Mundo Árabe em Ebulição
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Com incertezas na Líbia, intervenção na Síria fica cada vez mais complicada.
Desde que os protestos pró-democracia começaram na Síria, há mais de dez meses, a União Europeia aumentou a pressão sobre o regime do presidente Bashar al-Assad. Ela impôs sanções sobre as companhias de petróleo sírias. Congelou os bens de vários altos funcionários. Proibiu companhias da UE de fazer comércio com títulos da dívida síria.
Ela também proibiu que os bancos da Síria operem em países da UE ou invistam em bancos europeus. Nesta semana, ministros de exterior da UE concordaram em impor restrições de viagem e outras sobre mais 22 indivíduos e oito companhias.
Mas a luta ainda continua. De acordo com as Nações Unidas, mais de 5 mil pessoas foram assassinadas desde que as manifestações começaram em março passado. Quase 20 mil fugiram para a vizinha Turquia.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a situação na Síria “atingiu um ponto inaceitável”.
Mas o que mais pode ser feito?
“O problema é que apesar de todas as medidas dos europeus, eles não forçaram o regime sírio a assumir uma posição diferente”, disse Rime Allaf, especialista em Oriente Médio na organização de pesquisa Chatham House, sediada em Londres. “Se medidas significativamente mais rígidas não forem tomadas, acredito que nada vai mudar. A situação vai se deteriorar ainda mais. No momento, não há outros cenários realistas.”
Diante de uma situação semelhante na Líbia no ano passado, a Inglaterra, França e outros países europeus optaram por uma intervenção militar. Com a ajuda dos Estados Unidos, eles criaram uma zona anti-aérea e bombardearam as tropas do regime, o que precipitou a queda do coronel Muammar Gaddafi.
Neste mês, o Exército Livre da Síria, um grupo de desertores do exército que tenta derrubar Assad, também pediu que o Conselho de Segurança da ONU interviesse, sem sucesso. Nem Ban, nem qualquer outro líder europeu, expressou apoio à ação militar para interromper os assassinatos.
Há vários motivos pelos quais a Rússia, que há muito tempo apoia o regime de Assad, e a China – ambos membros permanentes do Conselho de Segurança – vetariam uma iniciativa como esta. Nenhum deles quer uma intervenção ao estilo da Otan na Síria.
Nem os Estados Unidos têm nenhum apetite por outra missão militar. Sem o apoio dos EUA, a União Europeia e a Otan não podem fazer nada militarmente. Na região, só o Qatar, um membro da Liga Árabe, pediu uma ação militar.
Em 15 de janeiro, o emir do Qatar, Xeique Hamad bin Khalifa al-Thani, propôs uma intervenção militar árabe para impedir a repressão por parte das forças de segurança sírias. “Algumas tropas deveriam ir para lá para interromper os assassinatos”, disse ele à rede de TV norte-americana CBS. Ele não recebeu nenhum apoio dos outros estados árabes, nem da União Europeia.
Da forma como está, a Liga Árabe está dividida quanto à Síria, e não têm nenhuma experiência de intervenção desse tipo. A ideia de árabes lutarem contra árabes teria consequências impensáveis para a região, de acordo com os analistas. Eles citam a ascensão do sectarismo no Iraque como um exemplo catastrófico.
Além disso, a Liga Árabe perdeu grande parte de sua credibilidade depois que sua missão de monitoramento na Síria não conseguiu persuadir o regime a aceitar a proposta de paz da Liga, que Damasco inicialmente aceitou. O plano vislumbrava a retirada dos tanques e tropas das cidades, a libertação de manifestantes, o acesso da imprensa e o início das conversas entre Assad e a oposição.
Então, no domingo (22), durante uma reunião de cúpula no Cairo, a Liga Árabe pediu para Assad deixar o governo, abrir o diálogo com a oposição e formar uma unidade nacional de governo. Damasco rejeitou as propostas.
Ainda que os europeus tenham excluído a opção de uma ação militar, há outras medidas que podem tomar. Fora aplicar mais sanções, eles podem incrementar a assistência humanitária e de inteligência para a oposição síria, de maneira parecida à que ajudaram os rebeldes líbios no ano passado.
A União também poderia ter como alvo os apoiadores de Assad. Sua proposta de impor uma nova série de sanções contra o Irã por causa de seu programa nuclear pode se tornar crucial para a Síria. O Irã fornece assistência militar e econômica extensiva para a Síria, e apoia o movimento militante Hezbollah. O Hezbollah se posicionou ao lado de Assad.
Por fim, a União poderia trabalhar mais de perto com a Turquia, fornecendo assistência para os refugiados, e com o Qatar.
“Algumas capitais europeias estão debatendo que a UE estabeleça algum tipo de corredor de ajuda humanitária”, diz Anthony Dworkin, um especialista em direitos humanos no Conselho Europeu de Relações Estrangeiras.
A Turquia e Qatar podem apoiar essas metidas, dizem os diplomatas. A Turquia não é novata na região. Ela tentou mediar a questão das Colinas de Golan entre a Síria e Israel depois que o último tomou a região durante a guerra de 1967 no Oriente Médio. Ela também foi um dos primeiros países a pedir que Assad renunciasse.
“Ancara se sente traída por Damasco”, diz Ozgur Unluhisarcikli, diretor do escritório turco do German Marshall Fund nos Estados Unidos. “Ancara investiu muita energia tentando persuadir Assad a renunciar, mas sem nenhum resultado.”
Mas o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, é outro que não apoia a intervenção militar. Ele considera os riscos muito altos.
Ancara está preocupada que uma intervenção traga ainda mais refugiados. Ela também poderia encorajar os curdos na Síria a buscar mais autonomia. Unluhisarcikli diz que isso poderia desencadear uma insurgência curda na Turquia, onde as tensões entre o governo e a comunidade curda já são extremamente grandes.
A missão da Otan na Líbia já foi complicada o suficiente; ainda está longe de estar certo que depois da intervenção militar e da queda do coronel Gaddafi, o país conseguirá voltar à estabilidade. A Síria é um caso bem mais intratável.
“No que diz respeito à Síria, os europeus não estão sendo coerentes, mas estão tentando fazer o máximo que podem sem uma intervenção militar”, disse Allaf da Chatham House.
Mas ela tem poucas ilusões de que isso será suficiente.
http://codinomeinformante.blogspot.com/ ... ao-na.html
Desde que os protestos pró-democracia começaram na Síria, há mais de dez meses, a União Europeia aumentou a pressão sobre o regime do presidente Bashar al-Assad. Ela impôs sanções sobre as companhias de petróleo sírias. Congelou os bens de vários altos funcionários. Proibiu companhias da UE de fazer comércio com títulos da dívida síria.
Ela também proibiu que os bancos da Síria operem em países da UE ou invistam em bancos europeus. Nesta semana, ministros de exterior da UE concordaram em impor restrições de viagem e outras sobre mais 22 indivíduos e oito companhias.
Mas a luta ainda continua. De acordo com as Nações Unidas, mais de 5 mil pessoas foram assassinadas desde que as manifestações começaram em março passado. Quase 20 mil fugiram para a vizinha Turquia.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a situação na Síria “atingiu um ponto inaceitável”.
Mas o que mais pode ser feito?
“O problema é que apesar de todas as medidas dos europeus, eles não forçaram o regime sírio a assumir uma posição diferente”, disse Rime Allaf, especialista em Oriente Médio na organização de pesquisa Chatham House, sediada em Londres. “Se medidas significativamente mais rígidas não forem tomadas, acredito que nada vai mudar. A situação vai se deteriorar ainda mais. No momento, não há outros cenários realistas.”
Diante de uma situação semelhante na Líbia no ano passado, a Inglaterra, França e outros países europeus optaram por uma intervenção militar. Com a ajuda dos Estados Unidos, eles criaram uma zona anti-aérea e bombardearam as tropas do regime, o que precipitou a queda do coronel Muammar Gaddafi.
Neste mês, o Exército Livre da Síria, um grupo de desertores do exército que tenta derrubar Assad, também pediu que o Conselho de Segurança da ONU interviesse, sem sucesso. Nem Ban, nem qualquer outro líder europeu, expressou apoio à ação militar para interromper os assassinatos.
Há vários motivos pelos quais a Rússia, que há muito tempo apoia o regime de Assad, e a China – ambos membros permanentes do Conselho de Segurança – vetariam uma iniciativa como esta. Nenhum deles quer uma intervenção ao estilo da Otan na Síria.
Nem os Estados Unidos têm nenhum apetite por outra missão militar. Sem o apoio dos EUA, a União Europeia e a Otan não podem fazer nada militarmente. Na região, só o Qatar, um membro da Liga Árabe, pediu uma ação militar.
Em 15 de janeiro, o emir do Qatar, Xeique Hamad bin Khalifa al-Thani, propôs uma intervenção militar árabe para impedir a repressão por parte das forças de segurança sírias. “Algumas tropas deveriam ir para lá para interromper os assassinatos”, disse ele à rede de TV norte-americana CBS. Ele não recebeu nenhum apoio dos outros estados árabes, nem da União Europeia.
Da forma como está, a Liga Árabe está dividida quanto à Síria, e não têm nenhuma experiência de intervenção desse tipo. A ideia de árabes lutarem contra árabes teria consequências impensáveis para a região, de acordo com os analistas. Eles citam a ascensão do sectarismo no Iraque como um exemplo catastrófico.
Além disso, a Liga Árabe perdeu grande parte de sua credibilidade depois que sua missão de monitoramento na Síria não conseguiu persuadir o regime a aceitar a proposta de paz da Liga, que Damasco inicialmente aceitou. O plano vislumbrava a retirada dos tanques e tropas das cidades, a libertação de manifestantes, o acesso da imprensa e o início das conversas entre Assad e a oposição.
Então, no domingo (22), durante uma reunião de cúpula no Cairo, a Liga Árabe pediu para Assad deixar o governo, abrir o diálogo com a oposição e formar uma unidade nacional de governo. Damasco rejeitou as propostas.
Ainda que os europeus tenham excluído a opção de uma ação militar, há outras medidas que podem tomar. Fora aplicar mais sanções, eles podem incrementar a assistência humanitária e de inteligência para a oposição síria, de maneira parecida à que ajudaram os rebeldes líbios no ano passado.
A União também poderia ter como alvo os apoiadores de Assad. Sua proposta de impor uma nova série de sanções contra o Irã por causa de seu programa nuclear pode se tornar crucial para a Síria. O Irã fornece assistência militar e econômica extensiva para a Síria, e apoia o movimento militante Hezbollah. O Hezbollah se posicionou ao lado de Assad.
Por fim, a União poderia trabalhar mais de perto com a Turquia, fornecendo assistência para os refugiados, e com o Qatar.
“Algumas capitais europeias estão debatendo que a UE estabeleça algum tipo de corredor de ajuda humanitária”, diz Anthony Dworkin, um especialista em direitos humanos no Conselho Europeu de Relações Estrangeiras.
A Turquia e Qatar podem apoiar essas metidas, dizem os diplomatas. A Turquia não é novata na região. Ela tentou mediar a questão das Colinas de Golan entre a Síria e Israel depois que o último tomou a região durante a guerra de 1967 no Oriente Médio. Ela também foi um dos primeiros países a pedir que Assad renunciasse.
“Ancara se sente traída por Damasco”, diz Ozgur Unluhisarcikli, diretor do escritório turco do German Marshall Fund nos Estados Unidos. “Ancara investiu muita energia tentando persuadir Assad a renunciar, mas sem nenhum resultado.”
Mas o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, é outro que não apoia a intervenção militar. Ele considera os riscos muito altos.
Ancara está preocupada que uma intervenção traga ainda mais refugiados. Ela também poderia encorajar os curdos na Síria a buscar mais autonomia. Unluhisarcikli diz que isso poderia desencadear uma insurgência curda na Turquia, onde as tensões entre o governo e a comunidade curda já são extremamente grandes.
A missão da Otan na Líbia já foi complicada o suficiente; ainda está longe de estar certo que depois da intervenção militar e da queda do coronel Gaddafi, o país conseguirá voltar à estabilidade. A Síria é um caso bem mais intratável.
“No que diz respeito à Síria, os europeus não estão sendo coerentes, mas estão tentando fazer o máximo que podem sem uma intervenção militar”, disse Allaf da Chatham House.
Mas ela tem poucas ilusões de que isso será suficiente.
http://codinomeinformante.blogspot.com/ ... ao-na.html
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Rascunho de resolução da ONU não prevê uso de força na Síria
Texto pede fim imediato da repressão aos opositores e renúncia do presidente Bashar Assad.
Agência Estado
LONDRES - O rascunho de uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a Síria pede que o presidente Bashar Assad entregue o poder a seu vice e afirma que não haverá o uso de forças estrangeiras no país. O esboço apenas pede que o regime coloque imediatamente "um fim em todas as violações aos direitos humanos e ataques contra os que exercem seu direito de liberdade de expressão".
O documento pede que Assad delegue sua "completa autoridade a seu vice" para permitir a criação de um governo de unidade nacional que lidere a transição para um sistema democrático. O texto, um rascunho cuja redação foi liderara pelo Marrocos, também insiste que o documento não compele os "Estados a recorrer ao uso da força ou à ameaça da força".
O governo da Rússia declarou nesta terça-feira, 31, que se opõe veementemente à aprovação da resolução da ONU sobre a Síria. Moscou afirma que a medida vai abrir caminho para uma guerra civil no país. "O rascunho ocidental de resolução no Conselho de Segurança não vai ajudar na busca de um compromisso", escreveu o vice-ministro de Relações Exteriores Gennady Gatilov no Twitter. "Pressionar a implementação do documento é abrir caminho para a guerra civil."
Na segunda-feira, Gatilov disse que a Rússia não vai apoiar o novo rascunho de resolução do Conselho de Segurança sobre a Síria, que conta com o apoio de países ocidentais, apesar da crescente pressão para que o país tome uma atitude em relação ao regime de Bashar Assad.
O Conselho de Segurança da ONU se deve se reunir em breve para discutir a situação na Síria e possivelmente colocar a resolução em votação. Os chanceleres da França e da Grã-Bretanha viajariam a Nova York para pressionar o órgão a passar o texto pedindo a renúncia de Assad.
A Rússia, por sua vez, em seus esforços para evitar a aprovação do documento, anunciou que Damasco aceitou abrir o diálogo com a oposição em busca de uma solução para a crise de violência. Os opositores sírios, porém, disseram não ter recebido nenhum convite e afirmaram rejeitar qualquer negociação.
Os protestos contra o regime de Assad começaram em março de 2011 de forma pacífica, mas após meses de repressão, opositores e desertores começaram a se armar e se organizar para combater as tropas do governo. De acordo com a ONU, mais de 5 mil pessoas morreram desde então. Damasco culpa "grupos armados e terroristas" pela violência no país. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 9491,0.htm
Texto pede fim imediato da repressão aos opositores e renúncia do presidente Bashar Assad.
Agência Estado
LONDRES - O rascunho de uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a Síria pede que o presidente Bashar Assad entregue o poder a seu vice e afirma que não haverá o uso de forças estrangeiras no país. O esboço apenas pede que o regime coloque imediatamente "um fim em todas as violações aos direitos humanos e ataques contra os que exercem seu direito de liberdade de expressão".
O documento pede que Assad delegue sua "completa autoridade a seu vice" para permitir a criação de um governo de unidade nacional que lidere a transição para um sistema democrático. O texto, um rascunho cuja redação foi liderara pelo Marrocos, também insiste que o documento não compele os "Estados a recorrer ao uso da força ou à ameaça da força".
O governo da Rússia declarou nesta terça-feira, 31, que se opõe veementemente à aprovação da resolução da ONU sobre a Síria. Moscou afirma que a medida vai abrir caminho para uma guerra civil no país. "O rascunho ocidental de resolução no Conselho de Segurança não vai ajudar na busca de um compromisso", escreveu o vice-ministro de Relações Exteriores Gennady Gatilov no Twitter. "Pressionar a implementação do documento é abrir caminho para a guerra civil."
Na segunda-feira, Gatilov disse que a Rússia não vai apoiar o novo rascunho de resolução do Conselho de Segurança sobre a Síria, que conta com o apoio de países ocidentais, apesar da crescente pressão para que o país tome uma atitude em relação ao regime de Bashar Assad.
O Conselho de Segurança da ONU se deve se reunir em breve para discutir a situação na Síria e possivelmente colocar a resolução em votação. Os chanceleres da França e da Grã-Bretanha viajariam a Nova York para pressionar o órgão a passar o texto pedindo a renúncia de Assad.
A Rússia, por sua vez, em seus esforços para evitar a aprovação do documento, anunciou que Damasco aceitou abrir o diálogo com a oposição em busca de uma solução para a crise de violência. Os opositores sírios, porém, disseram não ter recebido nenhum convite e afirmaram rejeitar qualquer negociação.
Os protestos contra o regime de Assad começaram em março de 2011 de forma pacífica, mas após meses de repressão, opositores e desertores começaram a se armar e se organizar para combater as tropas do governo. De acordo com a ONU, mais de 5 mil pessoas morreram desde então. Damasco culpa "grupos armados e terroristas" pela violência no país. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 9491,0.htm
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
O jogo de poder sírio da Rússia
A Rússia tem se mantido resoluta em seu apoio diplomático ao sitiado regime do presidente da Síria, Bashar al Assad, mesmo enquanto Assad fica cada vez mais isolado dentro da Liga Árabe e da comunidade internacional.
O Kremlin enviou uma forte mensagem no início deste mês, quando seu porta-aviões, o Almirante Kuznetsov, ancorou nas proximidades do porto sírio de Tartus. Então, na semana passada, Moscou disse que uma minuta de resolução apresentada pela Liga Árabe ao Conselho de Segurança da ONU, pedindo a renúncia de Assad, “cruzou nossas linhas vermelhas”.
O apoio da Rússia à Síria data dos tempos da União Soviética. A continuidade da parceria pode ser atribuída a vários fatores – laços históricos, interesses econômicos e geopolíticos.
As recentes vendas de armas russas para a Síria foram no valor de US$ 4 bilhões, incluindo caças e mísseis avançados. Os investimentos de empresas russas na Síria, em infraestrutura, energia e turismo, chegam a quase US$ 20 bilhões. Uma usina de processamento de gás natural, a cerca de 200 quilômetros a leste de Homs, está sendo construída por uma empresa de engenharia russa, a Stroytransgaz.
Mas o investimento financeiro tem um peso limitado diante das críticas internacionais. Os Estados Unidos, por exemplo, tinham bilhões investidos no regime de Mubarak no Egito, mas suspenderam seu apoio diante do aumento dos protestos.
A Rússia se recusa a seguir o exemplo na Síria, demonstrando uma disposição de absorver as críticas. Para o Kremlin, parece mais importante demonstrar uma política externa confiante e soberana que desafie o Ocidente.
A Rússia possui grandes interesses geopolíticos e estratégicos que ditam o apoio a Damasco. Como maior produtora de petróleo do mundo e segunda maior exportadora, a Rússia não precisa da oferta de petróleo do mundo árabe. Moscou também colhe os benefícios de controlar os mercados regionais de energia. Portanto, a Rússia não precisa apaziguar o bloco árabe predominantemente sunita, que atualmente age em conjunto com o Ocidente na oposição ao regime de Assad.
Além disso, a Rússia tem seus próprios problemas com radicais islâmicos no Cáucaso e na Ásia Central, e teme rebeliões semelhantes às da Síria estourando em áreas como Daguestão, Abkházia, Inguchétia ou Tchetchênia. Ao apoiar seu aliado na Síria, o Kremlin está enviando uma forte mensagem aos grupos dissidentes que possam querer combater governos impopulares dentro da federação russa. O regime sírio também fornece para a Rússia um ativo estratégico chave: um porto em águas quentes profundas em Tartus. A falta de um porto como esse atormenta as ambições russas há séculos e teria sido o motivo por trás de sua invasão ao Afeganistão. A importância do porto pode não ser tão grande quanto era nos tempos soviéticos, mas acesso livre ao alto-mar permanece uma força motivadora por trás do pensamento estratégico russo, já que os principais portos ficam bloqueados pelo gelo durante grande parte do ano ou isolados por estreitos controlados por outras potências.
Tartus, que conta com guarnições da crescente frota mediterrânea de Moscou, vale a pena ser defendido pelo Kremlin. O recente envio de armas ao porto ressaltou o compromisso da Rússia com seu acordo de armas multibilionário, ignorando o embargo de armas pela União Europeia. O porto está sendo reformado para acomodar navios maiores, já que Assad declarou que o porto futuramente receberá alguns dos navios de guerra de Moscou, dotados de armas nucleares.
No final, as declarações e ações ousadas da Rússia em apoio ao regime de Assad são cálculos frios, que visam reviver sua posição como superpotência global. Apesar de a Rússia ter motivos estratégicos e econômicos consideráveis para manutenção do apoio, acima de tudo a Síria oferece ao Kremlin a chance de se opor à influência do Ocidente no Oriente Médio. O apoio ao regime de Assad não se baseia em convicções ideológicas ou morais, mas a um puro jogo de poder.
http://codinomeinformante.blogspot.com/ ... ussia.html
A Rússia tem se mantido resoluta em seu apoio diplomático ao sitiado regime do presidente da Síria, Bashar al Assad, mesmo enquanto Assad fica cada vez mais isolado dentro da Liga Árabe e da comunidade internacional.
O Kremlin enviou uma forte mensagem no início deste mês, quando seu porta-aviões, o Almirante Kuznetsov, ancorou nas proximidades do porto sírio de Tartus. Então, na semana passada, Moscou disse que uma minuta de resolução apresentada pela Liga Árabe ao Conselho de Segurança da ONU, pedindo a renúncia de Assad, “cruzou nossas linhas vermelhas”.
O apoio da Rússia à Síria data dos tempos da União Soviética. A continuidade da parceria pode ser atribuída a vários fatores – laços históricos, interesses econômicos e geopolíticos.
As recentes vendas de armas russas para a Síria foram no valor de US$ 4 bilhões, incluindo caças e mísseis avançados. Os investimentos de empresas russas na Síria, em infraestrutura, energia e turismo, chegam a quase US$ 20 bilhões. Uma usina de processamento de gás natural, a cerca de 200 quilômetros a leste de Homs, está sendo construída por uma empresa de engenharia russa, a Stroytransgaz.
Mas o investimento financeiro tem um peso limitado diante das críticas internacionais. Os Estados Unidos, por exemplo, tinham bilhões investidos no regime de Mubarak no Egito, mas suspenderam seu apoio diante do aumento dos protestos.
A Rússia se recusa a seguir o exemplo na Síria, demonstrando uma disposição de absorver as críticas. Para o Kremlin, parece mais importante demonstrar uma política externa confiante e soberana que desafie o Ocidente.
A Rússia possui grandes interesses geopolíticos e estratégicos que ditam o apoio a Damasco. Como maior produtora de petróleo do mundo e segunda maior exportadora, a Rússia não precisa da oferta de petróleo do mundo árabe. Moscou também colhe os benefícios de controlar os mercados regionais de energia. Portanto, a Rússia não precisa apaziguar o bloco árabe predominantemente sunita, que atualmente age em conjunto com o Ocidente na oposição ao regime de Assad.
Além disso, a Rússia tem seus próprios problemas com radicais islâmicos no Cáucaso e na Ásia Central, e teme rebeliões semelhantes às da Síria estourando em áreas como Daguestão, Abkházia, Inguchétia ou Tchetchênia. Ao apoiar seu aliado na Síria, o Kremlin está enviando uma forte mensagem aos grupos dissidentes que possam querer combater governos impopulares dentro da federação russa. O regime sírio também fornece para a Rússia um ativo estratégico chave: um porto em águas quentes profundas em Tartus. A falta de um porto como esse atormenta as ambições russas há séculos e teria sido o motivo por trás de sua invasão ao Afeganistão. A importância do porto pode não ser tão grande quanto era nos tempos soviéticos, mas acesso livre ao alto-mar permanece uma força motivadora por trás do pensamento estratégico russo, já que os principais portos ficam bloqueados pelo gelo durante grande parte do ano ou isolados por estreitos controlados por outras potências.
Tartus, que conta com guarnições da crescente frota mediterrânea de Moscou, vale a pena ser defendido pelo Kremlin. O recente envio de armas ao porto ressaltou o compromisso da Rússia com seu acordo de armas multibilionário, ignorando o embargo de armas pela União Europeia. O porto está sendo reformado para acomodar navios maiores, já que Assad declarou que o porto futuramente receberá alguns dos navios de guerra de Moscou, dotados de armas nucleares.
No final, as declarações e ações ousadas da Rússia em apoio ao regime de Assad são cálculos frios, que visam reviver sua posição como superpotência global. Apesar de a Rússia ter motivos estratégicos e econômicos consideráveis para manutenção do apoio, acima de tudo a Síria oferece ao Kremlin a chance de se opor à influência do Ocidente no Oriente Médio. O apoio ao regime de Assad não se baseia em convicções ideológicas ou morais, mas a um puro jogo de poder.
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Não entendi. Lá não tem mar, quase nem tem água.A falta de um porto como esse atormenta as ambições russas há séculos e teria sido o motivo por trás de sua invasão ao Afeganistão.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Paquistao seria o alvo final (karachi????). Seria ocapitulo final do Grande Jogo ensaiado antes no seculo XIX ...
"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Enviado da Rússia não vê chance de resolução da ONU para a Síria.
O enviado da Rússia para a União Europeia, Vladimir Chizhov, disse nesta quarta-feira que não havia chances de o esboço árabe-ocidental de resolução no Conselho de Segurança da ONU passar sem que seus termos fossem esclarecidos, a fim de descartar uma potencial intervenção militar, reportou a agência de notícias russa Interfax.
Os comentários de Chizhov foram as mais recentes insinuações de que a Rússia iria vetar a resolução - a qual apoia um plano da Liga Árabe que pede que o presidente sírio, Bashar al Assad, deixe o poder - caso o texto não atenda às preocupações de Moscou.
"[O esboço] está perdendo a coisa mais importante: uma cláusula clara que descarte a possibilidade de que a resolução possa justificar uma intervenção militar de fora nos assuntos sírios. Por essa razão, eu não vejo a chance de que este esboço possa ser adotado", afirmou Chizhov.
A Rússia alertou repetidas vezes que irá impedir o Conselho de Segurança de aprovar uma potencial intervenção militar na Síria, onde as Nações Unidas dizem que mais de 5 mil pessoas foram mortas desde que o governo de Assad começou a reprimir protestos pró-democracia há quase um ano.
Ano passado, a Rússia acusou os EUA e outras nações que integram a Otan de ultrapassar os limites da resolução do Conselho de Segurança, de 21 de março, que autorizava uma campanha aérea na Líbia, valendo-se disso para depor o líder Muammar Gaddafi. O governo russo permitiu a aprovação da resolução passasse ao se abster na votação.
GUERRA CIVIL
A tentativa de fazer com que o Conselho de Segurança da ONU adote uma resolução contra o regime sírio significa dar um "passo em direção à guerra civil", alertou na terça (31) o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Gennady Gatilov.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, também cobrou do Conselho de Segurança uma saída para a violência na Síria, enquanto a Casa Branca disse que a renúncia do ditador Bashar Assad era "inevitável".
O chefe da Liga Árabe, Nabil Elaraby, pediu aos 15 países membros que apoiem o plano de paz ao conflito sírio proposto pela organização pan-árabe, no qual apela para o ditador renunciar. A Rússia, porém, já ameaçou vetar tal resolução.
Os esforços franceses e britânicos buscam substituir uma proposta russa que algumas delegações ocidentais consideram ser muito confortável para Assad e pouco relevante à luz das recentes propostas da Liga Árabe.
A Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança, disse na semana passada a resolução árabe era inaceitável e que o órgão deveria ouvir diretamente a missão da Liga Árabe enviada à Síria antes de discutir o assunto.
Segundo a agência de notícias Reuters, a proposta de resolução pede uma "transição política" na Síria, mas não defende sanções na ONU contra Damasco. O documento alerta, porém, que "novas medidas" poderiam ser adotadas contra o regime caso os termos da resolução não fossem cumpridos.
Na segunda (30), o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou em comunicado que o regime sírio estava disposto a iniciar em Moscou um diálogo informal com a oposição.
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1042 ... iria.shtml
O enviado da Rússia para a União Europeia, Vladimir Chizhov, disse nesta quarta-feira que não havia chances de o esboço árabe-ocidental de resolução no Conselho de Segurança da ONU passar sem que seus termos fossem esclarecidos, a fim de descartar uma potencial intervenção militar, reportou a agência de notícias russa Interfax.
Os comentários de Chizhov foram as mais recentes insinuações de que a Rússia iria vetar a resolução - a qual apoia um plano da Liga Árabe que pede que o presidente sírio, Bashar al Assad, deixe o poder - caso o texto não atenda às preocupações de Moscou.
"[O esboço] está perdendo a coisa mais importante: uma cláusula clara que descarte a possibilidade de que a resolução possa justificar uma intervenção militar de fora nos assuntos sírios. Por essa razão, eu não vejo a chance de que este esboço possa ser adotado", afirmou Chizhov.
A Rússia alertou repetidas vezes que irá impedir o Conselho de Segurança de aprovar uma potencial intervenção militar na Síria, onde as Nações Unidas dizem que mais de 5 mil pessoas foram mortas desde que o governo de Assad começou a reprimir protestos pró-democracia há quase um ano.
Ano passado, a Rússia acusou os EUA e outras nações que integram a Otan de ultrapassar os limites da resolução do Conselho de Segurança, de 21 de março, que autorizava uma campanha aérea na Líbia, valendo-se disso para depor o líder Muammar Gaddafi. O governo russo permitiu a aprovação da resolução passasse ao se abster na votação.
GUERRA CIVIL
A tentativa de fazer com que o Conselho de Segurança da ONU adote uma resolução contra o regime sírio significa dar um "passo em direção à guerra civil", alertou na terça (31) o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Gennady Gatilov.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, também cobrou do Conselho de Segurança uma saída para a violência na Síria, enquanto a Casa Branca disse que a renúncia do ditador Bashar Assad era "inevitável".
O chefe da Liga Árabe, Nabil Elaraby, pediu aos 15 países membros que apoiem o plano de paz ao conflito sírio proposto pela organização pan-árabe, no qual apela para o ditador renunciar. A Rússia, porém, já ameaçou vetar tal resolução.
Os esforços franceses e britânicos buscam substituir uma proposta russa que algumas delegações ocidentais consideram ser muito confortável para Assad e pouco relevante à luz das recentes propostas da Liga Árabe.
A Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança, disse na semana passada a resolução árabe era inaceitável e que o órgão deveria ouvir diretamente a missão da Liga Árabe enviada à Síria antes de discutir o assunto.
Segundo a agência de notícias Reuters, a proposta de resolução pede uma "transição política" na Síria, mas não defende sanções na ONU contra Damasco. O documento alerta, porém, que "novas medidas" poderiam ser adotadas contra o regime caso os termos da resolução não fossem cumpridos.
Na segunda (30), o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou em comunicado que o regime sírio estava disposto a iniciar em Moscou um diálogo informal com a oposição.
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1042 ... iria.shtml
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Duvido que os Rebeldes aceitarão a mediação.
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Rússia convida as partes em conflito na Síria para reunião em Moscou
A Rússia convidou as partes em conflito na Síria manter negociações em Moscou, informou na terça-feira o representante permanente da Rússia na ONU Vitaly Churkin em uma reunião do Conselho de Segurança. Essa reunião, disse Churkin, permitiria às partes sírias “discutir muitas questões sem quaisquer restrições, incluindo a preparação do diálogo entre diferentes grupos da sociedade síria sob os auspícios da Liga dos Estados Árabes".
Moscou, segundo disse antes o ministro do exterior russo Serguei Lavrov, não insiste que o presidente Bashar al-Assad permaneça no poder. Os sírios devem decidir entre si, à mesa de negociações, se ele deve partir ou ficar.
Segundo a ONU, cerca de cinco mil pessoas foram mortas nos 10 meses de protestos contra o governo na Síria. A China apoiou a iniciativa da Rússia. Pouco antes da reunião do Conselho de Segurança da ONU o primeiro-ministro britânico David Cameron advertiu que a Rússia se arrisca a ficar à margem do consenso internacional se Moscou bloquear ou enfraquecer a resolução do Conselho sobre a Síria. O representante da Síria na ONU acusou o Ocidente de padrões duplos.
http://portuguese.ruvr.ru/2012/02/01/65069349.html
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Rússia convida as partes em conflito na Síria para reunião em Moscou
A Rússia convidou as partes em conflito na Síria manter negociações em Moscou, informou na terça-feira o representante permanente da Rússia na ONU Vitaly Churkin em uma reunião do Conselho de Segurança. Essa reunião, disse Churkin, permitiria às partes sírias “discutir muitas questões sem quaisquer restrições, incluindo a preparação do diálogo entre diferentes grupos da sociedade síria sob os auspícios da Liga dos Estados Árabes".
Moscou, segundo disse antes o ministro do exterior russo Serguei Lavrov, não insiste que o presidente Bashar al-Assad permaneça no poder. Os sírios devem decidir entre si, à mesa de negociações, se ele deve partir ou ficar.
Segundo a ONU, cerca de cinco mil pessoas foram mortas nos 10 meses de protestos contra o governo na Síria. A China apoiou a iniciativa da Rússia. Pouco antes da reunião do Conselho de Segurança da ONU o primeiro-ministro britânico David Cameron advertiu que a Rússia se arrisca a ficar à margem do consenso internacional se Moscou bloquear ou enfraquecer a resolução do Conselho sobre a Síria. O representante da Síria na ONU acusou o Ocidente de padrões duplos.
http://portuguese.ruvr.ru/2012/02/01/65069349.html
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Embaixador da Síria desmentiu dados sobre fornecimento de armamentos em navio russo.
O embaixador da Síria na Federação Russa, Riad Haddad, declarou não ter conhecimento de que tipo concreto de armas foi transportado para a Síria no navio Chariot, mas assegurou que estas serão utilizadas para os fins aos quais foram destinadas.
A Rússia continua fornecendo armamento à Síria mas este não é utilizado contra manifestantes, declarou hoje o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
“Sim, claro”, – respondeu ele à pergunta se a Rússia fornece armamentos à Síria – “Nós assinámos contratos e estes devem ser cumpridos”. Ao mesmo tempo, o ministro expressou a certeza de que os fornecimentos de armamentos russos não levarão ao agravamento da crise na Síria.
http://portuguese.ruvr.ru/2012/01/31/65048145.html
O embaixador da Síria na Federação Russa, Riad Haddad, declarou não ter conhecimento de que tipo concreto de armas foi transportado para a Síria no navio Chariot, mas assegurou que estas serão utilizadas para os fins aos quais foram destinadas.
A Rússia continua fornecendo armamento à Síria mas este não é utilizado contra manifestantes, declarou hoje o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
“Sim, claro”, – respondeu ele à pergunta se a Rússia fornece armamentos à Síria – “Nós assinámos contratos e estes devem ser cumpridos”. Ao mesmo tempo, o ministro expressou a certeza de que os fornecimentos de armamentos russos não levarão ao agravamento da crise na Síria.
http://portuguese.ruvr.ru/2012/01/31/65048145.html
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Do Brasil reclamam do gás lacrimogênio.assegurou que estas serão utilizadas para os fins aos quais foram destinadas.
A Rússia continua fornecendo armamento à Síria mas este não é utilizado contra manifestantes, declarou hoje o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Com ajuda do Iraque, Irã e Rússia, Assad ainda está muito longe de deixar o poder.
Bashar al Assad não deixará o poder ainda que uma resolução seja aprovada no Conselho de Segurança da ONU. Isso lembrando que, no momento, os russos estão radicalmente contra o texto e devem vetar a proposta. E seis são os motivos para o líder sírio se manter no cargo, a não ser que ele sofra um golpe de membros de seu REGIME (abordarei em outro post).
Primeiro, as forças de Assad são incomparavelmente mais poderosas do que as milícias opositoras. Esta história de Free Syrian Army é exagero, segundo afirma relatório da consultoria de risco político Eurasia. Quem está lutando é uma série grupos locais desorganizados que não tem muito o que fazer diante de uma das máquinas mais repressoras do Oriente Médio. Verdade, eles estão sendo armados, mas ainda é insuficiente para enfrentar os tanques do regime.
Em segundo lugar, a oposição não domina praticamente nenhuma parte da Síria. Tirando certos bairros de Homs, que estão em guerra civil, mesmo subúrbios da capital aos poucos voltam para controle do regime. Damasco e Aleppo estão completamente nas mãos da Assad.
Terceiro, o líder sírio desfruta de enorme apoio na Síria. Verdade, grande parte se deve à propaganda oficial. Mas mesmo assim muitos sírios defendem a repressão que já deixou 6 mil mortos. Tem gente em Damasco, inclusive, que acha que Assad deveria ter agido com mais dureza, como o seu pai, Hafez, que matou 20 mil em algumas semanas no massacre de Hama, nos anos 1980. Acreditem, no mundo, muitas pessoas adoram ditadores.
Quarto, as minorias cristãs e alauítas encaram a atual crise como a de sobrevivência de suas religiões na Síria. Eles o tempo todo observam o que aconteceu com os cristãos caldeus e mesmo os sunitas no Iraque, e com os cristãos coptas no Egito.
Quinto, Assad tem o apoio da Rússia, do Iraque e do Irã. Estes países são poderosos e influentes no Oriente Médio. E, mesmo entre eles, costumamos criticar Teerã e Moscou, mas esquecemos de Bagdá. O atual governo iraquiano é quem mais está dando suporte para Assad reprimir os opositores e burlar as sanções impostas por europeus, americanos e países do Golfo.
Sexto, nenhum embaixador, general ou ministro rompeu com o regime em quase um ano. É um cenário totalmente diferente da Líbia.
As consultorias de risco político e também acadêmicos como Joshua Landis, o maior especialista em Síria dos EUA, descartam que Assad caia no curto e médio prazo. Alguns dizem que ele consegue se manter até 2013. Eu acho cedo para dizer e a situação pode mudar nos próximos meses. De qualquer forma, falar que “Assad está próximo da queda”, como faz a Casa Branca, é “wishiful thinking”, segundo disse o diretor da agência de risco Stratfor.
http://blogs.estadao.com.br/gustavo-cha ... r-o-poder/
Bashar al Assad não deixará o poder ainda que uma resolução seja aprovada no Conselho de Segurança da ONU. Isso lembrando que, no momento, os russos estão radicalmente contra o texto e devem vetar a proposta. E seis são os motivos para o líder sírio se manter no cargo, a não ser que ele sofra um golpe de membros de seu REGIME (abordarei em outro post).
Primeiro, as forças de Assad são incomparavelmente mais poderosas do que as milícias opositoras. Esta história de Free Syrian Army é exagero, segundo afirma relatório da consultoria de risco político Eurasia. Quem está lutando é uma série grupos locais desorganizados que não tem muito o que fazer diante de uma das máquinas mais repressoras do Oriente Médio. Verdade, eles estão sendo armados, mas ainda é insuficiente para enfrentar os tanques do regime.
Em segundo lugar, a oposição não domina praticamente nenhuma parte da Síria. Tirando certos bairros de Homs, que estão em guerra civil, mesmo subúrbios da capital aos poucos voltam para controle do regime. Damasco e Aleppo estão completamente nas mãos da Assad.
Terceiro, o líder sírio desfruta de enorme apoio na Síria. Verdade, grande parte se deve à propaganda oficial. Mas mesmo assim muitos sírios defendem a repressão que já deixou 6 mil mortos. Tem gente em Damasco, inclusive, que acha que Assad deveria ter agido com mais dureza, como o seu pai, Hafez, que matou 20 mil em algumas semanas no massacre de Hama, nos anos 1980. Acreditem, no mundo, muitas pessoas adoram ditadores.
Quarto, as minorias cristãs e alauítas encaram a atual crise como a de sobrevivência de suas religiões na Síria. Eles o tempo todo observam o que aconteceu com os cristãos caldeus e mesmo os sunitas no Iraque, e com os cristãos coptas no Egito.
Quinto, Assad tem o apoio da Rússia, do Iraque e do Irã. Estes países são poderosos e influentes no Oriente Médio. E, mesmo entre eles, costumamos criticar Teerã e Moscou, mas esquecemos de Bagdá. O atual governo iraquiano é quem mais está dando suporte para Assad reprimir os opositores e burlar as sanções impostas por europeus, americanos e países do Golfo.
Sexto, nenhum embaixador, general ou ministro rompeu com o regime em quase um ano. É um cenário totalmente diferente da Líbia.
As consultorias de risco político e também acadêmicos como Joshua Landis, o maior especialista em Síria dos EUA, descartam que Assad caia no curto e médio prazo. Alguns dizem que ele consegue se manter até 2013. Eu acho cedo para dizer e a situação pode mudar nos próximos meses. De qualquer forma, falar que “Assad está próximo da queda”, como faz a Casa Branca, é “wishiful thinking”, segundo disse o diretor da agência de risco Stratfor.
http://blogs.estadao.com.br/gustavo-cha ... r-o-poder/
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Parece que a situação interna na Síria está se degradando seriamente.
.........
Damasco, sitiada y bajo fuego rebelde
El temor se apoderó de la capital siria
Por Karen Maron | Para LA NACION
DAMASCO.- "Es la primera vez que siento temor. Estoy realmente preocupado", dice Samer Darbouli, un abogado de 31 años que llegó hace unos años de la ciudad de Homs, hoy convertida en el bastión rebelde.
La batalla por Damasco empezó hace más de un mes, pero en las últimas horas la escalada de violencia ha convertido a la capital siria en el objetivo clave de los grupos armados disidentes que buscan el fin del régimen de Bashar al-Assad.
La ciudad capital está bajo asedio desde los suburbios. Dentro del casco urbano los opositores no tienen armamento, pero las manifestaciones se multiplican en barrios como Al Midan, Al Qaboun, Barzah Al Balad, Jobar y Rokn Ad Dien. "Mi madre me llama a cada hora desde Homs, porque el sonido de los disparos y los morteros es constante. Pero no creí que el conflicto podría llegar hasta acá", dice con angustia Samer.
Las barricadas de cemento -similares a las de Bagdad- se construyeron en tiempo récord y hoy se multiplican por toda la ciudad, frente a las sedes de los ministerios y oficinas del Estado. El Ministerio del Interior tiene una doble muralla de más de cinco metros de altura, que los obreros terminaron hace apenas dos días.
Los alambres de púa aparecieron en los imponentes paredones de varias embajadas y se reproducen aceleradamente los puestos de control militar en las calles de la ciudad.
En los techos de los edificios gubernamentales -considerados objetivos militares para las fuerzas rebeldes del Ejército Libre de Siria-, grupos comando de francotiradores vigilan desde lo alto el movimiento en las calles.
Damasco, que había permanecido en calma durante varios meses, cuando la rebelión se extendía a otras ciudades, apareció de un día para otro con puestos de control permanentes: sus residentes empiezan a sentir temor por los ruidos de los disparos, a medida que se radicaliza el conflicto.
DAMASCO.- "Es la primera vez que siento temor. Estoy realmente preocupado", dice Samer Darbouli, un abogado de 31 años que llegó hace unos años de la ciudad de Homs, hoy convertida en el bastión rebelde.
La batalla por Damasco empezó hace más de un mes, pero en las últimas horas la escalada de violencia ha convertido a la capital siria en el objetivo clave de los grupos armados disidentes que buscan el fin del régimen de Bashar al-Assad.
La ciudad capital está bajo asedio desde los suburbios. Dentro del casco urbano los opositores no tienen armamento, pero las manifestaciones se multiplican en barrios como Al Midan, Al Qaboun, Barzah Al Balad, Jobar y Rokn Ad Dien. "Mi madre me llama a cada hora desde Homs, porque el sonido de los disparos y los morteros es constante. Pero no creí que el conflicto podría llegar hasta acá", dice con angustia Samer.
Las barricadas de cemento -similares a las de Bagdad- se construyeron en tiempo récord y hoy se multiplican por toda la ciudad, frente a las sedes de los ministerios y oficinas del Estado. El Ministerio del Interior tiene una doble muralla de más de cinco metros de altura, que los obreros terminaron hace apenas dos días.
Los alambres de púa aparecieron en los imponentes paredones de varias embajadas y se reproducen aceleradamente los puestos de control militar en las calles de la ciudad.
En los techos de los edificios gubernamentales -considerados objetivos militares para las fuerzas rebeldes del Ejército Libre de Siria-, grupos comando de francotiradores vigilan desde lo alto el movimiento en las calles.
Damasco, que había permanecido en calma durante varios meses, cuando la rebelión se extendía a otras ciudades, apareció de un día para otro con puestos de control permanentes: sus residentes empiezan a sentir temor por los ruidos de los disparos, a medida que se radicaliza el conflicto.
Los accesos a la ciudad están vigilados por el ejército sirio y los apagones son cada vez más frecuentes, como consecuencia de los sabotajes que realizan los grupos armados a la infraestructura eléctrica.
"¿Qué pasa en Damasco? Mafi, mafi [nada]", responde una elegante mujer que camina con bolsas de ropa en las afueras del mercado de Al Hamidiyyi. Su respuesta quiere negar la compleja situación que vive la ciudad, donde ya estallaron coches bomba en la sede de la agencia de seguridad del Estado y el cuartel general de otra dependencia oficial. El saldo fueron decenas de muertos y cientos de heridos en una ciudad que se creía segura. Y que ahora vive un clima muy distinto.
A tan sólo media hora de Damasco, hace unos días fue incendiada una comisaría. Los suburbios de la capital se han convertido en refugio de los rebeldes y el régimen lucha para sofocar el levantamiento con una operación militar a gran escala.
El control de la capital es crucial para el triunfo de los rebeldes y el régimen lo sabe muy bien. Por eso trata de reforzar el despliegue militar en Damasco en una semana crucial, en la que el Consejo de Seguridad de la ONU debate la situación en el país.
El régimen de Bashar al-Assad también tiene sus seguidores, que organizan marchas multitudinarias a favor del líder y que llegan a tener hasta un millón de participantes.
Hasta ahora, los habitantes de Damasco veían todo el conflicto por televisión. Parecía algo lejano, una guerra que se combatía en otro país.
Pero todo cambió en los últimos días. "Nosotros confiamos en el gobierno de Al-Assad. El nos va a proteger", dice Alí, un abogado de 27 años, sin demasiada convicción. "Espero que los grupos armados no lleguen hasta aquí. Es lo peor que nos puede suceder a todos los sirios", agrega con pesar.
Los combates en los suburbios empezaron el domingo y todavía no se conoce con certeza la cantidad de muertos porque el acceso a la zona de combates está acordonado.
"Fue terrible. Hubo disparos toda la noche. Tardé seis hora en salir", dijo a LA NACION un taxista que aceptó acercar a esta periodista a los suburbios donde se lleva a cabo el operativo militar de las tropas regulares contra las fuerzas rebeldes.
En la zona de Ghouta (oasis en árabe), ubicada al este de la capital, "están usando tanques y artillería pesada", según contaron varios testigos. Ghouta, un área agrícola que rodea Damasco por el Sur y el Este, y que separa la ciudad de la estepa siria, padece una gran variedad de problemas ambientales, incluyendo la escasez de agua debido a escasas lluvias. De hecho, el futuro abastecimiento de agua de la capital depende de la situación de esta zona, donde en pocas décadas se dio un desarrollo descontrolado y un rápido crecimiento de la población.
Desde Ghouta se elevan columnas de humo negro. Llega también información sobre enfrentamientos en Harasta. Un residente que huyó de Ein Tarma contó que desde que empezaron los combates, el domingo, hay cortes de electricidad y de agua en la zona.
"Hay explosiones y disparos", cuentan activistas que estuvieron cerca de la zona de combates , y agregan que todos los accesos están bloqueados.
Los medios oficiales apenas mencionan la operación militar, que funcionarios del régimen definieron como "labores habituales de las fuerzas de seguridad para establecer el orden". Ellos también acusan a los medios occidentales y árabes de magnificar los hechos para aumentar la presión internacional sobre el régimen.
Estos "delincuentes" a los que hay que combatir son los miembros del Ejército Sirio de Liberación, cuya presencia ha crecido de forma progresiva en los alrededores de la capital, donde llegaron a establecer puestos de control y levantaron la bandera verde, blanca y negra de la Siria anterior a la llegada del partido Baath.
Los combatientes rebeldes habían advertido el domingo que había una amplia campaña militar en marcha, que se extendía desde Rankous en el Norte hasta las ciudades circundantes en el este de Damasco. Fue apenas el comienzo para una ciudad que percibe que ya nada será igual..
.........
Damasco, sitiada y bajo fuego rebelde
El temor se apoderó de la capital siria
Por Karen Maron | Para LA NACION
DAMASCO.- "Es la primera vez que siento temor. Estoy realmente preocupado", dice Samer Darbouli, un abogado de 31 años que llegó hace unos años de la ciudad de Homs, hoy convertida en el bastión rebelde.
La batalla por Damasco empezó hace más de un mes, pero en las últimas horas la escalada de violencia ha convertido a la capital siria en el objetivo clave de los grupos armados disidentes que buscan el fin del régimen de Bashar al-Assad.
La ciudad capital está bajo asedio desde los suburbios. Dentro del casco urbano los opositores no tienen armamento, pero las manifestaciones se multiplican en barrios como Al Midan, Al Qaboun, Barzah Al Balad, Jobar y Rokn Ad Dien. "Mi madre me llama a cada hora desde Homs, porque el sonido de los disparos y los morteros es constante. Pero no creí que el conflicto podría llegar hasta acá", dice con angustia Samer.
Las barricadas de cemento -similares a las de Bagdad- se construyeron en tiempo récord y hoy se multiplican por toda la ciudad, frente a las sedes de los ministerios y oficinas del Estado. El Ministerio del Interior tiene una doble muralla de más de cinco metros de altura, que los obreros terminaron hace apenas dos días.
Los alambres de púa aparecieron en los imponentes paredones de varias embajadas y se reproducen aceleradamente los puestos de control militar en las calles de la ciudad.
En los techos de los edificios gubernamentales -considerados objetivos militares para las fuerzas rebeldes del Ejército Libre de Siria-, grupos comando de francotiradores vigilan desde lo alto el movimiento en las calles.
Damasco, que había permanecido en calma durante varios meses, cuando la rebelión se extendía a otras ciudades, apareció de un día para otro con puestos de control permanentes: sus residentes empiezan a sentir temor por los ruidos de los disparos, a medida que se radicaliza el conflicto.
DAMASCO.- "Es la primera vez que siento temor. Estoy realmente preocupado", dice Samer Darbouli, un abogado de 31 años que llegó hace unos años de la ciudad de Homs, hoy convertida en el bastión rebelde.
La batalla por Damasco empezó hace más de un mes, pero en las últimas horas la escalada de violencia ha convertido a la capital siria en el objetivo clave de los grupos armados disidentes que buscan el fin del régimen de Bashar al-Assad.
La ciudad capital está bajo asedio desde los suburbios. Dentro del casco urbano los opositores no tienen armamento, pero las manifestaciones se multiplican en barrios como Al Midan, Al Qaboun, Barzah Al Balad, Jobar y Rokn Ad Dien. "Mi madre me llama a cada hora desde Homs, porque el sonido de los disparos y los morteros es constante. Pero no creí que el conflicto podría llegar hasta acá", dice con angustia Samer.
Las barricadas de cemento -similares a las de Bagdad- se construyeron en tiempo récord y hoy se multiplican por toda la ciudad, frente a las sedes de los ministerios y oficinas del Estado. El Ministerio del Interior tiene una doble muralla de más de cinco metros de altura, que los obreros terminaron hace apenas dos días.
Los alambres de púa aparecieron en los imponentes paredones de varias embajadas y se reproducen aceleradamente los puestos de control militar en las calles de la ciudad.
En los techos de los edificios gubernamentales -considerados objetivos militares para las fuerzas rebeldes del Ejército Libre de Siria-, grupos comando de francotiradores vigilan desde lo alto el movimiento en las calles.
Damasco, que había permanecido en calma durante varios meses, cuando la rebelión se extendía a otras ciudades, apareció de un día para otro con puestos de control permanentes: sus residentes empiezan a sentir temor por los ruidos de los disparos, a medida que se radicaliza el conflicto.
Los accesos a la ciudad están vigilados por el ejército sirio y los apagones son cada vez más frecuentes, como consecuencia de los sabotajes que realizan los grupos armados a la infraestructura eléctrica.
"¿Qué pasa en Damasco? Mafi, mafi [nada]", responde una elegante mujer que camina con bolsas de ropa en las afueras del mercado de Al Hamidiyyi. Su respuesta quiere negar la compleja situación que vive la ciudad, donde ya estallaron coches bomba en la sede de la agencia de seguridad del Estado y el cuartel general de otra dependencia oficial. El saldo fueron decenas de muertos y cientos de heridos en una ciudad que se creía segura. Y que ahora vive un clima muy distinto.
A tan sólo media hora de Damasco, hace unos días fue incendiada una comisaría. Los suburbios de la capital se han convertido en refugio de los rebeldes y el régimen lucha para sofocar el levantamiento con una operación militar a gran escala.
El control de la capital es crucial para el triunfo de los rebeldes y el régimen lo sabe muy bien. Por eso trata de reforzar el despliegue militar en Damasco en una semana crucial, en la que el Consejo de Seguridad de la ONU debate la situación en el país.
El régimen de Bashar al-Assad también tiene sus seguidores, que organizan marchas multitudinarias a favor del líder y que llegan a tener hasta un millón de participantes.
Hasta ahora, los habitantes de Damasco veían todo el conflicto por televisión. Parecía algo lejano, una guerra que se combatía en otro país.
Pero todo cambió en los últimos días. "Nosotros confiamos en el gobierno de Al-Assad. El nos va a proteger", dice Alí, un abogado de 27 años, sin demasiada convicción. "Espero que los grupos armados no lleguen hasta aquí. Es lo peor que nos puede suceder a todos los sirios", agrega con pesar.
Los combates en los suburbios empezaron el domingo y todavía no se conoce con certeza la cantidad de muertos porque el acceso a la zona de combates está acordonado.
"Fue terrible. Hubo disparos toda la noche. Tardé seis hora en salir", dijo a LA NACION un taxista que aceptó acercar a esta periodista a los suburbios donde se lleva a cabo el operativo militar de las tropas regulares contra las fuerzas rebeldes.
En la zona de Ghouta (oasis en árabe), ubicada al este de la capital, "están usando tanques y artillería pesada", según contaron varios testigos. Ghouta, un área agrícola que rodea Damasco por el Sur y el Este, y que separa la ciudad de la estepa siria, padece una gran variedad de problemas ambientales, incluyendo la escasez de agua debido a escasas lluvias. De hecho, el futuro abastecimiento de agua de la capital depende de la situación de esta zona, donde en pocas décadas se dio un desarrollo descontrolado y un rápido crecimiento de la población.
Desde Ghouta se elevan columnas de humo negro. Llega también información sobre enfrentamientos en Harasta. Un residente que huyó de Ein Tarma contó que desde que empezaron los combates, el domingo, hay cortes de electricidad y de agua en la zona.
"Hay explosiones y disparos", cuentan activistas que estuvieron cerca de la zona de combates , y agregan que todos los accesos están bloqueados.
Los medios oficiales apenas mencionan la operación militar, que funcionarios del régimen definieron como "labores habituales de las fuerzas de seguridad para establecer el orden". Ellos también acusan a los medios occidentales y árabes de magnificar los hechos para aumentar la presión internacional sobre el régimen.
Estos "delincuentes" a los que hay que combatir son los miembros del Ejército Sirio de Liberación, cuya presencia ha crecido de forma progresiva en los alrededores de la capital, donde llegaron a establecer puestos de control y levantaron la bandera verde, blanca y negra de la Siria anterior a la llegada del partido Baath.
Los combatientes rebeldes habían advertido el domingo que había una amplia campaña militar en marcha, que se extendía desde Rankous en el Norte hasta las ciudades circundantes en el este de Damasco. Fue apenas el comienzo para una ciudad que percibe que ya nada será igual..
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
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Rússia descarta votação nos próximos dias sobre a Síria
01 de fevereiro de 2012 • 11h49 • atualizado às 12h09
O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Guenadi Gatilov, anunciou nesta quarta-feira que as negociações prosseguiam na ONU sobre a Síria e descartou que um projeto de resolução seja submetido a votação no Conselho de Segurança nos próximos dias.
"Realizamos atualmente esforços para obter um texto aceitável por todos, que contribuiria para uma solução política na Síria. Por isto a votação não acontecerá nos próximos dias", disse o vice-ministro.
"Os especialistas seguem debatendo sobre dois projetos: o russo e o marroquino". "Para nós, o projeto marroquino não é aceitável porque sempre contém dispositivos que preveem sanções contra a Síria, assim como outras que poderiam ser interpretadas como uma autorização para recorrer à força", completou Gatilov.
Após 10 meses de violência na Síria, que segundo a ONU provocou mais de 5,4 mil mortes, a pressão aumenta sobre a Rússia para que demonstre mais firmeza em relação ao presidente Bashar al-Assad e seu regime.
A Rússia, que utiliza o direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, irrita os países ocidentais ao rejeitar uma resolução que peça a saída de Assad.
Rússia descarta votação nos próximos dias sobre a Síria
01 de fevereiro de 2012 • 11h49 • atualizado às 12h09
O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Guenadi Gatilov, anunciou nesta quarta-feira que as negociações prosseguiam na ONU sobre a Síria e descartou que um projeto de resolução seja submetido a votação no Conselho de Segurança nos próximos dias.
"Realizamos atualmente esforços para obter um texto aceitável por todos, que contribuiria para uma solução política na Síria. Por isto a votação não acontecerá nos próximos dias", disse o vice-ministro.
"Os especialistas seguem debatendo sobre dois projetos: o russo e o marroquino". "Para nós, o projeto marroquino não é aceitável porque sempre contém dispositivos que preveem sanções contra a Síria, assim como outras que poderiam ser interpretadas como uma autorização para recorrer à força", completou Gatilov.
Após 10 meses de violência na Síria, que segundo a ONU provocou mais de 5,4 mil mortes, a pressão aumenta sobre a Rússia para que demonstre mais firmeza em relação ao presidente Bashar al-Assad e seu regime.
A Rússia, que utiliza o direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, irrita os países ocidentais ao rejeitar uma resolução que peça a saída de Assad.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Na minha opinião eu vou mais pela do Gustavo Chacra no artigo que ele escreveu no Estado de São Paulo logo acima no post que você postou, o que ele falou tem muita coisa correta, para mim á uma grande propagando o Exército de Libertação da Sìria que é nada mais para garantir financiamento externo e apoio, eles estão muito longe para derrubar Assad.romeo escreveu:Parece que a situação interna na Síria está se degradando seriamente.
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Damasco, sitiada y bajo fuego rebelde
El temor se apoderó de la capital siria
Por Karen Maron | Para LA NACION
DAMASCO.- "Es la primera vez que siento temor. Estoy realmente preocupado", dice Samer Darbouli, un abogado de 31 años que llegó hace unos años de la ciudad de Homs, hoy convertida en el bastión rebelde.
La batalla por Damasco empezó hace más de un mes, pero en las últimas horas la escalada de violencia ha convertido a la capital siria en el objetivo clave de los grupos armados disidentes que buscan el fin del régimen de Bashar al-Assad.
La ciudad capital está bajo asedio desde los suburbios. Dentro del casco urbano los opositores no tienen armamento, pero las manifestaciones se multiplican en barrios como Al Midan, Al Qaboun, Barzah Al Balad, Jobar y Rokn Ad Dien. "Mi madre me llama a cada hora desde Homs, porque el sonido de los disparos y los morteros es constante. Pero no creí que el conflicto podría llegar hasta acá", dice con angustia Samer.
Las barricadas de cemento -similares a las de Bagdad- se construyeron en tiempo récord y hoy se multiplican por toda la ciudad, frente a las sedes de los ministerios y oficinas del Estado. El Ministerio del Interior tiene una doble muralla de más de cinco metros de altura, que los obreros terminaron hace apenas dos días.
Los alambres de púa aparecieron en los imponentes paredones de varias embajadas y se reproducen aceleradamente los puestos de control militar en las calles de la ciudad.
En los techos de los edificios gubernamentales -considerados objetivos militares para las fuerzas rebeldes del Ejército Libre de Siria-, grupos comando de francotiradores vigilan desde lo alto el movimiento en las calles.
Damasco, que había permanecido en calma durante varios meses, cuando la rebelión se extendía a otras ciudades, apareció de un día para otro con puestos de control permanentes: sus residentes empiezan a sentir temor por los ruidos de los disparos, a medida que se radicaliza el conflicto.
DAMASCO.- "Es la primera vez que siento temor. Estoy realmente preocupado", dice Samer Darbouli, un abogado de 31 años que llegó hace unos años de la ciudad de Homs, hoy convertida en el bastión rebelde.
La batalla por Damasco empezó hace más de un mes, pero en las últimas horas la escalada de violencia ha convertido a la capital siria en el objetivo clave de los grupos armados disidentes que buscan el fin del régimen de Bashar al-Assad.
La ciudad capital está bajo asedio desde los suburbios. Dentro del casco urbano los opositores no tienen armamento, pero las manifestaciones se multiplican en barrios como Al Midan, Al Qaboun, Barzah Al Balad, Jobar y Rokn Ad Dien. "Mi madre me llama a cada hora desde Homs, porque el sonido de los disparos y los morteros es constante. Pero no creí que el conflicto podría llegar hasta acá", dice con angustia Samer.
Las barricadas de cemento -similares a las de Bagdad- se construyeron en tiempo récord y hoy se multiplican por toda la ciudad, frente a las sedes de los ministerios y oficinas del Estado. El Ministerio del Interior tiene una doble muralla de más de cinco metros de altura, que los obreros terminaron hace apenas dos días.
Los alambres de púa aparecieron en los imponentes paredones de varias embajadas y se reproducen aceleradamente los puestos de control militar en las calles de la ciudad.
En los techos de los edificios gubernamentales -considerados objetivos militares para las fuerzas rebeldes del Ejército Libre de Siria-, grupos comando de francotiradores vigilan desde lo alto el movimiento en las calles.
Damasco, que había permanecido en calma durante varios meses, cuando la rebelión se extendía a otras ciudades, apareció de un día para otro con puestos de control permanentes: sus residentes empiezan a sentir temor por los ruidos de los disparos, a medida que se radicaliza el conflicto.
Los accesos a la ciudad están vigilados por el ejército sirio y los apagones son cada vez más frecuentes, como consecuencia de los sabotajes que realizan los grupos armados a la infraestructura eléctrica.
"¿Qué pasa en Damasco? Mafi, mafi [nada]", responde una elegante mujer que camina con bolsas de ropa en las afueras del mercado de Al Hamidiyyi. Su respuesta quiere negar la compleja situación que vive la ciudad, donde ya estallaron coches bomba en la sede de la agencia de seguridad del Estado y el cuartel general de otra dependencia oficial. El saldo fueron decenas de muertos y cientos de heridos en una ciudad que se creía segura. Y que ahora vive un clima muy distinto.
A tan sólo media hora de Damasco, hace unos días fue incendiada una comisaría. Los suburbios de la capital se han convertido en refugio de los rebeldes y el régimen lucha para sofocar el levantamiento con una operación militar a gran escala.
El control de la capital es crucial para el triunfo de los rebeldes y el régimen lo sabe muy bien. Por eso trata de reforzar el despliegue militar en Damasco en una semana crucial, en la que el Consejo de Seguridad de la ONU debate la situación en el país.
El régimen de Bashar al-Assad también tiene sus seguidores, que organizan marchas multitudinarias a favor del líder y que llegan a tener hasta un millón de participantes.
Hasta ahora, los habitantes de Damasco veían todo el conflicto por televisión. Parecía algo lejano, una guerra que se combatía en otro país.
Pero todo cambió en los últimos días. "Nosotros confiamos en el gobierno de Al-Assad. El nos va a proteger", dice Alí, un abogado de 27 años, sin demasiada convicción. "Espero que los grupos armados no lleguen hasta aquí. Es lo peor que nos puede suceder a todos los sirios", agrega con pesar.
Los combates en los suburbios empezaron el domingo y todavía no se conoce con certeza la cantidad de muertos porque el acceso a la zona de combates está acordonado.
"Fue terrible. Hubo disparos toda la noche. Tardé seis hora en salir", dijo a LA NACION un taxista que aceptó acercar a esta periodista a los suburbios donde se lleva a cabo el operativo militar de las tropas regulares contra las fuerzas rebeldes.
En la zona de Ghouta (oasis en árabe), ubicada al este de la capital, "están usando tanques y artillería pesada", según contaron varios testigos. Ghouta, un área agrícola que rodea Damasco por el Sur y el Este, y que separa la ciudad de la estepa siria, padece una gran variedad de problemas ambientales, incluyendo la escasez de agua debido a escasas lluvias. De hecho, el futuro abastecimiento de agua de la capital depende de la situación de esta zona, donde en pocas décadas se dio un desarrollo descontrolado y un rápido crecimiento de la población.
Desde Ghouta se elevan columnas de humo negro. Llega también información sobre enfrentamientos en Harasta. Un residente que huyó de Ein Tarma contó que desde que empezaron los combates, el domingo, hay cortes de electricidad y de agua en la zona.
"Hay explosiones y disparos", cuentan activistas que estuvieron cerca de la zona de combates , y agregan que todos los accesos están bloqueados.
Los medios oficiales apenas mencionan la operación militar, que funcionarios del régimen definieron como "labores habituales de las fuerzas de seguridad para establecer el orden". Ellos también acusan a los medios occidentales y árabes de magnificar los hechos para aumentar la presión internacional sobre el régimen.
Estos "delincuentes" a los que hay que combatir son los miembros del Ejército Sirio de Liberación, cuya presencia ha crecido de forma progresiva en los alrededores de la capital, donde llegaron a establecer puestos de control y levantaron la bandera verde, blanca y negra de la Siria anterior a la llegada del partido Baath.
Los combatientes rebeldes habían advertido el domingo que había una amplia campaña militar en marcha, que se extendía desde Rankous en el Norte hasta las ciudades circundantes en el este de Damasco. Fue apenas el comienzo para una ciudad que percibe que ya nada será igual..
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Será que o Egito pode fazer a democracia funcionar?
Um ano após a revolução, o Egito talvez tenha um Parlamento, mas ainda está longe de ser uma verdadeira democracia. Os salafistas, ultraconservadores, têm problemas com o sistema parlamentar, enquanto os políticos seculares se preocupam que a Irmandade Muçulmana e o Conselho Militar estão fazendo acordos por trás das cenas.
Em seu primeiro dia como membro do Parlamento, Ziad el-Eleimy está na praça Tahrir, onde tudo começou. Ele veste uma jaqueta de veludo com o adesivo do Parlamento na lapela e carrega uma sacola plástica. Ele dormiu na praça por quase três semanas durante a revolução.
Agora, el-Eleimy está olhando para a praça Tahrir como se estivesse procurando alguma coisa, mas não há nada para ser encontrado. O tráfego ronca pelo asfalto, o ar está pesado de fumaça de escapamento e os sinais de trânsito não foram consertados em um ano. Um repórter japonês segura um microfone para el-Eleimy, que faz alguns comentários ao acaso sobre a liberdade –a justiça social e o fato de seu coração continuar na praça Tahrir.
Seu avô foi preso nos tempos do ex-presidente Gamal Abdel Nasser, seus pais foram presos pelo sucessor de Nasser, Anwar Sadat, e o próprio el-Eleimy passou uma temporada atrás das grades sob o hoje deposto presidente Hosni Mubarak –foi só um mês, mas o suficiente para seus captores quebrarem uma perna e um braço.
Experimento duplo
Um ano após a revolução, o Egito tem um novo Parlamento, eleito de forma mais livre e justa do que nunca. Mais de dois terços de seus membros são islâmicos, que hoje detêm tantos assentos quanto o antigo partido governante, o NDP. Há oito mulheres neste Parlamento, 13 ex-membros do NDP e apenas meia dúzia de jovens revolucionários. Juntos, têm a responsabilidade de redigir uma Constituição e no final de junho, quando o presidente for eleito, o Conselho Militar deve transferir o poder para um governo civil. Este, pelo menos, é o plano.
É um experimento duplo, e o resultado terá um impacto por todo o mundo árabe. Será que um país pode encontrar seu caminho para a democracia apenas pelas eleições, ainda mais um país islâmico? Ou será que precisa de uma segunda revolução para eliminar todas as instituições corruptas, inclusive a polícia, a televisão estatal e as agências de governo que ainda operam de acordo com as regras antigas?
Se os membros do Parlamento unirem suas forças e se, com o apoio do povo, eles exercerem pressão sobre o Conselho Militar, os generais dificilmente poderão resistir. Mas se preferirem promover seus próprios interesses e fecharem um acordo com os militares com este fim, o Parlamento pode continuar o que sempre foi: um lugar onde os representantes do povo se reúnem há 146 anos sem jamais de fato terem representado o povo.
A revolução agora está nas mãos dos deputados. El-Eleimy, social-democrata, um homem consciente de seu próprio poder e cheio de desejo de mudança. Mas há também representantes como Khaled Hanafi, 50, membro da Irmandade Muçulmana que esperou quase 20 anos por um assento no Parlamento. E há o salafista Ahmed Khalil, 33, que não tinha permissão para ensinar em sua própria escola, por causa da sua barba.
Eles não têm nada em comum, exceto o fato de terem participado das manifestações da praça Tahrir, mas ainda assim precisam definir agora coisas importantes juntos: que tipo de país querem? E o que entendem como democracia?
“Não acredite que o Parlamento pode protegê-lo”
El-Eleimy caminha da praça Tahrir para o prédio do Parlamento. Ele pisa na areia onde os manifestantes arrancaram o pavimento, passa pelo prédio Mogamma, o colosso da burocracia estatal, e o Institut d`Egypte, que está em ruínas desde dezembro. O Parlamento fica atrás dele, mas um muro de concreto e arame farpado agora bloqueia a rua. El-Eleimy tem de dar a volta.
O prédio que abriga a futura democracia do Egito fica atrás de uma grade com pontas douradas, tem rolos de arame farpado e soldados. Os canteiros de flores foram plantados recentemente, e os muros estão pintados. Não há mais evidências que o povo estava morrendo aqui há apenas um mês, e que soldados estavam atirando arquivos na multidão de um prédio no qual estão inscritas, ironicamente, as palavras “A democracia garante a soberania do povo”.
El-Eleimy também estava lá nesse dia. Ele já tinha sido eleito, mas isso não impediu a polícia militar de bater nele. “Não ache que o Parlamento pode protegê-lo de nós”, disse um dos soldados com desprezo. El-Eleimy lembra-se das palavras claramente, porque elas demonstram para ele quem ainda dá as cartas no país. Ele se reuniu com alguns dos generais do conselho militar três semanas após a derrubada de Mubarak. Eles queriam que os ativistas parassem de protestar. “Esses homens não negociam. E eles certamente não deixarão o poder voluntariamente”, disse El-Eleimy.
Depois, ele entra no Parlamento e mostra aos guardas seu crachá, pelo qual teve que esperar cinco horas no dia anterior. Não há escritórios para os deputados neste estranho Parlamento, nem há orçamento para pessoal. Há apenas uma biblioteca empoeirada, muito mármore, pinturas a óleo penduradas tortas na parede e candelabros por corredores com tetos muito altos. É uma das muitas instituições do antigo Egito que dá as pessoas uma noção de sua própria impotência.
Cursinho de democracia
Enquanto isso, os salafistas estão celebrando do lado de fora. Seu partido, Al-Nour, cujo nome significa “partido da luz”, conquistou 121 assentos, ou quase um quarto da Câmara Baixa, a Assembleia do Povo. Eles carregam Ahmed Khalil, um de seus líderes, pela multidão como um jogador de futebol que acaba de fazer um gol. Khalil se forçou a usar um terno bege para este dia. Sua barba está bem aparada e ele carrega um smartphone na mão. Ele é o modelo de parlamentar salafista, mas apenas sua aparência é moderna. Ele se recusa a falar com mulheres e suas opiniões são ultraconservadoras.
Há uma semana, participou de uma conferência em um hotel com os outros membros do Parlamento, na qual um cientista político explicou para eles como funciona a instituição. Foi um cursinho em parlamentarismo que cobriu de tudo, desde comitês até os procedimentos legislativos. A maior parte dos salafistas nada sabe de política. Até recentemente, eles tendiam a considerar as eleições uma blasfêmia.
Khalil não precisava do curso. Ele tem doutorado em administração e dirige uma escola de ensino médio em Alexandria. Como é controlado, os jornalistas têm permissão de falar com ele. Ele formulou duas respostas para perguntas sobre questões delicadas como mulheres e biquínis. A primeira é que os salafistas não oprimem as mulheres, mas as protege. Eles já prepararam uma série de leis contra o analfabetismo, a pobreza e a injustiça, diz Khalil. Isso não faz dele um feminista, porém: ele também acha que o lenço na cabeça e a segregação de gêneros foram inventados para o benefício das mulheres. Ele diz que tampouco é contra o turismo nas praias, mas que a indústria do turismo não deveria se focar exclusivamente nas praias. Os safáris de jipe e esqui em dunas de areia, salienta, são formas de recreação agradáveis.
Diante do Parlamento nesta manhã, ele diz: “A sharia e a democracia precisam ser combinadas”, referindo-se à lei islâmica. “Então será bom. É precisamente isso que está acontecendo agora”. É claro, acrescenta, quando as leis democráticas violam a sharia, a lei islâmica deve prevalecer. A campanha dos salafistas baseou-se primariamente no combate à corrupção, mas eles também sabem que não é uma luta que pode ser vencida rapidamente. O que pode ser alcançado rapidamente é uma constituição islâmica.
Extremamente religiosos
Quando a sessão parlamentar começar, as fileiras de salafistas parecerão membros de um grupo de música folk, com turbantes, barbas e vestes, conhecidas como jellabiya. É claro, todos eles têm um calo de preces na testa, causado pela pressão da cabeça no chão durante as preces diárias. É um sinal de religiosidade extrema.
A primeira tarefa do primeiro Parlamento livre é que todos seus 508 membros devem jurar pelo país, a República e a Constituição, apesar de o Egito de fato não ter uma no momento. Os deputados recitam seu juramento, um após o outro, um evento de quatro horas transmitido ao vivo para o resto do mundo.
Quando El-Eleimy se levanta, acrescenta que pretende cumprir as demandas dos revolucionários. Um salafista se recusa a jurar à República, e em vez disso jura à “doutrina de Alá”, enquanto outros acrescentam que só vão cumprir o juramento enquanto não contradisser a vontade de Deus. É apenas um juramento, uma formalidade, e ainda assim revela as primeiras cisões.
Depois, eles elegem o presidente do Parlamento, e o vencedor, como esperado, é Mohammed Saad el-Katatny, secretário geral do Partido da Liberdade e Justiça, da Irmandade Muçulmana. É a posição mais influente que um membro da Fraternidade já teve e Katatny sabe a quem agradecer. “Muitos agradecimentos ao exército esplêndido e ao conselho militar, que conseguiram celebrar as eleições”, diz ele.
Medida audaciosa
No dia seguinte, o revolucionário El-Eleimy está sentado, fumando sem parar em um sofá barroco folheado a ouro na cafeteria do Parlamento. O Conselho Militar acaba de suspender as leis de emergência que vigoravam há três décadas e soltar 2.000 prisioneiros.
El-Eleimy considera isso é um progresso, mas não é o suficiente: “A Fraternidade Muçulmana e o Conselho Militar fizeram um acordo”, diz ele. “Nas eleições presidenciais, a Fraternidade Muçulmana vai apoiar o candidato militar. Isso vai permitir que governem sem a responsabilidade oficial. É a melhor coisa que poderia acontecer para eles”.
Ele acaba de entrar com uma moção para que o ministro do interior, o ministro da justiça e o ministro da defesa sejam questionados no Parlamento. “E o chefe do conselho militar!”, acrescenta. É uma medida audaciosa, mas ele espera estimular outros delegados a romperem o pacto entre os militares e os islâmicos.
Abafar outras vozes
A praça Tahrir está cheia de pessoas na quarta-feira do dia 25 de janeiro, aniversário da revolução. Há mais pessoas do que no dia da derrubada de Mubarak. A Fraternidade Muçulmana montou o maior palco, diretamente do outro lado do movimento revolucionário jovem.
Eles instalaram dezenas de alto-falantes e agora estão tocando canções patrióticas tão alto que abafam todo o resto. Sua mensagem é: celebrem a revolução e deixem a política para nós.
Khaled Hanafi, 50, é oftalmologista com uma barba suja. Ele não parece o estereótipo de islamista sinistro. Durante a revolução, Hanafi cuidou dos feridos em um hospital de campo na Praça Tarhir e acaba de ser eleito para o Parlamento com 150.000 votos. Ele tentou concorrer ao Parlamento antes, em 1995, e depois passou um ano preso. Ele foi torturado no início, mas o período depois disso foi o melhor de sua vida. “Nunca aprendi tanto. Éramos todos professores e engenheiros”.
Hanafi pregou fotos do hospital de campo na frente do palco. Nelas, ele aparece colocando bandagens nos feridos e dormindo no chão. Tudo gira em torno da credibilidade revolucionária, e Hanafi tem muita. Muitos acreditam nele quando sobe ao palco e diz que a revolução acabou e que o conselho militar sem dúvida se retirará da política no dia 30 de junho.
Existe um pacto entre o conselho militar e a Fraternidade Muçulmana como muitos alegam? Seu rosto amigável fica franzido. Puxando seu cachecol cor de rosa, ele diz: não, absolutamente não! Ele diz que isso não passa de um rumor iniciado pelos que querem criar um caos.
“Não queremos um Estado islâmico!”
A Fraternidade Muçulmana não gosta dos protestos, porque cada vez mais se voltam contra ela. Para a Fraternidade, a revolução está no passado, enquanto os manifestantes acreditam que está no futuro. Na quarta-feira, dia 25 de janeiro, centenas de milhares marcharam para a praça Tahrir de todas as direções, como fizeram há um ano. Dezenas de milhares protestaram na sexta-feira, que eles declaram como “Dia da Revolta”. E agora os manifestantes não estão apenas gritando: “Fora Conselho Militar”, mas também: “Não queremos um Estado islâmico!”
Há tendas na praça Tahrir novamente na noite de quarta-feira. Muitos manifestantes ficaram, inclusive El-Eleimy. Ele quer dormir na praça e ir direto ao Parlamento toda manhã. Afinal, não é tão longe.
http://codinomeinformante.blogspot.com/ ... racia.html
Um ano após a revolução, o Egito talvez tenha um Parlamento, mas ainda está longe de ser uma verdadeira democracia. Os salafistas, ultraconservadores, têm problemas com o sistema parlamentar, enquanto os políticos seculares se preocupam que a Irmandade Muçulmana e o Conselho Militar estão fazendo acordos por trás das cenas.
Em seu primeiro dia como membro do Parlamento, Ziad el-Eleimy está na praça Tahrir, onde tudo começou. Ele veste uma jaqueta de veludo com o adesivo do Parlamento na lapela e carrega uma sacola plástica. Ele dormiu na praça por quase três semanas durante a revolução.
Agora, el-Eleimy está olhando para a praça Tahrir como se estivesse procurando alguma coisa, mas não há nada para ser encontrado. O tráfego ronca pelo asfalto, o ar está pesado de fumaça de escapamento e os sinais de trânsito não foram consertados em um ano. Um repórter japonês segura um microfone para el-Eleimy, que faz alguns comentários ao acaso sobre a liberdade –a justiça social e o fato de seu coração continuar na praça Tahrir.
Seu avô foi preso nos tempos do ex-presidente Gamal Abdel Nasser, seus pais foram presos pelo sucessor de Nasser, Anwar Sadat, e o próprio el-Eleimy passou uma temporada atrás das grades sob o hoje deposto presidente Hosni Mubarak –foi só um mês, mas o suficiente para seus captores quebrarem uma perna e um braço.
Experimento duplo
Um ano após a revolução, o Egito tem um novo Parlamento, eleito de forma mais livre e justa do que nunca. Mais de dois terços de seus membros são islâmicos, que hoje detêm tantos assentos quanto o antigo partido governante, o NDP. Há oito mulheres neste Parlamento, 13 ex-membros do NDP e apenas meia dúzia de jovens revolucionários. Juntos, têm a responsabilidade de redigir uma Constituição e no final de junho, quando o presidente for eleito, o Conselho Militar deve transferir o poder para um governo civil. Este, pelo menos, é o plano.
É um experimento duplo, e o resultado terá um impacto por todo o mundo árabe. Será que um país pode encontrar seu caminho para a democracia apenas pelas eleições, ainda mais um país islâmico? Ou será que precisa de uma segunda revolução para eliminar todas as instituições corruptas, inclusive a polícia, a televisão estatal e as agências de governo que ainda operam de acordo com as regras antigas?
Se os membros do Parlamento unirem suas forças e se, com o apoio do povo, eles exercerem pressão sobre o Conselho Militar, os generais dificilmente poderão resistir. Mas se preferirem promover seus próprios interesses e fecharem um acordo com os militares com este fim, o Parlamento pode continuar o que sempre foi: um lugar onde os representantes do povo se reúnem há 146 anos sem jamais de fato terem representado o povo.
A revolução agora está nas mãos dos deputados. El-Eleimy, social-democrata, um homem consciente de seu próprio poder e cheio de desejo de mudança. Mas há também representantes como Khaled Hanafi, 50, membro da Irmandade Muçulmana que esperou quase 20 anos por um assento no Parlamento. E há o salafista Ahmed Khalil, 33, que não tinha permissão para ensinar em sua própria escola, por causa da sua barba.
Eles não têm nada em comum, exceto o fato de terem participado das manifestações da praça Tahrir, mas ainda assim precisam definir agora coisas importantes juntos: que tipo de país querem? E o que entendem como democracia?
“Não acredite que o Parlamento pode protegê-lo”
El-Eleimy caminha da praça Tahrir para o prédio do Parlamento. Ele pisa na areia onde os manifestantes arrancaram o pavimento, passa pelo prédio Mogamma, o colosso da burocracia estatal, e o Institut d`Egypte, que está em ruínas desde dezembro. O Parlamento fica atrás dele, mas um muro de concreto e arame farpado agora bloqueia a rua. El-Eleimy tem de dar a volta.
O prédio que abriga a futura democracia do Egito fica atrás de uma grade com pontas douradas, tem rolos de arame farpado e soldados. Os canteiros de flores foram plantados recentemente, e os muros estão pintados. Não há mais evidências que o povo estava morrendo aqui há apenas um mês, e que soldados estavam atirando arquivos na multidão de um prédio no qual estão inscritas, ironicamente, as palavras “A democracia garante a soberania do povo”.
El-Eleimy também estava lá nesse dia. Ele já tinha sido eleito, mas isso não impediu a polícia militar de bater nele. “Não ache que o Parlamento pode protegê-lo de nós”, disse um dos soldados com desprezo. El-Eleimy lembra-se das palavras claramente, porque elas demonstram para ele quem ainda dá as cartas no país. Ele se reuniu com alguns dos generais do conselho militar três semanas após a derrubada de Mubarak. Eles queriam que os ativistas parassem de protestar. “Esses homens não negociam. E eles certamente não deixarão o poder voluntariamente”, disse El-Eleimy.
Depois, ele entra no Parlamento e mostra aos guardas seu crachá, pelo qual teve que esperar cinco horas no dia anterior. Não há escritórios para os deputados neste estranho Parlamento, nem há orçamento para pessoal. Há apenas uma biblioteca empoeirada, muito mármore, pinturas a óleo penduradas tortas na parede e candelabros por corredores com tetos muito altos. É uma das muitas instituições do antigo Egito que dá as pessoas uma noção de sua própria impotência.
Cursinho de democracia
Enquanto isso, os salafistas estão celebrando do lado de fora. Seu partido, Al-Nour, cujo nome significa “partido da luz”, conquistou 121 assentos, ou quase um quarto da Câmara Baixa, a Assembleia do Povo. Eles carregam Ahmed Khalil, um de seus líderes, pela multidão como um jogador de futebol que acaba de fazer um gol. Khalil se forçou a usar um terno bege para este dia. Sua barba está bem aparada e ele carrega um smartphone na mão. Ele é o modelo de parlamentar salafista, mas apenas sua aparência é moderna. Ele se recusa a falar com mulheres e suas opiniões são ultraconservadoras.
Há uma semana, participou de uma conferência em um hotel com os outros membros do Parlamento, na qual um cientista político explicou para eles como funciona a instituição. Foi um cursinho em parlamentarismo que cobriu de tudo, desde comitês até os procedimentos legislativos. A maior parte dos salafistas nada sabe de política. Até recentemente, eles tendiam a considerar as eleições uma blasfêmia.
Khalil não precisava do curso. Ele tem doutorado em administração e dirige uma escola de ensino médio em Alexandria. Como é controlado, os jornalistas têm permissão de falar com ele. Ele formulou duas respostas para perguntas sobre questões delicadas como mulheres e biquínis. A primeira é que os salafistas não oprimem as mulheres, mas as protege. Eles já prepararam uma série de leis contra o analfabetismo, a pobreza e a injustiça, diz Khalil. Isso não faz dele um feminista, porém: ele também acha que o lenço na cabeça e a segregação de gêneros foram inventados para o benefício das mulheres. Ele diz que tampouco é contra o turismo nas praias, mas que a indústria do turismo não deveria se focar exclusivamente nas praias. Os safáris de jipe e esqui em dunas de areia, salienta, são formas de recreação agradáveis.
Diante do Parlamento nesta manhã, ele diz: “A sharia e a democracia precisam ser combinadas”, referindo-se à lei islâmica. “Então será bom. É precisamente isso que está acontecendo agora”. É claro, acrescenta, quando as leis democráticas violam a sharia, a lei islâmica deve prevalecer. A campanha dos salafistas baseou-se primariamente no combate à corrupção, mas eles também sabem que não é uma luta que pode ser vencida rapidamente. O que pode ser alcançado rapidamente é uma constituição islâmica.
Extremamente religiosos
Quando a sessão parlamentar começar, as fileiras de salafistas parecerão membros de um grupo de música folk, com turbantes, barbas e vestes, conhecidas como jellabiya. É claro, todos eles têm um calo de preces na testa, causado pela pressão da cabeça no chão durante as preces diárias. É um sinal de religiosidade extrema.
A primeira tarefa do primeiro Parlamento livre é que todos seus 508 membros devem jurar pelo país, a República e a Constituição, apesar de o Egito de fato não ter uma no momento. Os deputados recitam seu juramento, um após o outro, um evento de quatro horas transmitido ao vivo para o resto do mundo.
Quando El-Eleimy se levanta, acrescenta que pretende cumprir as demandas dos revolucionários. Um salafista se recusa a jurar à República, e em vez disso jura à “doutrina de Alá”, enquanto outros acrescentam que só vão cumprir o juramento enquanto não contradisser a vontade de Deus. É apenas um juramento, uma formalidade, e ainda assim revela as primeiras cisões.
Depois, eles elegem o presidente do Parlamento, e o vencedor, como esperado, é Mohammed Saad el-Katatny, secretário geral do Partido da Liberdade e Justiça, da Irmandade Muçulmana. É a posição mais influente que um membro da Fraternidade já teve e Katatny sabe a quem agradecer. “Muitos agradecimentos ao exército esplêndido e ao conselho militar, que conseguiram celebrar as eleições”, diz ele.
Medida audaciosa
No dia seguinte, o revolucionário El-Eleimy está sentado, fumando sem parar em um sofá barroco folheado a ouro na cafeteria do Parlamento. O Conselho Militar acaba de suspender as leis de emergência que vigoravam há três décadas e soltar 2.000 prisioneiros.
El-Eleimy considera isso é um progresso, mas não é o suficiente: “A Fraternidade Muçulmana e o Conselho Militar fizeram um acordo”, diz ele. “Nas eleições presidenciais, a Fraternidade Muçulmana vai apoiar o candidato militar. Isso vai permitir que governem sem a responsabilidade oficial. É a melhor coisa que poderia acontecer para eles”.
Ele acaba de entrar com uma moção para que o ministro do interior, o ministro da justiça e o ministro da defesa sejam questionados no Parlamento. “E o chefe do conselho militar!”, acrescenta. É uma medida audaciosa, mas ele espera estimular outros delegados a romperem o pacto entre os militares e os islâmicos.
Abafar outras vozes
A praça Tahrir está cheia de pessoas na quarta-feira do dia 25 de janeiro, aniversário da revolução. Há mais pessoas do que no dia da derrubada de Mubarak. A Fraternidade Muçulmana montou o maior palco, diretamente do outro lado do movimento revolucionário jovem.
Eles instalaram dezenas de alto-falantes e agora estão tocando canções patrióticas tão alto que abafam todo o resto. Sua mensagem é: celebrem a revolução e deixem a política para nós.
Khaled Hanafi, 50, é oftalmologista com uma barba suja. Ele não parece o estereótipo de islamista sinistro. Durante a revolução, Hanafi cuidou dos feridos em um hospital de campo na Praça Tarhir e acaba de ser eleito para o Parlamento com 150.000 votos. Ele tentou concorrer ao Parlamento antes, em 1995, e depois passou um ano preso. Ele foi torturado no início, mas o período depois disso foi o melhor de sua vida. “Nunca aprendi tanto. Éramos todos professores e engenheiros”.
Hanafi pregou fotos do hospital de campo na frente do palco. Nelas, ele aparece colocando bandagens nos feridos e dormindo no chão. Tudo gira em torno da credibilidade revolucionária, e Hanafi tem muita. Muitos acreditam nele quando sobe ao palco e diz que a revolução acabou e que o conselho militar sem dúvida se retirará da política no dia 30 de junho.
Existe um pacto entre o conselho militar e a Fraternidade Muçulmana como muitos alegam? Seu rosto amigável fica franzido. Puxando seu cachecol cor de rosa, ele diz: não, absolutamente não! Ele diz que isso não passa de um rumor iniciado pelos que querem criar um caos.
“Não queremos um Estado islâmico!”
A Fraternidade Muçulmana não gosta dos protestos, porque cada vez mais se voltam contra ela. Para a Fraternidade, a revolução está no passado, enquanto os manifestantes acreditam que está no futuro. Na quarta-feira, dia 25 de janeiro, centenas de milhares marcharam para a praça Tahrir de todas as direções, como fizeram há um ano. Dezenas de milhares protestaram na sexta-feira, que eles declaram como “Dia da Revolta”. E agora os manifestantes não estão apenas gritando: “Fora Conselho Militar”, mas também: “Não queremos um Estado islâmico!”
Há tendas na praça Tahrir novamente na noite de quarta-feira. Muitos manifestantes ficaram, inclusive El-Eleimy. Ele quer dormir na praça e ir direto ao Parlamento toda manhã. Afinal, não é tão longe.
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Re: Mundo Árabe em Ebulição
Penso que o Assad tende a "sentar a mão" nos próximos dias, aproveitar o apoio russo no CS, a retirada dos observadores e esmagar logo essa rebelião.
Saudações
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