Seguindo ChávezMorales e Correa 'também querem fim de limite de reeleição', teme oposição.Opositores aos governos dos presidentes Evo Morales, da Bolívia, e Rafael Correa, do Equador, afirmam estar preocupados com a possibilidade de que os dois líderes sigam o caminho do presidente Hugo Chávez, da Venezuela, e busquem a adoção do fim do limite para a reeleição à Presidência da República em seus países.
De La Paz, na Bolívia, o deputado Ernesto Justiniano, do partido de direita Podemos, disse à BBC que a oposição está "alerta" a esta possibilidade.
"Existe uma tremenda preocupação porque o partido do presidente, o MAS, defende esta proposta", acusou.
Na quarta-feira, o jornal La Razón, de La Paz, publicou um documento atribuído ao MAS (Movimento ao Socialismo) com 334 artigos defendidos por eles para integrar a nova Constituição boliviana.
Um destes artigos refere-se à reeleição indefinida. O texto afirma que presidente e vice-presidente poderão ser reeleitos "consecutivamente pela vontade do povo", depois de cumprir o primeiro mandato de cinco anos.
"Isso é um absurdo", afirmou Justiniano.
O porta-voz da Presidência, Alex Contreras, no entanto, negou as informações, nesta quinta-feira.
Mas parlamentares do MAS, como o senador Antonio Peredo, confirmaram à imprensa boliviana a veracidade do documento, gerando ainda mais desconfianças em setores da oposição a Morales.
"Tudo que Hugo Chávez faz, Evo Morales e Rafael Correa pretendem fazer igual", afirma a analista boliviana Ximena Costa, professora de ciências políticas da Universidade Maior de San Andrés, em La Paz.
Mas para a analista, na Bolívia e no Equador existe oposição "mais forte" do que na Venezuela e dificilmente, entende, a reeleição indefinida seja adotada nestes dois países.
Na constituição boliviana em vigor, lembrou, o presidente tem cinco anos de mandato e pode voltar a se candidatar depois de um intervalo de cinco anos.
Para a analista, a tendência é que o presidente Morales se candidate para continuar no cargo, nas eleições gerais que convocou para o ano que vem, três anos antes do fim de seu mandato atual.
Na Bolívia, nesta quinta-feira, foram realizados protestos, contra a decisão de arquivar a idéia de mudar a capital de La Paz (sede da Presidência e do Congresso) para Sucre (sede da Corte Suprema de Justiça).
As manifestações foram realizadas em Sucre e houve protestos da oposição contra a base governista na assembléia constituinte, confirmando, outra vez, as dificuldades para o entendimento.
No Equador, opositores ao presidente Rafael Correa entendem que ele pretende fechar o Congresso (unicameral) e instaurar a Assembléia Nacional Constituinte, marcada para começar dia 31 de outubro, para conquistar a reeleição indefinida, como afirmou, de Quito, o deputado Carlos González, do partido opositor Esquerda Democrática.
"Correa é aluno de (Hugo) Chávez e também pretende se perpetuar no cargo", reclamou.
"Correa nunca falou que quer reeleição sem limites, mas Chávez também não falou nada disso até instaurar a assembléia nacional constituinte na Venezuela", disse.
O deputado Raul Ilaquiche, do Movimento Pachacuchi (indígena), também criticou os planos políticos atribuídos a Correa.
"Nós achamos preocupante e perigoso as suspeitas de que ele quer ficar muitos anos no cargo", afirmou. "E nossas suspeitas surgem porque ele insiste, todos os dias, que vai fechar o Congresso Nacional. Correa está aproveitando o apoio popular que tem hoje para defender medidas autoritárias como esta", acrescentou.
O governo equatoriano não confirmou a possibilidade de o presidente sugerir a eleição indeterminada, mudando a legislação atual que prevê um mandato de quatro anos, sem direito a reeleição.
Mas as insistentes declarações de Correa sobre o Congresso aumentam as desconfianças da oposição.
"A Assembléia (Constituinte) criará uma comissão que substituirá o Congresso", disse Correa, mais de uma vez.
Na sua edição de quarta-feira, em tom crítico, o jornal La Hora, de Quito, pergunta se a Assembléia Constituinte terá limites.
O texto recorda que o estatuto eleitoral, aprovado por uma consulta popular, em abril, sinaliza que a assembléia terá "plenos poderes" e não esclarece se estes poderes serão "ilimitados".
Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2007/ ... 308332.asp