Armas Nucleares - tudo sobre Nukes neste tópico

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Armas Nucleares - tudo sobre Nukes neste tópico

#1 Mensagem por joaozinho » Seg Nov 13, 2006 11:10 am

Vamos postar nesse tópico somente informações sobre as Nukes ao redor do planeta. Tamanho do arsenal atual, potência das Nukes, enfim tudo que se referir a "Arma Suprema" postem aqui.

Corrida nuclear, uma herança da Segunda Guerra Mundial

A corrida nuclear começou na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e foi alimentada pela Guerra Fria até chegar, nos anos 70, aos países em desenvolvimento.

Principais eventos da corrida nuclear:
-2/12/1942. Produzida a primeira reação em cadeia nuclear autônoma em Chicago (EUA).

-16/07/45. Primeiro teste de uma bomba nuclear a cem quilômetros de Alamogordo (Novo México, EUA).

-6-09/08/45. Os Estados Unidos lançam as primeiras bombas de fissão nuclear (atômicas) da história sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Os ataques põem fim à Segunda Guerra Mundial.

-23/09/49. A URSS realiza sua primeira explosão nuclear nas estepes do Cazaquistão.

-1/11/52. Os Estados Unidos detonam sua primeira bomba de fusão nuclear (M) em um atol do Pacífico.

-3/12/52. O Reino Unido realiza sua primeira explosão atômica nas ilhas australianas de Monte Bello.

-1957. A ONU cria a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para promover o uso pacífico da energia nuclear.

-13/02/60. A França realiza sua primeira explosão atômica no deserto do Saara.

-5/08/63. Os EUA, o Reino Unido e a URSS aprovam o Tratado de Suspensão Parcial de Testes Nucleares de superfície.

-16/10/64. A China testa sua primeira bomba atômica no polígono de experimentação nuclear de Lop Nor.

-2/1967. Um grupo de quatorze países da América Latina assina o Tratado de Tlatelolco no México, para consolidar a região como zona desnuclearizada. Entrou em vigor em 1979 e foi assinado por todos os países da região e pelas potências nucleares.

-12/06/68. Assinado o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que entra em vigor em 1970.

-25-26/05/72. A URSS e os EUA assinam o Tratado de Antimísseis Balísticos (ABM) e o Tratado Salt 1 para reduzir as armas nucleares estratégicas.

-18/05/74. A Índia efetua seu primeiro teste nuclear no centro de experimentação de Pokhram.

-18/06/79. Assinado o Tratado Salt 2.

-22/09/79. Cientistas americanos detectam uma explosão nuclear no Oceano Índico. As suspeitas recaem sobre Israel e a República Sul-Africana, mas ambos países desmentem que tenham realizado um teste atômico.

-23/03/83. O presidente americano, Ronald Reagan, anuncia os planos para iniciar o escudo espacial antimísseis (Guerra nas Estrelas).

-15/07/85. Agentes dos serviços secretos franceses afundam o navio "Rainbow Warrior", do Greenpeace, no porto neozelandês de Auckland quando os militantes protestavam contra os testes nucleares.

-27/02/86. O técnico nuclear israelense Mordechai Vanunu é condenado por revelar a um jornal britânico os segredos atômicos de seu país.

-31/07/91. George Bush e Mikhail Gorbachov assinam em Moscou o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start 1), que obrigou os dois países a se desfazer de 30% de suas armas nucleares estratégicas postadas.

-3/11/91. A URSS inicia uma moratória unilateral. França, EUA e Reino Unido aderem em 1992.

-1991. A ONU obriga o Iraque (resolução 687) a destruir seu armamento químico, biológico e nuclear.

-3/01/93. Com a assinatura, em Moscou, do Tratado Start II sobre redução de armamento nuclear estratégico culmina um longo processo, iniciado em plena Guerra Fria entre EUA e a URSS.

-1993. A AIEA começa a detectar casos de tráfico ilegal de plutônio e urânio enriquecido -1/1/93. A AIEA anuncia que o programa clandestino iraquiano de armas nucleares já está destruído ou neutralizado.

-1994. A AIEA confirma que a África do Sul destruíra todas as armas nucleares.

-20/12/94. A Coréia do Norte assina em Genebra um acordo com os EUA comprometendo-se a paralisar seu programa nuclear.

-5/09/95. A França rompe a moratória com um teste nuclear em Mururoa (Polinésia francesa). Em 1996, realiza seu último teste atômico.

-1996. As armas nucleares soviéticas de Belarus, Cazaquistão e Ucrânia são transferidas à Rússia.

-29/07/96. A China realiza seu último teste nuclear e adere à moratória.

-10/09/96. A ONU aprova o Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT).

-5/98. A Índia retoma seus testes nucleares e o Paquistão realiza suas primeiras explosões atômicas.

-13/12/01. Os EUA decidem unilateralmente sair do tratado ABM para desenvolver o programa do escudo antimísseis, três meses depois dos atentados de 11 de setembro.

-14/06/02. A Rússia abandona o tratado de desarmamento nuclear Start II.

-8/11/02. A resolução 1441 da ONU impõe ao Iraque um regime de inspeções destinado a eliminar as armas de destruição em massa que pudesse possuir.

-31/12/02. A Coréia do Norte expulsa os inspetores da AIEA e, dez dias depois, torna-se o primeiro país a abandonar o TNP.

-27/11/02-27/11/03. As inspeções realizadas no Iraque não encontram indícios de armas de destruição em massa.

-2003. O Irã se compromete a suspender o processo de urânio para uso militar.

-28/12/03. Os inspetores da AIEA visitam pela primeira vez instalações relacionadas com o programa de armas atômicas da Líbia.

-2/04. Abdul Qadeer Khan, pai da bomba atômica paquistanesa, admite que vendeu material nuclear à Líbia, ao Irã e à Coréia do Norte.

-18/09/04. O Conselho de Governadores da AIEA insta o Irã a suspender o programa de enriquecimento de urânio.

-24/09/04. A AIEA aprova uma resolução na qual exorta a Coréia do Norte a desmantelar seu programa nuclear militar.

-11/02/05. A Coréia do Norte afirma, pela primeira vez, que tem armas nucleares.

-13/04/05.- Aprovada a Convenção contra o Terrorismo Nuclear.

-2/03/06. Os EUA fazem um acordo de cooperação nuclear com a Índia que dará a Nova Délhi acesso a tecnologia atômica estrangeira pela primeira vez em trinta anos.

-9/10/06. O Centro de Dados do Tratado para a Proibição de Testes Nucleares (CTBT) confirma em Viena que seu sistema de vigilância internacional registrou uma explosão não especificada de magnitude 4 na Coréia do Norte.
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#2 Mensagem por joaozinho » Seg Nov 13, 2006 11:13 am

Quais países tem a tecnologia da bomba atômica e nunca as desenvolveram: Brasil, Argentina, Coréia do Sul, Japão, Alemanha, Taiwan, Egito? Mais algum país?




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#3 Mensagem por Nandokabala » Seg Nov 13, 2006 11:48 am

espanha ta no meio tb, que podem produzir assim como o brasil, mais não o fazem




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#4 Mensagem por joaozinho » Seg Nov 13, 2006 12:08 pm

Acho que Holanda tb, inclusive a holanda não permite as inspeções que são feitas aqui em Angra.




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#5 Mensagem por Sniper » Seg Nov 13, 2006 2:32 pm

Podería se incluir África do Sul a esse grupo... um pouco mais atrasada... :wink:

Abraços!




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#6 Mensagem por manuel.liste » Ter Nov 14, 2006 7:04 am

http://www.libertaddigital.com/noticias/noticia_1276292590.html

El primer ministro japonés atribuye a Japón el derecho a poseer armas nucleares "en un nivel mínimo" para autodefensa, alegando que "ninguna ley lo prohibe".




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#7 Mensagem por rodrigo » Ter Nov 14, 2006 11:19 am

Podería se incluir África do Sul a esse grupo... um pouco mais atrasada
Mais atrasada no tópico ou no desenvolvimento da arma atômica? Os sul-africanos já fizeram testes a céu aberto, em conjunto com os israelenses. Abriram mão da produção e do estoque de armas atômicas, mas já atingiram 100% do desenvolvimento.




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#8 Mensagem por Rui Elias Maltez » Ter Nov 14, 2006 12:27 pm

Ou seja:

Têm a tecnologia, mas não têm a arma.

No caso concreto da África do Sul, a coisa tinha o fundamento, no tempo do Apartheid de esse país estar rodeado pelo que se chamava até aos anos 80, de países da "linha da frente", ou seja, Moçambique, Angola, Botswana, Zambia e Zimbabwe (após a queda do regime segregacionista do Ian Smith), e numa linha mais recuada, a Tanzânia que até aos anos 80 era uma potência regional.

Com o fim do apartheid, e a integração plena da África do Sul na comunidade africana, deixou de ser necessário possuir um arsenal nuclear dissuasor.




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#9 Mensagem por rodrigo » Ter Nov 14, 2006 2:58 pm





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#10 Mensagem por joaozinho » Sáb Nov 18, 2006 1:19 pm

Publicação: 09-11-2006 21:07 | Última actualização: 09-11-2006 23:29

AP

Novo míssil pode transportar seis ogivas

França testa novo míssil


O M51 tem um alcance de seis mil quilómetros, mais 50% do que o atual.

A França testou hoje uma nova geração de mísseis balísticos intercontinentais. O M51 tem um alcance de seis mil quilómetros, mais 50% do que o actual. O novo míssil tem também maior capacidade de carga, podendo transportar seis ogivas.

O teste foi feito na base de Biscarrosse, a cerca de 70 quilómetros de Bordéus.

O Ministério da Defesa francês não forneceu informações sobre os resultados do teste. O M51 deverá começar a ser usado em 2010, para lançamento a partir de submarinos.







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#11 Mensagem por joaozinho » Sáb Nov 18, 2006 1:29 pm

A Geopolítica da Bomba
Há 433 reatores nucleares em operação, em 32 países (1999).

Desde os anos 50 que as Nações Unidas tentam impedir a expansão das armas nucleares. A primeira tentativa em impedir testes nucleares foi proposta pela Índia em 1954. Em 31.10.1958 União Soviética, Reino Unido abriram uma conferência de desarmamento em Genebra.

A China dispõe do quarto arsenal nuclear do mundo e é a única potência que ainda realiza testes nucleares atmosféricos e subterrâneos.

Desde 1992 voluntariamente, Estados Unidos, Rússia, Reino Unido e França aceitaram parar seus testes. Embora, de setembro 1995 a janeiro de 1996 a França tenha realizado testes em Mururoa.

O esfacelamento da URSS em 15 repúblicas fez com que repúblicas autônomas pensem em se separar da Federação Russa, como é o caso da Tchétchenya. Surgiu com isto um mercado de material nuclear movimentado por traficantes e militares mal pagos. Há a possibilidade de que parte do arsenal bélico da URSS esteja nas mãos de grupos fundamentalistas de profissão islâmica, tais como a resistência que luta pela separação da Tchétchenya, o Taleban do Afeganistão e o grupo Al Qaeda de Osama bin Laden.

Visto que os materiais nucleares sofrem decomposição, as armas defasadas têm de ser substituídas por outras novas. A indústria não pára. A possibilidade de um conflito nuclear é remoto, se não se levar em consideração a insanidade de quem pode iniciá-lo.

Potência nuclear que nunca realizou teste: Israel, ultimamente tem empregado vários cientistas de origem russa e calcula-se que tenha um arsenal de 300 artefatos nucleares. Países que mantêm programas secretos: Irã, Iraque, Coréia do Norte, Líbia.

Países que congelaram seus programas nucleares: África do Sul, Argélia, Argentina, Brasil, Belarus, Casaquistão, Ucrânia. Depois dos atos terroristas nos EUA, o governo de George W. Bush anunciou que retomará os testes nucleares subterrâneos, suspensos desde o governo de seu pai e mantida moratória pela administração Clinton.

Durante a ofensiva norte-americana no Afeganistão (2001/2002), os EUA contavam com 550 mísseis nucleares intercontinentais baseados em terra, 432 mísseis intercontinentais lançados de 18 submarinos nucleares, 208 bombardeiros de longo alcance (modelos B-2, B-1, B-52), 55 submarinos de ataque (SSN) e 18 submarinos armados com mísseis balísticos (SSBN), gastos realizados com defesa da ordem de US$ 291, 2 bilhões, 3,1% do PIB (1999).

Solicitado no orçamento de 2003 US$ 379 bilhões para as Forças Armadas, 18% do PIB (2003).




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#12 Mensagem por joaozinho » Sáb Nov 18, 2006 1:37 pm

Israel e o Templo do Deserto

Das coisas que mais me chamaram atenção quando estive em Israel no ano 2000 foi o número excessivo de soldados com suas armas cruzadas nas costas e telefones celulares em uso constante. Ao comparar a terra brasileira e a terra israelense me perguntei -é por isto que lutam? O governo investe 50% do orçamento na Força de Defesa de Israel (צבא הגנה לישראל Tsva Haganah Le-Israel, abreviado צה"ל Tsahal), as benfeitorias que vi pelo país, como praças, escolas são normalmente construídas com doações de judeus que vivem nos EUA ou Europa. Um colega sueco que viajou comigo para o Golfo de Áqaba me disse que os ônibus não tem horário publicados para evitar atentados. A sociedade israelense não aprendeu o que era reciclagem, o lixo era visto em toda parte.

Ficou na memória uma realidade chocante, que gostaria de rever(ter). No dia, em que pelo menos, se tenha as mesmas condições que havia antes de setembro de 2000.

Se fizer uma busca no site do governo do Estado de Israel verá que nada sobre "nuclear" ou "Dimona" é encontrado. Pois eles não existem oficialmente, embora qualquer criança israelense saiba o contrário. Embora seja o segredo mais mal guardado que se conheça na área nuclear Israel não confirma nem desmente, e encontrou uma expressão para isto, "ambigüidade (amimut) nuclear". Em julho de 2004 o diretor El Baradei visitou Israel para tratar deste segredo, mas não a visitou. Como visitar algo que não existe! A partir de então o Mossad se encarregou de escrever uma página na internet para falar das pesquisas nucleares de Israel.

A pesquisa nuclear em Israel começou praticamente com a fundação do Estado. Em 1949 foi criado o Instituto de Ciências Weizmann. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a equipe multinacional que trabalhou em Los Alamos começou a transferir conhecimento e técnica para seus países de origem.

Shimon Peres tem muito a contar em sua biografia sobre o que fez desde então neste assunto. Para não mais serem dizimados por um novo holocausto, "levados como cordeiros ao abate", Israel começou a procurar por urânio em 1949 no deserto do Negev. Encontraram alguma coisa perto de Beersheba e Sidon. A Comissão Israelense de Energia Atômica foi criada secretamente em 1952 e ligada ao Ministério da Defesa e seu primeiro presidente (Ernst David Bergmann) era a favor do domínio bélico na área nuclear. Devido a laços de amizade entre um destacado cientista francês (Frances Perrin) e Bergmann, França e Israel se associaram no desenvolvimento de técnicas nucleares. Depois da Guerra a pesquisa nuclear na França caiu bastante para quem ocupava posição de liderança e agora estava atrás até do Canadá.

No início dos anos 50 Israel e França passaram compartilhar conhecimentos e Israel cooperou na construção de um reator a água pesada de 40 MWt e numa usina de reprocessamento em Marcoule. Os israelenses compravam armamento francês e trocavam informações de inteligência sobre as colônias do Mahgreb passadas por judeus sefarditas.

Em 1954 foi celebrado Israel e EUA assinam acordo de cooperação. Um reator de pesquisa foi adquirido dos EUA e foi criticalizado em 1960 em Nahal Soreq. Não era um reator para produção de plutônio.

No segundo semestre de 1956 a França concordou em fornecer um reator de pesquisa de 18 MWt, mas a crise do Canal de Suez impediu o prosseguimento do acordo. Com o fechamento da passagem de Suez pelo Egito em julho daquele ano, outro acordo foi feito. O Reino Unido e França, que eram os prejudicados, pediram a Israel para atacar o Egito e assim ter um pretexto para enviar suas tropas para cessar fogo e impor a paz e abrir o canal. Israel foi à luta para ajudar os franceses contra o Egito. De um lado veio o ataque israelense e do outro, franceses e ingleses. Quando a URSS e EUA apareceram com um ultimato, os franceses e ingleses se retiraram, deixando os israelenses na mão. Israel teve de retroceder com a ameaça soviética de se tornar alvo de mísseis nucleares.

Pela vergonha a que foram submetidos, em agradecimento, um acordo secreto foi assinado com a França para cooperação nuclear, os israelenses não queriam um reator de pesquisa. Depois de muitas reuniões, o reator de 18 MWt subiu para 24 MWt com sistema de resfriamento do reator com capacidade para o triplo desta potência e uma usina de reprocessamento de combustível.

Conta-se que o primeiro ministro francês, Guy de Mollet, foi ouvido dizer que a França devia uma bomba nuclear à Israel. Em 03.10.1957 assinaram o acordo para um reator de pesquisa de 24 MWt, cujo sistema de resfriamento e sistema de rejeitos poderia suportar o triplo desta potência e uma fábrica de reprocessamento químico da empresa St. Gobain Techniques. Todos os membros da Comissão Israelense de Energia Atômica entregaram os cargos em 1957 para marcar sua posição contra o emprego militar daquele reator.

A relação era incestuosa: França e Israel trocavam o que os EUA lhes oferecia, sem que este soubesse. Computadores de alta capacidade eram entregues em Israel e desviados para a França. Água pesada era fornecida para os franceses, que a mandavam para Israel.

A fábrica foi concluída pelos franceses por volta de 1960. O acordo era secreto, sem o conhecimento da AIEA. Foi criado um Bureau de Relações Científicas-Leshkat Kesher Madai (LEKEM) para cuidar da segurança e inteligência. No auge da obra trabalharam 1.500 israelenses e franceses. Para despistar a alfândega francesa, os componentes pesados da usina eram despachados como partes de uma usina de dessalinização na América Latina. A água pesada, a França comprou 20 t da Noruega com a garantia de não vendê-la a outro país. A Força Aérea francesa levou 4 t de água pesada para Israel.

Se o acordo fosse descoberto a desculpa seria montar uma usina de dessalinização para irrigar o deserto com a reserva de uma usina fornecedora de energia.

Em maio de 1960 a França caiu em si e começou a pressionar Israel para tornar público o projeto e receber inspeções internacionais, senão não receberiam combustível para o reator. De Gaulle temia ver a França envolvida num escândalo quanto a cessão de uma fábrica de reprocessamento num momento em que estava tendo problemas na colônia ultramarina muçulmana da Argélia. De Gaulle e ben Gurion se encontraram e a proposta francesa foi trocar aviões de caça ou compensação financeira pela fábrica de reprocessamento. Parece que Israel tinha topado a troca, só que meses depois Israel pediu o cumprimento do acordo prévio e em troca Israel terminaria sozinho o projeto, tornaria público as instalações e declararia não ter interesse em desenvolver armas nucleares. Os franceses entregaram o que faltava e o reator de Dimona foi criticalizado em 1964.

O embaixador norte-americano Barbour parece ter contribuído em isolar a Casa Branca do que se passava lá. Durante os primeiros anos de sua missão seu objetivo era não incomodar o presidente com problemas. Na Guerra dos Seis Dias, Israel já devia contar com 2 bombas, na primeira delas, escrito: "Nunca Mais".

Em 1968 a CIA já sabia que Israel tinha galgado o acesso a bombas nucleares. Naquele ano, 200 t de minério desapareceram de um navio que vinha do Congo belga no Mar Mediterrâneo e foram desviados para Israel. The New York Times noticiou em 1965 o desaparecimento de 200 kg (382 libras) de urânio enriquecido de uma fábrica (Nuclear Materials and Equipment Corporation) em Apollo, Pensilvânia, que crê-se tenham sido levados para Israel, embora relatórios sugiram que foram recuperados quando a instalação foi desativada. Foram dados como perdido nos dutos da fábrica, o suficiente para 14 bombas. Se Israel desviou para si esta quantidade de urânio, isto explica porque a usina de reprocessamento de plutônio não foi construída até 1965.

Na Guerra do Yom Kippur Israel já deveria ter 13 bombas de 20 kilotons. O uso numa destas circunstâncias faz lembrar um dos primeiros planos de bomba nuclear para Israel que tinha o nome de Shimshon (Sansão) -"Deixe-me morrer com os filisteus".

Israel passou a procurar veículos para fazer entrega nuclear em domicílio. Suas ogivas eram para ser montadas em mísseis Jericho, Lance e Harpoon; as bombas podiam ser despejadas de caças Phantom F-4E, Kfir-C2, F-lS ou mesmo de Skyhawks A-4. Israel tentou comprar mísseis Pershing dos EUA em 1975, mas tirou o pedido quando Washington começou a questionar o motivo do interesse. Se Israel abrisse claramente para falar que tem capacidade nuclear nos tempos da Guerra Fria, muito possivelmente a União Soviética teria começado a armar os árabes. É um jogo estranho porque os soviéticos o sabiam, mas como dar armas ou meios para que eles próprios desenvolvessem uma resposta ao arsenal nuclear israelense?

O primeiro ministro Eshkol em 1966, o presidente Katzir em 1974 e o primeiro ministro Rabin em 1975 disseram que Israel não seria o primeiro a introduzir armas nucleares no Oriente Médio. Apenas um jogo de palavras para deixar interlocutores na dúvida.




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#13 Mensagem por joaozinho » Sáb Nov 18, 2006 1:44 pm

Centro de Pesquisa Nuclear do Negev-Kirya le-Mehekar Gariny (KAMAG)

O reator de pesquisa a água pesada instalado em Dimona, no deserto do Negev, só foi descoberto pelos norte-americanos em 1960, a partir de fotos obtidas em 1958 com a ajuda dos aviões U-2 (interpretaram como fábrica de tecidos, estação de pesquisa metalúrgica ou de agricultura) . Em 1961 John Kennedy quis saber o que se passava em Dimona e uma equipe de inspeção norte-americana foi enviada até lá e o acesso aos seis andares subterrâneos onde o plutônio era separado foi escondido com uma parede de tijolos e painéis falsos foram instalados na sala de controle. Sabendo em que dia e hora os inspetores viriam tudo era modificado. O relatório da última visita (1969) não dizia nada, não havia sinal de uso civil ou militar num local com um reator daquele tamanho. Foi apenas uma visita de cavalheiros e não uma inspeção de técnicos.


Ulysses Staebler, diretor da Divisão de Desenvolvimento de Reatores da AEC e Jesse Croach, especialista em água pesada da DuPont, operadora da usina de Savannah River, chegaram em Israel em 17.05.1961 e no sábado 20.05.1961, visitaram Dimona acompanhados pelo Professor Ephraim Katzir-Katachalsky e o diretor de Dimona Manes Pratt.

Em 1986 o técnico nuclear Mordechai Vanunu forneceu ao Sunday Times de Londres descrições e fotos da Central Nuclear de Dimona e que foram publicadas em 05.10.1986. Cumpriu pena de 18 anos, sendo 11 1/2 anos numa solitária. Com o fim de sua pena de traição o futuro de Vanunu ainda é uma dúvida. A postura do Estado de Israel é mantê-lo isolado, calado e sob controle, sem passaporte para deixar o país e proibido de ser entrevistado pela imprensa local. A revelação de Vanunu ao invés de provocar uma grita no Ocidente e exigir o desarmamento de Israel, fez as potências ocidentais trabalharem com dois pesos e duas medidas. Atualmente, o programa nuclear israelense é visto como um ponto de equilíbrio que faz os inimigos do Estado de Israel pensarem antes de um ataque final e combinado.
Vanunu, trabalhou nove anos como técnico no Centro de Pesquisa Nuclear de Dimona, nunca viu a reportagem de 3 páginas, porque 5 dias antes já havia sido seqüestrado em Roma, atraído por uma espiã israelense do Mossad (Ha-Mossad le-Modiin ule-Tafkidim Meyuhadim Instituto de Inteligência e Operações Especiais , המוסד למודיעין ולתפקידים מיוחדים) e embarcado, drogado, num navio de carga para Israel. Vanunu saiu da prisão de Schikma em 21.04.2004. Com mais de 40 anos de operação sem inspeções regulares pode-se esperar o pior quanto ao estado de Dimona. O silêncio do Conselho de Segurança da ONU, que tem poder para submeter o país à uma inspeção da AIEA é absurdo.
Dimona é composta de 9 unidades, em hebraico, machons (fábrica). Aproximadamente 2.700 pessoas trabalham em Dimona e na fábrica de reprocessamento. O reator passou a funcionar em 1963-64 com 26 MWt, sendo que seu sistema de resfriamento suporta 3 vezes mais aquela potência (70 MWt) sem sobrecarga. Por volta dos anos 70 a marca de 70 MW foi atingida e mais tarde 100-150 MWt para aumentar a produçaõ de plutônio. A produção de plutônio aumentou de 7-8 kg por ano para 40 kg/ano, o que equivale a armar de 5 a 10 ogivas nucleares. Portanto, Israel deve ter um conjunto de 100 a 200 mísseis com ogivas nucleares. Além de bombas com lítio 6.

Machon 1 - Prédio em forma de cúpula prateada com 20 m de diâmetro, onde está situado o reator. As varetas com pastilhas de urânio são irradiadas por alguns meses e depois transferidas desta unidade para o reprocessamento. A água pesada é usada como moderador e é resfriada por água comum através de um trocador de calor. Os relatórios anuais que apontam produção de até 60 kg de plutônio indicam que a potência do reator foi aumentada para 120-150 MW. A água pesada pode ser produzida no reator por irradiação de alvos de lítio 6 situados dentro do vaso do reator.

Machon 2- Dos 2.700 funcionários, somente 150 tem permissão de acesso ao Machon 2, que distribui-se por 6 andares subterrâneos. Ali, se processa a remoção de plutônio das varetas com o combustível irradiado. Uma média de 1,2 kg de plutônio puro é obtido por semana, suficiente para 4-12 armas nucleares por ano. Machon 3 - Processamento de urânio natural para o reator e conversão de lítio 6 para uso em armamentos. Machon 4 - Tratamento de rejeitos e estocagem de rejeitos de alto nível de radiação. Lixo de baixo nível é misturado com betume e colocado em cilindros que são enterrados em local próximo. Em 1953 era usado para extração de urânio do minério extraído no deserto e produção de água pesada.
Machon 5 - O urânio do Machon 3 é colocado em varetas e mandado para o reator.
Machon 6 - Prédio auxiliar que produz eletricidade, vapor e gases. Mantem os sistemas dos geradores de emergência.

Machon 7 - Desconhecido ou sem utilização.

Machon 8 - Laboratório para testar a pureza das amostras do Machon 2 e conduzir experimentos em novos processos. Uma unidade secreta (840) tem enriquecido urânio através de centrifugação gasosa em escala de produção desde 1979-80.


Machon 9 - Unidade de separação isotópica a laser usada para enriquecimento.

Machon 10 - Urânio empobrecido para outros usos e exportação para a Suiça.

Há ainda outras ramos de apoio a Dimona, a Companhia Negev Phosphates Chemicals criada em 1952 em Mishor Rotem para mineração de cobre, ferro, manganês, fosfatos e urânio. A companhia detem 3 minas, Zin, Oron e Ara, de onde extrai urânio de fosfato. O Centro de Pesquisa Nuclear de Nahal Soreq, próximo de Yavne, a oeste de Beersheba, tem um reator de pesquisa do tipo piscina de 15-MWt em 1955 com apoio dos EUA. O centro começou a funcionar em 1958 e destina-se a pesquisa e desenvolvimento de armas nucleares.

Durante a Guerra do Golfo (1991) a região foi protegida dos mísseis Scuds iraquianos por baterias de mísseis Hawk e Patriot. Mísseis norte-americanos Harpoon foram modificados para receber ogivas nucleares e serem lançados de submarinos alemães da classe Delphi, doados por Helmut Kohl durante a Guerra do Golfo em 1991, com o objetivo de dar defesa à Israel, caso fosse atacado pelo Iraque. O conjunto submarinos-mísseis poderão ser usados para atacar sítios nucleares no Irã.

Israel roubou imagens de satélite para atacar o reator iraquiano Tammuz-1, em Osiraq em 07.06.1981. O ataque foi feito com 8 F-16s acompanhados por 6 F-15s que despejaram 16 de bombas de 1 t no prédio do reator. Esta foi a primeira vez que um reator nuclear foi atacado.

Não se tem notícia concreta sobre testes nucleares realizados por Israel. Um teste nuclear francês no Sahara em 1960 contava com tantos cientistas israelenses que um perito disse que aquilo foi a explosão de duas bombas em uma, tal o grau de colaboração. Relatórios inconsistentes falam de um teste subterrâneo no Negev em 1963. Israel conseguiu urânio enriquecido várias vezes na clandestinidade. Aparentemente Israel pode ter realizado um teste em cooperação com a África do Sul no Oceano Índico em 22.07.1979 e realizado outro teste na Antártica ou na ilha Prince Edward em 1989.




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#14 Mensagem por joaozinho » Sáb Nov 18, 2006 1:57 pm

Programa Nuclear Paralelo
"Programa Autônomo de Tecnologia Nuclear"

As explosões realizadas pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial chamaram a atenção dos militares e cientistas brasileiros. (Projeto Manhattan)

A primeira tentativa brasileira de enriquecer urânio ocorreu em 1953, quando o almirante Álvaro Alberto, então presidente do CNPq, ao tomar conhecimento sobre a tecnologia de separação isotópica por ultracentrifugação, desenvolvida pelos alemães, adquiriu naquele país quatro máquinas. O problema é que a Alemanha, ao perder a guerra, ficou sob o domínio dos EUA, que vetaram o despacho das ultracentrífugas para o Brasil.

O Brasil assinou um tratado de cooperação com os Estados Unidos em 1955 e os equipamentos acabaram sendo entregues em 1956, após negociações conduzidas pelo almirante Otacílio Cunha, então presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Uma CPI federal em 1956 sobre a política nuclear brasileira declarava "Entendemos que se torna imprescindível estabelecer o quanto antes um programa completo e integrado no setor da energia atômica em nosso país, abrangendo desde a pesquisa e prospecção do minério, industrialização dos produtos da lavra, criação do corpo técnico capaz, até a instalação e operação de reatores atômicos industriais."

As ultracentrífugas foram instaladas no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, onde serviram para o professor Ivo Jordan, à frente de um grupo de pesquisadores, realizar estudos referentes à eficiência da tecnologia, tema de sua tese de doutorado.

Naquele momento, se pretendia apenas treinar pessoal para uma possível experiência futura. Feitas de alumínio, as máquinas apresentavam vários problemas técnicos, entre os quais o de contaminação do urânio com o óleo lubrificante. Num determinado momento esse trabalho foi encerrado e as centrífugas acabaram sendo enclausuradas num prédio do IPT.

No início de 1960, o Brasil buscou acordo com a França para fornecimento de um reator de potência usando urânio natural, mas as negociações foram abandonadas em 1964 e só em 1971 o Brasil vislumbrou o projeto duma primeira usina nuclear, Angra I.

Em 1974, FURNAS, operadora da usina nuclear, negociou a compra de suprimento de urânio e o negócio foi rejeitado pelo governo americano, que só o faria se o Brasil assinasse o Tratado de Não-Proliferação. O dinheiro da compra do urânio foi devolvido e o governo não assinou o TNP.

Houve nova tentativa de se importar centrífugas da Alemanha, mais uma vez frustrada pela intervenção dos EUA, que classificou a tecnologia como estratégica, pois poderia ser utilizada na confecção de bombas atômicas.

Num beco sem saída com os americanos, fomos atrás da França e da Alemanha para um projeto sem precedentes.

Novas Pressões Americanas
As pressões dos norte-americanos aconteciam através do Senado dos EUA e até mesmo durante a campanha presidencial do candidato Jimmy Carter. O Brasil havia rompido negociações com os EUA meses antes do Acordo com a Alemanha, em razão das empresas americanas não poderem legalmente realizar as seguintes transações:

produção/participação de material nuclear fora dos EUA;
construção de instalação para o processamento de elementos irradiados ou para a produção de água pesada;
construção de instalação ou fornecimento de peças para a separação isotópica;
prestar auxílio aos estrangeiros na compra, projeto ou instalações para o enriquecimento de urânio e processamento de material irradiado.
No início de 1977, o governo Carter ameaçou colocar em prática um "programa de estágios repressivos" caso os parceiros do Acordo não aceitassem as condições norte-americanas constituídas do seguinte elenco de possíveis propostas, algumas mutuamente exclusivas:

participação norte-americana no Acordo e no processo de transferência de tecnologia do enriquecimento e reprocessamento de urânio;
usina de reprocessamento construída num país neutro, do continente latino americano, e submetida ao controle internacional;
se a usina fosse construída no Brasil teria que ser submetida aos controles complementares do sistema da Agência Internacional de Energia Atômica;
propunham a formação de um cartel internacional de empresas construtoras e vendedoras de tecnologia nuclear, proporcionando uma margem de lucro ao setor, de forma que pudesse dispensar os acordos de exportação desta tecnologia aos países em desenvolvimento.
O programa de represálias constituía-se de:

levantar pesadas barreiras alfandegárias contra produtos alemães e brasileiros no mercado interno norte-americano;
bloquear a exportação de produtos dos quais havia dependência no Brasil e na Alemanha;
bloquear o acesso do Brasil aos mercados financeiros;
embargar o fornecimento de urânio enriquecido e em forma natural que já tinha sido contratado com a Alemanha;
ameaçar a retirada das "tropas de proteção" norte-americanas sediadas em solo alemão.
Ich Liebe Deutschland
Os alemães tinham perdido a concorrência para a primeira usina brasileira e já estavam presentes na Argentina, com Atucha I e a Siemens estava estabelecida aqui. Além do mais, o Parlamento da Alemanha impôs uma moratória à energia nuclear por quatro anos à indústria nuclear daquele país. A união com o Brasil a salvaria da falência.

Em 1974, a CNEN, o CTA e a UNICAMP, deram início ao "Programa de Separação Isotópica de Urânio por Laser", Sepisla. O IPEN que já vinha há muitos anos desenvolvendo o "Projeto de Conversão de Urânio" (PROCON), de desenvolvimento de tecnologias do ciclo do combustível nuclear, particularmente a de produção do gás hexafluoreto de urânio, são fundidos.

Em 1974, o Governo Geisel transformou e ampliou a CBTN, Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear em NUCLEBRÁS S.A., Empresas Nucleares Brasileiras S.A.

Veio o Acordo Brasil-Alemanha, em 1975, comprando 8 usinas nucleares com transferência da tecnologia do ciclo de combustível e uma usina de reprocessamento de combustível, debaixo de salvaguardas da AIEA.

O acordo propiciaria um poderoso incremento às Forças Armadas de desenvolverem suas pesquisas bélicas, como suspeitava a comunidade internacional. Os EUA protestou abertamente contra a Alemanha e o Brasil em termos de preocupação com a proliferação de armas nucleares, dada a transferência de instalações de enriquecimento e reprocessamento de combustíveis.

Em março de 1977, o Brasil rompeu acordo de cooperação com os Estados Unidos, por diferenças políticas na área social e a questão nuclear também não ficava atrás. Na mesma semana em que se comunicou a quebra do acordo, o diplomata Warren Christopher esteve na Alemanha para barrar o acordo nuclear com o Brasil.

Foi achada uma solução maquiavélica. O âmago do acordo era, obviamente, o enriquecimento do urânio, desejado pelos brasileiros. Como a Alemanha, Holanda e Inglaterra eram co-proprietárias da tecnologia de enriquecimento do urânio, através do consórcio URENCO, alegaram que os outros participantes não concordavam com a transferência do processo de ultracentrifugação.

Como alternativa para o Brasil restou ficar com o de jato centrífugo, tecnologia engavetada então há mais de vinte anos e, por natureza, ineficiente.

Nesta mesma época, abril de 1978, os EUA mudaram o tom e engoliram o Acordo Brasil-Alemanha. Com o tempo, a diplomacia americana começou a entender que não devia se desgastar nem com o Brasil e nem com a Alemanha, o próprio acordo já era o suficiente irreal e absurdo para que não desse certo e deixou os dois em paz, até que o tratado fosse vencido por sua impraticabilidade técnica e comercial.

A partir de 1978, o oficial da Marinha Othon Luiz Pinheiro da Silva, "que acabara de chegar de um programa de pós-graduação na área nuclear tinha noção clara da importância da tecnologia de enriquecimento isotópico de urânio por ultracentrifugação, frente às tecnologias de difusão gasosa e jet-nozzle (jato centrífugo)".

A Marinha, que tinha interesse na propulsão nuclear, se associou ao programa que era conduzido pelo IPEN, CNEN, CTA e UNICAMP.

Em 1979, houve a implantação do Complexo de Aramar, com o pseudônimo de "Estação de Ensaios de Equipamentos a Vapor" dispondo de farta alocação de recursos financeiros, através de contas "deltas" (conta secreta na filial de Luxemburgo do Banco di Roma, com um saldo de US$ 700 milhões, e outra no Banco do Brasil) e aproveitamento de recursos humanos e tecnológicos (IPEN-SP).

As antigas centrífugas foram transferidas para o IPEN, sendo remontadas duas delas, por volta de 1980. Permaneceram no estudo das centrífugas o IPEN e a Marinha, por meio da recém criada Coordenadoria de Projetos Especiais, COPESP.

Em 1982, o IPEN passou a ser gerenciado pela CNEN, na época presidida pelo professor Rex Nazareth, e com mais recursos pôde se concentrar mais fortemente nas atividades do ciclo do combustível, inclusive na área de enriquecimento isotópico de urânio.

No final de 1982, a parceria IPEN e COPESP registrou a primeira experiência de enriquecimento isotópico de urânio com centrífugas construídas totalmente no Brasil e, desde então, houve uma sucessão de progressos nesse setor. A Marinha iniciou em novembro de 1995 uma campanha para retirar o "paralelo" do nome do seu programa nuclear e busca verbas. O projeto que foi iniciado para dotar a esquadra de um submarino nuclear, agora surge como uma opção tecnológica para o país.

Uma manifestação visível da campanha foi a visita de jornalistas às instalações do CTMSP (Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo), na Cidade Universitária, em São Paulo, e no Centro Experimental de Aramar. Em 2 de fevereiro de 1996, o ministro almirante Mauro Pereira anunciou que a Marinha tinha suspendido o projeto, de codinome "Chalana", de construção de um submarino com propulsão nuclear após 17 anos no Complexo de Aramar e no Centro Tecnológico da Marinha, na USP. Para terminá-lo faltavam entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões. O protótipo do reator estaria pronto entre 2002 e 2003, o que possibilitaria o lançamento do submarino em 2007. O próprio submarino ainda demandaria mais US$ 1 bilhão. Com investimentos anuais de US$ 50 milhões, o prazo inicial, se tornou inviável. "Talvez o meu tataraneto veja o submarino nuclear", disse o ministro.

Todavia, a empreitada de civis e militares brasileiros parece ter contado com a ajuda duma raposa estrangeira, como fizeram os vizinhos argentinos. Em 1989, o almirante Othon Pinheiro da Silva, diretor do Centro Experimental de Aramar, em Iperó-SP, previa o início da produção de urânio enriquecido a 20%, "em escala comercial", a partir de 1990 na "Unidade de Enriquecimento Isotópico Almirante Álvaro Alberto". O programa nuclear da Marinha passou a ser o fornecedor de tecnologia para a fábrica de elementos combustível nuclear em Resende (RJ), para a produção do combustível nuclear das usinas Angra I e Angra II. Haviam cerca de 800 centrífugas disponíveis na Marinha, que quer instalar mais 4.000. Para abastecer os reatores de Angra, mais de 35.000 centrífugas serão necessárias.

O grupo da UNICAMP, voltou-se para outra área e o CTA priorizou o seu envolvimento nos trabalhos de enriquecimento isotópico por laser. A Aeronáutica, por sua vez, construiu a partir de 1981 na Serra do Cachimbo-PA, covas e cisternas de até 320 m de profundidade, com 1 a 3 m de largura revestido de aço e concreto, para testes nucleares e depósito de rejeitos radioativos, no chamado "Projeto Solimões". O campo de provas, na época, era subordinado ao Centro Tecnológico da Aeronáutica. Em 17 de setembro de 1990, Fernando Collor fechou a área de teste com cimento e uma semana depois anunciou nas Nações Unidas que o Brasil rejeitava a idéia de qualquer teste que implicasse em explosões nucleares, mesmo que para fins pacíficos. (20 anos depois...)

O Exército escolheu os reatores produtores de plutônio. Outras reportagens apareceram em 1997, revelando que o Exército tentou reiniciar a construção de um reator experimental de plutônio na Barra de Guaratiba-RJ, conhecido como Projeto Atlântico, demonstrando autonomia dos militares neste assunto.

Acordos Variados
Preocupado com nosso virtual inimigo e vizinha Argentina, que poderia mal entender nossa conquista, o Presidente José Sarney comunicou em 2 de setembro de 1986 o domínio da tecnologia de enriquecimento, num feito puramente brasileiro, ao Presidente Raul Alfonsin. Em 4 de setembro informou a nação em cadeia de rádio e televisão a conquista feita pelo "Programa Autônomo de Tecnologia Nuclear", da Comissão Nacional de Energia Nuclear, antes só uma forte suspeita e agora confirmada pela máxima autoridade do país. Enriqueceram urânio a 1,2%, nível insuficiente para qualquer uso prático.

Às vésperas da promulgação da Constituição de 1988, que limitaria o desenvolvimento da atividade nuclear à prévia autorização do Congresso Nacional, a NUCLEBRÁS foi extinta e os até então clandestinos são oficializados e trazidos ao conhecimento da sociedade brasileira através do Decreto-lei 2.464 de 31 de agosto de 1988.

Só com o fim dos governos militares na Argentina e Brasil é que foi possível desfazer a desconfiança mútua que vinha desde a década de 50 e a rivalidade, que nos anos 80, dava a Argentina um salto de 5 anos a frente do Brasil na área nuclear. Brasil e Argentina começam a discutir em 26.02.96 os detalhes finais de um acordo de cooperação nuclear. O ministro da Defesa da Argentina, Oscar Camillion, vai a Brasília para examinar com autoridades brasileiras a forma final do documento a ser assinado ainda em 1996.

O principal interesse da Secretaria de Assuntos Estratégicos neste acordo é na área de geração de energia nuclear. O Palácio do Planalto acha que a Argentina está mais avançada do que o Brasil no desenvolvimento da tecnologia de geração. A busca de um acordo com a Argentina coincidiu com projeto de reiniciar a montagem da usina nuclear Angra II.

A operação de Angra II, juntamente com Angra I, acarretará uma demanda de combustível nuclear, o que justificaria a existência de pequenas instalações produtoras para as diversas etapas do ciclo do combustível. Um dos sinais disso é uma emenda que poderia aumentar em cerca de US$ 30 milhões a verba para investimento no programa em 96, de iniciativa do deputado Paulo Heslander (PTB-MG). O programa da Marinha já gastou cerca de US$ 670 milhões e precisaria da mesma quantia para, em oito anos, terminar o reator que servirá ao submarino.

Em setembro de 1994 o Brasil firmou acordo nuclear com a Rússia no campo da ajuda mútua em caso de acidente nuclear. O Brasil tinha a oferecer a experiência com o césio, em Goiânia.

O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, José Mauro Esteves dos Santos, defende que a cooperação inclua a pesquisa militar para fins pacíficos. Mauro dos Santos, subordinado ao ministro-chefe da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), embaixador Ronaldo Sardenberg, fez uma viagem no início de abril de 1995, para conhecer instalações de pesquisa nuclear russas. A viagem causou inquietação no Departamento de Estado dos EUA. A informação dos norte-americanos era de que militares brasileiros estavam visitando instalações nucleares da Rússia.

O embaixador do Brasil nos EUA, Paulo Tarso Flecha de Lima, foi chamado a dar explicações sobre o assunto no Departamento de Estado. As explicações do embaixador tranqüilizaram o governo dos EUA.

O Brasil foi convidado pelo Ministério de Energia Atômica da Rússia, em 18.05.2001, a participar de um grupo de cooperação tecnológica que vai criar um novo tipo de reator nuclear, que promete ser barato, seguro, não deixar resíduos tóxicos e que não poderá ser usado na fabricação de armas nucleares. O ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, que recebeu os representantes do ministério russo, disse que o Brasil está interessado no projeto, que poderá garantir "uma energia mais segura, mais moderna e mais avançada em todo o mundo". Sardenberg acrescentou que os recursos utilizados no projeto virão do próprio ministério e da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Em janeiro de 1996, Fernando Henrique Cardoso foi à Índia estabelecer acordos de cooperação nuclear.

Em sinal do comportamento brasileiro na não-proliferação de armas nucleares em mais de 20 anos, em 1° de março de 1996, Estados Unidos e Brasil rubricaram um novo acordo de cooperação (dois tratados bilaterais de cooperação nuclear e espacial). Estão previstos o desenvolvimento e uso conjunto de reatores, salvaguardas de materiais e componentes nucleares e intercâmbio de técnicas de proteção contra a radiação, permitindo acesso do Brasil a combustível para Angra I. Enquanto não havia acordo, quando se precisou de nova carga de combustível para Angra, FURNAS o negociou com a Siemens e este mesmo combustível apresentou problema de fabricação quando a usina estava funcionando. Após aprovação do Legislativo dos países, o acordo foi assinado em 14.10.1997, pela secretária de Estado Madeleine Albright e o chanceler Luís Felipe Lampréia em Brasília.

É verdade que para um país como o Brasil de tantos desempregados, descamisados, analfabetos, doentes de malária e tuberculose ter 4 programas nucleares é demais até para a China. Além disso, temos uma Comissão Nacional que não apenas regula e fiscaliza, como também fomenta energia nuclear no Brasil, este hibridismo todo não pode ser mais absurdo quando a CNEN teve que construir um depósito para rejeitos e ela própria se dar a licença para isto.

A China aproveitou a visita da missão brasileira em maio de 2004 para tocar no assunto da energia nuclear porque tem, desde 1982, “acordo guarda-chuva” com o Brasil sobre ciência e tecnologia. O governo chinês quer comprar urânio natural, que vale cerca de 50 vezes menos do que o urânio enriquecido. Em contrapartida, através da NUCLEP, o Brasil participaria na construção de 11 usinas nucleares.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que, em 90 dias, seja apresentado um relatório, a partir de análises detalhadas envolvendo diversos ministérios, com propostas para salvar o programa nuclear brasileiro. Em agosto, uma missão chinesa chega ao Brasil para tratar de vários aspectos de cooperação entre os países, especialmente a parceria aeroespacial, e a construção das usinas voltará a ser discutida. Há três comissões no Congresso Nacional estudando o assunto. Para avançar no programa, podem ser necessários até US$ 3 bilhões, incluindo a conclusão de Angra III e a construção de um submarino. Se a decisão brasileira for deslanchar o programa, a China pode ser um desses parceiros (ou outros países que respeitem os acordos nucleares internacionais).

MENSAGEM DO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA
POR OCASIÃO DA VISITA AO PROJETO ARAMAR
DA MARINHA DO BRASIL



Aproveito a oportunidade da visita dos Ministros da Defesa e da Ciência e Tecnologia para enviar algumas palavras a todos que trabalham no Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo. Por meio do programa Nuclear da Marinha, o Brasil está hoje inserido no seletíssimo grupo de países que dominam as etapas do Ciclo do Combustível Nuclear, em particular a etapa de enriquecimento, que é aquela que representa o maior desafio tecnológico, assim como o maior valor agregado.

Além disso, encontra-se em implantação o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (LABGENE) que demonstrará a plena capacitação do Brasil no projeto e construção de reatores nucleares para aplicações em geração elétrica e propulsão naval.

Simultaneamente à consecução destas duas significativas realizações, o Programa Nuclear da Marinha se destaca como impulsionador de significativos efeitos de irradiação tecnológica do setor produtivo nacional, incluindo a disseminação dos conhecimentos, técnicas e equipamentos desenvolvidos e uma deliberada abertura do Programa a outras atividades não estritamente nucleares.

O desenvolvimento da ciência e tecnologia para qual a criatividade e a inovação têm que estar necessariamente presentes, suportam-se em três premissas fundamentais:

- a primeira delas se deve à existência do cérebro humano e ao incentivo à sua potencialidade;

- a segunda pode ser localizada na mobilização das pessoas e instituições em torno de objetivos, de bandeiras, de metas geradoras de benefício estratégico ou social;

- a terceira refere-se ao esforço nacional, canalizando recursos adequados para a área científica e tecnológica;

O Programa Nuclear da Marinha, com a perseverança que caracteriza os fortes, tem conseguido levar à prática essas três premissas. Reafirmo aqui o apoio do meu governo ao pleno desenvolvimento do Programa Nuclear. Parabéns à Marinha e a todos os brasileiros que tem sabido mostrar seu valor.




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#15 Mensagem por joaozinho » Sáb Nov 18, 2006 2:09 pm

Corrida Armamentista: Ação e Reação
Em 1949, os soviéticos fizeram explodir sua primeira bomba atômica. A explosão mais poderosa, ocorreu em Novaya Zemlya em 30.10.1961, quando a União Soviética testou uma bomba monstro com capacidade equivalente a 50 megatons de TNT. Esta explosão apenas teve mais poder destrutivo que todas as bombas e explosivos usados na Segunda Guerra, incluindo as três explosões nucleares de julho e agosto de 1945. A suspeita e a desconfiança se aprofundaram entre o Leste e o Oeste e a corrida armamentista começou com verdadeiro fervor. A resposta dos EUA à bomba soviética foi o desenvolvimento duma arma muitíssimo mais potente, a bomba de hidrogênio. A primeira delas, testada (em 1952), era cerca de 1.000 vezes mais potente do que as bombas atômicas iniciais. Decorridos apenas nove meses, os soviéticos desenvolveram com êxito sua própria bomba de hidrogênio.

Na corrida pelo desenvolvimento de armas nucleares, o ex-governo soviético construiu uma usina de plutônio nos montes Urais. Do início da construção em 1948 até 1951, os resíduos radioativos da usina foram simplesmente despejados nos rios da localidade, cuja água era usada também na agricultura e para abastecimento. Depois, em 1957, alguns resíduos nucleares explodiram ali, liberando enormes quantidades de material radioativo na atmosfera da Terra. Outro incidente ocorreu em 1967, quando um lago das redondezas, que havia sido usado como depósito nuclear, secou. Os ventos arrastaram os resíduos radioativos por uma enorme área. Os cientistas crêem que a contaminação radioativa dos três incidentes atingiu umas 450.000 pessoas.

Em seguida veio o ICBM (míssil balístico intercontinental). A União Soviética foi a primeira nisto, em 1957. A partir daí, um ataque nuclear poderia ser efetivado em questão de minutos, em vez de horas. Os Estados Unidos apressaram-se em igualar tal feito, e, já no ano seguinte, tinham acrescentado o ICBM ao seu arsenal.

No ínterim, outros países desenvolveram e testaram suas próprias bombas atômicas. Um após outro, o Reino Unido, a França, e outras nações se tornaram potências nucleares.

A síndrome de ‘a cada ação corresponde uma reação contrária’ prosseguiu sem cessar na década de 60. Tanto os Estados Unidos como a União Soviética experimentaram mísseis antibalísticos. Ambos aprenderam a lançar mísseis de submarinos. Ambos desenvolveram ogivas múltiplas.

A corrida avançou na década de 70, com o desenvolvimento significativo do MIRV (veículo múltiplo de reentrada com alvos independentes). Um míssil poderia então transportar muitas ogivas, cada uma das quais podendo ser dirigida para um alvo distinto. Por exemplo, o míssil americano, MX, ou "Peacekeeper" ("Pacificador"), tem dez de tais ogivas, o mesmo número do SS-18 soviético. Cada míssil, portanto, pode destruir dez cidades.

Os mísseis estavam tornando-se mais precisos, também, e isto, junto com o desenvolvimento dos MIRVs, resultou em renovados temores. Em vez de estarem mirados contra cidades, os MIRVs poderiam visar, e repetidas vezes visavam mesmo, as bases de mísseis e as instalações militares oponentes. Alguns especularam então que talvez pudesse haver vencedores numa guerra nuclear. Potente ataque inicial talvez eliminasse a capacidade ou a vontade de contra-atacar do adversário.

Ambos os lados sentiram-se compelidos a rebater tal ameaça por garantir sua capacidade de retaliação, mesmo se o outro tivesse êxito em atingi-lo primeiro, num ataque de surpresa. Sem a capacidade de revide, arrazoavam, pouco se poderia fazer para impedir a agressão inimiga; deveras, a agressão poderia provar-se irresistivelmente tentadora. Assim, produziram-se mais armas.

Adentrados na década de 80, a corrida armamentista prosseguiu em vertiginosa velocidade. Somou-se à galeria de armas a bomba de nêutrons — pequena bomba de hidrogênio que visa matar pessoas pela radiação, mas deixando intactos os prédios e os veículos. Outra é o míssil Cruise — capaz de romper pelo ar, pouco acima das árvores (e fora do alcance dos radares inimigos) para lançar um preciso ataque nuclear sobre um alvo situado a 2.400 km de distância. A última adição, popularmente chamada de Guerra nas Estrelas, inclui o espaço no campo de batalha.




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