Marino escreveu:
Caro Kirk, como escrevi no outro post, afirmar que houve alteração no peso dos custos somente lendo o relatório final de todo processo.
Mas lhe digo que a END prevê a capacitação da indústria nacional como ponto principal, cláusula pétrea, e que a ToT e offsets são instrumentos para esta capacitação.
O Brasil não está procurando um produto baratinho, mas um que efetivamente permita o salto tecnológico para diversas indústrias, e não somente a aeronáutica. Assim, o FX e outros programas passam a ser considerados INVESTIMENTO e não GASTOS.
Aproveitando o último parágrafo de seu post, quando há uma alteração de pesos a mesma afeta a todos os concorrentes igualmente. Se o ítem mais importante de acordo com a END, o que vai gerar mais pontos e diferenciar um produto, é a ToT, este ítem é o fundamental do processo.
Veja que ele saiu de 9 pontos em 100 para um valor substantivo, já postado pelo Pepê.
Se a ToT dos suecos estivesse a frente dos outros, esta vantagem aumentaria e faria com que o avião nórdico se destacasse mais ainda, tornando qualquer sofisma irrelevante.
Foi o que aconteceu?
Isto não faz pensar um pouco?
Vou aproveitar e fazer outro comentário, que responderá dúvidas de outros companheiros.
No início do processo eu propus aqui no DB um "estudo" para fazermos, em que os foristas escolheriam os aviões a serem propostos, os ítens a serem avaliados, daríamos pesos aos mesmos, haveriam as discussões técnicas sobre estes ítens e no final faríamos as contas. O Orestes se propôs a fazer a parte matemática e começamos a discutir os ítens a serem avaliados.
Não sei se vc já estava no DB, mas outros se lembrarão. Infelizmente desistiram rápido demais.
Este é o processo, com imensas simplificações, chamado "Estudo de Estado-Maior" (EEM), que é base para um processo como o conduzido pela COPAC (evidente que estou simplificando). A END é um documento de ESTADO, não um manual de EEM, não cabe nele colocar coisas assim.
Quem conduz o estudo, no caso a FAB, é quem define parâmetros, pesos, ítens a serem estudados, etc. Quem melhor que ela para fazer isso, não é o que todos dizem?
Mas aqui, e em outros fóruns, se esquecem que os estudos começaram em 1995 com o lançamento dos Requisitos Operacionais Preliminares do FX pela FAB, muito antes da END.
Isto é fundamental, precisa ser compreendido e aceito por todos nós que nos interessamos pelo tema a fim de agirmos com honestidade intelectual. Aqui se explica os 9 pontos em 100.
Veja que todo processo é interno ao órgão que o executa, a FAB.
Isto passou e foi questionado mais tarde. A própria FAB estipulou novos pesos, condizentes com a publicação que norteia todas as FA hoje, refez o trabalho e o apresentou ao MD.
De novo, não foi o NJ, não foram os Oficiais do MD, mas a FAB que alterou seu trabalho.
Por isso o relatório vem assinado pelo Brig. Saito, ou não viria. Alguém aqui duvida disso?
Espero ter ajudado.
Lembrando mais uma vez o vital:
- o trabalho foi feito todo pela FAB;
- a FAB define todos os parâmetros do mesmo;
- a FAB alterou seus parâmetros de maneira interna, independente, após ver que o estudo original não se enquadrava com a END;
- não estamos comprando o mais barato;
- o fundamental é a capacitação da indústria nacional, por meios de ToT e offsets. Quem não entender isso pode se suicidar.
Mano velho, vou pegar carona em seu post, ok?
Tem coisas que leio aqui e que me espantam até hoje. Ô estúpido que sou!
Os defensores do Gripen NG vivem reclamando das alterações dos tais pesos para avaliação dos caças. Ora, se esquecem que as alterações foram aumentadas (segundo informações do Pepê) justamente nos pontos em que estes defensores alegam ser as virtudes do Gripen NG, principalmente as ToTs.
Não tem como aumentar os pesos além de 100, caso contrário a coisa fica maquiada, falsa e imprecisa (dizem que há gente que faz isso.

). Fixemos uma das variáveis, digamos, ToTs, então se o Gripen NG ganha neste quesito o que se pode dizer é que ganha muito mais quando se eleva o peso destinado a este parâmetro e não o contrário.
Também se questiona o motivo de se ter diminuído o peso para o valor do caças, uma ingenuidade total pensar assim. Ora bolas, a FAB não impôs limite algum sobre a categoria dos caças, logo caças mais leves, médios e pesados puderam participar da concorrência. O que isto significa? Que o mais importante não é o preço, mas sim a capacidade desejada pela FAB. Se não fosse verdade tal coisa, então caças como o SU 35 BM, Typhoon, e talvez outros, não poderiam participar, teriam que ser eliminados de imediato. Outra coisas, se o fator custo fosse primordial, então não poderiam eliminar o F-16; deixando claro que este não foi eliminado de cara por ser americano, pois o F/A-18 SH continuou até agora.
Desta forma só resta colocar um peso baixo no fator custo do caça, para que todos tenham as mesmas chances, não impactando em nada significativo o resultado final. Assim sendo, o que estaria sob avaliação de fato seriam as características técnicas-operacionais dos caças, bem como as ToTs e off set. Fácil assim.
Pra finalizar, é bom que se diga que os participantes do processo FX-2 são pessoas sábias, capazes e com elevada capacidade de conhecimento para tocar e avaliar o processo; deixando claro que a FAB está totalmente envolvida no mesmo, de forma tal que as críticas que aqui vejo recaem muito mais à FAB do que ao ministro da defesa -- outro erro primário.
Abração, mano velho!!!