LeandroGCard escreveu:Túlio, você já viu pessoalmente alguma aeronave a jato voando rápido e baixo (mais de 600 Km/h e menos de 500m de altura)? Eu já vi (Mirage, F-5 e F-16), e nem dá para perceber que ela está chegando até estar passando em cima de você. Mísseis (de cruzeiro ou não) e bombas planadoras ou de queda livre, que são igualmente rápidos e bem menores, não dá nem para perceber que estão lá. O operador do Igla não teria a menor chance de identificá-lo sequer, quem diria fazer pontaria e disparar. Não tem jeito, Manpad's contra munições é impossível, não há o que fazer mesmo sem considerar esta questão de capacidade ou não do sensor. Por isso não se vai encontrar nenhuma referência a este tipo de engajamento em lugar algum, ele simplesmente não existe, só por muita sorte mesmo (o operador estar mirando na aeronave e acertar na munição lançada porque estava na mesma linha de visada).
Por acaso já vi e, da primeira vez, postei aqui no DB. Pode ser encontrado entre meus posts da década passada, eu estava de plantão no falecido PEO, com vista parcial para o Aeroclube de Osório. Daí eu tinha saído para a área externa, fumar um cigarro sem Colega ficar fazendo cara feia, e ouvi um rugido crescente ao longe. Jato, claro. Logo no começo fiquei olhando para os lados, pois o ruído parece vir de todos eles. Ao ficar mais alto, já dava para ver que vinha mais ou menos da direção do Aeroclube. Logo a seguir surge um único F-5 que, mesmo de longe e de lado para mim, reconheci pela silhueta afilada e cauda trapezoidal, além do indefectível tanque ventral. Me parecia a poucos metros de altura em relação à pista. Pouco antes de chegar ao fim dela - logo adiante fica o muro alto da garagem da Prefeitura, cabrou precisamente em minha direção. Da pista ao PEO dava pouco mais de 1 km. Segundos depois passava zunindo sobre o EP, no máximo uns 100/150 metros acima, a ponto de eu poder ver detalhes como as asinhas do tanque ventral. Então iniciou uma subida íngreme em direção a umas nuvens baixas, desaparecendo nelas mas deixando o som, que aos poucos diminuía. Fiquei mais um pouco por ali e tive o prazer de vê-lo repetir a manobra mais três vezes, sempre a mesma coisa, rasante na pista, curva para a direita e, logo acima do PEO, subida íngreme. Se fosse em situação de guerra e se eu fosse um Operador de MANPADS bem camuflado, creio que teria sim tido uma boa chance de abatê-lo na primeira passagem, principalmente se, em algum ponto do Morro da Borrússia (cerca de 400 metros de altura) ou no topo de algum daqueles edifícios do centro, estivesse posicionado o SABER M-60 orgânico de minha Bia, que repassaria os dados ao pessoal do Cmdo da Bia e este, conhecendo minha posição, me alertasse a tempo de acionar os sistemas que "ligam" o míssil. Não há envelope nem Super Trunfo que vençam uma boa Doutrina Operacional, levada a cabo por gente bem treinada.
Ademais, lembremos que engajamento frontal nem é o mais comum, sendo este o radial ou pela retaguarda, maximizando a "visão" de um sensor IR típico de MANPADS. Um Tomahawk ou similar não é mais veloz nem mais manobrável que um F-5, mas igualmente faz barulho e pode ser visto por um retículo e detectado por um radar, além de emitir calor. Não vejo por que não possa ser abatido por MANPADS; uma das funções da versão naval do Mistral era usada pela MB (NAeL A11) para tentar abater mísseis antinavio, entre outros alvos possíveis...
LeandroGCard escreveu:Já radares e sistemas automáticos de pontaria são usados extensivamente justamente contra este tipo de alvo. Diversos sistemas CIWS de calibres 20, 30, 35, 40 57 e 76mm são hoje projetados, construídos, vendidos e empregados especificamente para esta função (sem falar nos sistemas miniaturizados agora em uso nos tanques de guerra mais avançados). O que acontece nos últimos tempos é que o aumento da velocidade e da capacidade de manobra dos mísseis mais recentes (principalmente os de cruzeiro e os anti-navio) tornou a eficiência dos sistemas de munição sólida (20 a 30 mm) realmente questionável, e eles estão sendo substituídos ou por mísseis SHORAD ou por sistemas de maior calibre com munição de fragmentação e espoleta de proximidade.
Como descrito acima, e com base em publicações do próprio EB, Bias de MANPADS estão recebendo/receberão radares SABER M-60.
LeandroGCard escreveu:Quanto à questão do custo da munição, uma fábrica como o Fi da MB pode produzir vários milhares de unidades/mês. Só a economia de escala já joga o preço para baixo, coisa muito mais difícil de se obter com um míssil, mesmo dos mais simples (e Manpad'ss sequer são os mísseis mais simples, estes sãos os ACLOS dos sistemas SHORAD).
Aqui falas de uma guerra iminente ou já iniciada, eu falo da realidade. Da
nossa realidade, sem sequer sombra de conflito no horizonte, ainda mais com Nações capazes de empregar as chamadas "munições inteligentes" em boa quantidade. E sugiro que olhes mais frequentemente em outros tópicos, que dão conta das cada vez mais degradadas condições da IMBEL, da qual a FI (Fábrica de Itajubá) é subsidiária. Acho que falas é da Fábrica Almirante Jurandyr da Costa Müller de Campos (FAJCMC), subordinada à Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha e gerenciada pela EMGEPRON...
LeandroGCard escreveu:E mísseis como o Harm não são assim tão eficientes quanto se imagina, veja o desempenho deles na Yugoslávia contra radares já antigos e fora um único batalhão operados de forma pouco profissional (muitos deles fixos).
Falas de versões antigas do HARM (e mesmo assim o Cel Zoltán Dani mantinha sua Bia em constante movimento e usando sempre
decoys, justamente para não dar mole a estes mísseis "incapazes").
LeandroGCard escreveu:Mas realmente, canhões automáticos de tiro rápido são muito, muito caros. Não seria algo colocado para defender qualquer pontezinha ou QG de regimento. É coisa para bases aéreas, radares de longo alcance fixos, usinas de energia e etc.... . E eu não colocaria este tipo de arma entre as prioridades para a aquisição pelo EB ou a FAB (mas sim para a MB), mesmo achando que poderiam ser sim úteis.
Leandro G. Card
Aqui podemos concordar, principalmente na parte referente à MB.