Irã tem como se defender de Israel?

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gaia
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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3016 Mensagem por gaia » Seg Dez 05, 2011 1:57 pm

A principal razão para não haver guerra , tem haver com o preço do petróleo , que iria afectar a recuperação económica mundial .

http://www.capitalbolsa.com/articulo/81 ... -alza.html




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3017 Mensagem por FoxTroop » Seg Dez 05, 2011 2:14 pm

Não se trata da questão do derrube ou não de um drone. É o tipo de drone (supostamente furtivo) e a forma como foi feito (supostamente conseguiram "roubar" o controlo do drone e aterrar o mesmo sem muitos estragos).

Isso levanta uma série de questões pertinente, do meu ponto de vista;
-Como foi detectado e com quê?
-Como é que furaram os protocolos de segurança e tomaram o controlo do drone? (não esquecer que os USA à algum tempo admitiram uma grave falha nos protocolos e todos eles foram revistos o que significa que.....)
-Até que ponto se pode estabelecer uma ligação entre este assunto e o facto das recentes explosões em infraestruturas iranianas? (um acidente pode acontecer mas o rol de "acidentes" últimos são demasiadas coincidências)
-No caso de se estar mesmo face a uma guerra não declarada, quanto tempo demorará até que a liderança iraniana seja forçada a retaliar, arrastando a região para a guerra aberta?




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Hader

Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3018 Mensagem por Hader » Seg Dez 05, 2011 2:53 pm

A foto da matéria postada pelo Rodrigo é de um material de divulgação de fabricante, nada tem com o drone abatido.

Outra coisa, o Irã está "gozando com o pau dos outros"...para usar um termo chulo e antiquado.

O Irã não tem a bomba. Israel e USA sabem disso. O alvo prioritário é a capacidade iraniana de lançar mísseis balísticos de longo alcance contra Israel e Europa. Uma vez lançado, o míssil pode até ser interceptado. Mas a questão é: quem vai impedir o Irã de jogar uma warhead com meia tonelada de material radioativo na cabeça de alguém? Este é o risco inaceitável e a razão das explosões acidentais...

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GustavoB
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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3019 Mensagem por GustavoB » Seg Dez 05, 2011 2:54 pm

E SE VOCÊ FOSSE IRANIANO?
POSTADO POR VINNA SEGUNDA-FEIRA, DEZEMBRO 05, 2011

SE VOCÊ VIVESSE NO IRÃ, NÃO IRIA QUERER A BOMBA NUCLEAR?

“Imagine, por um momento, que você é um mulá iraniano. Sentado de pernas cruzadas em seu tapete persa em Teerã, bebendo uma xícara de chá, olha para o mapa do Oriente Médio na parede. É uma imagem perturbante: seu país, a República Islâmica do Irã, está cercada por todos os lados por inimigos virulentos e rivais regionais, tanto nucleares como não-nucleares.

Por Mehdi Hasan*, jornalista britânico

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Na fronteira ao leste, os Estados Unidos têm 100 mil tropas servindo no Afeganistão. Na fronteira ao oeste, ocuparam o Iraque desde 2003 e planejam reter uma pequena força de militares contratados e operações da CIA, mesmo após a retirada oficial no próximo mês. O Paquistão, uma nação nuclear armada, está no sudeste; a Turquia, aliada da norte-americana OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), no noroeste; o Turcomenistão, que atuou como base de abastecimento para os planos de transportes militares dos EUA desde 2002, no nordeste. Ao sul, através do Golfo Pérsico, há um agrupamento de Estados clientes dos EUA: Bahrein, lar da Quinta Frota dos EUA; Catar, hóspede para um quartel geral do Comando Central dos EUA [CENTCOM – N.T.] e Arábia Saudita, cujo rei exortou os EUA a “atacarem o Irã” e “cortar fora a cabeça da cobra”.

E, claro, a menos de mil milhas do oeste, há Israel, seu inimigo mortal, com mais de 100 ogivas nucleares e uma história de “agressão preventiva” contra seus oponentes.

O mapa torna claro: O Irã é, literalmente, cercado pelos EUA e seus aliados.

Se isso não fosse preocupante o suficiente, seu país parece estar sob ataque (encoberto). Vários cientistas nucleares foram misteriosamente assassinados e, no fim do ano passado, um sofisticado vírus de computador conseguiu desligar bruscamente um quinto das centrífugas nucleares do Irã. Apenas no último final de semana, o “pioneiro” do programa de mísseis da República Islâmica, o general major Hassan Moghaddam, foi morto – com outros 16 – em grande explosão na base dos Guardas Revolucionários, a 25 milhas de Teerã. Na internet é possível descobrir jornalistas ocidentais reportando que se acredita que o Mossad [serviço secreto israelense – N.T.] esteja por trás da explosão.

E então uma pausa é feita para lembrar da lição fundamental de geopolítica durante a última década: os EUA e seus aliados optaram por uma guerra com o Iraque não-nuclear, mas por diplomacia contra a Coreia do Norte armada nuclearmente.

Se você fosse nosso mulá no Teerã, você não iria querer que o Irã tivesse a bomba – ou, no mínimo, “latência nuclear” (isto é, a capacidade e tecnologia para rapidamente construir uma arma nuclear se ameaçado de ataque)?

Deixemos claro: não há evidência concreta de que o Irã esteja construindo uma bomba. O último informe da AIEA (Agência Internacional de Energia Nuclear), apesar de sua muito discutível referência às “possíveis dimensões nucleares do programa nuclear iraniano”, também admite que seus inspetores continuam “verificando o não-desvio dos materiais nucleares declarados pelas instalações nucleares [do Irã]”. Os líderes da República Islâmica – do Líder Supremo, Aiatolá Khamenei ao bombástico presidente Mahmoud Ahmadinejad – sustentam que o objetivo é somente desenvolver programa nuclear civil, e não bombas atômicas.

No entanto, não seria racional para o Irã –geograficamente cercado, politicamente isolado, sentindo-se ameaçado– querer seu próprio arsenal nuclear, para fins defensivos e impeditivos? A “Revisão da Postura Nuclear” [Nuclear Posture Review] do governo dos EUA admite que tais armas podem jogar um “papel essencial, detendo potenciais adversários” e mantendo “estabilidade estratégica” com outros poderes nucleares. Em 2006, o ministro da Defesa do Reino Unido reivindicou que a estratégia nuclear de detenção foi desenhada para “deter e prevenir chantagens nucleares e atos de agressão contra nossos interesses vitais que não podem ser combatidas por outros meios”.

Aparentemente, o que tempera o ganso anglo-americano não é o que tempera o ganso iraniano. A empatia é escassa. Como o analista de política nuclear, George Perkovich, observou, "o governo dos EUA nunca avaliou publicamente e objetivamente as motivações dos líderes iranianos em buscar armas nucleares e o que os EUA e outros podem fazer para remover essas motivações.” Entretanto, a República Islâmica é rejeitada como irracional e megalomaníaca...

Mas não são somente os líderes iranianos que estão reticentes em abandonar a questões nuclear. Em 15 de novembro, cerca de mil estudantes iranianos formaram uma corrente humana nas instalações de conversão de urânio em Isfahan, gritando “morte à América” e “morte a Israel”. O protesto deles pode ter sido organizado por autoridades, mas mesmo os líderes e membros da oposição do Movimento Verde tendem a apoiar o programa de enriquecimento de urânio iraniano. De acordo com enquete de 2010 da Universidade de Maryland, 55% dos iranianos apoiam que seu país tenha plantas nucleares e, notavelmente, 38% apoiam a construção de uma bomba nuclear.

Então, o que deve ser feito? As sanções não funcionaram e não funcionarão. Os iranianos se recusam a comprometer o que acreditam ser seu direito “inalienável” de possuir plantas [para energia elétrica e outros fins civis] nucleares sob o tratado de não-proliferação. Ações militares, como o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, admitiu na última semana, podem ter “consequências inesperadas”, incluindo retaliações contra “forças dos EUA na região”. A ameaça de ataque irá apenas tornar mais difícil a resolução de impedimento nuclear; beligerância provoca beligerância.

O simples fato é que não há alternativa à diplomacia, não importa quão truculentos ou paranóicos os líderes iranianos possam parecer aos olhos ocidentais. Se um Irã armado nuclearmente deve ser evitado, os políticos dos EUA devem abandonar sua retórica ameaçadora e enfrentar a percepção real e racional, nas ruas do Teerã e Isfahan, da América e Israel como ameaças militares à República Islâmica. Os iranianos estão atemorizados, nervosos, defensivos – e, como o mapa do Oriente Médio mostra, possivelmente com boas razões. Como um velho ditado dizia, não é porque você está paranóico que isso não significa que estão atrás de você.”

FONTE: escrito por Mehdi Hasan e publicado originalmente no “Commons Dreams” e transcrito no site “Opera Mundi”. O autor é jornalista britânico, editor sênior (de Política) no seu blog “New Statesman” e editor do “Channel 4” de notícias e assuntos atuais. Transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php? ... id_secao=9). - Via Democracia e Politica




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3020 Mensagem por FoxTroop » Seg Dez 05, 2011 2:57 pm

rodrigo escreveu:No caso de se inviablizar o comércio através do golfo pérsico, o Irã deve ter um plano de transformar petróleo em comida, senão...
No dia em que o Irão tomar essa atitude (porque tem capacidade para o fazer), é porque já foi esgotado todo o capital diplomático, estão a cair bombas dentro da nação e perdido por 100, perdido por 1000. A ultima preocupação dos iranianos quando essa altura chegar (se chegar) será a da comida e o mais certo será a maioria dos países em redor do globo (esses sim) estarem a pensar como fazer a comidinha chegar aos supermercados, evitando desse modo tumultos e revoltas, visto boa parte do fluxo mundial de petróleo ter ido para os porcos.




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3021 Mensagem por FoxTroop » Seg Dez 05, 2011 3:01 pm

Hader escreveu:A foto da matéria postada pelo Rodrigo é de um material de divulgação de fabricante, nada tem com o drone abatido.

Outra coisa, o Irã está "gozando com o pau dos outros"...para usar um termo chulo e antiquado.

O Irã não tem a bomba. Israel e USA sabem disso. O alvo prioritário é a capacidade iraniana de lançar mísseis balísticos de longo alcance contra Israel e Europa. Uma vez lançado, o míssil pode até ser interceptado. Mas a questão é: quem vai impedir o Irã de jogar uma warhead com meia tonelada de material radioativo na cabeça de alguém? Este é o risco inaceitável e a razão das explosões acidentais...

[]'s
Concordo com o meu caro e penso que a guerra já começou, embora de forma não declarada. Falta saber como e quando é que o Irão irá retaliar e passar a ser uma guerra "declarada" (com tudo o que vem de arrasto)

E nesta forma de guerra não declarada, o que impedirá China e Índia de dar a mão aos iranianos de modo a continuar a garantir um fluxo vital de energéticos para as suas economias. Encurralar a China e a Índia, jogando-as para as mãos dos russos e ao mesmo tempo dar um poder desmesurado e apenas sonhado aos sauditas (actualmente já mordem a mão que os "sustenta", como será quando tiverem entronados sobre todo o Islão?) é a estratégia de Washington?!!!!!




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3022 Mensagem por Enlil » Seg Dez 05, 2011 3:10 pm

Eles pode ser o que for mas burros a tal ponto creio que não. Acho que o Irã só atacaria Israel ou a Europa se fosse atacado antes. Se o Irã atacasse primeiro seria o argumento que seus inimigos estavam esperando e uma coaliação internacional (Israel-EUA-OTAN-Árabes pró-ocidentais) varreria o país do mapa. E não tenho dúvida que os dirigentes do país sabem muito bem disso.


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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3023 Mensagem por rodrigo » Seg Dez 05, 2011 4:24 pm

FOXTROT escreveu:Parece que não foi "derrubado" Rodrigo, segundo as informações ficou em bom estado.

Saudações
Ué, mas a notícia da FARS é shoot down. E se ficou em bom estado, por que não publicar a imagem? Teria um impacto muito positivo nas afirmações do Irã.




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a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3024 Mensagem por EDSON » Seg Dez 05, 2011 4:28 pm

Os americanos confirmam o desaparecimento do de um drone na fronteira oeste do Afeganistão.




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3025 Mensagem por Clermont » Seg Dez 05, 2011 5:38 pm

A INGLATERRA FOI O PRIMEIRO GRANDE SATÃ DO IRÃ.

Por Stephen Kinzer - 3 de dezembro de 2011.

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Se há um país na terra onde o grito de "Morte à Inglaterra" ainda carrega peso - onde pessoas ainda nutrem um ódio incandescente do colonialismo britânico que, certa vez, inflamou milhões da África do Sul até a China - este país seria o Irã. E é com isto que os líderes do Irã deviam estar contando quando milicianos ululantes, sem serem contidos pela polícia, despejaram-se para dentro da Embaixada britânica em Teerã para vandalizá-la na terça-feira.

A maioria dos iranianos, como a maioria das pessoas em qualquer parte, deploraria a idéia de bandidos irrompendo dentro de uma embaixada estrangeira. Apesar disso, alguns podem ter sentido um instante de satisfação. Mesmo um ultraje como este, eles poderiam dizer, é uma brincadeira comparado com a imensidão dos tormentos que a Grã-Bretanha infligiu sobre o país deles.

Portanto, os mulás do Irã - diz-se que eles, não o presidente Mahmoud Ahmadinejad, estão por detrás do ataque - não estavam jogando ao ordená-lo, ou ao menos tolerá-lo. Eles presumivelmente compreendiam que o mundo denunciaria sua flagrante violação da lei internacional. Mas eles também sabiam que isto ressoaria com a narrativa que os iranianos tem escutado por tanto tempo sobre sua própria história.

A fagulha para a invasão da embaixada foi a imposição pela Grã-Bretanha de novas sanções econômicas contra o Irã. A pressão por tais sanções veio não tanto dos britânicos quanto dos Estados Unidos e de Israel, mas estes países não podiam ser alvos para um ataque similar pois não tem embaixadas em Teerã. Além do mais, os iranianos destes dias podem ser surpreendentemente ambíguos com os Estados Unidos; em minhas próprias visitas, com freqüência sou cercado por pessoas que competem para proclamar o amor delas pela América e cuja raiva para com Israel parece mais política do que emocional.

Estes iranianos, no entanto, sentem-se bem diferentes em relação à Grã-Bretanha.

Esta primeiramente lançou seus olhos imperiais sobre o Irã no século XIX. Seu apelo era a localização; ele era uma ponte na rota terrestre para a Índia. Uma vez estabelecidos no Irã, os britânicos rapidamente começaram a investir - ou saquear, como alguns iranianos diriam. As companhias britânicas compraram direitos exclusivos para estabelecer bancos, imprimir moeda, explorar minérios, administrar linhas de trânsito e até mesmo cultivar tabaco.

Em 1913, o governo britânico manobrou para obter um contrato sob o qual todo o petróleo iraniano tornava-se sua propriedade. Seis anos mais tarde, ele impôs um "acordo" que dava-lhe o controle do exército e tesouro do Irã. Estas ações geraram uma onda de ultraje anti-britânico que mal diminuiu.

A ocupação britânica do Irã durante a Segunda Guerra Mundial, quando ele era uma fonte crítica de petróleo e uma rota de tráfego para suprimentos que mantinham a Rússia soviética lutando, foi áspera. Fome e doenças se espalharam enquanto os britânicos requisitavam alimentos para suas tropas.

Uma das mais populares novelas iranianas, "Savushun", ambienta-se neste período. Ela fala de dois irmãos que assumem papéis que todo iraniano pode reconhecer: o mais velho é ambicioso e adula os ocupantes; o mais jovem recusa-se a vender seu grão para eles e paga um preço trágico por sua integridade.

Durante sua ocupação, os britânicos decidiram que o xá Reza Pahlavi, a quem ajudaram a colocar no poder, não era mais de confiança. Eles o depuseram e escolheram seu filho, Mohammed Reza Pahlavi, como o novo xá.

Uma vez terminada a guerra, o Irã retomou seus esforços para instalar uma democracia, sob a liderança de Mohammed Mossadegh. Ele tinha feito campanha contra o Acordo Anglo-Persa de 1919 e tinha escrito um livro denunciando os acordos de "capitulação", sob os quais os estrangeiros recebiam imunidade da lei iraniana.

Após ser eleito primeiro-ministro em 1951, Mossadegh pediu ao Parlamento que tomasse o inimaginável passo de nacionalizar a indústria do petróleo do Irã. Ela foi aceita unânimemente. Isso detonou uma confrontação histórica.

Mossadegh incorporava a emoção anti-britânica que ainda ferve na alma iraniana. O enviado especial que o presidente Harry S. Truman enviou para Teerã para buscar um compromisso na disputa do petróleo, W. Averell Harriman, relatou que os britânicos tinham "uma atitude colonial para com o Irã completamente do século XIX", mas considerava Mossadegh igualmente intransigente. Quando Harriman assegurou a Mossadegh que haviam pessoas boas na Grã-Bretanha, este deu-lhe uma clássica resposta iraniana:

"Você não sabe como eles são ardilosos," disse ele. "Você não sabe como eles são maléficos. Você não sabe como eles conspurcam qualquer coisa em que toquem."


Desesperados para recuperarem o controle do petróleo do Irã, os britânicos buscaram esmagar Mossadegh com medidas que incluíam ásperas sanções econômicas - sanções comparáveis a estas que eles agora estão impondo. Quanto isso fracassou, eles pediram ao presidente Dwight D. Eisenhower que se juntasse num complô para derrubar Mossadegh. Aquele concordou, não porque desejasse ajudar os britânicos a recuperarem o petróleo mas por que tinha sido persuadido que, de outra forma, o Irã poderia cair para o comunismo. O Irã, afinal de contas, estava no flanco sul da União Soviética, posicionando-se entre esta, os campos petrolíferos e os portos de águas quentes do Golfo Pérsico.

O golpe, executado em agosto de 1953, pôs um fim a democracia iraniana e permitiu a Mohammed Reza Pahlavi construir uma ditadura que permaneceu uma férrea aliada da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos na Guerra Fria. Mas a aliança explodiu na cara de ambos os países quando a repressão fez eclodir a revolução de 1979 que levou os mulás ao poder. Hoje, muitos iranianos que desprezam os mulás, entretanto olham para a mão da Grã-Bretanha por trás de algum complô sombrio; alguns até mesmo acusam-na de ter organizado a revolução de 1979 e impôr o aiatolá Ruhollah Khomeini.

Mais de meio século atrás, o secretário de estado Dean Acheson escreveu que Mossadegh era "inspirado por um ódio fanático aos britânicos e um desejo de expelí-los e suas obras do país independente do custo." Muitos iranianos ainda sentem a mesma coisa, enquanto seu país cai num isolamento ainda mais profundo. No Irã, as palavras "raiva" e "Grã-Bretanha" se encaixam facilmente.

A interferência de fora é um fato central da história moderna iraniana. E pela maior parte do século XX, a Grã-Bretanha foi central na maior parte dela.

Apesar de tudo isto, uma fagulha de admiração de há muito tem estado enterrada dentro da raiva dos iranianos, como estava em muitos outros lugares por todo o Império britânico. Harriman percebeu isto em suas conversas com Mossadegh. O velho gostava de contar histórias sobre seu neto favorito, e Harriman perguntou onde o menino estava estudando.

"Ora, na Inglaterra, naturalmente," foi a resposta. "Onde mais?"


_______________________________________

Stephen Kinzer é um professor visitante de relações internacionals na Universidade de Boston, um antigo correspondente do New York Times e autor de "Reset: Iran, Turkey and America's Future".




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3026 Mensagem por Brasileiro » Seg Dez 05, 2011 6:08 pm

rodrigo escreveu:
FOXTROT escreveu:Parece que não foi "derrubado" Rodrigo, segundo as informações ficou em bom estado.

Saudações
Ué, mas a notícia da FARS é shoot down. E se ficou em bom estado, por que não publicar a imagem? Teria um impacto muito positivo nas afirmações do Irã.
Não é a primeira vez que o Irã afirma ter abatido um UAV americano. Já ameaçaram mostrar, mas não mostraram. Agora parece que foi confirmado....

Seria interessante mesmo ver! :idea:


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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3027 Mensagem por Junker » Seg Dez 05, 2011 7:10 pm

:shock:
Príncipe saudita sugere opção de Riad desenvolver armas nucleares
05 de dezembro de 2011 - 18h58


O príncipe Turki al-Faisal, antigo chefe dos Serviços de Inteligência da Arábia Saudita, afirmou nesta segunda-feira que seu país deve considerar a possibilidade de desenvolver armas nucleares diante da ameaça de potências vizinhas, como Israel e Irã.

"Nós e todo o mundo fracassamos em convencer Israel de que não possuísse armas de destruição em massa e o mesmo no caso do Irã", lamentou Faisal.

Devido a este fracasso, o príncipe argumentou que é dever da Arábia Saudita com seu povo "considerar todas as opções, entre elas possuir estas armas".

Durante sua participação num congresso de segurança, Faisal afirmou ainda que "a segurança de qualquer país do Golfo Pérsico é de todos" e pediu o fomento da união dos países da Península Arábica.

Ele propôs a formação de um Conselho Consultivo regional composto por forças militares, econômicas, educacionais e industriais. Além disso, destacou que nem as riquezas nem a importância estratégica da região evitam o impacto "da instabilidade das políticas internacionais e das negociações diplomáticas".

"Temos de ser ativos e poderosos nos assuntos próprios de nossa região e não permitir que os demais nos imponham suas eleições", ressaltou o príncipe.

Neste mesmo fórum, o subsecretário de Relações Exteriores da Arábia Saudita, Turky bin Saud, lamentou que o Irã continue a se intrometer nos assuntos internos dos países do Golfo e mantenha o desenvolvimento de seu programa nuclear.

Bin Saud acusou o Irã de buscar armas atômicas que ameaçam a estabilidade regional e internacional. Ele também criticou Israel por não ter assinado o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e possuir programas nucleares fora do controle internacional.


EFE - Agência EFE




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3028 Mensagem por Túlio » Seg Dez 05, 2011 7:12 pm

Pronto: entornou o balde! :roll: :roll: :roll: :roll:




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3029 Mensagem por FoxTroop » Seg Dez 05, 2011 7:25 pm

De esperar e a referência a Israel pode sempre ser usada no duplo sentido..... Não duvido que num futuro próximo, Turquia, Arábia Saudita e Egipto se juntem a clube do nuclear, junto com o Irão.




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Re: Irã tem como se defender de Israel?

#3030 Mensagem por gaia » Seg Dez 05, 2011 8:09 pm

Actualmente a verdadeira guerra é esta : http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=523689

Os USA a defenderem com unhas e dentes o dolar , e travar o avanço Franco - Alemão , em muitos negócios !!!

É lógico que o médio oriente , é um poço de problemas , mas quem está verdadeiramente por detrás deles ?

Existe um sujeito que tem uma teoria curiosa . http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocio ... &start=125

Leiam o Jotabilo .




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