Sim, peças mais leves, mais carga útil... Depois de escrever verifiquei que podia ter duplo sentido...LeandroGCard escreveu:Só um esclarecimento para os futuros engenheiros, na verdade a carga aplicada a um componente mecânico ou estrutural de um sistema não se altera com o desenho interno da peça (pelo princípio de Saint Venant) ou o material de que é feita (pelo equilíbrio de esforços). O que acontece é que a peça pode ter seu peso reduzido, o que para aviões faz bastante diferença. Acho que foi isso que você quis dizer. Mas também acho muito difícil crer que a Embraer iria lançar um programa deste porte se algum detalhe importante ainda estivesse na dependência de uma parceria que pode não acontecer.
As tecnologias são repassadas à Aeronáutica (CTA) que então as repassa para as empresas constantes do consórcio. Essa foi a forma escolhida. Cabe à FAB responder isso. Durante as negociações, a Embraer foi muito clara em reafirmar seu papel de cabeça do programa, o que explica, em parte, a nota do senhor Jairo Cândido em outro fórum. Se o avião sueco fosse o escolhido seria DELE o controle do F-X2. Quanto ao custo, para a Embraer será zero. Mais baixo que isso, impossível. Ao contrário do que vc colocou, nenhuma empresa que detém o processo aceitou REPASSAR a tecnologia de fabricação de caixões de asas em compostos. Aceitam projetá-los e fabricá-los para fornecer à empresa brasileira.LeandroGCard escreveu:Não duvido disso, mas eu examinei item por ítem a lista divulgada aqui mensmo no DB (que provavelmente não é a real, mas deve ter muito em comum) e a maioria dos ítens ou a Embraer já domina, ou está disponível no mercado para quem quiser comprar. Apenas uns poucos ítens de aplicação bem específica (como análise de escoamento supersônico, que não tem hoje aplicação em aeronaves civis) eram de competência esclusiva da Dassault e outros fabricantes de caças. O que coloco em questão é: O governo vai pagar para a Embraer obter estas tecnologias sem ter que desembolsar por isso (o que obviamente é de grande interesse dela, mas na maioria dos casos ela não teria dificuldade em pagar ela própria se e quando precisasse, e provavelmente um preço menor), enquanto existem outros programas que também necessitam de verbas. Porquê?
O modelo russo tem vantagens e desvantagens. A principal desvantagem, segundo o governo russo, é a pequena flexibilidade de se introduzir modificações nas linhas de montagem. Quando é um bureau PHoda, como o Sukhoi, a coisa anda bem. Quando pega um bureau trancado, como o Ilyushin, há problemas. A Rússia perdeu uma encomenda de 100 Il76 da FedEx porque o bureau recusou-se a estudar a retirada da torre de 23mm e a bolar um nariz sem a posição de navegador, que é ótima para lançamento de cargas em regiões sem apoio, mas totalmente descartável em operações civis.LeandroGCard escreveu:Este é um problema ainda existente, o CTA não possui capacidade de estudar ou mesmo gerenciar a industrialização de produtos, apenas de fazer a pesquisa inicial, e ao tentar passar isso para a iniciativa privada descobre que ela não está preparada para isso (enfrento o mesmo problema praticamente todo dia). Não seria o caso do próprio CTA ou de outro instituto mais específico criado para este fim (talvez subordinado diretamente ao MD ao até ao ministério da indústria e comércio) adquirir esta capacidade, de levar o programa até o estágio de protótipos funcionais, e ainda ajudar na montagem da linha de produção (como faziam os OKB da antiga URSS)? As empresas privadas ficariam responsáveis apenas pela produção em si.
Acho que a FAB aprendeu isso, porque será ela a gerenciar o ToT.LeandroGCard escreveu:Sem dúvida, e uma parte muito importante do gerenciamento é justamente dizer onde pode-se e deve-se partir para ToT's e onde não vale a pena ou não adianta. Outro ponto, como deixar o gerenciamento de ToT`s na mão de indústrias locais, se a maioria não tem tradição desenvolver produtos nem interesse em aprender? Assim no máximo teremos linhas de produção burras, incapazes de gerar algo novo depois. Então ToT pra quê? E para tirar o gerenciamento da mão delas, quem assume? Institutos de pesquisa que também não entendem do desenvolvimento de produtos? Falta um elo na cadeia.
Os chineses provam que o ToT por meio de compras de direitos de fabricação pode servir de base para a geração de tecnologia própria. O segredo está em saber onde se quer chegar, comprar certo e usar os recursos de pesquisa de forma inteligente. No Brasil, em alguns casos, a FAB mantém programas nacionais inviáveis para manter ex-colegas empregados (vc sabe ao que me refiro), sem levar em conta a competência e a capacidade da empresa e a viabilidade do produto.LeandroGCard escreveu:Novamente, sempre que for possível. Se você precisa da roda e ninguém quer desenvolver uma junto com você, restam duas escolhas: Comprar de prateleira ou reinventá-la. Em alguns casos é melhor comprar logo pronto, e em outros não dá pra fugir da reinvenção, dependendo da disponibilidade e da prioridade. É um preço que sempre teremos que pagar por não podermos acompanhar todos os desenvolvimentos desde o princípio. Na verdade em muitos casos a possibilidade de parceria só se abrirá depois que começarmos a reinventar.
Pepê