knigh7 escreveu: Ter Ago 13, 2024 5:00 pm
Não sei se vc se lembra de uma apresentação reservada de um certo General Teixeira Primo, comandante de uma certa Brigada de Artilharia Antiaérea, em 2020. O EB havia solicitado RFI para 3 fabricantes que tinham sistemas que atendiam ao ROC: IAI, Rafael e Diehl.
Mas com a mudança de governo, esquece. Os 2 primeiros por restrições vindas do governo atual. A última porque eu suspeito de restrições vindas do governo alemão.
Se não der certo com os indianos, é melhor o EB postergar a decisão para o próximo governo. Senão vai vir míssil xing-ling que até os russos criticam.
Lembrar eu não lembro, mas concordo consigo que qualquer eventual recusa do Akash NG dentro do ROC da AAe, a melhor alternativa é deixar para depois, e ver o que acontece. De qualquer forma os M-200 não vão sair do papel antes de 2030.
As opções ocidentais podem até ser levadas em conta, mas concordo consigo novamente, a gestão atual dificilmente vai deixar, ou pelo menos irá procrastinar enquanto possível, qualquer coisa vinda de Israel, ainda que tenha sido aprovada, como no caso do ATMOS. E a Alemanha está de fato dando cada vez mais motivos para ser substituída na Europa como fornecedora primária de ativos militares. Franceses, italianos e ingleses agradecem. Correndo por fora, Espanha e alguns países do leste europeu. Penso que deveríamos olhar aquela região com mais atenção no que tange os projetos da Defesa.
Pessoalmente, como já disse aqui várias vezes, já temos o sistema AAe 90% pronto com insumos nacionais, o que nos falta mesmo são os mísseis e a integração com plataformas e sistemas C4ISR. Neste aspecto, como EB e FAB agora andam a falar em sistemas de longo alcance, me parece sensato olhar novamente para a família Umkhonto, da Denel, que já nos foi oferecida anos atrás enquanto parceira para desenvolvimento e co-produção local. A meu ver, se pudermos fazer com que do dinheiro do financiamento venha de alguma fonte externa ao orçamento, e seja de longo prazo, como a FINEP, e outros, temos aqui SIATT, AKAER, e mais uma ou outra empresa na BIDS com capacidade neste segmento, e não seria difícil apostar neste sistema sul africano como a melhor opção a longo prazo para nós. A última versão proposta atingia os 60 km de alcance, enquanto a básica tinha entre 20 e 40 km. De lambuja, poderíamos nos colocar novamente na fronteira do desenvolvimento com o BVR Marlin e o A-DARTER. Temos expertise e competência para isso. Basta alinhar a questão orçamentária. Até o MAR-1 poderia ser redivivo nesta parceria com os sul africanos, evitando a repetição de erros passados.
Temos tempo? Aparentemente sim, visto que o horizonte distante sul americano não inclui na agenda nenhum conflito ou questões mais sérias que mereçam soluções urgentes. E como de praxe em quase tudo que é política de Estado no país, se houver necessidade urgente, sempre podemos recorrer aos depósitos e estoques dos fornecedores tradicionais ou eventualmente de algum novo fornecedor diferente do habitual como quebra galho.
Em tempo, há hoje no país, mesmo com todos os contratempos orçamentários, uma luz no fim do túnel que releva que mesmo (re)começando agora, o desenvolvimento de uma família de mísseis como os que citei acima, ainda assim seria benéfico para nós no longo prazo. As ffaa's estão muito focadas na transferência e desenvolvimento de novas tecnologias no pais, além da pertinente e obrigatória capacitação industrial e logística da BIDS, a fim de prover o sustento necessário aos sistemas que se deseja obter e operar no futuro. Esta é apenas uma das muitas lições reaprendidas com a guerra da Ucrânia. Penso que o caminho seja esse. O problema todo é resolver ao menos em parte a questão orçamentária. Mas isso com gestão focada no que é de fato importante pode ser resolvido, principalmente se for dada a devida prioridade aos processos de PDI em todas as forças, ainda que o custo em tempo e recursos seja alto tendo em vista o resultado no longo prazo.
Por fim, a nossa demanda para manter linhas de produção ativas no país é pequena e refratária, mas há de se ver também que as ffaa's raramente utilizam seus estoques de armamento real para treinamento, o que pode ser também contornado com novas políticas de emprego, treinamento e formação, tendo em vista a manutenção de compras regulares junto à BIDS. Para isso o planejamento orçamentário tem que ser revisto, de forma a priorizar o que de fato é importante e necessário. Temos muita gordura saturada para cortar no orçamento da Defesa. É questão de coragem e iniciativa, a priori, do MD. E de vontade política, claro.
Temos apenas 6 GAAe, incluindo a única OM de selva em Manaus. Daqui a pouco teremos mais 1 ou 2 novas OM AAe a curto e médio prazo. Continua não sendo muito, mas a rigor, com 3 bia cada, são 18 lançadores por GAAe. Tirando o 12o GAAe Sl, que utiliza primariamente o RBS-70NG, todos os demais grupos poderiam ser equipados completamente com lançadores de mísseis e\ou canhões automáticos. Seriam, teoricamente, até 7 GAAe a equipar, de forma que a demanda para mísseis recomendaria a produção\aquisição de mais de uma centena de mísseis. Número mais que suficiente para sustentar e pagar o investimento feito neles. Seriam 18 a 21 baterias com, potencialmente, entre 756 a 864 unidades iniciais de produção, sem direito a reserva para estoques táticos e\ou estratégicos. Se forem anotadas estas últimas, o número passa facilmente de 3 mil unidades do míssil escolhido. Considere-se 6 mísseis por lançador, como no Akash NG.
Lembrar que cada grupo AAe, no manual, precisa necessariamente dispor de capacidade para emprego imediato de carga e 2 recargas. Este é o padrão. Qualquer exército de primeiro mundo garante isto como sendo o mínimo necessário a si para ter alguma dissuasão crível. E nós não somos diferentes de ninguém.
Idem para todos os outros sistemas citados acima. Parece muito, e realmente é diante da nossa eterna sofreguidão clássica em relação aos assuntos da Defesa Nacional. Mas, na hora da necessidade, qualquer muito sempre será pouco quando se tem a vida ou liberdade por um fio. E nós também não somos diferentes neste aspecto, mesmo crendo que sim.