Leandro, também estranhei o post do Pepê quando li, mas acho que a imprecisão o conduziu ao equívoco. Acho que ele "quis dizer" (perdoa-me se erro ao tentar justificar, Pepê) que seria necessário algumas toneladas de urânio 238 para se conseguir alguns quilos de urânio 235 para fabricação de uma bomba de fissão nuclear. Entendi assim, até porque, 5 ton. seria um peso pra lá de considerável para um avião levar sob suas asas (isto só em urânio, sem contar o "estopim" -- uma bomba convencional -- e mais o "invólucro").LeandroGCard escreveu:Na verdade as primeiras bombas atômicas usavam respectivamente 6,2 Kg de Plutônio 239 e 64 Kg de urânio 235. Elas pesavam várias toneladas por conta do restante dos seus componentes (lentes de explosivos, blindagem anti-radiação, estrutura, etc...). Nenhuma bomba nuclear jamais usou muito mais material físsil do que isso.Pepê Rezende escreveu: O Collor tampou um poço artesiano... Acredite se quiser! Para explodir um artefato nuclear básico são necessárias cerca de 5t de urânio enriquecido. Nunca tivemos isso à mão. Foi um show internacional para provar o quanto queríamos ser subservientes aos EUA. Nem era necessário, já havíamos desmontado a Engesa, a Bernardini e outras empresas que podiam aborecer o Departamento de Estado vendendo para quem não interessava aos norte-americanos.
Abraços
Pepê
À partir da década de 50 foram desenvolvidas técnicas de aumentar a capacidade explosiva das bombas de fissão utilizando uma reação de fusão deutério-trítio para gerar mais neutrôns e assim potencializar a fusão de mais átomos de Urânio ou Plutônio no material físsil, levando a bombas com potência muito maior que as primeiras com quantidades menores de material físsil (ainda não é a bomba de fusão, pois a energia gerada pela reação deutério-trítio é desprezível). Esta tecnica é conhecida como Fusion-Boosting, e a publicação de um trabalho por um pesquisador do IME sobre uma ogiva americana ainda mais moderna (usando um projeto ainda mais sofisticado, chamado Teller-Ulam) mostrou que já se domina este tipo de tecnologia no Brasil.
Então, não precisaríamos de algumas toneladas de urânio enriquecido para fazer bombas, apenas alguns kilogramas bastariam. Por exemplo, uma bomba americana usando a tecnologia Neutron-Boosting detonada em 1956 tinha o mesmo poder da bomba de hiroshima, mas com menos de 46 Kg de peso total. Já saberíamos fazer este tipo de bomba no Brasil.
Leandro G. Card
Só para ajudar, cerca de 99,3% do urânio encontrado é do isótopo 238 ("empobrecido") e cerca de 0,7% de urânio isótopo 235 ("enriquecido"); basta fazer as contas para se concluir alguma coisa. Deve-se considerar, também, o "grau de pureza" (concentração) desejado, que para um artefato nuclear deve ser acima de 95%.
Abração!!!