SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

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ademir
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#46 Mensagem por ademir » Sáb Fev 03, 2007 4:21 pm

o topico caiu no esquecimento, então achei alguns textos para reanimar.
bem, por precausão postarei com um certo intervalo de tempo, vamos la (se o DB dar pau por causa disso, não foi por querer :lol: )

Gennadii Shutz
Memórias de um artilheiro antiaéreo russo

Eu tinha 17 anos em junho de 1941. No dia 18, tínhamos tido nossa cerimônia de formatura, e no dia 22 um jogo de futebol entre nosso distrito, em cujo time eu jogava, e o distrito vizinho. Estávamos perdendo. Então meu irmão veio correndo e grita: "Genka, a guerra começou!". Eu disse: "Que guerra? Você não está vendo que estamos perdendo!" E depois naquela noite no clube, onde víamos um filme, inesperadamente a tela foi recolhida e uma plataforma puxada para frente. Um trabalhador qualquer do comitê do distrito falou para nós com um discurso de que a guerra tinha começado e pediu que todos os membros do KOMSOMOL se apresentassem ao comitê distrital do Partido. Fomos para lá durante a noite. Preenchi um formulário e pedi para ser enviado para a frente como um voluntário, mas como eu tinha nascido em '24, [classe] que ainda não devia ser recrutada, eles me enviaram para colher feno para o exército ao invés de ir para a frente. Me colocaram na chefia de 13 garotas, que não podiam fazer quase nada - de forma que corria de uma para outra: "Genka, conserte a foice!" Genka, minha foice está presa em um monte de terra! Genka, afie minha foice!" Estava exausto com elas.

Naquele mesmo verão, me matriculei no Instituto Ferroviário de Tomsk. Eu estudei apenas um mês no instituto e então eles nos enviaram para casa. Em janeiro de 1942, quando tinha feito 18, fui recrutado. Eles enviaram todo nosso grupo de recrutas para Moscou, onde fomos colocados em um tipo de campo de seleção, que ficava em Izmailovo. Quando nosso grupo chegou, um sargento-mór se aproximou de mim e perguntou: "Quantas séries você concluiu?" Eu disse: "10". Ele: "Você sabe trigonometria?" "Sim". "Quer se tornar um artilheiro antiaéreo?" Eu disse: "Com prazer!" E assim, em 10 de abril de 1942, fui colocado em uma bateria de artilharia antiaérea de pequeno calibre. Disseram que nos treinariam até agosto. No começo de junho recebemos nossos canhões antiaéreos - canhões de 37 mm modelo 1939, com uma cadência de fogo de 160 tiros por minuto. Mas na verdade, depois de 75-100 disparos eles aqueciam tanto que emperravam.

O comandante da bateria designou nossos deveres e me tornei um telemetrista. Na verdade, a percepção estereoscópica, isto é a habilidade de diferenciar distâncias para objetos e determinar sua distância relativa, é muito subjetiva. O teste era extremamente simples: o comandante apontava para uma árvore e um mastro, que estavam a cerca de 800 metros de nós, e perguntava qual estava mais distante. Por eu ter respondido corretamente, me tornei o telemetrista. Naquele momento, nossa bateria era composta de quatro canhões, que eram colocados como se fossem os vértices de um quadrado com lados de 100-150 metros. O posto de comando ficava localizado no centro do quadrado e consistia de trincheiras individuais para o observador, o telemetrista e o comandante. O comandante da bateria e os canhões estavam ligados por comunicações por telefone. Na verdade, durante o combate, não havia possibilidade de dar comandos de voz por causa do ruído das salvas, foi por isso que desenvolvemos um sistema de sinais pré-fixado.

A bateria funcionava da seguinte forma. O observador, equipado com binóculos, depois de ter localizado aviões inimigos se aproximando, determinava seu número. Numa situação ideal isso era possível de ser feito a cinco quilômetros de distância. Eu, o telemetrista, determinava a distância para o alvo e continuamente informava o comandante a respeito de mudanças. Por sua vez, o comandante designava os alvos entre os canhões e escolhia o momento de disparar e o tipo de fogo - tiros simples, rajadas curtas ou longas. Rajadas longas eram usadas contra alvos voando baixo. Disparávamos usando granadas de alto-explosivo comuns. Naturalmente, também recebíamos granadas perfurantes, mas elas eram raramente usadas e somente para disparar contra alvos em terra. Uma tripulação de canhão era composta de 8 homens - chefe de peça; dois artilheiros, números 1 e 2; telemetrista [número 3]; observador para direção e velocidade do vôo do alvo; municiador e dois serventes municiadores (se o fogo fosse conduzido em rajadas longas, então um homem só não era capaz de manter o ritmo, os carregadores desapareciam como se fossem para um moedor de carne). O número 1 apontava o canhão na vertical até que a linha horizontal no colimador ficasse por cima do alvo, o número 2 na horizontal, até que a linha horizontal do colimador ficasse por cima do alvo, o número 3 regulava a distância e velocidade do alvo, que eram comunicadas pelo comandante da bateria, o observador, girando a manivela, tentava adivinhar a direção do avião, o chefe de peça, depois de ter determinado que o alvo tinha sido enquadrado, reportava-se ao posto de comando e, sob as ordens do comandante da bateria, o número 2 abria fogo. Contudo, artilheiros experimentados normalmente apontavam usando granadas traçadoras. Esta habilidade foi desenvolvida durante os constantes exercícios entre os ataques aéreos ou durante serviço de sentinela (um canhão estava sempre de sentinela na bateria).

Assim, voltando para 1942, nós nem tivemos tempo de terminar de dominar os canhões, quando uma ordem chegou a respeito de nossa transferência para a frente. No começo de julho, nosso 241º Regimento de Artilharia Antiaérea, composto de 4 baterias e 2 companhias de metralhadoras, armadas com DshK´s, foi transferido para a frente de Voronezh. Estávamos estudando os canhões mesmo nos vagões ferroviários e uma vez, durante uma seção de treinamento, os artilheiros dispararam um tiro que quase matou nosso comandante de bateria - a granada passou por cima da cabeça dele. Na estação de Serebriannye Prudy fomos bombardeados pela primeira vez. Dei um pulo de ponta cabeça nos arbustos mais próximos e fiquei ali tremendo de medo até que os aviões partiram. E já na estação de Anna recebemos nosso verdadeiro batismo de fogo.

Até o final do verão, continuamos retrocedendo com as forças de terra até que a frente se estabilizou no rio Don, em cujas margens ficamos estacionados até o começo da contra-ofensiva. Era um tempo difícil. A munição era escassa. Éramos mal alimentados - para a primeira e segunda refeição, uma sopa rala ou mingau de grãos de trigo integral, ou ervilhas cozinhas na hora em óleo de algodão usbesque, que parecia ferrugem. Uma vez não tivemos até mesmo sal - isto foi uma verdadeira tortura. Fomos alimentados dessa forma por cerca de um mês.

Este foi o último ano em que os alemães tentaram combater de acordo com um programa. Eles quase nunca bombardeavam a noite, mas os raids de sua aviação começavam na manhã. O calor era escaldante - oito e meia da manhã, calor, fedor, o primeiro grupo de bombardeiros vinha. Eles nos bombardeavam e à infantaria. Em 30-40 minutos, é o segundo grupo. Depois o terceiro ataque de bombardeio, se eles tivessem feitos ataques bem sucedidos, todos estaríamos enegrecidos de fuligem e poeira.

Depois de um desses ataques, o komsorg (organizador do KOMSOMOL, trad.) do regimento foi ferido e o departamento político me nomeou komsorg interino. Sempre que tinha um minuto livre, eu visitava nossas baterias, falava a respeito da situação na frente e acerca das ações de nossos aliados. Os homens eram na sua maior parte analfabetos - toda nossa bateria só tinha dois homens com educação secundária, e o resto ou sete anos ou quatro séries. Naturalmente você tinha que falar com eles. Afinal das contas, os alemães também faziam sua própria propaganda - jogavam folhetos. Me lembro bem de alguns deles. O primeiro, este folheto de duas páginas no formato A4, em papel rascunho. Havia um círculo cortado na primeira página, de forma que as armas nacionais soviéticas podiam ser vistas na terceira página. Quando você o abria, havia uma legenda abaixo das armas nacionais: "martelo na esquerda, foice na direita, estas são nossas armas nacionais soviéticas. Colha se você quiser ou martele se você quiser, mas você ainda conseguirá" e três pontos (para qualquer pessoa que fale russo, a rima óbvia é uma palavra vulgar para o órgão sexual masculino, que neste caso significaria "você não conseguirá nada" - trad.). Isso era uma baixaria, naturalmente. Aparentemente os alemães estavam informados que tínhamos falta de papel e que não tínhamos mesmo nada com que enrolar um cigarro, de forma que o segundo folheto foi especificamente impresso em papel de cigarro, na esperança que os soldados o usassem para cigarros e os lessem ao mesmo tempo. Ele dizia: "somente Timoshenko com Yids os heróis querem a guerra. Você bate em retirada somente porque Stalin matou os 130 mil melhores comandantes e oficiais políticos". Ou havia um folheto mostrando como viviam bem alguns Ivanov, Petrov ou Sidorov que tinham se rendido. Eles eram mostrados sentados ali, tocando uma sanfona, sorrindo. Tinha que explicar que tudo aquilo era mentira.

Quando a ofensiva de Estalingrado começou, tínhamos chegado nas vilas cossacas de Kantimirovka e Buturlinovka. Durante a ofensiva, nossa vida também não era muito doce - nosso canhões eram puxados por jipes Willys que conseguiam lidar bem com o terreno plano. Mas quando dirigindo morro abaixo, um canhão com cunhetes de granadas carregados nele tentava empurrar o carro para fora da estrada. Somente em 1944 recebemos Dodges de 3/4 e então Chevrolets de dois eixos e "Studbaker US 6x6", que normalmente puxavam dois canhões. Mas lá no início somente o Willys podia nos levar.

Depois do fim da batalha de Estalingrado, fui enviado para uma escola de artilharia em Tomsk e então para Irkutsk, onde eu terminei o curso. Já no final de 1943, me achei em Leningrado. Uma pequena locomotiva a vapor "ovechka" ("carneiro" em russo, vem do nome da locomotiva - "OV" - trad.) de antes da revolução nos trouxe, tendo voado a toda velocidade pelo corredor da brecha aberta entre Volkhov e Leningrado em '43. Do ponto de transferência fui enviado para a 32ª Divisão, onde fui encarregado de um pelotão (2 canhões). Naquele tempo aconteceu um acréscimo nas unidades de artilharia e nossa 32ª Divisão de Artilharia Antiaérea RGK (RGK - reserva do comando em chefe - trad.) tinha 4 regimentos, destes, 3 regimentos (1.387º, 1.393º e o nosso, 1.413º) eram MZA (artilharia antiaérea de pequeno calibre) e um, o 1.387º Regimento era SZA (artilharia antiaérea de médio calibre), armado com canhões de 85 mm. A reorganização também envolveu as baterias - elas agora continham 6 peças de artilharia. Os canhões numa posição eram agora arranjados em um hexágono, com a distância entre eles sendo de 150-200 metros. Isto de acordo com o manual, mas numa situação de combate as vezes usávamos arranjos diferentes, por exemplo em linha, quando guardando colunas.

Atacamos no mês de janeiro. Liberamos Gatchina e quase alcançamos Pskov. Durante a ofensiva, o regimento cobriu a 46ª Divisão de Fuzileiros de Luga. Já em Pskov, fui nomeado comandante de bateria. Me lembro do dia da nomeação muito bem. Foi no começo de fevereiro. Tinha acabado de chegar na 4ª Bateria, que tinha sido colocada sob meu comando e fui encontrar o pessoal. Naquele tempo a bateria, com os serviços auxiliares, consistia de 84 homens. Somando-se a isso, os comandantes de pelotões eram todos tenentes, enquanto eu era um 2º tenente (sic). Basicamente, fui recebido com desconfiança. E então um ataque aconteceu: 30-35 Ju-87. Todo mundo estava me olhando para ver como iria comandar. Você pergunta se eu poderia me restringir em abrir fogo? Eu podia, mas isso era considerado como covardia entre os artilheiros antiaéreos. Tínhamos uma lei - enquanto um ataque estivesse acontecendo, ninguém, dos serventes de munição até o comandante de bateria, podia se abaixar. Você tinha que continuar cumprindo seus deveres. A coisa principal era não perder a calma. Afinal de contas, havia alguns que colocavam suas cabeças debaixo do reparo do canhão por medo. Assim, passamos por aquele batismo de fogo com sucesso. Não abatemos nada, mas espalhamos os aviões, eles não voltaram para uma segunda tentativa e nós salvamos o ponto de cruzamento. Isto era uma contribuição. Também, ninguém foi morto.

No todo, do começo de 1944 até maio de 1945, minha bateria abateu 13 aviões e pela performance estávamos em um dos primeiros lugares na divisão. Não parece muito, certo? Mas qual era nossa tarefa? Era não deixar o inimigo bombardear apontando para um objetivo que estivéssemos guardando. Claro, era ótimo abater um avião, mas isso não era a coisa principal, a coisa principal era que a infantaria, tanques, ou um ponto de cruzamento que estivessem cobertos por nós não fossem danificados em um ataque. Em Estalingrado nosso regimento abateu 100 aviões em 2 meses. Mas estes eram Ju-52, que abasteciam o 6º Exército cercado, era fácil abate-los. Mas abater um Ju-87 - isso era muito difícil. Ele era o mais pérfido e perigoso bombardeiro de mergulho que os alemães tinham. Apesar de não ser muito rápido, seu ataque era muito preciso. Era essa a razão por que o atacávamos no momento em que ele subia antes de um mergulho. Era apavorante para o piloto, ele vê que está sendo alvejado. De qualquer forma vai jogar a bomba, mas para faze-lo errar, soltar a bomba mais cedo ou muito tarde - esta era nossa tarefa. Mas quando víamos que tínhamos abatido um avião, imediatamente mandávamos um mecânico em um "Willys" para o local da queda, para pegar a placa de fabricação como prova material. Também era útil conseguir a confirmação do destacamento que estava sendo guardado. Naturalmente, acontecia de o avião cair em território inimigo, então ele só era contado se uma confirmação fosse dada. Dessa forma, para os cinco primeiros aviões eu recebi a Ordem da Estrela Vermelha, para os cinco seguintes - a Ordem da Guerra Patriótica, 2ª Classe. Também fui condecorado com as medalhas "Pela Defesa de Leningrado", "Pela Captura de Berlim" e "Pela Vitória contra a Alemanha".

De Pskov fomos transferidos para Vyborg. De novo, rompemos pelas defesas inimigas e avançamos por uma centena de quilômetros sem um problema, pensamos que poderíamos continuar, mas não - defronte a Vyborg encontramos uma forte resistência e paramos, enquanto todo o exército continuou a se mover por sua própria inércia e um acúmulo de pessoas e veículos ocorreu na rodovia de Primorskoye. Dispersei a bateria por pelotões ao longo da coluna por quase dois quilômetros. Os alemães não nos fizeram esperar. Durante o ataque, fragmentos de bombas feriram praticamente toda uma guarnição de um dos canhões. Então o chefe da peça Ermeneyev, ele próprio ferido, substituiu um artilheiro e com outro cara abateu três aviões se recuperando de um mergulho e espalhou os outros, pelo que ele foi condecorado e se tornou um Herói da União Soviética. Esta foi a história oficial. Mas, não-oficialmente, ele tinha sido ferido, mas era um ferimento leve e ele não abateu os três aviões - nos atribuímo-los a ele. Os outros também estavam atirando e os aviões caíram além da linha de frente. Mas ainda assim foi um feito heróico - ele não deixou-os bombardear a coluna, de outra forma teria sido uma bagunça.

Nos o recomendamos para uma medalha, mas não a Herói, pois para a Herói você tinha que escrever uma recomendação separada. Em 1944 tinha se decidido comemorar o dia da Artilharia no aniversário da contra-ofensiva de Estalingrado, 19 de novembro. Aparentemente, havia uma ordem de Stalin para recomendar um ou dois homens de cada tipo de unidade de artilharia para receber a Herói da União Soviética. No outono, fui chamado ao QG do regimento e me pediram para escrever uma recomendação para Ermeneyev. E assim minha bateria veio a ter um Herói.

Ali, em Vyborg, também tivemos um incidente desagradável. Durante a ofensiva me tornei amigo de um major, comandante do serviço de VNOS (Reconhecimento aéreo, alarme e comunicação). Somente garotas serviam ali e ele estava no comando delas. E assim, eles tinham um balão, como uma salsicha, no qual este major subia até uns 800 metros com um rádio para fazer observações para artiharia. E uma vez vimos um "messer" (Messerchimitt - trad.) indo até o balão a uma altitude extremamente baixa. Abrimos fogo, de forma que ele não pode passar e incendiar a "salsicha". Deve ser dito que era muito difícil atirar contra um alvo voando baixo e rápido, tudo depende do trabalho coordenado dos artilheiros, que intuitivamente escolhem o momento de disparar. E de repente vi uma das nossas granadas furar o balão. Ele explode em chamas e começa a cair. O cara que estava nele conseguiu se safar e abrir o pára-quedas quando estava bem próximo ao chão. "Bem", eu pensei, "é isso - corte marcial". E ai o comandante do nosso regimento vem em um "Willys" - um homem desagradável. Ele diz: "escreva uma recomendação, o comandante viu você abater um 'messer'". Eu digo: "que 'messer'? Eu abati nossa 'salsicha'!" Mas ele força sua própria opinião. Penso que ele queria ganhar sua própria condecoração. Mando o Willys para ver se o major estava vivo. Eles voltam com ele. Graças a Deus ele está vivo! Mas esta muito machucado - braças arranhados, abrasões no rosto. Então ele começa a me xingar! Digo: "bem, você mesmo viu - estávamos enxotando o 'messer'." Bebemos um copo de álcool com ele, fazemos as pazes e, depois, enquanto a ofensiva continuava, nos encontramos mais uma vez. Naturalmente, qualquer coisa podia acontecer na guerra. Uma outra vez atiramos contra um dos nossos caças. Foi bom que não o abatemos. Naturalmente, tínhamos um sistema de identificação, YaSS (Sou um Avião Nosso), mas era bem primitivo - vários tipos de rolagem de asas durante o dia e uma combinação de luzes de navegação a noite. Os sinais eram mudados todos os dias, o que complicava severamente o meu trabalho como comandante de bateria.

Então avançamos para o ocidente ao longo da baia de Riga. Uma vez estávamos sentados na praia, jogando cartas com algumas garotas. Então o sentinela gritou: "alvo aquático!" Olhei e vi três lanchas-torpedeiras alemães aproximando-se da praia. Ordenei um alerta e começamos a deixar que elas chegassem mais próximo, mas a 800 metros elas abriram fogo. Vi uma explosão, outra e respondemos com todos os seis canhões. Basicamente, as expulsamos e fomos terminar o jogo. Logo libertamos a cidade de Tartu. Era uma noite quente de verão quando entramos naquela cidade e tive a impressão que a guerra tinha passado ao largo dela - nenhum tiro podia ser ouvido, vestígios de combates estavam ausentes das ruas. Paramos e decidi ir pegar algumas framboesas que cresciam em um jardim em frente a uma casa. Pegando as grandes, saborosas framboesas, afastei alguns arbustos e vi uma mulher morta caída no chão. Este contraste entre a beleza e o silêncio de um lado e a morte do outro ficou impresso em minha memória para o resto de minha vida.

Cruzamos a fronteira com a Alemanha na região do rio Netze em Kostschin (Kostrzyn). Estávamos dirigindo a noite sobre o sítio das batalhas de ontem. Soldados exaustos dormiam atrás no caminhão. De repente vi um arco de madeira compensada sobre a estrada e um sinal nele em grandes letras pretas. O li e minha pele ficou toda arrepiada: "aqui está - a criminosa Alemanha". Reuni meus comandantes de pelotão. Os soldados foram acordados. Aqui, disse, estamos entrando no covil da besta fascista. Na manhã o comandante do regimento chegou. Tínhamos nos preparado de forma que um sentinela olhava tanto para o céu como para a estrada, esperando superiores. Se ele visse um "Willys" de um comandante ele também iria ordenar "Alerta!", da mesma forma que durante um ataque aéreo. O comandante pergunta: "O que você deu de alimentação para seus soldados hoje?" "Bem, mingau, como sempre" - respondo. "Sargento-mór, venha aqui. O que você deu para alimentação dos soldados hoje? "Mingau, camarada coronel." "Mingau, mingau... estive na bateria de Terekhov, eles sempre conseguem pernil, ou seja o que for. Pegue um Studbaker ou um Chevrolet e vá até uma fazenda. Pegue tudo o que eles tiverem". Deve ser dito que além do Netze a população em um raio de 20 km fugiu, abandonando os animais da fazenda a fome. Dessa forma nossos comandantes estavam nos incentivando a saquear. Mas isso parou logo depois devido à uma ordem emitida pelo Comandante da Frente Zhukov, dizendo algo como: "Somos um exército libertador, que trouxe a liberdade ao povo alemão, devemos tratar o povo alemão como se fosse o nosso próprio". Mas tente explicar isso a um simplório soldado russo, que teve parentes enforcados ou fuzilados, casas destruídas, que eles deviam esquecer de tudo de uma vez só?! Era impossível! Os homens ficaram indignados: "por que devo esquecer o que os alemães fizeram com minha terra, meus parentes?" Esta transição era muito dolorosa. Pois desde a própria Estalingrado até a fronteira alemã nos estávamos avançando sob o slogan: "Mate um alemão!" Eu ainda vejo os artigos de Ilya Erenburg em frente à meus olhos. Você deve ter em mente que os substitutos em minha bateria por aquela época eram na maioria criminosos, soltos devido à anistia. Houve um caso quando um soldado meu, um criminoso como esses, estuprou uma mulher e uma filha em um cemitério. Tive que me defender, escrever um relatório, SMERSH ("morte aos espiões", a contra-inteligência durante a guerra - trad.) ficou interessada e ele foi colocado ante uma corte marcial. Mas não houve julgamentos em massa.

Bem, então capturamos Berlim, então Magdeburgo, cruzamos o Elba e atingimos Stendal. Ali paramos e vivemos por cerca de um ano. Foi assim que a guerra terminou.

Gravado e editado por Artem Drabkin, traduzido para o inglês por Oleg Sheremet, fotos do arquivo de G. Shutz.

Fonte deste artigo: http://www.iremember.ru/artillerymen/shutc/shutc.html




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#47 Mensagem por Raposa_do_Deserto » Sáb Fev 03, 2007 6:30 pm

Tratamento dispensado aos inimigos
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Ao contrário do que é amplamente divulgado pela mídia, os soldados alemães eram honrados e dispensavam tratamento justo aos seus inimigos, tanto em combates quanto a prisioneiros de guerra.

Generalizações são válidas e justas, quando tomam por estereótipo a maioria, e não a minoria, como é freqüente na abordagem deste assunto.

Existem inúmeros relatos que corroboram este ponto de vista, amplamente documentados.

Um exemplo é o que ocorreu no norte da África, em 15 de novembro de 1941. Nesta data, um grupo de comandos inglês, formado pelo tenente-coronel Geoffrey Keyes e seus dois auxiliares, Campbell e Terry, tentou assassinar Rommel, então comandante do Afrika Korps. Sua missão era adentrar na construção que abrigaria o QG de Rommel na cidade de Beda-Litoria e levar a cabo o objetivo. Tal missão foi frustrada pelos soldados alemães que faziam a segurança do local. Como resultado, quatro soldados alemães foram mortos, além de Keyes, Campbell foi ferido e feito prisioneiro, sendo que Terry conseguiu escapar. De qualquer forma, o prédio era a prefeitura da cidade e não era usado para pernoite por Rommel. Além disto, Rommel estava, neste dia, em Roma, juntamente com o general Von Ravenstein e suas esposas, comemorando seu aniversário. A narrativa deste fato geralmente termina por aqui e omite o que se segue.

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Os preparativos para o enterro estavam em andamento, sendo que Keyes, oficial inglês e, portanto inimigo, seria enterrado juntamente com os alemães vitimados. Quando Rommel soube do ocorrido, ordenou o capelão Rudolf Dalmrath que fosse a Beda-Litoria e que providenciasse um enterro cristão para Keyes e os quatro alemães. O capelão viajou por 36 horas, através de estradas encharcadas e depressões alagadas, e chegou a 10 minutos do enterro. Fez a operação fúnebre e abençoou os cinco corpos enterrados juntos (Keyes à direita). Oficiais alemães do QG depositaram coroas de flores, a artilharia disparou três salvas de tiros e cruzes de madeira foram colocadas nos túmulos. Depois da guerra, um relatório da morte e da cerimônia de Keyes, com fotos, foi enviado à mãe do oficial inglês.

Esta história, além de inúmeras outras, pode ser encontrada e lida na íntegra no livro Rommel, do general Desmond Young, oficial que combateu Rommel pela Inglaterra.

Porém, Rommel não é um caso isolado nos quadros da Wehrmacht e até mesmo da SS. Otto Skorzeny, então o “homem mais perigoso da Europa”, relata em sua autobiografia uma situação semelhante. Ao tomar o castelo governamental de Budapeste, aproximadamente 5 húngaros e 5 alemães morreram. Posso estar enganado quanto ao número exato de vitimados, pois não possuo o livro dele em mãos neste momento, entretanto é em torno deste. Skorzeny providenciou, junto aos húngaros feitos prisioneiros e aos soldados alemães, um enterro com todas as honras militares para os combatentes de ambas as nacionalidades, que foram enterrados juntos.

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"Drei Brazilianichen Helden"
TRÊS HERÓIS BRASILEIROS

Nos escombros em que se transformou a Vila de MONTESE, os corpos de três bravos pracinhas do 11º RI - soldados Arlindo Luciano da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baeta da Cruz - foram encontrados em tosca sepultura, construída por soldados alemães, na qual se lia: "Drei Brazilianichen Helden" (Três Heróis Brasileiros).

Neste simples ato de nobreza, - cujo precedente na história militar carece ser comprovado pelos pesquisadores - o tenaz adversário demonstrava sua admiração aos que se bateram, com denodo, pela causa de sua Pátria.

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"SALVE SALVE"




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#48 Mensagem por Clermont » Dom Fev 04, 2007 10:43 pm

Ao contrário do que é amplamente divulgado pela mídia, os soldados alemães eram honrados e dispensavam tratamento justo aos seus inimigos, tanto em combates quanto a prisioneiros de guerra.


Essa é uma generalização tão infantil (embora, dependendo de quem a faça, mais insidiosa) quanto aquela que diz que todo soldado alemão era uma besta nazista fanática. Em um exército que agrupou milhões de indivíduos, todo tipo de comportamento se pode encontrar e, dependendo do gosto de quem faz a coleta de dados, qualquer coisa se pode dizer. De qualquer forma, como se pode ver a partir de um texto que vou postar, em outra bat-mensagem, nesse mesmo bat-tópico, não foram os alemães os monopolistas por atrocidades, seja na Segunda Guerra, ou depois dela.

Ainda assim, permanece como verdade que, o regime ao qual serviram soldados alemães, indubitavelmente honrados e justos, era bestial e fanático.

Generalizações são válidas e justas, quando tomam por estereótipo a maioria, e não a minoria, como é freqüente na abordagem deste assunto.


Sem dúvida. Se eu fosse postar uns relatos do comportamento das tropas do Exército alemão (que dirá das Waffen-SS) na Frente Russa, não seriam tão róseos como os da Frente Africana, que, sob esse aspecto, foi extremamente singular. Não sendo à toa que o Marechal Rommel acabou "suicidado" pelo seu Führer.

Skorzeny providenciou, junto aos húngaros feitos prisioneiros e aos soldados alemães, um enterro com todas as honras militares para os combatentes de ambas as nacionalidades, que foram enterrados juntos.


Skorzeny nunca foi acusado de má-conduta na guerra. Até porque o serviço dele era altamente especializado, como convém a "comandos", e ele nunca liderou (a não ser durante um reduzido período no fim da guerra) nenhuma grande formação de tropas regulares, lutando convencionalmente. De qualquer modo, no caso em questão, como ele era um sujeito que usava a cabeça, ele estava usando um artifício psicológico para angariar a simpatia dos húngaros para evitar futura resistência. Ele sabia que uma luta aberta contra eles seria fazer o jogo dos soviéticos que já estavam às portas da Hungria. Nessa mesma ação, ele relata como tentou puxar o saco dos oficiais húngaros, falando sobre "a antiga camaradagem militar entre austríacos e húngaros" (acho que ele esqueceu o grande levante húngaro de 1848 contra o trono austríaco). Skorzeny cita, na sua biografia, como "os húngaros ficaram impressionados com meu sotaque austríaco e não alemão".


"Drei Brazilianichen Helden"
TRÊS HERÓIS BRASILEIROS

Nos escombros em que se transformou a Vila de MONTESE, os corpos de três bravos pracinhas do 11º RI - soldados Arlindo Luciano da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baeta da Cruz - foram encontrados em tosca sepultura, construída por soldados alemães, na qual se lia: "Drei Brazilianichen Helden" (Três Heróis Brasileiros).

Neste simples ato de nobreza, - cujo precedente na história militar carece ser comprovado pelos pesquisadores - o tenaz adversário demonstrava sua admiração aos que se bateram, com denodo, pela causa de sua Pátria.


Comovente, e sem dúvida, são dignos de elogios os militares alemães que tiveram tal atitude. Por outro lado, alguns meses antes, em Monte Castelo, soldados brasileiros, ao tentarem recolher os corpos de seus camaradas tombados em combates anteriores, e que jaziam insepultos, voaram pelos ares. Soldados alemães haviam colocado armadilhas nos cadáveres brasileiros.




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#49 Mensagem por Clermont » Dom Fev 04, 2007 11:07 pm

LEMBREM-SE DA BRAVURA DA RÚSSIA, MAS TAMBÉM DE SEUS CRIMES.

Por Eric Margolis – 09 de maio de 2005.

O Presidente George W. Bush certamente estava certo em participar das cerimônias em Moscou comemorando o 60º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha em 1945. Mas suas censuras ao anfitrião Vladimir Putin a respeito do passado brutal da Rússia precisavam ser muito mais fortes.

Muitos norte-americanos e britânicos acreditam, erroneamente, que suas nações derrotaram a Alemanha nacional-socialista. Enquanto 11 bilhões de dólares de ajuda financeira e militar para a URSS foram importantes, foi a União Soviética de Stalin, não as democracias ocidentais, a desempenhar o papel decisivo em derrotar Adolf Hitler e seus aliados europeus.

Enquanto honramos nossos heróicos ex-combatentes, é tempo de reconhecer e prestar homenagem à coragem indômita, resistência e sofrimento da Rússia.

* A União Soviética infligiu 75 % de todas as baixas alemãs na Segunda Guerra Mundial em titânicas batalhas envolvendo milhões de homens. As forças soviéticas mataram 3 milhões de soldados alemães e do Eixo, e perderam 11,3 milhões de mortos e 18,3 milhões de feridos. Vinte milhões de civis russos morreram.

A Grã-Bretanha perdeu 340 mil homens, o Canadá, 43 mil e os EUA cerca de 150 mil mortos no Teatro Europeu. O Exército Vermelho perdeu mais homens atacando Berlim, somente, do que os EUA nas campanhas européia e norte-africana, inteiras.

* Quando as forças Aliadas desembarcaram na Normandia, as tripas da Wehrmacht alemã já tinham sido arrancadas pelos soviéticos, disse Churchill. Tivessem os Aliados encontrado tropas alemãs com a força e a qualidade das de 1940, com uma Luftwaffe intacta, ao invés de unidades desfalcadas com nenhuma cobertura aérea, eles poderiam ter sido jogados dentro do Canal. A obstinada resistência da desgastada Wehrmacht de 1944 a 1945, faz lembrar um dito de Churchill “você nunca vai saber o que é guerra até enfrentar os alemães.”

* A derrota pelos soviéticos das forças do Japão na Manchúria tem sido ignorada. Numa brilhante, campanha blitzkrieg ao longo de uma frente de 3 mil quilômetros, a partir de 9 de agosto de 1945, os exércitos soviéticos do Extremo Oriente esmagaram o enfraquecido Exército do Kwantung, matando 80 mil homens e capturando 594 mil.

Portanto é certo e devido honrar os valentes soldados da Rússia. Mas é errado continuar a ignorar os monstruosos crimes da União Soviética ou a aliança ocidental com o tirano que os cometeu.

Os campos de concentração nazistas de Buchenwald e Auschwitz são nomes familiares. Mas quem relembra os mais mortíferamente prolíficos campos da morte soviéticos como Kolyma, Vorkuta e Magadan? Stalin contou a Churchill que tinha matado 10 milhões de fazendeiros no início dos anos l930, e saudou o carniceiro de 6 milhões de ucranianos, Comissário Lazar Kaganovitch, como “nosso Himmler”.

A melhor estimativa corrente das vítimas de Stalin é de 20 milhões de assassinados antes da Segunda Guerra Mundial, e 10 milhões de 1941-1953, um democídio total de 30 milhões. O tributo de Hitler esteve por volta de 12 milhões, após 1941.

E nem a agressão alemã sozinha começou a guerra na Europa. A agressão soviético-alemã começou. Nós esquecemos que Hitler e Stalin, em conjunto, invadiram e particionaram a Polônia sob o notório Pacto Molotov-Ribbentrop, ao qual Moscou nunca renunciou. Sete milhões de poloneses morreram. A URSS então foi invadir a Finlândia, Estônia, Letônia e Lituânia.

Em 1939, Hitler cujos maiores crimes estavam à frente dele, era visto por muitos europeus como um herói que havia tirado a Alemanha do colapso econômico, restaurado a dignidade nacional e fornecido o principal baluarte contra a muito real ameaça do assassínio em massa comunista engolfando a Europa ocidental.

Ainda assim, a Grã-Bretanha e os EUA escolheram se tornar parceiros de guerra de Stalin, então o pior tirano e assassino em massa. Churchill e particularmente, Roosevelt devem compartilhar culpa indireta pelos crimes de Stalin, justamente como fariam se tivessem se juntado a Hitler.

Esse aspecto da guerra permanece tabu. Em Ialta, o de orientação esquerdista, Roosevelt, cuja Casa Branca continha dois influentes agentes de influência soviéticos, e embrutecido pelo poder másculo de Stalin, o “Tio Joe”, entregou metade da Europa ao domínio comunista, substituindo uma tirania por outra. O Presidente Bush, corretamente, levantou a questão de Ialta enquanto em Moscou, mas infelizmente, teve pouco a dizer sobre os crimes de Lênin a Stalin.

O que os Aliados deveriam ter feito em 1939? Na época, o principal pensador militar do século XX, Major-General J.F.C. Fuller, instou a Grã-Bretanha e a França a não irem à guerra pela Polônia, mas permanecerem neutras e aguardar a inevitável guerra entre a Alemanha e a URSS que iria destruir à ambas, e, então, libertar a Europa.

Em 1939, nem a Grã-Bretanha, nem a França estavam prontas para a guerra, e os dois intranqüilos aliados não tinham plano ofensivo algum no evento do conflito.

Se a Grã-Bretanha e a França fossem à guerra contra a Alemanha, Fuller corretamente preveniu, Stalin iria, inevitavelmente, emergir como vitorioso e engolir a Europa oriental.

Mas Churchill e Roosevelt declararam guerra ideológica contra Hitler, “o mal supremo”. Fuller foi posto no pelourinho da opinião pública por sua heresia.

É tempo da Grã-Bretanha e dos EUA encararem sua culpabilidade por se tornaram cúmplices de Stalin e exigir da Rússia dos dias de hoje que se purifique dos crimes de Stalin e processe os funcionários e policiais soviéticos que ainda estão vivos. O Presidente Bush, ao menos, tomou o primeiro passo ao censurar o Kremlin por sua invasão aos países bálticos 1. O Presidente Vladimir Putin deveria tomar à frente e, abertamente, denunciar os crimes de Stalin, como Kruschev fez em segredo, oferecer arrependimento nacional, como a Alemanha e o Japão são forçados, repetidamente, a fazer, e compensar as vítimas remanescentes da opressão de Stalin.

Continuar a rufar os tambores sobre os crimes nazistas enquanto se ignora os egrégios crimes comunistas é profundamente desonesto. A duradoura propaganda de tempo de guerra ainda nubla nossa memória histórica. A esquerda continua rufando os tambores sobre os crimes nazistas, de modo a ocultar os crimes do comunismo. Outros grupos buscam reter um monopólio do sofrimento.

Alguns outros pontos esquecidos:

* A invasão da Alemanha à Polônia de setembro de 1939 não começou a Segunda Guerra Mundial. Ela começou cinco meses antes quando a Itália Fascista invadiu a pequena Albânia. Ou, discutivelmente, em 1936-1937, quando o Japão invadiu a China.

* Nos anos 1920, Winston Churchill autorizou o uso de gás venenoso contra nativos curdos rebeldes no Iraque e na fronteira noroeste da Índia. Nos anos 30, a Itália utilizou gás venenoso e campos de concentração para quebrar a resistência na Líbia.

* Enquanto Rommel e Guderian estavam esmagando a oposição além do Mosa, em 12-15 de maio de 1940, na épica Batalha da França, Hitler observava que seus generais estavam mais ansiosos para marchar sobre Berlin do que sobre Paris. O fracasso da Grã-Bretanha e dos EUA em apoiarem os alemães anti-nazistas no final dos anos 1930 e, de novo, em 1944, provou ser um erro trágico.

* A Segunda Guerra Mundial não foi um simples conflito entre democracia e tirania, como somos mal-informados, mas um choque entre potências imperiais, ideologia e sistemas econômicos. O fascismo da Itália, e o nacional-socialismo da Alemanha, ameaçavam não apenas a Europa, mas o sistema capitalista e as elites financistas usurárias da Grã-Bretanha e da América.

* Em 1939, o Império Britânico ainda governava extensões da Ásia e África. Alemanha, Itália e Japão foram à guerra contra os impérios coloniais britânico, francês, holandês e belga e o Imperium americano no Pacífico. Quando os soldados japoneses desembarcaram na Indonésia, Vietnam e Malásia, foram saudados como asiáticos libertadores do colonialismo europeu. Mas, igual aos alemães na Ucrânia e na Rússia Branca, sua estúpida brutalidade e arrogante racismo, rapidamente voltaram as populações conquistadas contra eles.

* Ainda assim, alguém poderia perguntar, foi a invasão alemã à Polônia uma inaceitável agressão quando era perfeitamente aceitável para a Grã-Bretanha invadir o neutro Irã em 1941, ou, previamente, invadir a Birmânia, Áfricas do Sul, Ocidental e Oriental e o Egito, para mencionar apenas umas poucas das nações que ela tomou e colonizou?

* Tão logo os Países-Baixos foram libertados da ocupação alemã pelo Canadá, em 1945, tropas holandesas foram enviadas para reocuparem a antiga colônia holandesa da Indonésia, que havia proclamado independência da Holanda. As forças coloniais holandesas e britânicas massacraram dezenas de milhares de indonésios entre 1945-1949, atuando com muito maior brutalidade do que as tropas alemãs fizeram na Holanda. Ainda assim, esse crime desapareceu pelo buraco da memória, sendo substituído pela imagem dos Países-Baixos como uma doce e pacífica terra que sofreu terrivelmente sob os cruéis nazistas.

* No fim da guerra, 15 milhões de alemães étnicos foram expulsos de suas terras ancestrais por toda a Europa Oriental. Entre dois e três milhões de alemães foram massacrados. Pelo menos dois milhões de mulheres alemãs foram estupradas pelo Exército Vermelho.


_______________________

1 : Há! Essa é boa. Putin teria gargalhado e respondido: "Ô Busha, o Iraque e a mamãe, vão bem?"




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#50 Mensagem por Einsamkeit » Dom Fev 04, 2007 11:17 pm

Otimo Texto

Tem gente que acredita que ainda existem mocinhos.....

Porque o comunismo nao foi proibido? dizem que nao foi o proprio comunismo em si o da URSS.......

Entao tambem poderia se afirmar que o Nazismo Alemao nao foi o verdadeiro nazismo?

:roll: :roll: :roll: :roll: :roll: :roll:




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#51 Mensagem por zela » Seg Fev 05, 2007 12:37 am

Ótimo texto
Não existem mocinhos, como disse o colega acima...guerra nunca vai ser justa, principalmente para os perdedores.




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#52 Mensagem por Raposa_do_Deserto » Seg Fev 05, 2007 12:33 pm

Um extrato do diário de Rommel sobre sua campanha no norte da África e os graves problemas logísticos encontrados em El Alamein.
Para todos os meus "africanos" o dia 21 de junho constituía o momento culminante da campanha da África do Norte. Contudo, em conseqüência do nosso avanço no Egito, as nossas colunas de reabastecimento passavam por sérias dificuldades. Teria sido indispensável exigir dos serviços de intendência, na Itália, o mesmo esforço que qualquer soldado de infantaria ou de carros realizava, esgotado por várias semanas de combate. No momento em que decidi o avanço no Egito, supunha que o fato de estar à vista a vitória final na África estimularia o Alto Comando italiano a fazer, pelo menos, um pequeno esforço.

Durante esses combates, o exército motorizado submetera-se a uma dura prova. Quando as nossas reservas de material, incluindo o capturado ao inimigo, principiavam a esgotar, apenas o entusiasmo e o desejo de vencer mantinham a resistência física das tropas. Não somente não tínhamos recebido qualquer reforço da Europa, como ainda, demonstrando incrível ignorância a respeito da situação na África, os serviços de abastecimento só nos tinham remetido, durante o mês de junho, um total de 3.000 toneladas, quando as nossas necessidades reais ascendiam a 60.000 toneladas, quantidade que em nenhum momento nos foi enviada. O material capturado ao inimigo ajudou-nos a superar a fase crítica que se seguiu à tomada de Tobruk; tornava-se, porém, indispensável que os nossos próprios serviços garantissem a continuidade do abastecimento.

As causas dessa deficiência no serviço eram complexas demais para que possam resumir-se em algumas linhas.

Em primeiro lugar, quase todos os serviços que tinham a seu cargo o abastecimento se desinteressavam do problema. Não corriam risco nenhum ao atrasar-se. Em Roma reinava a mais perfeita calma. A maioria dos responsáveis não compreendia que a campanha da África chegara ao seu ponto culminante; ou, se acaso tomavam consciência disso, nada faziam, por motivos que ignoro. Eu conhecia bem essa gente. Ocupados em repetir que o nosso abastecimento era um problema insolúvel e esforçando-se por demonstrar essa tese à força de estatísticas, careciam totalmente de espírito de iniciativa e imaginação no aspecto técnico.

Além do mais, era a marinha italiana que assegurava a proteção dos comboios. Ora, a maioria dos oficiais, tal como muitos italianos aliás, detestava Mussolini e desejavam mais a nossa derrota do que a nossa vitória. Sabotavam-nos quanto podiam. E ninguém media as conseqüências políticas desse estado de coisas.

A maioria dos altos dignatários fascistas estava demasiadamente corrompida ou envaidecida para fazer algo de bom. Também eles desejavam, no fundo, intervir o menos possível na guerra da África. Finalmente, os que de fato se esforçavam por assegurar nosso abastecimento não conseguiam aguilhoar a lentíssima e complexa organização burocrática de Roma.

Se admitirmos que, nas guerras modernas, a vitória pertence ao combatente que possui a melhor organização de abastecimento, compreenderemos que, para o meu exército, a catástrofe era inevitável.

Em contrapartida, os ingleses não tinham poupado esforços para se assenhorarem da situação. Com assombrosa rapidez, trouxeram reforços de tropas para a posição de El Alamein. O Alto Comando inglês compreendera que a batalha seguinte seria a definitiva e pesava a situação com sangue-frio. O perigo incitava os britânicos a endurecer a sua energia e a conseguir coisas que, até então, pareciam irrealizáveis, pois a necessidade obriga sempre a fazer caso omisso das idéias pré-concebidas. Isto mesmo aconteceu mais tarde, com os serviços de abastecimento de Roma, que de repente se tornaram capazes de enviar para Túnis aquelas quantidades que nunca havíamos conseguido antes - apesar de que a maior parte da tonelagem recebida fora afundada durante o verão de 1942, época em que os ingleses dominavam o Mediterrâneo, mais do que ao tempo do nosso avanço sobre El Alamein. Mas já era tarde demais; entretanto, as reservas do adversário, então muito superiores às nossas, tinham aumentado em enormes proporções.

Ter-se-ia que agir rapidamente para conseguir o aniquilamento do exército britânico no Oriente Médio, antes que os comboios com materiais, vindos da Inglaterra e dos EUA, tivessem chegado ao Egito. Esta foi a razão por que em julho houve encarniçados combates em El Alamein, durante os quais os incessantes ataques da RAF desempenharam papel capital. Pudemos apoderar-nos de algumas posições fortificadas e avançar alguns quilômetros na direção leste. Mas o nosso impulso quebrara-se e a ofensiva foi detida.

A frente encontrava-se, pois, estabilizada. A posição de El Alamein estava rodeada, ao norte, pelo mar, e terminava, ao sul, na depressão de Kattara, conjunto de dunas e terrenos empapados em água salobra, intransponível para um exército motorizado. Em conseqüência, não podíamos contorná-la e, por outro lado, a guerra evoluíra de tal modo que ambos os adversários dispunha já da mesma experiência e de conhecimentos teóricos que não permitiam o emprego de táticas revolucionárias para surpreenderem o inimigo. Na guerra de posições, a vitória pertence ao que tem mais reservas.

A 17 de julho, cerca das 4h da tarde, recebi a visita do Marechal Kesselring e do Marechal Conde Cavallero. Este último, segundo o seu costume, minimizava as nossas dificuldades de abastecimento, de cuja extrema gravidade, contudo, eu lhe dera conhecimento. Seguiu-se uma longa discussão, até o momento em que Kesselring e eu exigimos decisões concretas. Esta entrevista mostrou de novo, muito claramente, que chegáramos ao final dos nossos recursos e quão pouco podíamos contar com a ajuda das autoridades italianas. Por último, Cavallero prometeu que o abastecimento do exército seria assegurado de aí em diante por meio de barcaças, e se ia por de novo em serviço, em data próxima, a estrada de ferro que abastecia a frente. Assegurou-me ainda que íamos receber reforços para as unidades italianas. Apesar disso, instruídos pela experiência, sentíamo-nos céticos: tínhamos razão para isso e o futuro iria demonstrá-lo.

A Auchinlek apenas importava conter o nosso avanço e, infelizmente, o conseguira. A grande batalha do verão principiara com uma vitória retumbante; mas, depois da tomada de Tobruk pelas nossas tropas, o Império britânico dera uma vez mais provas do seu extraordinário espírito de decisão. Só durante uns poucos dias pudemos manter a esperança de fazer saltar o ferrolho de El Alamein e ocupar a zona do Canal de Suez.

Enquanto nos víamos forçados a empregar constantemente as mesmas tropas, os ingleses estavam em condições de lançar tropas frescas na batalha, com armamentos e efetivos completos, retirar de El Alamein suas unidades dizimadas no curso dos combates da Marmárica e da região fronteiriça, reconstituindo seus efetivos. Em troca, durante esse lapso de tempo, as minhas tropas permaneciam nas suas posições, os efetivos diminuíam e o número de mortos, feridos e doentes aumentava de dia para dia. Eram sempre os mesmos batalhões os que partiam nos veículos, arrebatados na sua maioria ao inimigo, e os que depois saltavam dos caminhões e se atiravam pelas dunas, ao assalto das trincheiras inimigas. Eram sempre as mesmas unidades blindadas as que participavam do combate, os mesmos artilheiros os que prestavam serviço nas baterias. Os feitos dos oficiais e dos soldados, no decorrer destas semanas, atingiram o limite das possibilidades humanas.

Eu exigira muito dos meus soldados; nem as tropas, nem seus diferentes comandos, nem eu próprio, tínhamos regateado as nossas forças. Compreendera perfeitamente que a queda de Tobruk e a derrota do VIII Exército constituíam o ponto culminante da campanha da África, abrindo pela primeira vez o caminho até Alexandria, cujas imediações já não estavam defendidas senão por fracos contingentes de tropas inglesas. Os meus colaboradores e eu teríamos procedido como loucos se não tivéssemos aproveitado esta ocasião única que se oferecia a nós. Se, em El Alamein, o êxito tivesse dependido do desejo de vencer, tanto da tropa como do comandante, certamente teríamos ganho a partida. Infelizmente, em conseqüência da desorganização e das faltas dos serviços de abastecimento, na Europa, as nossas possibilidades ficaram reduzidas a zero.

Além do mais, desmoronara-se a capacidade de resistência de muitas unidades italianas. Considero um dever, a título de companheiro na luta e comandante-chefe das unidades italianas, insistir no fato de que os soldados italianos não foram de modo algum responsáveis pelos reveses sofridos no começo de julho, pelas unidades italianas, ante El Alamein. O soldado italiano estava cheio de boa vontade, era bom companheiro e nada egoísta. O comportamento das unidades blindadas ultrapassou tudo quanto o exército italiano tinha como saldo positivo de há um século até hoje. Foram muitos os generais e oficiais italianos que mereceram a nossa admiração, como homens e como soldados.

A derrota italiana teve as suas razões na própria organização do maquinismo governamental e no pouco interesse que muitos altos comandos italianos, chefes militares ou dirigentes políticos, sentiam pelo desenrolar desta guerra.

Ainda por cima, o comando italiano era na sua maioria incapaz de conduzir a guerra no deserto, pois exigia decisões rápidas, seguidas de imediata execução. A instrução militar dada à infantaria era inferior à exigida pela guerra moderna. O armamento das unidades italianas era tão deficiente que, sem o apoio das forças alemãs, não teriam podido opor uma resistência digna desse nome. Os defeitos técnicos do material blindado - alcance muito reduzido das peças e limitada potência dos motores - a falta de mobilidade da artilharia e o limite de alcance dos canhões são uma triste prova da mediocridade do armamento italiano. Acresce que as unidades estavam praticamente desprovidas de armas anticarro, capazes de perfurar a blindagem dos carros inimigos. Por fim, as rações alimentares eram tão insuficientes que os soldados italianos mendigavam freqüentemente dos seus companheiros alemães os alimentos de que necessitavam. Somava-se a tudo isso existir uma disparidade chocante entre o modo de viver dos soldados e o dos oficiais, cujas conseqüências eram catastróficas. Enquanto os soldados tinham que prescindir das cozinhas de campanha, os oficiais italianos - ou, pelo menos, bom número deles - continuavam a exigir refeições com vários pratos. Muitos oficiais julgavam supérfluo aparecer em plena batalha e dar aos seus soldados exemplo de coragem. Nestas condições, não é de estranhar que o soldado italiano, assombrosamente frugal e de uma simplicidade a toda a prova, sofresse um complexo de inferioridade que, nos momentos de crise, explicava a sua falta de eficiência. Eu não poderia esperar uma melhoria neste aspecto, se bem que muitos chefes italianos fizessem corajosamente o possível por remediar essas deficiências.

Ao dar ordem de marchar contra El Alamein, queria sobretudo evitar o início de uma "batalha de material", a oeste de Alexandria. Não era lógico deixarmos outra vez os britânicos se recomporem com homens e munições; sabia perfeitamente que iríamos enfrentar-nos com um adversário infinitamente mais forte do que o era antes da tomada de Tobruk; um adversário que, além de tudo, aprendera perfeitamente as lições recebidas com a derrota do verão. Eu pretendia evitar que a guerra se transformasse, frente à El Alamein, em guerra de posições numa frente estabilizada, pois a preparação das tropas e dos oficiais britânicos fora precisamente orientada neste sentido. A guerra de posições tinha o perigo de por em destaque a resistência do soldado inglês, enquanto que os meus defeitos - rigidez e imobilidade - não apareciam à superfície.

Não pudéramos realizar os nossos planos. Infligíramos, contudo, graves perdas ao adversário, capturando, durante o período compreendido entre 26 de maio e 30 de julho, 60.000 prisioneiros ingleses, sul-africanos, indianos, neozelandeses, franceses e australianos. Durante o mesmo período destruímos mais de 2.000 carros ou veículos blindados, quer dizer, o material com que está equipado normalmente um exército ofensivo britânico. Aliás, milhares destes veículos foram utilizados.

Também nós sofremos graves baixas: 2.300 oficiais e soldados alemães mortos, 7.500 feridos, 2.700 prisioneiros, durante o mesmo lapso de tempo. As nossas perdas de material eram muito elevadas. Em resumo, depois dos importantes êxitos iniciais, a batalha do verão entrava num beco sem saída.

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Fonte deste artigo: Grandes Crônicas da Segunda Guerra - Marechal Rommel - Seleções




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#53 Mensagem por chm0d » Seg Fev 05, 2007 12:59 pm

zela escreveu:Ótimo texto
Não existem mocinhos, como disse o colega acima...guerra nunca vai ser justa, principalmente para os perdedores.


Os japoneses que o digam.

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#54 Mensagem por zela » Seg Fev 05, 2007 2:54 pm





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#55 Mensagem por 3rdMillhouse » Seg Fev 05, 2007 6:39 pm



Opa smilie errado

:shock: :shock: :shock:




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Guerra russo finlandesa

#56 Mensagem por magoo32 » Sex Fev 16, 2007 6:06 pm

Achei muito interessante e pouco divulgado este episódio da segunda guerra.

A guerra russo-finlandesa foi breve mas extremamente sangrenta, e rica de episódios que escapam à realidade quotidiana, para converter-se em aparente ficção novelística. Armadilhas arquitetadas com maquiavélica eficiência, ardís dignos de guerras já ultrapassadas, tudo foi utilizado na contenda. O que aqui se narra mostra até que ponto chegou o desprezo pela vida humana, no decorrer do conflito.

MORTE BRANCA "Valkoinen Kuolema"

Somo Hayha (*17 de dezembro de 1905 – † 1 de abril de 2002) - era um camponês que aprendeu a caçar com o rifle aos 17 anos. Convocado a defender a Finlândia da invasão soviética, operou na região do rio Kollaa, Lugar onde estava habituado a atirar Hayha usava um rifle Mosin Nagant M28 sem miras telescópicas e era capaz de acertar alvos a mais de 400 metros de distância.

As forças finlandesas na região do rio kollaa estavam sob o comando do general Uiluo Tuompo e já enfrentavam as primeiras investidas do 9º e 1º exércitos, soviéticos,...A superioridade numérica dos russos era esmagadora, e como o vale do Kollaa era ponto estratégico importantíssimo para o avanço russo, para lá foram enviadas 12 divisões, com um total de 160.000 homens,...ignorando a superioridade numérica a resistência finlandesa lutou ferozmente, e foi durante essa luta desigual que se destacou Simo Hayha (542 mortes). ... Aqueles eram os seus campos de caça e conhecia a região como ninguém, era a sua casa, nenhum inimigo estaria seguro.

A invasão da Finlândia custou aos russos 1 milhão de homens, contra 25 mil finlandeses. Simo Hayha, um exímio atirador e perito em se ocultar na neve, passou para a história com o apelido de Morte Branca "Valkoinen kuolema".

Em 1940 recebeu do exercito finlandês um rifle Mauser com lunetas, mas preferiu continuar com o seu M28, que, segundo ele, permitia lançar fogo sem que fosse preciso levantar demais a cabeça - o que no caso de um sniper, pode significar a própria sobrevivência.

Embora Hayha costumasse atirar sentado, a maioria dos snipers agia de forma deitada ou ajoelhada. Em posições estáveis e deixavam o corpo menos exposta ao ataque inimigo. Entocavam-se em lugares altos e, regra fundamental para os snipers, evitavam ao máximo dar mais de um tiro do mesmo lugar, se a primeira bala pegasse o inimigo de surpresa, o mesmo não aconteceria na segunda. Bastava ter seu esconderijo descoberto para que a vantagem do sniper acabasse de vez. Por isso, também era comum os atiradores formarem duplas - um se encarregava da observação, e o outro, dos disparos propriamente ditos.

Por Maior que fosse o impacto na exército inimigo, sozinho os snipers pouco podiam fazer para alterar o rumo da guerra.


ISCAS HUMANAS

Suomusalmi. O avanço russo é contido por uma unidade finlandesa, perfeitamente oculta em um terreno coberto de bosques. Uma segunda tentativa convence os soviéticos da impossibilidade de continuar o ataque ou, em todo caso, de realizá-lo sem que o preço seja um número de baixas demasiado elevado. Então põem em prática uma técnica que demonstra o extraordinário espirito de sacrifício dos soldados soviéticos. A unidade, em massa, retrocede e se mantém alerta. Enquanto isso, 10 ou 12 homens a cavalo abandonam a proteção do bosque ou das rochas e avançam, oferecendo-se como alvo. Os finlandeses fazem fogo com as suas armas automáticas, abatendo os heróis. O comando da unidade soviética, que ficara à retaguarda, na expectativa, localiza assim o setor de onde partem os disparos. Segundos depois, os morteiros russos iniciam um metódico fogo sobre a zona indicada. Após alguns minutos suspendem a artilharia e lançam uma carga de infantaria. Forçam, com isso, os finlandeses a se defenderem dos infantes e a confirmarem a sua verdadeira posição no enconderijo do bosque. A seguir, com toda a massa da infantaria lança-se ao ataque. Os finlandeses não podem resistir ao ínimigo, muito superior em número, desde o instante que se traíram e indicaram o ponto exato em que se ocultavam

A ARMADILHA DE GELO

Viborg, a sudoeste da linha defensiva finlandesa. Ponto vital, por onde cruza a estrada que liga Leningrado a Helsinki. A baía de Viborg é um mar de gêlo. Os russos, aproveitando a grande espessura da camada sólida que cobre as águas, utilizam-na para deslocar unidadas pesadas. inclusive tanques.

Ao longe, aparecem algumas ilhas. Sobre uma delas apontando para a baía, poderosos canhões costeiros dominam toda a zona gelada. Tais os elementos que configuraram uma estranha guerra. Aos tiros da artilharia finlandesa, que se repetirão muitas vêzes, batalhões inteiros sovéticos são sepultados nas águas.

A primeira ação se realiza quando um batalhão soviético, apoiado por numerosos tanques, cruza a superfície gelada. Os grandes canhões. após a correção de tiros, começam a acertar exatamente na periferia da compacta unidade russa. Aquilo parece não ter sentido. As possantes granadas, disparadas diretamente sobre a formação, causariam baixas consideráveis. Mas, os finlandeses não disparam sobre os homens nem sobre os tanques. Disparam ao redor.

Poucos minutos bastam para os russos compreenderem a extensão da tragédia. Mas já é tarde, impossível salvar os seus homens. O gêlo, quebrado em enormes extensões, cede sob o pêso formidável dos tanques e estala com estrondo ensurdecedor. Um alarido de terror eleva-se das unidades russas e logo depois se faz o silêncio. Sôbre a superficie gelada da baía, agora quebrada em mil pedaços, restam homens dispersos, aqui e ali, aferrando-se penosamente ao que flutua ao seu alcance. Tudo o mais, tanques, canhões, artilharia, cavalos e homens, jaz no fundo das águas geladas.


A BRAVURA FRENTE AO AÇO


12 de dezembro de 1939 8:30h. Uma pequena colina coberta de neve encontra-se em poder da infantaria russa. O ponto, vital para a defesa da zona, deve ser tomado pelos finlandeses. Ainda está escuro. As primeras explosões mostram que começou o fogo de morteiros.
As tropas finlandesas iniciam o ataque. O bombardeio das posições inimigas prolonga-se por alguns minutos. Nada mais que minutos. Os poucos projéteis são preciosos. E também o tempo. Os finlandeses devem tomar a colina antes da chegada de reforços do inimigo. Também os homens escasseiam.

Dois batalhões finlandeses batem-se energicamente. Os russos, sitiados no cume da colina, defendem-se desesperadamente. Por fim, premido pelo tempo e a necessidade de economizar munições, os finlandeses lançam-se ao assalto direto. Na luta que se segue, corpo a corpo, as baionetas e as armas curtas cumprem a sua missão. Homem por homem, os soviéticos, apesar da sua encarniçada defesa, são aniquilados. Restam apenas alguns, feitos prisioneiros, na maioria feridos. Grande número de metralhadoras e fuzis automáticos caem nas mãos dos finlandeses. Substituirão os seus fuzis, modelo 1871, veneráveis armas com quase 70 anos de uso.

A conquista da colina, porém, não significa o fim da ação. Inesperadamente, dois tanques soviéticos aparecem a toda velocidade, levantando verdadeiras ondas de neve. Os finlandeses, sem armas antitanques, buscam desesperadamente um refúgio. Tudo inútil. Troncos de árvores, montículos de neve, fossos, trincheiras, tudo é procurado pelos soldados que não têm, para se defender mais do que as suas pequenas armas portáteis. Os projéteis das metralhadoras dos tanques varrem o terreno. Os fuzís respondem ao fogo, a mira em direção das vigias dos veículos. Afinal, num gesto de bravura extrema, o subtenente da reserva Huevinen, ajudante da capital Shvonen, chefe de um dos dois batalhões finlandeses retira do seu cinturão cinco grandas de mão, amarra-as formando um feixe e começa a arrastar-se penosamente entre a neve na direção dos tanques. Mas, não vai só. Alguém o segue. É o subtenente da reserva Virkki, que leva por única arma uma pistola Mauser. Instantes depois, já se encontra a 30 metros do monstro de aço. Levantando-se de um salto, Virkki aponta e descarrega a sua pistola contra a vigia de observação do primeiro tanque.

O seu objetivo é eliminar o tanquista e deixar o veículo sem controle. Virkki aperta o gatilho da arma durante dois segundos e se joga sobre a neve. Sobre a sua cabeça, instantaneamente, silvam as balas da metralhadora do tanque. A resposta foi imediata. De repente, a rajada disparada do tanque cessa. É apenas um segundo de trégua. Mas Virkki não o desperdiça. Salta novamente e, de pé frente ao blindado, esvazia novo pente. Rápida, a metralhadora do tanque gira para ele e responde ao fogo. Mas já Virkki está afundado na neve, apertando o seu rosto contra o solo, e mudando o pente da arma. Três vezes consecutivas repete-se o episódio. É um homem contra um tanque. Uma pistola contra uma metralhadora pesada calibre 50. Um uniforme branco, de pano, contra uma chapa blindada. Há algo mais: é a bravura do homem que defende a sua terra, os seus filhos o seu direito à liberdade. E isso é o mais importante.

Os tanques, entretanto, giram sôbre as esteiras e começan a se afastar. O subtenente Houvinen levanta-se e corre atrás do segundo, esgrimindo o seu feixe de granadas. É um espetáculo estranho. Dois gigantes de aço aumentando paulatinamente a velocidade e um homem, um só, correndo penosamente sobre a neve, atrás deles, com cinco granadas na mão direita. Finalmente os tanques se perdem na brancura das planícies, deixando para trás a bravura de um punhado de homens.

BATALHA SEM TIRO

Tolvajardi. Dois batalhões finlandeses cobrem a fronteira , defendedo-se desesperadamente do ataque da Divisão de Infantaria Russa 139. A noite, amparado pela escuridão, os grupos de vangurada russo caem sobre os finlandeses pela retaguarda. Os defensores, surpreendidos pelo inesperado ataque sofrem uma momentânea desorganização, mas refazem as suas fileiras. Enquanto os combates mantem-se firmes na frente, os cozinheiros, motoristas, assistentes radiotelegrafistas, armeiros e etc. sem disparar um só tiro, utilizando baionetas e facas, atacam os russos em sangrento corpo a corpo. Os atacantes são obrigados a renunciar as armas de fogo porque a escuridão é impenetravél e o terreno lhes é desconhecido. O combate é travado com armas brancas. Silenciosamente, várias centenas de homens lutam durante uma hora. Só gemidos isolados assinalam as baixas de um ou outro lado. Por fim, caçadores de nascença, os finlandeses impõem sua habilidade no manejo da faca e no aproveitamento do terreno.
O batalhão soviético, na singular batalha em que não foi disparado um único tiro, é aniquilado.

FINLÂNDIA E RÚSSIA FRENTE A FRENTE

o combate armado entre o pequeno país do Báltico e seu poderoso vizinho materializou um episódio épico. Com efeito, a falta total de recursos da Finlândia opôs-se à reserva inesgotável da Rússia. Aos milhões de combatentes que em potência tinha a União Soviética, a Finlândia opôs um reduzido exército e um armamento mais reduzido ainda. Centenas de tanques russos não encontraram oposição similar. Centenas de aviões soviéticos cruzaram os céus da Finlândia sem encontrar caças que os enfrentassem. Foi a luta de um gigante e um pigmeu.

RECURSOS MILITARES UTILIZADOS NA LUTA FINLANDIA

Exército FINLANDES Exército SOVIÉTICO
12 - 13 divisões
10 batalhões guarda-fronteira
- soldados com idades variando de 15 a 65 anos.

Marinha
2 guarda-costas de 3.900 toneladas
5 submarinos
25 navios varredores
7 lanchas torpedeiras
10 quebra-gelos

Aviação
170 aviões
- 40 de exploração.
- 60 de caças
- 70 bombardeios leves

Obs: A terça parte dos aviões eram modelos muito antigo.
28 - 30 divisões
6 brigadas de tanques
2 a 3 divisões mecanizadas
- idade dos soldados: 20 a 23 anos

Marinha (no mar Báltico)
2 encouraçados de 23.000 tonels.
1 cruzador de 5.600 tonels.
35 destróieres
70 submarinos

Aviação
600 - 800 aviões

Até o final da contenda, as forças finlandesas totalizavam cêrca de 16 a 17 divisões, contra 50 divisões russas.


Fonte: http://www.panzerdivision.com.br/01_01_artigos_01_21




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#57 Mensagem por hayes » Seg Fev 19, 2007 2:09 am

Os dois breves conflitos Russo-Finlandeses de notabilizaram por vários episódios, especialmente os curiosos soldados esquiadores do exército finlandês.




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#58 Mensagem por suntsé » Seg Fev 19, 2007 5:55 pm

Um coisa que eu ouvi aqui no forum e que não concordo, é quando um usuario que eu não me lembro no nome, afirmou que a União Sovietica só resistiu ao ataque dos Alemães e seu aliados graças a ajuda dos EUA.

Assim que Vladímir Ilitch Lenin asumiu o comando do Império Russo e Criou a União Sovietica, os comunistas começaram a organizar os serviços de inteligência herdados do regime czarista com o objetivo de roubar tecnologias de outros paises desenvolvidos (por que diferente dos comunistas Brasileiros, os comunistas sovieticos sabiam que a revolução comunista não teria exito em um país tecnologicamente atrasado), e mesmo apesar dos fracaços iniciais com varios agentes sovieticos sendo presos na europa, ele eprenderam com os erros e tornaram os serviços de espionagem da união sovietica mais profissionais assim conseguiram roubar tecnologias militares de varios paises da Europa (França, Inglaterra , Alemanha), investiram em pesquisa cientifica, conseguiram desenvolver armas avançadas para época e reorganizar o exército sovietico.

Por que sem um exército decente, como a União Soviética iria conseguir fazer a revolução mundial?

Os pesados revezes que a União Sovietica teve no inicio da guerra contra a alemanha, deve-se ao fato de a União Sovietica ter feito um esforço enorme para impedir que sua tecnologia militar caise nas mãos da Alemanha,chegando ao ponto de as divisões Sovieticas que estavão na fronteira com paises invadios ou aliados do eixo estarem com armamento obsoleto.

Assim que o Exército Alemão se deparou com divisões bem equipadas no interior da União Sovietica, eles enfrentaram maior resistência e comesaram a ter as primeiras derrotas.

Ouve ajuda dos EUA no inicio da guerra, mais ela não foi decisiva, no fim da segunda guerra mundial a união sovietica estava com mais de 100.000 carros de combate e outros aviões e caças, ai alguem dizer que SEM A AJUDA DOS EUA, A UNIÂO SOVIETICA TERIA PERDIDO A GUERRA É DESCONHECER A REALIDADE.




Editado pela última vez por suntsé em Seg Fev 19, 2007 6:27 pm, em um total de 1 vez.
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#59 Mensagem por Túlio » Seg Fev 19, 2007 6:12 pm

Primeiramente, meus pára-choques ao conterrâneo MAGOO32: estou acostumado a ver é o Clermont nos brindando com textos tão interessantes por que inusitados e deliciosos. Muito obrigado!

Sobre o comentário do Suntsé: a meu ver, os ianques supriam os Russos para conter e enfraquecer pelo atrito a nata das divisões Alemãs, não por querer salvá-los do nazismo.

E até certo ponto, discordo da postulação de terem sido os ianques o fator determinante para a vitória: o ponto de inflexão se deu após os reveses de Stalingrado e Moscou. Daí em diante, o jogo começou a virar. Aliás, creio que os ianques entraram no baile justamente para não deixarem os Russos vencerem sózinhos. Pois o fariam, em que pese o fato de que iria demorar mais. Imaginem um Pacto de Varsóvia integrado também por França, Inglaterra, Itália, Espanha, Alemanha & outros. Uma europa comunista...

Talvez não tivesse sido bem o capitalismo a vencer a Guerra Fria...

(((Hoje estaríamos aqui todos nos tratando por 'camarada forista'...)))

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#60 Mensagem por Morcego » Seg Fev 19, 2007 8:36 pm

negativo no primeiro no da guerra o URSS sobreviveu de comboios ingleses, se vc discorda ao menos estude para saber pq soldados sovieticos eram JOGADOS NO FRONT de dois em dois com um fuizil e uma munição para cada soldado, vou ter que achar o link, mas se vc se prestar a acreditar no que digo, o material ocidental entregue para a URSS no primeiro ano de conflito era maior do que tudo que hitler dispunha para entrar em conflito com a URSS,

eu falo pq li, pq estudei, pq acha que a wermecht chegou 8 KILOMETROS PERTO DE MOSCOU?? PQ STALIN O MESTRE DOS MESTRES ESTAVA REALMENTE PREPARADO PARA A INVASÃO ALEMÃ???

ORAS francamente.




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