Túlio escreveu:De fato. Na verdade não havia compreendido inteiramente que propunhas algo exclusivamente visando PGMs e mesmo - suponho - munições sem guiagem alguma. Minha idéia, reconheço, ficou meio que "abrangente demais" e, na prática, de menor custo-benefício (embora eu tenha feito uma consideração, ao propor o A-Darter como base, que explicarei adiante). Aliás, vejo com prazer que estamos convergindo cada vez mais (com a vantagem extra de eu sair de cada debate com maior conhecimento). Bueno, descarto então (pelo menos a princípio) o A-Darter como modelo para um SAM antimunição e proponho algo bem menor. O alcance preciso poderia ficar pela faixa das 3 nm (no extremo, pessoalmente ficaria com 2 nm e ainda achando muito) e a ogiva com espoleta VT bem mais leve, 3 a 4 kg no máximo, o que ainda é bem mais do que a de um MANPADS, por exemplo.
Poderia sim ser algo até menor que o Roland. Os alemães estão desenvolvendo para função similar o míssil LFK-NG com apenas 28 kg no lançamento, alcance de 10.000m e ogiva de 2,5 kg. O Rapier também dá uma boa base, com 45 Kg no lançamento e alcance de 8.000m. Apenas a ogiva neste caso já me parece pequena demais, com apenas 1,5 Kg.
Chutando sem fazer conta nenhuma eu imagino algo na faixa dos 45 a 50 Kg de peso, com ogiva de 6 a 8 Kg e alcance entre 5 e 8 km. A altura máxima não importa, pois PGM,s e outras munições não são ameaça enquanto não se aproximam do solo.
Ainda sobre a ogiva, esquecer o aço e concentrar a massa total em explosivo, estrutura interna em plástico leve e cobertura por balins esféricos de WC, estes perfurados no centro e atravessados por um fio de Kevlar, sendo enrolados por máquina ao redor da estrutura plástica que os isola da carga explosiva. No máximo 2 a 3 camadas assim e, por fim, a inserção dos componentes + detonador interno em um recipiente de plástico leve e macio, visando "roubar" a menor energia dos balins em sua rota rumo ao alvo. Espoletas VT e de impacto se comunicariam com a cabeça de guerra por fibra ótica, reduzindo peso, custo e tempo de reação. Sobre a capacidade VL, comentarei mais abaixo, mas antecipo que discordo totalmente do teu enfoque.
Sobre os detalhes da ogiva em si não posso falar muito, pois nunca fui muito atrás deste assunto. Mas me preocupo em que ela tenha um tamanho adequado para deter qualquer alvo, inclusive bombas burras de ferro e projéteis de artilharia, que são "duros" e difíceis de derrubar, ao contrário de mísseis, drones a até aeronaves, feitos de chapa fina de alumínio. Por isso insisto em um peso de ogiva razoável, acima dos 5 Kg.
Novamente concordo, o que se quer do motor é a maior eficiência energética com o menor grão propelente (quanto menor, mais rápida a queima), sem considerações como discrição. Minha dúvida se prende a um tipo específico de munição a ser enfrentada, a Cluster. Mesmo atingida (ou até antes de o ser) poderá ainda dispersar com relativa precisão ao menos parte de suas submunições, assim, não haveria muito o que fazer para evitar um grande estrago. Por exemplo, contra um SS-60/80 ou mesmo granada de 155 mm, que têm esta capacidade, não sei até que ponto seria efetivo um SAM com pouco alcance e baixo poder destrutivo, mesmo sendo hiperveloz. Como as citadas munições e suas congêneres costumam ter uma trajetória terminal em altitude superior à imaginada aqui, os SAMs acabariam tendo que perseguir não munições mas submunições, com uma sensível queda em sua letalidade, já que para cada submunição seria, ao menos em tese, e no mínimo, necessário um SAM. E aí perdemos muito em custo-benefício. Foi no que pensei quando propus que se partisse do A-Darter, e reformo agora a idéia: algo do gênero deveria, dada a possibilidade acima proposta, fazer parte da Un. Ou outra coisa, que novamente - já o fiz antes - irei propor mais adiante.
Bombas e projéteis cluster são de fato uma das armas mais difíceis de enfrentar. Algumas podem lançar dezenas de sub-munições, e é simplesmente impossível tentar interceptar cada uma delas separadamente. O que imagino ser possível é:
1- Interceptá-las antes que se abram e espalhem suas submunições. Sendo pequenas e leves estas tem alcance útil bem reduzido, e o projétil principal tem que se aproximar suficientemente do alvo para que sejam efetivas. Confesso que não sei que distância é esta, mas seja como for rapidez de reação e velocidade são fundamentais para o sistema de defesa, e o alcance não pode ser curto demais também.
2- Interceptar as submunições "no atacado". Elas são pequenas e relativamente frágeis, podem ser destruídas ou desviadas por um único fragmento da ogiva ou balim. Ao invés de apontar para cada uma delas o sistema precisaria distribuir a salva de mísseis regularmente entre a "nuvem" de submunições, e as ogivas dos mísseis precisariam ser capazes de saturar um volume de espaço relativamente grande com estilhaços ou balins suficientes para destruir a maior parte delas. Mais um motivo para evitar ogivas muito pequenas.
3- Se as submunições forem grandes serão em pequeno número, aí o sistema poderia sim em último caso engajar cada uma individualmente. Mas para isso o número de canais simultâneos de controle dos mísseis teria que ser grande, no mínimo 6 ou 8.
Aí discordo: a capacidade automática de detectar-classificar-apontar-atirar-guiar é crítica se levarmos em consideração que podem ser várias munições vindo de direções e altitudes diferentes (no caso de PGMs provavelmente o serão, justamente para complicar a vida de quem possui poucos sistemas de detecção/pontaria e ainda precisa conteirar - giro e elevação - seus SAMs antes de lançá-los),
Sem dúvida, isso é ponto passivo. Por isso o sistema de detecção e rastreio de alvos teria que empregar componentes modernos, como radares tipo AESA e sensores IIR com 360 graus de campo de visada. Mas isso em princípio não tem muito a ver com o sistema de lançamento e guiagem dos mísseis em si. E se houver espaço pode-se também imaginar um sistema fixo com vários mísseis pré-apontados em diferentes direções e com uma inclinação intermediária ao invés do sistema conteirável.
do mesmo modo que a capacidade de VL, à qual basta que os SAMs estejam em posição de disparo (ou seja, na vertical) para que possam ser orientados contra alvos múltiplos vindo de quaisquer azimutes e altitudes. As duas capacidades elencadas (multiplicidade de sensores e capacidade VL) iriam resultar em uma Bia mais cara, sem dúvida mas, dada sua efetividade presumivelmente muito maior do que a de poucos sensores e necessitada de movimento azimutal, poderia fazer um serviço bem melhor e em menos tempo do que a mais simples e barata, invertendo na prática a equação custo-benefício.
Em princípio eu gosto da solução VLS pela simplicidade do sistema de lançamento e rapidez de resposta. Mas ele aumenta bastante o custo e a complexidade de cada unidade do míssil, e em um sistema onde eles serão empregados em grande quantidade receio que a relação custo/benefício acabe ficando prejudicada. Tenha em mente que estamos falando aqui não de enfrentar alvos como aviões, helis e drones, que custam na faixa dos milhões de dólares, mas sim de munições, algumas das quais custam na faixa de poucas dezenas de milhares.
Com sistemas de lançamento conteiráveis o custo é transferido dos mísseis para os lançadores, que são totalmente reutilizáveis. E o sistema de conteiragem não precisa ser sofisticado como o de um canhão, afinal os mísseis são guiados, não precisam ser apontados com precisão mas apenas lançados mais ou menos na direção dos alvos. O único requisito é que seja rápido.
Principalmente se, ao invés de um SAM maior, baseado no A-Darter, como propus inicialmente, se desenvolvesse um ainda menor (talvez baseado no antigo SBAT-37), também VL-ACLOS mas, por bem menor e mais barato, seria a solução ideal para lidar com as submunições que escapassem à defesa inicial. Já propus algo assim antes, é um desenvolvimento dos sistemas ativos de proteção de Bldos como o ARENA (Ru) e o TROPHY (Il), agora usando projéteis guiados e com VL. Uma das vantagens é que os sensores podem "prever" o ponto em que uma munição/submunição irá impactar, selecionando apenas as com boa possibilidade de causar danos sérios como alvos prioritários e designando a contramedida mais adequada (seja o SAM maior, o menor ou mesmo algum decoy, para o caso de munições/submunições com guiagem).
Como já mencionei acima, o uso de mísseis muito pequenos pode comprometer a letalidade do sistema no enfrentamento de bombas cluster ou de ferro. E o SBAT-37 é bem menor até mesmo que um MANPAD, pesa menos de 2 Kg (o SBAT-70 pesa 8 kg,também ainda muito pequeno), sendo que ambos tem aceleração muito lenta.
E volto a dizer, o sistema ACLOS vai exigir um sistema de guiagem complexo (que gere o feixe estreito de rádio que o míssil vai seguir), com limitação do número de canais e restrições de trajetórias. Um sistema de radio-comando é mais simples, pode incluir uma infidade de canais (principalmente se for digital) e empregar estratégias de aproximação do alvo diversas, a que for mais adequada para cada situação.
LeandroGCard escreveu:Acho que não, a possibilidade de impactos laterais é até maior, eis que o alvo oferece maior área de impacto ao Can. O modelo que sugeri, de altíssima cadência, multiplicada várias vezes se for usada Mun ABM ou similar, poderia tranquilamente incapacitar a maioria dos alvos que chegasse ao seu alcance (grosso modo, um hemisfério de até 2 nm, embora eu preferisse empregá-los à metade dessa distância/altitude ou até menos, visando maximizar o ponto forte desta arma proposta, que é a saturação de "janelas" no centro das quais estaria o alvo).
Com o alvo apresentando deslocamento lateral os projéteis do canhão não formam a famosa "parede" que o alvo tem que atravessar, mas apenas uma linha que teria que interceptar a tajetória do alvo com extrema precisão no espaço e no tempo. É muito difícil conseguir um acerto direto. Já um projétil maior com espoleta de proximidade pode passar a metros do alvo e atingí-lo com uma nuvem de estilhaços ou balins.
LeandroGCard escreveu:Aí não me entendeste: não proponho uma variação do Pantsir, apenas um único tipo de VTR capaz de levar sistemas diferentes (uma com mastro extensível e os sensores apenas para detecção, outra com os SAMs VL e seus diretores de tiro, uma terceira com torre conteirável e diretores para os Cans e, por fim, a quarta, para Cmdo da Bia, além das demais, destacadas para Mntç, Transp Mun, Transp Pessoal, etc) com as ditas VTRs dispostas de acordo com a Doutrina a ser desenvolvida, visando tanto a proteção do alvo defendido quanto a autoproteção da Bia e, claro, a quantidade necessária para cada VTR, na composição da Un.
Bem, o grande lance seria um sistema que pudesse ser instalado em qualquer tipo de plataforma, ao gosto do cliente. E que fosse modular, podendo ser combinado apenas com uma pequena alça ótica de aquisição e rastreio de alvos e um lançador para 4 ou 6 mísseis e compor um sistema de proteção contra helis e drones para unidades leves de infantaria mecanizada e/ou blindados (substituindo/complementando os MANPAD´s), ser instalado em plataformas giroestabilizadas para proteção anti-míssil de navios ou ser integrado com radares e sensores de todo tipo e mísseis de outros modelos para compor um sistema completo de defesa de alvos fixos de grande valor.
Leandro G. Card