Perfeito, é isso mesmo que muitos não compreendem e por isso dizem que tudo o que vier vai ficar no chão. O que damos importância aqui, a compra de caças, acaba por ser um pormenor.orestespf escreveu:
Olá Wesley,
respeito esta opinião de vocês, o problema que percebo é que vocês estão pensando na modernização das FFAA levando em conta o histórico das mesmas. Se este for o pensamento do Governo e das próprias FFAA, perfeito, vocês estão corretíssimo.
Porém não é o que vejo por aí, a sinalização é clara e mais clara ficará após a divulgação da END. O que se apresenta é uma reformulação completa nas FFAA brasileiras, é jogar tudo no chão e começar do zero, não se trata de fazer um "up grade" apenas, é tudo novo, zerado.
Envolve muito dinheiro? Sem dúvida alguma, muito mais do que fazer um reaparelhamento sem mudança de mentalidade. Mas veja o que é possível tirar das leituras presentes nas declarações dos responsáveis por isso: Vamos gastar muito, mas vamos ganhar muito mais a médio e longo prazo. Este é o ponto vital por trás desta modernização das FFAA.
1) Isto é agregar insumos aos produtos brasileiros;
2) Incentivar novos segmentos das indústrias para produzir mais;
3) Criar condições para sustentar a indústria de defesa (não bastar ter, tem que sobreviver. Exemplos de erros não faltam, veja a Engesa por exemplo);
4) Criar condições para as indústrias absorverem tecnologias e conhecimentos avançados;
5) Criar condições para as indústrias, universidades e centros de pesquisas desenvolverem tecnologias novas, não repassadas por terceiros, mas que forem "iluminadas" por aqueles transferidas;
6) Diminuir a dependência externa para integrar armamentos desejados e produzidos por nós, diminuir a dependência para manter a operacionalidade dos equipamentos das FFAA, criar uma estrutura logística e a mais comum possível entre as três Forças (não temos logística no País, tudo é um improviso só);
7) Criar bases de acordo com as especifidades e peculiaridades de cada região do País, e não levar os modelos da região Sudeste para as demais; espalhar as bases para regiões "descobertas".
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Alguém poderia dizer, lindo, maravilhoso, mas quero ver isso aí na prática. Isto não é impossível, vários países trabalham assim e lamentavelmente, só agora o Brasil percebeu que estava fazendo tudo errado. Mas descobrir que está errado é fácil, difícil é implementar algo que demanda grandes somas e orçamento com "crescimento sustentável". Então estamos dizendo que tudo isso só sai do papel se houver boa vontade política.
(OBS: observe que eu disse sair do papel, então é porque já está no papel. Lembrando que até pouquíssimo tempo atrás nem no papel estava, isto é um salto brutal na mudança de mentalidade das FFAA e de governo).
E qual seria o catalizador para iniciar esta reação política em cadeia? Se não houver, nada feito! Simples, um país não cresce economicamente se não demonstrar algum tipo de liderança, não se consegue ampliar a liderança diplomática se não ocupar importantes espaços em grandes fóruns internacionais, não se consegue ocupar tais espaços sem demonstração explícita de FORÇA.
Assim sendo, partiu do MRE a idéia que o Brasil se estagnará em todos os sentidos se não se mostrar mais agressivo e deixar de investir em um sistema de defesa eficiente pra si e que ainda o permita participar de missões de paz em países que se desestruturam. Isto está ligado intimamente com o assento no CS, algo que o Brasil não abre mal de forma alguma daqui por diante.
Porém não se faz uma modernização expressiva (e não apenas um singelo reaparelhamento) das FFAA do dia pra noite, ainda mais da forma que se aponta, por isso tudo isto deve ser "sustentável", independente de governos futuros e do humor dos formadores de opinião e da população em geral. Neste caso é necessário fazer algo integrando partidos e dispensando as ideologias existente, centrando no País. Para isto busca a conscientização da população, mostrar as FFAA como um sistema composto para defender o País e tirar a idéia que elas não passam de um amontoado constituído de militares apenas. Isto já foi feito e continua sendo feito, basta ver a forma que a imprensa tem tratado o assunto. Não havendo problemas com a população, os políticos não se verão correndo riscos de ordem políticas, logo o consenso surgirá de forma "natural". É a mesma coisa que se faz quando se "renova" uma Constituição.
Portanto é de fundamental importância que o País tenha sua Estratégia maior configurada na forma de Lei, isto é que garantirá que nenhum presidente futuro venha mudar ou interromper o processo no meio do caminho, digamos que será um caminho sem volta. Então não se pode dizer que as FFAA não se beneficiarão da END colocada como Lei, pelo contrário, é na forma de Lei que os militares terão certeza que a operacionalidade de seus equipamentos não vão morrer após as compras que acontecerão, é a certeza que o processo será contínuo.
OBS: os royalties do petróleo para a MB não está na forma de Lei, está na Constituição. A constituição trata de diretrizes apenas e que precisam ser regulamentadas a posteriori na forma de Lei. No caso dos royalties não existe regulamentação, por isso os últimos governos só têm repassado o que lhes interessa. O mesmo acontece com os juros, que na Constituição diz claramente que não podem passar de 12% ao ano, porém, por não haver regulamentação específica (e acredito que nunca haverá) os bancos usam e abusam desta "brecha".
Considerando que tudo isto vai ser implementado e que as coisas estarão amarradas, independendo do humor de políticos e até mesmo de militares graduados, não vejo problema algum em ver a FAB com 120 caças do porte do SU-35 ou Rafale, na verdade não vejo problema algum em termos no futuro algo muito acima disso.
Dinheiro pra isso? Saiu uma nota na imprensa (postada aqui, mas aparentemente ignorada) dizendo que o Planejamento está se esperneando para conseguir uma solução para absorver os gastos com as FFAA. A leitura disso é vital: se estão "esperneando" é porque a ordem veio de baixo pra cima, o Planejamento não foi convidado a opinar sobre a viabilidade econômica para a implantação da END e da modernização das FFAA, foi algo mais ou menos assim: está determinado, eu quero, se vire para encontrar uma solução.
Por fim, gostaria de deixar muito claro que tudo isso é opinião minha, até porque não se precisa de informação privilegiada para concluir o que a mídia noticia a cada dia, basta ler, ver e ouvir para concluir o óbvio. Se vai acontecer ou não, não sei, mas tudo isso me parece um caminho sem volta, caminho análogo ao crescimento sustentável e que foi ridicularizado por muitos, inclusive aqui no DB, provavelmente motivados por ideologias pessoais contrárias a do atual governo.
Abração,
Orestes
Qual a sua opinião sobre a influência da crise actual e o seu impacto neste plano? Sinceramente, penso que o Brasil deveria ter tomado essa decisão há mais tempo, com o comboio a rolar era mais dificil parar. Agora o momento é propicio internamente, no entanto, ou o Brasil o faz com financiamento próprio, ou será mais complicado.
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