O tópico é sobre o F-5, não?
Então, tome-lhe F-5E!
27 de abril de 2010
Combate dissimilar – Mirage III X F-5E
“Em junho de 1979 eu tive oportunidade de fazer meu primeiro dissimilar com o Mirage. Eu, que já tinha tido a oportunidade de voar operacionalmente o Mirage, agora voava o F-5 e veria na prática como o embate é amplamente favorável ao caça americano. O F-103 foi feito para interceptações em altitude, foi concebido para pegar bombardeiros soviéticos nos idos da guerra fria e não para o combate aéreo. Minha primeira missão dissimilar ocorreria em Anápolis contra um F-103D, pilotado por um caçador francês que estava em intercâmbio. O menino tinha nada menos que 1.000 horas de Mirage. Ele voaria na nacele dianteira assistido por um piloto do GDA, que no caso era o capitão Azzi. Quando entramos na área o Azzi me disse no rádio: ‘E aí Coronel, é hoje então que vai nos detonar? ‘ Eu não entendi e perguntei se era tão fácil assim. E ele respondeu: ‘Pô Coronel, nunca voaste um dissimilar? Então vai deitar e rolar!’ E foi impressionante! Depois da abertura eu forcei a curva e chegamos a quase aos limites dos G’s. Quando terminou ele estava na mira! O francês estava desnorteado e o Azzis só ria na fonia pelo desespero do colega caçador. Fizemos três aberturas sem chance para ele. Quando pousamos o francês estava suado e assustado.
Para ambos foram o seu primeiro dissimilar e aprendemos que o F-5 é imbatível nesta arena em condições normais . Se você não deixar o F-5 baixar de 300 nós (uma regra básica no combate) ele não perde energia na curva e sempre vai encaudar o Mirage!”
Tenente-Coronel Aviador Ivan von Trompowsky Douat Taulois, então comandante do 1º/14º GAv
Extraído do livro: ‘Ja te atendo tchê! A história do 1º/14º GAV, o Esquadrão Pampa’, de J. Casella e R. Cunha
---------------------------------
Combate dissimilar – Mirage III X F-5E (2)
Como o último post fez mais sucesso do que esperávamos e gerou uma discussão de alto nível, estamos publicando esta segunda parte.
“Somente um piloto muito experiente no Mirage ou um piloto muito novinho no F-5, ou ainda um fator imponderável qualquer do combate , para o F-5 perder um engajamento com o Mirage. O Mirage perde muita energia em curva e, com isto, velocidade, aliado à maneabilidade do F-5, ficava relativamente fácil antecipar e filmar ele. A tática era forçar o Mirage entrar em curva e aí fechar ele. Todas as vezes em que deslocávamos para Anápolis, especialmente depois de 1988 [a partir de 1988 o 1º/14º GAv deixou de ser uma unidade aerotática e tornou-se especializada em defesa aérea], voltávamos vitoriosos e com os pilotos cheios de belas fotos de Jacas na mira para pendurar na parede!”
Major-Aviador Itovar Silvio da Silva, então S3 do 1º/14º GAv
Extraído do livro: ‘Já te atendo tchê! A história do 1º/14º GAV, o Esquadrão Pampa’, de J. Casella e R. Cunha
NOTA: caso você ainda não possua o livro, compre através do site do prof. Rudnei (http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/)