WSANTANA escreveu:Prezados,
Para contribuir com a discussão acerca de nossas carências, apresento alguns tópicos para nossa reflexão:
i) Conforme já dito temos um poder legislativo gigante (o segundo mais caro do mundo segundo amplamente noticiado pela imprensa nacional na semana passada) que deve lesar o tesouro em algo próximo de 9 bilhões ao ano. Estes recursos poderiam ser radicalmente redirecionados para os diversos setores. Imaginemos o que este redirecionamento poderia significar em termos de creches, saneamento, hospitais, escolas, centros de pesquisa, defesa etc.
ii) Passando por Brasília para visitar meus pais e irmãos sempre dou uma passada lá pelo plano. Bonito o lugar, a arquitetura fala por si. Me chama atenção o seguinte: Uma enormidade de prédios públicos e seus respectivos anexos I, II, III, n... Máquina burocrática gigante, cara portanto. A quantidade de gente pra preencher aquela máquina deve ser absurda. Enquanto isto nas universidades faltam técnicos de laboratório, nas fronteiras faltam fiscais sanitários, fazendários, policiais...
Neste mesmo contexto me chama a atenção a organização de comando de nossas FFAA. Na explanada temos três prédios dos comandos do EB, da FAB e da MB, apesar da existência de um MD. Ainda em Brasília temos o Forte Apache e outros setores de Comando da FAB (ali no Guará). A MB tem uma puta estrutura de comando no RJ. Se pegarmos os comandos militares regionais assusta o tamanho das estruturas (alguém já passou em frente ao QG do CML?? Alguém já contornou o comando do CM Sudeste (acho que II Exército) ali no Ibirapuera em SP?? A infraestrutura de comando ali em Recife parece ser gigantesca e fica às margens da rodovia que leva à Caruaru.
iii) Em resumo, para um país, cuja renda per capita (e diversos índices de desenvolvimento humano e social) o coloca abaixo da sexagésima posição entre as nações do mundo (portanto em minha modesta opinião, numa posição de país relativamente pobre e de desenvolvimento social mediano), não estaríamos diante de uma máquina burocrática por demais pesada?? Não se trata apenas dos palácios da justiça ou do legislativo com todas as suas benesses! No caso específico das FFAA não teríamos palacetes demais com um corpo parasitário enorme??
iv) No caso específico das FFAA quanto do gasto com pessoal (sem levar em consideração outras distorções como o sistema de pensões) é direcionado para esta gigante estrutura de comando???? Isto não poderia, ou melhor, não deveria ser racionalizado. A economia de 1,0 Bilhão em qualquer setor permitiria a aquisição e operação de quantos esquadrões de helis por exemplo, ou a instalação/transferência célere de quantas brigadas em nossos rincões fronteiriços???
v) Concluindo, tenho a impressão de que nosso porte econômico não permite a estruturação de FFAA próximas da idealidade como a preconizada por muitos colegas aqui. Por outro lado, o corporativismo, a miséria gerencial, a existência de privilégios históricos funcionam como inequívoco sorvedouro de recursos.
Minhas considerações para reflexão.
Wsantana.
Companheiro, o post abaixo apenas dá sequência nas reflexões, mas por outro ponto de vista (não significa que eu seja favorável aos gastos absurdos que as vezes presenciamos).
Investimentos nas forças armadas têm sido feitos, mas na forma como desejam seria preciso uma elevação na carga tributária. Muitos vão dizer que nossa carga tributária já é alta, mas o montante destinado exclusivamente à manutenção da máquina estatal, serviços públicos e aos investimentos é significativamente menor.
Vamos tratar de conceitos como carga tributária bruta e carga tributária líquida. A carga tributária bruta, aquela que os jornais gritam todos os dias, é destinada não apenas à manutenção da máquina estatal, mas também ao pagamento de juros da dívida, subsídios e transferências diretas à população (como por exemplo a aposentadoria de alguns que aqui escrevem). Descontado o valor destinado aos dois tópicos (Juros, e transferência direta) chega-se ao que se chama carga tributária líquida.
A carga tributária líquida é aquela que sustenta todos os serviços públicos, todos os investimentos, manutenção da máquina (salários...). Enfim, é dela que falamos quando pensamos em grandes investimentos militares. No ano de 2007, por exemplo,
nossa carga tributária líquida foi menor do que aquela registrada nos EUA! Pois é, isso ninguém fala.
Registramos uma carga tributária líquida de 13,1%. Quem diz isso não sou eu, por óbvio, mas sim o IPEA. Caso se interessem sobre o assunto, afinal acho que todos se interessam pelas verdades, segue um
link para um dos estudos que encontrei (há outros, caso se interessem em procurar), sendo o mesmo que utilizei para este comentário.
Não podemos tratar a questão (carga tributária) apenas pela visão parcial pregada por
pequena parte da sociedade (em próprio benefício), e repetida à exaustão pelos meios de comunicação de massa.
Logicamente a verdade sobre a carga tributária não será contada em uma manhã de domingo pelo Globo, pois aumentar a carga tributária significaria taxar os mais ricos, mas não vou entrar nesse mérito, pois entraríamos em uma conversa sobre política, e eu prefiro evitá-las aqui.
Bem, há opções para aumentarmos os investimentos militares, como por exemplo cortar aposentadorias, congelar o soldo dos militares e demais servidores, cortar serviços públicos..., ou então aumentar os impostos para os ricos (como as alíquotas de IRPF, imposto sobre herança...).
Como as duas medidas são impopulares, a primeira apesar de medonha é pregada por muitos (os mesmos que temem o aumento dos impostos), sem o menor pudor, mas enfim... A segunda é impopular por puro desconhecimento da população, mas enquanto o brasileiro tiver preguiça de pensar...
O que o governo pode fazer é o que tem sido feito, investimentos graduais. Não ficaremos apenas nessas três baterias, não sou "fontado", mas ainda tenho raciocínio lógico, e o mesmo aponta claramente para sequência nos investimentos. Aos poucos o Estado tem recuperado sua capacidade de investimento.
Enfim, dado o exposto é de se pensar se realmente seria político/jurídica e economicamente possível o investimento da forma que gostariam que fosse feito.