Este post me passou batido, só vi agora. Vou tentar responder então:
Luís Henrique escreveu:Leandro, qual seria sua opinião?
Quais sistemas utilizaria, se fosse obrigado a escolher os existentes no mercado?
O uso de sistemas de mísseis especificamente para enfrentar munições são uma tendência relativamente recente, e alguns deles ainda estão em desenvolvimento. Boa parte dos que estão disponíveis hoje foram idealizados ainda para enfrentar aeronaves, e acabaram evoluindo no sentido de aumento do alcance que levou a uma elevação dos custos desnecessária para enfrentar os alvos com que terão que lidar. Por isso é bom dividir os sistemas adequados em categorias, para deixar claro quais as vantagens e desvantagens de cada um, e assim permitir
- Mísseis AAe de curto alcance desenhados para abater aviões: As características no geral seriam as ideais para a defesa de munições guiadas de todo tipo, mas nos últimos anos tenderam a crescer em tamanho, alcance e complexidade (para tentar continuar úteis contra aeronaves), e por isso são hoje um tanto caros. Como exemplos em produção temos o Crotale, o Barak-1, o HQ-7, o 57E6 (usado no Pantsir), e o Umkhonto. Em desenvolvimento temos o CAAM.
- Mísseis projetados especificamente contra munições: Tendem a ser menores e mais simples que os da categoria anterior, embora alguns tenham níveis de sofisticação elevados. Os exemplos mais típicos em operação são o RAM, o Tor, o FL-3000N e, é claro, o Tamir usado no Iron Dome. Em desenvolviemnto temos o e o LFK NG.
Eu pessoalmente não acho adequado o uso de mísseis caros e sofisticados sem que exista real necessidade deles pois não acredito que a versatilidade (capacidade de enfrentar ao mesmo tempo munições e aeronaves) proporcionada por maior tamanho e sofisticação valham o maior custo. Na minha opinião os dois tipos de alvos devem ser enfrentados com armas específicas, ainda que se possa utilizar um só sistema de lançamento e controle (como o corre com os sistemas AAe russos de maior porte, que podem lançar uma grande variedade de mísseis diferentes).
Assim, se fosse para compor o segmento de curto alcance da defesa AAe brasileira com um míssil já operacinal (obviamente importado) eu escolheria o mais em conta dos dois tipos acima, que provavelmente seria o 57E6 só que sozinho, instalado sem os canhões, e não no Pantsir. Ou o FL-3000N.
Só que não acredito que a simples importação de um sistema de mísseis qualquer vá realmente nos dar em termos reais mais do que a oportunidade de desenvolver doutrina. Em caso de necessidade a quantidade de mísseis e lançadores necessária para prover um nível mínimo de proteção para todos os alvos importantes seria muito maior do que poderíamos esperar importar, e portanto a produção local seria fundamental. E já que é para produzir aqui, acredito que seria até mais simples e barato desenvolver algo segundo nossas próprias possibilidades (e que pudesse depis ser exportado) do que tentar produzir qualquer coisa sob licença, embora esta última opção pudesse até ser mais rápida (mas não temos pressa).
Neste caso eu começaria pensando em algo na categoria de um Roland em termos de tamanho e alcance, mas otimizado para reação rápida, alta taxa de disparos (inclusive simultâneos) e mínimo custo. O Roland deixou de ser produzido porque é pequeno demais para enfrentar as aeronaves atuais, mas contra munições uma versão moderna dele me parece seria perfeitamente adequada.
Leandro G. Card