivan Márquez teve a oportunidade de encontrar-se com Hugo Chávez em novembro de 2007, por ocasião de uma reunião ostensiva para tratar da liberação de reféns em poder das FARC. Num e-mail destinado aos membros do Secretariado, em 23 de dezembro de 2007, Márquez relata que teve um encontro com Ramón Rodriguez Chacin, Ministro do Interior de Chávez e elemento de contato do Governo Venezuelano com as FARC. Márquez diz que, nesse encontro, Chacin lhe falou sobre a possibilidade de que a Venezuela doasse às FARC um montante de 300 milhões de dólares. Esta oferta é reiterada e ajustada em outro e-mail enviado por Márquez, em 8 de fevereiro de 2008, desta vez citando um encontro com o próprio Hugo Chávez, que passa a ser identificado nas mensagens com o codinome de “Angel”. Chávez propõe auxiliar as FARC doando 250 milhões de dólares que seriam repassados numa transação no mercado negro do câmbio estrangeiro ou pelo repasse de uma imenso suprimento de combustível que seria comercializado pelas FARC, de modo a lhes proporcionar os desejados recursos financeiros.

No dia seguinte, 9 de fevereiro de 2008, Márquez enfatiza, em nova mensagem eletrônica, que Chávez gostaria de agradecer às FARC pelo auxílio de 100 milhões de pesos, recebido quando ele estava prisioneiro. Isto teria acontecido entre 1992 e 1994, quando esta quantia correspondia a cerca de 125 mil dólares. Curiosamente, Márquez também menciona que o Governo Cubano, visto sempre como um incondicional aliado de Chávez, teria manifestado o seu total afastamento dessa questão, em virtude do que seria “a decisão de Chávez de afastar os cubanos de suas negociações com as FARC”.

Em 3 de março de 2008, em entrevista coletiva, o General Oscar Naranjo Trujillo, Diretor da Policia Nacional, ratificou as acusações de que a Venezuela estava suprindo as FARC de recursos financeiros. Em 1 de abril de 2008, o Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, declara que Caracas havia recebido cópias desses documentos e que os considerava absolutamente ilegítimos, forjados no contexto de uma campanha conduzida pelos EUA com a finalidade de comprometer negativamente Hugo Chávez.

As conexões entre as FARC e o Governo Equatoriano também foram objeto da divulgação de algumas das mensagens eletrônicas. Todos os indícios ratificam que o acampamento-base de Raúl Reyes foi instalado em território equatoriano, com plena aprovação do Governo Rafael Correa.

Em e-mail enviado ao Secretariado, em 18 de janeiro de 2008, Reyes declara ter recebido, recentemente, a visita do Ministro de Segurança do Equador, Gustavo Larrea, que passou a ser identificado nas mensagens pelo codinome “Juan”. Larrea manifestou-lhe a grande simpatia do Presidente Rafael Correa pela causa das FARC, ratificando a posição adotada por Chávez pela imperiosa necessidade de que as FARC fossem internacionalmente reconhecidas como uma “legítima força beligerante”. Larrea também enfatizou, naquela oportunidade, que estaria em condições de “coordenar com as FARC o suprimento às comunidades fronteiriças, e que estaria empenhado em substituir os comandantes militares contrários a qualquer aproximação com aquelas Forças”.

Num outro e-mail, enviado ao Secretariado, em 28 de fevereiro de 2008, Reyes se refere, mais uma vez, ao encontro com Larrea, acrescentando que aquela autoridade estava muito preocupada com “a grande concentração de integrantes de agências de inteligência estrangeiras no interior do território equatoriano; bem como, referiu-se à corrupção como uma das fraquezas do atual Governo Equatoriano”.

A Ponta do Iceberg

Sem dúvida alguma, é possível que muitas das informações obtidas com base nos files do laptop de Raúl Reyes estejam sendo politicamente exploradas e que sua veracidade possa ser questionável, em função da divulgação de desinformação intencional. Entretanto, não resta a menor dúvida de que os colombianos estão de posse de um acervo extremamente valioso de dados que estão lhes proporcionando uma inteligência crucial no desencadeamento de futuras operações contra as FARC, tanto no nível estratégico quanto nos níveis operacional e tático. Operações essas que já estão sendo executadas, embora seus resultados sejam ainda mantidos em sigilo.

As comprovadas colaborações às FARC oriundas da Venezuela e do Equador indicam que esses atuais governos não desejam que Alvaro Uribe obtenha vantagens militares sobre a guerrilha, bem como, rejeitam o elevado e incontestável nível de aprovação política por ele obtido junto à sociedade colombiana.

Por outro lado, alguns indícios são extremamente preocupantes. Autoridades colombianas anunciaram, em 26 de março deste ano, que cerca de 30 Kg de urânio foram apreendidos numa operação desencadeada numa estrada secundária ao Sul de Bogotá. Tal evento fundamenta a hipótese de que as FARC estariam engajadas na concretização de um projeto terrorista universalmente identificado como “bomba suja” (dirty bomb). Confirmada esta hipótese, as autoridades colombianas estariam face a uma ameaça inédita, nos mais de 40 anos de guerra civil, que poderia trazer trágicas conseqüências, sobretudo para a imensa maioria de cidadãos civis não combatentes. Conseqüências essas que poderiam expandir-se pelas nações vizinhas da Colômbia.

Outro indício recente de grande criticabilidade seriam as atuais conexões estabelecidas entre as FARC e a Frente Separatista Basca ETA, uma das mais notórias organizações terroristas da Europa. Em passado recente, ligações com o Irish Republican Army (IRA) foram confirmadas, tendo inclusive dois membros daquela organização terrorista sido condenados em corte de justiça colombiana, após a execução de uma série de atentados a bomba, por eles orientados. Conexões dessa natureza são eminentemente perigosas, levando-se em conta as atuais ligações mantidas pelas FARC no exterior, inclusive com notórias organizações do crime organizado de diferentes países, com destaque para Argentina, Bolívia, Brasil, EUA, México, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela.

A verdade inquestionável é que, desde há algum tempo, as FARC deixaram de se caracterizar como uma típica organização revolucionária marxista-leninista e assumiram um novo papel, o de tornar-se a mais poderosa organização do crime organizado no Hemisfério Ocidental. Organização esta que participa da maior produção de cocaína refinada do mundo, em todas as suas fases, desde a plantação da folha de coca até a distribuição clandestina aos grandes mercados consumidores. Continua aplicando rotineiramente táticas, técnicas e procedimentos tipicamente terroristas, tanto de terrorismo seletivo quanto do indiscriminado, o que as caracterizam, na atualidade, como uma organização narcoterrorista padrão.

Paralelamente ao narcotráfico, controla considerável fatia do contrabando de armas e munições ilícitas, ambas atividades que, através de diferentes conexões no exterior, atingem diretamente o Brasil, com graves repercussões na garantia da lei e da ordem e na segurança pública dos nossos grandes centros urbanos, alguns dos quais já vivenciando cenários típicos de guerrilha e terrorismo urbano.

Nesse contexto, é impositivo que a sociedade brasileira considere como inaceitável o patético discurso de uma parcela estúpida, desinformada e mal-intencionada da esquerda brasileira que entende que apoiar as FARC faz parte de uma estratégia imprescindível para reduzir a influência norte-americana no continente. Dentre várias razões, há que se ter em mente que nossos interesses nacionais vitais, defesa da soberania e manutenção da integridade do patrimônio nacional, já foram, em passado não muito remoto, ameaçados, na Amazônia, por solerte e insidiosa ação armada dessa organização narcoterrorista, inclusive causando baixas entre soldados que guarneciam um dos nossos postos na fronteira.

O Comando Militar da Amazônia, universalmente reconhecido como possuidor dos melhores corpos de tropa de combatentes de selva do mundo, mantendo a sua tradição de elevada capacitação operacional, naquela oportunidade, desencadeou retaliações eficientes e eficazes, cujo efeito dissuasório se faz presente até os dias de hoje. E, apesar das agruras da perversa conjuntura econômico-financeira que atualmente assola nossas Forças Armadas, aquele Grande Comando Operacional altamente especializado permanece vigilante.

E com o indispensável suporte de elementos destacados da Força de Ação Rápida Estratégica (FAR-E), da Flotilha do Amazonas (FLOTAM - Marinha do Brasil) e das unidades aéreas da Força Aérea Brasileira, suas cinco Brigadas de Infantaria de Selva permanecem diuturnamente aprestadas para fazer face a qualquer ameaça que essas forças irregulares narcoterroristas de atuação transnacional possam configurar.




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Re: F A R C

#538 Mensagem por Kratos » Sáb Mai 17, 2008 12:13 am

Vem o Prick fazer birra e acusar a Interpol de ser capacho dos EUA daqui a pouco.




O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
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Re: F A R C

#539 Mensagem por Tigershark » Dom Mai 18, 2008 10:46 pm

18/05/2008 - 22h11 - Atualizado em 18/05/2008 - 22h20

Comandante das Farc se entrega a tropas militares na Colômbia
Da EFE


Bogotá, 18 mai (EFE) - "Karina", uma das guerrilheiras mais ativas e que comandava a frente 47 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), se entregou hoje a tropas militares no departamento colombiano de Antioquia, informaram fontes oficiais.



Segundo a página eletrônica do jornal "El Tiempo", de Bogotá, Karina assassinou Alberto Uribe Sierra, pai do presidente colombiano, que foi seqüestrado pelas Farc em 1983.



O ministro de Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, disse que Karina, conhecida como Nelly Ávila Moreno, se apresentou a tropas da 4ª brigada do Exército colombiano, no lugar conhecido como Jordania, junto a seu chefe de segurança, conhecido como "Michín".



Santos disse que a guerrilheira "estava praticamente morrendo de fome" e assegurou à "Rádio Cadena Nacional" ("RCN"): "Estávamos há muito tempo atrás desta mulher que tanto dano fez a Antioquia e a toda a região do Urabá".



O ministro insistiu em que agora a rebelde "está bem guardada" e esclareceu que os serviços de inteligência do Estado sempre sabiam onde ela estava, embora tenha conseguido escapar em várias operações.



Nelly Ávila Moreno, de 45 anos, também conhecida como "Janet Mosquera Rentería" ou "Rocío Arias", começou a militar nas Farc há mais de 20 anos.



Há duas semanas, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, lhe enviou uma mensagem garantindo sua segurança quando se entregasse.



Em março passado, Pedro Pablo Montoya, conhecido como "Rojas", que estava sob o comando de Karina, matou o chefe guerrilheiro Ivan Ríos, se entregando às autoridades com um dos braços de sua vítima.



Karina é acusada de comandar a frente 47 das Farc e de numerosos ataques contra membros do Exército e da Polícia da Colômbia.



Entre os mais sangrentos está o perpetrado no departamento (estado) de Chocó, em dezembro de 2005, onde, junto com homens do Exército de Libertação Nacional (ELN) e do Exército Revolucionário Guevarista, matou 8 policiais e seqüestrou 30.



Sobre ela pesam seis ordens de captura, quatro em Bogotá, uma em Medellín e outra em Cali, por homicídio, terrorismo, rebelião, seqüestro extorsivo e dano a bem alheio.



Em junho de 2002 dirigiu uma incursão em Arboleda-Pensilvania, no centro da Colômbia, onde foram mortos 13 policiais e quatro civis, entre eles uma mulher, que foi queimada por ser esposa de um dos militares. EFE




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Re: F A R C

#540 Mensagem por Tigershark » Seg Mai 19, 2008 11:22 am

Veja

Assunto: Internacional
Título: O narcossubmarino das Farc
Data: 19/05/2008
Crédito: Duda Teixeira

Os guerrilheiros e seus sócios no tráfico de drogas adotam pequenos submergíveis
para levar cocaína para os Estados Unidos

Exército colombiano impôs derrotas humilhantes às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia nos últimos cinco anos. As surras sucessivas, contudo, não diminuíram a ousadia das Farc naquilo que é sua principal atividade – o narcotráfico. No último ano, a organização comunista adotou o submarino como seu meio preferido de transportar cocaína para o principal mercado consumidor da droga, os Estados Unidos. Em média, dez pequenos submergíveis carregados de drogas são interceptados a cada mês pela guarda costeira americana ou por forças navais de países da América Central. A popularidade desse meio de transporte inusitado deve-se a duas razões. Cada submarino transporta 10 toneladas de cocaína – cinco vezes mais que uma lancha de alta velocidade –, no valor de 250 milhões de dólares. A segunda é a facilidade com que essas embarcações enganam os radares dos aviões de patrulha, pois são facilmente confundidas com baleias ou golfinhos. A guarda costeira americana estima que, para cada submarino capturado, outros nove conseguem descarregar sua carga na costa dos Estados Unidos.

"Nossos esforços, em conjunto com outras nações, para combater os métodos tradicionais de transporte obrigaram os narcotraficantes a ser mais inovadores e a aceitar mais riscos", disse a VEJA a americana Betty Lightcap, diretora da Força Tarefa Conjunta, na Flórida, uma divisão do Exército americano responsável pelo combate ao tráfico. Sabe-se que as embarcações pertencem às Farc, ou navegam com autorização da organização comunista, porque praticamente todos os estaleiros clandestinos descobertos pelo Exército colombiano estavam em áreas de floresta sob controle da narcoguerrilha. Ninguém construiria uma embarcação dessas por ali sem permissão e proteção das Farc. Trata-se igualmente de uma confirmação de que a guerrilha comunista hoje atua em todas as etapas do narcotráfico – do refino ao transporte da droga para os Estados Unidos.

A rota de entrada de drogas nos Estados Unidos mais fácil e segura ainda é a fronteira mexicana. Mas esse caminho é agora dominado por traficantes locais e já não serve aos colombianos. Sem alternativa de rota terrestre, estes se especializaram no transporte marítimo de cocaína. Em meados da década de 90, eles usavam lanchas capazes de navegar a 90 quilômetros por hora e deixar a guarda costeira para trás. Esse meio de transporte foi abandonado depois que as autoridades americanas equiparam aviões com radares e aumentaram a vigilância no Caribe. Os colombianos passaram a esconder a droga em contêineres misturada às exportações legítimas de vegetais e flores. Em resposta, as autoridades americanas instalaram enormes aparelhos de raio X para rastrear o conteúdo dos contêineres. Os narcotraficantes voltaram-se então para os submarinos, cujo custo de construção é estimado em 2 milhões de dólares.

A única forma de flagrar um desses submarinos anões é a olho nu. Os agentes colombianos e americanos ficam atentos a tubos de PVC cortando a superfície da água. A maior parte dos narcossubmarinos não tem capacidade para afundar totalmente e, por isso, navega pouco abaixo do nível do mar. A função dos tubos é levar oxigênio para a tripulação. Movidos a diesel e com autonomia média de 1.500 quilômetros, os submarinos são reabastecidos em alto-mar para seguir viagem até os Estados Unidos. Quando chegam ao litoral mexicano ou americano, a carga é transferida para barcos maiores e mais rápidos. A viagem pelo Pacífico demora mais de duas semanas. Um piloto pode ganhar o equivalente a 50.000 reais pela aventura. Tanto empenho por soluções tecnológicas por parte do narcotráfico tem sólidas razões mercadológicas. Da Colômbia saem 90% da cocaína consumida pelos americanos. O negócio mais lucrativo, no entanto, não é a produção, e sim a venda nos Estados Unidos. Um quilo da droga no porto de Buenaventura, na Colômbia, vale 5.000 dólares. Em uma cidade americana custa 5.000. Vale o risco de se fingir de baleia nas águas do Caribe e do Pacífico.




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