Vários pontos nos últimos debates merecem destaques, porém alguns poucos terão comento:
1) Como me parece estapafúrdia a constatação das acusações de ideologia quando os argumentos apresentados são igualmente de natureza ideológica, porém de maneira diametralmente oposta! Não ter ideologia é uma opção, mas usar deste argumento para combater aquele que tem é uma forma de apresentar as sua própria ideologia, logo a crítica é infundada. Quem não tem ideologia, que não se critique quem tem; quem tem ideologia, use-a de maneira franca para contrapor a ideologia do outro; mas assuma que tem uma, ora pois pois.


2) Existe algo que tenho visto (lido) aqui que não me parece de bom tom, pelo menos para as pessoas de bem: estão rotulando alguns como "petistas" (com aspas), etc. como sinônimo de coisa ruim; digamos que ser petista (sem aspas) é uma ofensa, ou seja, "petista" está, para alguns poucos, sendo uma espécie de palavrão. Ora, aqui se tem um problema delicado, ou seja, em democracia cada um escolhe o partido que lhe convém, se filiando ou não; e esta escolha, equivocada ou não, deve ser obrigatoriamente respeitada. Esta tese apresentada tem o mesmo objetivo se o partido escolhido for outro, isto é, não importa o partido de um membro do fórum, a pessoa deve ser respeitada sempre. Ou perdeu-se a ombridade e o bom-senso por estas bandas?
3) Ser petista é uma coisa, ser governo é outra. A presidente atual é petista (será que alguém aqui usaria o palavrão "petista" ao tratar a nossa máxima mandatária?), porém o governo é uma coligação. Uma coisa é criticar o governo, outra coisa é criticar o Partido dos Trabalhadores (ou qualquer outro partido). O mesmo se aplicou ao ex-presidente FHC e ao PSDB (idêntico, mudando-se os nomes e atores). Da mesma maneira que uma pessoa tem o direito de se identificar a determinado partido, pode-se afirmar que é um direito de qualquer cidadão se identificar com determinado governo. Não se identificar, não gostar, etc., deve ser igualmente respeitado. Porém não se deve rotular alguém de "governista" (entre aspas, no sentido de palavrão) só porque determinada pessoa tem lá suas preferências. Usar deste expediente é descer o nível mais baixo possível, no mínimo autoritarismo. E isto é bom nos atuais dias?
4) Antes de prosseguir, observo (1), (2) e (3): cercear a direito do indivíduo de ter sua ideologia e/ou partido político e/ou "sensibilidade" governista (ou ausência dela), etc. é uma descarada tentativa de desconstruir a imagem do próprio cidadão. Para quem não se deu ao trabalho de interpretar o significado da expressão "desconstrução de imagem", ajudo: isto é relegar o oponente ao estado vegetativo, dizer que ele só veio ao mundo para alimentar e respirar, é tirar o direito do mesmo em questionar, pensar, expressar e ousar. É a maneira mais cruel de tortura humana, é tirar a própria identidade de ser humano que esta pessoa conseguiu "ao vir para a Terra". Tem gente que brinca com coisa séria e não percebe; tem gente que se torna sério com certas brincadeiras; tem gente que vê e se cala (por opção); tem gente que fala e é calado.

5) O DB vive, novamente, um período de falta de emoção, nada de novo para se comentar, a não ser a habitual ausência de tudo. Se amanhã for noticiado que o A-Darter terá sua integração nos F-5M todos aqui mudarão o foco e tom nacionalista tomará conta. Se alguma coisinha que seja for dita a respeito do FX-2, aí que a coisa ficará inflamada! Mas na ausência do novo, mesmo que seja velho, é preciso arrumar um "culpado". Ah, o culpado!... Aí é fácil, na preocupação em ser responsabilizado por algo, que se escolha um "culpado genérico": já sei, o governo! (SIC) Vocês já perceberam o curioso fato de brasileiros que moram no exterior ter o mesmo hábito de botar a culpa no governo brasileiro (qualquer um) pra qualquer coisa, até mesmo para seus problemas de natureza pessoal? Não botem culpa no governo (qualquer um), cobrem ações concretas do governo (qualquer um)! Quando um governo é eleito democraticamente ele passa a ser o governo de todos os cidadãos, não apenas daqueles que nele votaram. Pensem!

6) Vários erros de projetos antigos foram apontados. Ok, muitas das críticas estão corretas. Por exemplo, minhas críticas ao Osório dizem respeito ao projeto (não do carro) e não ao fato dele não ter sido adquirido pelo EB. A única coisa nacional no Osório foi o projeto/desenho, o resto era tudo de multi-nacionalidades, algo que emperraria a operação deste CC em caso de guerra real (suprimentos/manutenção). Mas nada disso seria um impeditivo para que o EB o comprasse. Esquecem-se aqueles críticos à ausência de compras do Osório que estávamos nos anos 80, com inflação galopante na casa de 90% (no final) -- o problema não estava no carro/projeto, mas na total ausência de recursos na época (se a Arábia Saudita os comprasse, nós não teríamos os nossos da mesma forma). Aí está o problema, outros projetos ambiciosos foram adiante, mas todos sabiam que não haveriam recursos disponíveis para as aquisições... Onde está o erro (da época)? Investir altos valores em pesquisa e desenvolvimento em produtos/equipamentos que sabidamente não seriam adquiridos nas próximas décadas. Esqueçamos os erros do passado, aprendamos com os mesmos, não os cometamos mais (esta deve ser a palavra de Lei). Pensem assim, se a Inglaterra nos passe todo o know-how (savoir-faire, para os que preferem.

7) Aqui, no DB, todos torcem pelo o que há de melhor para suprir as nossas FFAA, disto não me restam dúvidas. Não importa se o argumento usado é para comprar de prateleira, não me importa se é para comprar de quem nunca compramos antes, não me importa se é para desenvolver e produzir um genuíno produto/equipamento totalmente nacional. Todos os argumentos são válidos e ponto! Mas para aqueles que só querem compreender o que se passa (como eu), deve-se analisar as diretrizes atuais. Nos anos 70 e 80 a máxima era desenvolver e produzir localmente; deu no que deu. Nos anos 90 e 2000 a máxima era não poder desenvolver, produzir e nem mesmo comprar (os motivos são óbvios e merecem respeito; as pessoas estavam corretas); cortes por necessidade extrema (justo!). No momento a máxima é recuperar o tempo perdido (um misto, resumido como travar parcerias com aqueles que sabem fazer e estão dispostos a ajudar). Bem, se realmente existe alguém disposto a ajudar, são outros quinhentos... Tal pensamento é resumido como ToTs. Se elas virão na íntegra, parcialmente ou nem isso, bem, alguma coisa teremos, pois nem isto tínhamos até recentemente (para quem queria desenvolver, saber pedir é muito complicado.

Abraços a todos!

PS: 7 em homenagem a Julho. Salve Leão e seu rugido.