Sim,Zavva escreveu:Lima,cb_lima escreveu:Olha Tulio
Entendo o seu ponto de vista e ele faz sentido sim. Mas acho que temos que encarar também uma dura realidade que é e sempre foi a propaganda que chegou aos nossos ouvidos versus a realidade das coisas.
Nós sempre ouvimos aquela propaganda que as nossas industrias nacionais eram isso ou aquilo, que éramos capazes de projetar isso e aquilo, mas a realidade é que embora tenhamos contribuído com soluções bem inteligentes na área militar como o Tucano e o Astros (por exemplo) o nosso problema sempre foi possuir uma industria até grande, mas com uma "profundidade" bem pequena.
A coisa nunca foi tão integrada entre industria, governo, universidades, centros técnicos e consequentemente "investimentos", daí sobreviviamos das guerras alheias mas sem o poder político ou a vontade dos EUA ou França ou Inglaterra e assim a nossa capacidade de expandir e melhorar foi sempre muito comprometida. A falta de investimentos internos então... nem se fala.
Odeio dizer isso, mas não acho que emburrecemos, eu só acho que nunca fomos essa esperteza toda... e a falta de investimentos e de continuidade nos programas e a forma com que as industrias foram criadas e mantidas (ou não mantidas) é uma prova disso.
Estava retornando de Chicago nesse Domingo e enquanto o meu avião estava taxiando comecei a contar quantas aeronaves da Embraer eu via lá no Aeroporto de Chicago... bom... contei 53!!! desde a família "145" até a família "170" e afins (tudo isso desde aeronaves estacionadas até aeronaves nos "gates") ... daí fiquei pensando com os meus botões sobre isso e a Embraer e porque no final ela sobreviveu quando tudo parecia perdido e daí cheguei a uma teoria aonde no fim das contas não era interessante para os americanos que ela morrece...
Bom, os motivos seriam que empresas de motores, aviônicos, e outros componentes americanos iriam ficar sem um potencial "cliente", do mesmo modo o mercado de aviação "Regional" americano estava em plena expansão e a Embraer tinha uma boa proposta que contava com a benção de diversas companhias aéreas americanas... do mesmo modo, era importante matar as industrias européias tradicionais ou força-las a entrar dentro da Airbus para unificar a "concorrência"... Fokker, Dornier, MBB são alguns exemplos e é claro a mão de obra era mais "em conta" do que a européia, e não havia necessariamente necessidade de lidar com bancos europeus e todas e quaisquer regras da eventual "UE".
Sendo assim a Embraer no "Brasil" não era de modo algum uma má solução até porque ao longo dos anos surgiram propostas interessantes cujos projetos eram quase que totalmente orientados ao mercado americano e não competiam com empresas como a Boeing por exemplo, mas mantinham as fábricas de motores e aviônicos (que supriam inclusive a Boeing) trabalhando a todo o vapor, e o $$$$ retornava para o bolso do consumidor americano e até os passageiros voavam mais felizes nos jatinhos Brasileiros (como é o que acontece hoje).
É interessante ver que hoje o maior operador de aeronaves da Embraer NO BRASIL é uma empresa Americana (Azul) ao invés de empresas "nacionais"... a TAM e filha da Airbus e a Gol é filha da Boeing... interessante, né?
Enfim... eu acho que o que ocorreu com o Brasil de hoje é que na minha opnião setores como a MB e até o EB estão encarando a realidade de frente quando compram projetos não nacionais e reconhecendo que realmente no fim das contas tínhamos falhas sérias relacionadas a continuidade, política industrial para defesa e dimensionamento da nossa industria como um todo e achavamos que éramos mais do que sempre fomos (a propaganda era melhor do que o resultado final).
Vou parar por aqui por enquanto porque o post já está muito longo...![]()
Sei lá meu amigo... eu acho que o que vemos por aí é que finalmente estamos encarando a realidade de frente e a realidade é que as invasões bárbaras nunca ocorreram porque os bárbaros sempre viveram entre nós.
[]s
CB_Lima
Sua analise esta correta, mas no passado não tinhamos os instrumentos necessários para criar um politica eficiente de desenvolvimento da industria bélica nacional, que implicaria principalmente no direcionamento das demandas estatais via FFAA para a nossa industria, pois no passado nossas demandas internas eram insuficientes.
Mas agora que este cenário esta mudando, podemos construir politicas mais eficientes de desenvolvimento da indutria nacional, bastando vontade politica para isso, como existem em países como os EUA e a França, por exemplo, que privilegiam a industria local.
Este é um processo longo, mas precisamos começar agora.
Abs
Verdade Zavva e é por isso que importante tomar cuidado com os passos dados, e nem sempre eles são exatamente o que nós como entusiastas querem, mas se eles contam com a vontade política, mesmo que não exatamente perfeitos (exemplo em mente as histórias sobre o EC-725 e as suas versões) representam uma evolução (como no caso do KC-390 ou dos Subs e do Veículo do EB).
Investimentos contínuos e bom planejamento sem dúvida são a chave, porque a alternativa é aquele "crescimento" até a hora que a coisa estoura e no fim das contas vimos é que não tínhamos tanto assim como já aconteceu no passado

[]s
CB_Lima