Luís Henrique escreveu:Marino escreveu:Sei que não devia postar aqui, mas a questão é tão séria que merece lugar de destaque:
DEFESA
Companhia de Israel compra duas empresas do Brasil
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS - A companhia de equipamentos militares de Israel Elbit Systems adquiriu as
empresas brasileiras Ares Aeroespacial e Defesa e Periscópio Equipamentos Optrônicos.
A aquisição foi realizada em uma série de operações que totalizam dezenas de milhões de reais, segundo a Elbit.
As empresas Ares e Periscópio, que têm cerca de 70 funcionários, estão envolvidas na área de sistemas eletrônicos
de defesa e fornecimento de produtos para militares brasileiros, bem como a outros mercados na América do Sul.
No outro tópico eu já disse, mas repito aqui:
uma das piores notícias do ano.
Uma MERDA mesmo.
Para relembrar:
O Globo, 29/12
OPINIÃO
Invasões bárbaras
Carlos Frederico Queiroz de Aguiar
O Brasil virou uma espécie de Eldorado mundial. O bom momento econômico que vive o país e
os bilionários investimentos públicos a serem realizados até 2030 despertam um apetite sem
precedentes, e daí o título deste artigo, emprestado do filme canadense candidato à Palma de Ouro de
2003. Estamos no olho do furacão. E a indústria nacional que se segure: sem regras definidas, virá uma
invasão bárbara por aí. Só na área de infraestrutura, estima-se que investimentos públicos que
precisarão ser feitos para dar cabo à agenda de eventos esportivos globais previstos até 2016 cheguem
a US$26 bilhões. Some-se o setor de energia, onde só a Petrobras anuncia investimentos até 2014 de
US$224 bilhões na exploração do pré-sal - felizmente, neste caso, com 80% dos recursos reservados
para conteúdos industriais nacionais.
No segmento da Defesa e Segurança, há esforços para o reequipamento das Forças Armadas.
Pela Estratégia Nacional de Defesa, serão investidos US$ 247 bilhões, até 2030, na modernização dos
equipamentos da Marinha (US$ 70 bilhões), Exército (US$ 94 bilhões) e Aeronáutica (US$ 83 bilhões).
Não é, portanto, exagero estimar-se que haverá oportunidades que chegam a US$700 bilhões. Onde
mais se anuncia Eldorado semelhante? Sou testemunha da invasão que estamos sendo alvo de
empresas de todo o mundo. A Fiesp, a Firjan e a Abimde receberam ao longo deste ano delegações
empresariais de países como EUA, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Israel, oferecendo suas
expertises. Se não houver cautela, a indústria nacional correrá imensos riscos.
No segmento industrial de Defesa, adianto ameaça adicional: a da desnacionalização. Afinal,
como enfrentaríamos uma eventual invasão de nosso território, da Amazônia, do pré-sal, se a tecnologia
empregada pelas nossas tropas não pertencesse a nós, mas aos nossos inimigos? As consequências já
são evidentes em território nacional: aumento das importações, diminuição das exportações pela queda
da competitividade em preço do produto nacional e desindustrialização.
A invasão bárbara que temos presenciado é como script de um filme conhecido, que começa
com empresas internacionais se associando a brasileiras e, depois, assumindo o controle acionário.
Segue-se, então, o epílogo dramático: após sorverem o que podem, elas se retiram do País com o qual
jamais tiveram compromisso. Nossa Constituição não limita o capital estrangeiro no segmento da Defesa,
apesar do seu caráter estratégico. Desde que o estabelecimento das empresas siga as normas legais,
tudo certo. Mas pergunto: tudo certo para quem?
CARLOS FREDERICO QUEIROZ DE AGUIAR é presidente da Associação Brasileira das
Indústrias de Materiais de Defesa.