O tentame comunista de 1961 - 1964

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O tentame comunista de 1961 - 1964

#1 Mensagem por Einsamkeit » Qua Jan 25, 2006 1:32 pm

O tentame comunista de 1961 - 1964
por Sergio A. de A. Coutinho em 13 de abril de 2004

Resumo: Os antecedentes da Revolução Democrática de 1964.

© 2004 MidiaSemMascara.org


A História não se repete. Conhecê-la porém permite entender o que aconteceu no passado e a perceber o que acontece no presente.



Para bem se compreender a REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA DE 1964 é necessário que antes se saiba que ela foi, no seu primeiro momento (1964-1967), uma contra-revolução restauradora. A causa fundamental do movimento, cujo imediato efeito foi a deposição do Presidente João Goulart, não estava apenas na desordem política, econômica e social que a inépcia e os projetos golpistas do primeiro mandatário produziram, levando a Nação à intranqüilidade e ao temor. Havia também algo mais perturbador e ameaçador: – a revolução comunista ressurgente; velada mas pressentida no tumulto dos acontecimentos. A segunda tentativa concreta da tomada do poder no Brasil.

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) – o partidão de Luiz Carlos Prestes –, aceitou a estratégia da “via pacífica” para a tomada do poder recomendada por Moscou depois do famoso XX Congresso convocado por Kruschev em 1956. Consistia e ainda consiste a “via pacífica” em conduzir a revolução em duas etapas. A primeira, conquistar o governo pela via eleitoral legítima: a revolução nacional-democrática, como é denominada pelos teóricos comunistas. Estabelecido o governo popular, o segundo passo – a Revolução Socialista – é acumular forças isto é preparar o golpe-de-estado para a tomada do poder pleno e implantar a ditadura do proletariado. O Partido Comunista Brasileiro, assim abandonara a estratégia do assalto ao poder que empregara na Intentona de 1935.

* * *

Em outubro de 1960, Jânio Quadros se elegeu presidente da república com expressiva votação João Goulart, foi também eleito como vice-presidente, em candidatura desvinculada e em oposição à chapa de Jânio, paradoxo permitido pela Constituição de 1946. Para garantir esta vitória, aceitou acordo político eleitoral com o Partido Comunista Brasileiro que, na ilegalidade, não podia ter candidato próprio.

Jânio Quadros tomou posse em 31 de janeiro de 1961. Porém durou pouco seu governo.

Inesperadamente, sem explicações razoáveis à época (25 Ago 1961), Jânio Quadros renunciou, criando uma grave crise político-institucional. O sucessor legal do presidente renunciante era o Vice-Presidente Goulart, naquele momento fora do País, em visita oficial à China Popular.

Conhecedores dos projetos revolucionários do Partido Comunista, das posturas populistas de esquerda do Vice-Presidente, das ligações político-eleitorais e de simpatia deste para com os comunistas, os Ministros da Guerra, da Marinha e da Aeronáutica manifestaram a inconveniência da posse do Sr João Goulart.

Em manifesto à Nação, assim declararam os ministros em conjunto:

“No cumprimento do seu dever constitucional de responsáveis pela manutenção da ordem, da lei e das próprias instituições democráticas, as Forças Armadas do Brasil, através da palavra autorizada dos seus ministros manifestaram (...) a absoluta inconveniência, na atual situação, do regresso ao país do Vice-Presidente, o Sr João Goulart”.

A grave advertência dos Ministros gerou imediata reação dos comunistas e das esquerdas nacionalista-populistas sob a liderança de Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul e cunhado do Vice-Presidente, levando a Nação a uma perigosa crise política e à quebra da unidade do Exército e das Forças Armadas.

A aludida defesa da “legalidade”, na realidade, era a defesa de um projeto revolucionário que tinha exatamente o propósito de destruir a ordem constitucional. No perigoso momento, os governadores estaduais se reuniram no Rio de Janeiro e propuseram uma solução de compromisso – a instituição do Parlamentarismo (Ato Adicional de 03 Set 1961). João Goulart pôde assim chegar à Presidência da República, em um acordo aceito pelos Ministros militares na iminência de uma guerra civil.

As Manobras Golpistas da Esquerda Populista

Na onda esquerdista, animada com a campanha pela “legalidade” e pela posse de João Goulart, despontaram três lideranças de esquerda que não estavam vinculadas às organizações comunistas, embora com elas mantivessem as mais convenientes ligações.

O primeiro movimento, de natureza nacionalista-populista, foi criado por Leonel Brizola, quando ainda governador do Rio Grande do Sul. Continha vagos conceitos socialistas e a sua bandeira nacionalista era de caráter meramente antimperialista e de oposição ao “processo de espoliação” do capital estrangeiro e das multinacionais no Brasil. O Presidente Goulart tinha semelhante posição, rivalizando-se com o seu cunhado.

O segundo movimento de esquerda foi de Miguel Arraes, Governador de Pernambuco de então. Era uma liderança local que se preocupava em se manter em evidência para garantir condições de uma candidatura à Presidência da República nas eleições de 1965 pelo mesmo partido do Presidente e de Brizola.

O terceiro movimento foi o das Ligas Camponesas fundadas em Pernambuco nos anos 50 e que visava à mobilização dos trabalhadores rurais em defesa da reforma agrária e da extensão dos direitos trabalhistas ao campo. Seu líder, Francisco Julião.

Os cubanos viram nas Ligas Camponesas a possibilidade de implantar a guerrilha no Brasil. O esquema guerrilheiro das Ligas durou cerca de um ano. Em 1962, a área que estava sendo implantada em Dianópolis/Go foi desbaratada por tropas federais por determinação do próprio Governo Goulart, coincidente com a posição do PCB, que se opunha à “via campesina”do movimento.

Em resumo, desde a renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961 até a eclosão do movimento cívico-militar de 31 de março de 1964 estavam em andamento dois projetos contra a democracia brasileira: um golpe nacionalista-populista e uma revolução comunista. O primeiro, liderado pelo próprio Presidente e pelo seu cunhado ex-governador do Rio Grande do Sul. O segundo, conduzido pelo Partido Comunista e seu secretário Luiz Carlos Prestes. Em torno destes projetos, toda a restante esquerda agitava, apostando na tendência que melhor coincidisse com os seus pontos de vista e objetivos.

No movimento nacionalista-populista, tanto o Presidente da República quanto o ex-governador do Rio Grande do Sul “queriam o poder para si; cada qual a seu modo procurou utilizar o movimento (...)”. O Presidente tentou o seu projeto antes de se comprometer mais a fundo com os comunistas. Propôs o estado de sítio a pretexto de uma suposta radicalização da direita, porém sofreu oposição de todos os setores, inclusive da própria esquerda que também se sentiu ameaçada. A medida não foi aprovada.

Por sua vez, Leonel Brizola exigiu o Ministério da Fazenda para si, posição que lhe garantia condições para realizar o seu projeto pessoal de conquistar o poder. Também neste episódio, a oposição foi tão grande que o Presidente não teve condições de nomeá-lo. Este fracasso levou Brizola a nova postura, agora nitidamente insurrecional. Para ele, a concretização das reformas só seria “possível com a tomada do poder pelas armas e com apoio do povo” O aliciamento de militares (oficiais nacionalistas, sargentos e marinheiros) seria na direção da articulação de um “golpe nacionalista”; e muitos se deixaram seduzir pelo discurso do ex-governador.

Em 1963 são criados os chamados Grupos dos Onze que seriam as bases de massa e o braço armado de um futuro partido revolucionário cujo objetivo seria a implantação de um “governo nacionalista popular,” conhecido como República Sindicalista.

Elementos de estrita confiança do comando nacionalista “ajudariam os sargentos a tomarem os quartéis e a preservarem a legalidade. Cada sargento comandaria três grupos dos onze” (Denis de Moraes, A Esquerda e o Golpe de 64).

As reformas de base eram a grande bandeira do movimento nacionalista-populista tanto como instrumento de mudanças institucionais, como de conquista do poder. As reformas eram mal explicadas, nunca se revelando exatamente o que seriam. Eram citadas a reforma agrária, a reforma urbana, a reforma educacional, a reforma tributária, a reforma administrativa, a reforma eleitoral, a reforma universitária, a reforma bancária, a reforma nas relações com as empresas estrangeiras. Serviam para tudo, até para justificar um golpe popular

A Manobra Revolucionária Comunista

O Partido Comunista Brasileiro por sua vez tinha uma concepção consistente para a tomada do poder. Seu primeiro objetivo seria a conquista do governo pela “via pacífica” para implantar transitoriamente um governo “Popular-Democrático”. As circunstâncias favoreciam a tentativa de realizar esta meta pelo “domínio do governo”, antecipando a alternativa da “via eleitoral” já que estava na ilegalidade. Para tanto teria que aprofundar os compromissos com o Presidente Goulart e fazê-lo parte do empreendimento. Por esta razão apoiou decisivamente a sua posse quando contestada pelos ministros militares e a campanha do NÃO, no plebiscito que repudiaria o Parlamentarismo apenas seis meses depois de implantado, restituindo os plenos poderes ao Presidente.

Na própria narrativa do Secretário-Geral do PCB, Luiz Carlos Prestes, a manobra do partido seria a seguinte:

“Um poderoso movimento de massas sustentado pelo poder central e tendo em seu núcleo um dos partidos – (PCB) – mais sólidos do continente, instalado no seio do aparato estatal (...) Um exército penetrado dos pés à cabeça por um forte movimento democrático e nacionalista (...) A tomada do estado burguês do seu interior para fora”. “Finalmente, uma vez a cavaleiro do aparelho do estado, converter rapidamente, a exemplo de Cuba de Fidel ou do Egito de Nasser, a revolução nacional e democrática em socialista” (Apontamentos do líder comunista, citados por Luiz Mir, op cit).

Para alcançar este objetivo,os comunistas se infiltraram no Governo e nas Forças Armadas a partir de onde tomariam, por dentro, o poder.

As Reformas de Base também eram bandeira do PCB, porém vistas por uma ótica revolucionária e não meramente populista. Concepção do Secretário-Geral do Partido em seus apontamentos e entrevistas:

“A luta pelas Reformas de Base constitui um meio para acelerar a acumulação de forças e aproximar os objetivos revolucionários”.“Não lutamos (ainda) por uma revolução socialista. Lutamos por um governo revolucionário antimperialista que, dentro do regime democrático, dê início às reformas indispensáveis ao país. Essas reformas sendo cada vez mais profundas, provocando elas próprias a abertura do caminho para a socialização” (citado por Luiz Mir, op cit).

As Reformas de Base, como Ideologia intermediária, simulavam o jogo democrático e assim mascaravam as verdadeiras intenções do Partido.

O Presidente da República tentou fortalecer sua posição com alguns expedientes políticos. Inicialmente, em conluio com o seu cunhado. Todas as iniciativas porém fracassaram, rejeitadas até pelas esquerdas.

O Presidente não teve outra alternativa: negociou com o PCB. Ele “apresentaria a plataforma de um governo nacional e democrático, antimperialista e reformista”; o Partido “lançaria oficialmente a candidatura (do Presidente) à eleição de 1965”. O líder comunista “pregava publicamente a continuidade do Presidente com golpe” (Luiz Mir, op cit). O continuísmo permitiria o prosseguimento do trabalho de “domínio do governo” em curso e a consolidação das posições já alcançadas pelo Partido.

Agitação e Propaganda

No período de 1961 a 1964, todas as organizações de esquerda desenvolveram intenso trabalho de agitação, com início nos episódios da campanha (1961) pela posse do Vice-Presidente e na campanha (1962) para restabelecer o sistema presidencialista por meio de um plebiscito.

As grandes bandeiras levantadas foram o nacionalismo, o antiimperialismo, as reformas de base e um alegado golpismo da direita.

No Movimento Sindical, sobressaiu-se o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), encabrestado ao governo e ao seu partido, mas sob controle efetivo do PCB. O movimento desencadeou uma intensa onda de greves políticas, a pretexto de reivindicações trabalhistas, O grevismo descontrolado com a conivência oficial assustou e intimidou a sociedade nacional.

O clímax da agitação e propaganda se deu com o Comício pelas Reformas realizado em frente da estação da Central do Brasil em 13 de março de 1964 no Rio de Janeiro. Com artifícios espertos para reunir os trabalhadores os organizadores concentraram uma multidão de cerca de 100 mil pessoas. Com a presença do Presidente da República e sua esposa, de ministros de estado e dos principais líderes nacionalista-populistas e comunistas, os sucessivos oradores radicalizaram com suas propostas para formação imediata de um governo “verdadeiramente popular” e de mudanças na Constituição que viabilizassem as reformas de base.

A Ruptura da Disciplina nas Forças Armadas

O Governo, por influência e sugestão dos populistas e comunistas, montou o que se denominou “Esquema Militar” para sua sustentação e para garantia contra os “militares golpistas e reacionários”. Este esquema se fazia basicamente pela colocação, de oficiais-generais “nacionalistas” e “progressistas” em certos pontos-chave e pela mobilização e politização de sargentos e marinheiros em torno da legalidade, do nacionalismo e das reformas.

Também o Partido Comunista Brasileiro tinha o seu setor militar, o mais secreto da organização. Segundo um ex-oficial comunista, era inexpressivo em número mas muito ligado a Prestes. Estima ele que em 1964 havia cerca de mil militares (oficiais, sargentos e outras praças) “reformistas” (nacionalistas de esquerda) e cerca de 150 comunistas ativistas em todo o Exército.

O movimento nacionalista-populista do ex-Governador Leonel Brizola, foi a principal linha de aliciamento de militares, exercendo grande influência sobre sargentos e praças desde a sua Campanha da Legalidade em 1961.

O ativismo no meio dos sargentos e praças acabou por provocar sérias manifestações de indisciplina e rebeldia. Em setembro de 1963, os Sargentos de Brasília, a maioria da Marinha e da Aeronáutica, se rebelaram contra decisão do TSE que considerou inelegíveis os sargentos que concorreram às eleições parlamentares de 1962. Os amotinados ocuparam vários pontos da Capital. Esperavam a adesão em outros locais do país, o que não aconteceu. A rebeldia foi dominada por tropas do Exército em menos de 24 horas, sem resistência dos amotinados.

Em março de 1964 se dá uma demonstração de indisciplina mais grave. Em assembléia no Sindicato dos Metalúrgicos no Rio de Janeiro, cerca de mil marinheiros exigiram a suspensão das punições aplicadas aos dirigentes da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil. Presentes lá também estavam solidários e insufladores, dirigentes do CGT e militantes de várias organizações de esquerda. Além do mais, contaram com o apoio de dois almirantes, um dos quais, Comandante do Corpo de Fuzileiros Navais. O Ministro da Marinha solicitou tropas do Exército que cercaram e evacuaram o sindicato. O Presidente, para contornar a crise e cedendo às pressões das esquerdas, exonerou o Ministro da Marinha e nomeou um novo titular, almirante da reserva “nacionalista”, concordando ainda em anistiar os insubordinados. O último acontecimento se dá na noite de 30 de março de 64 na sede do Automóvel Clube do Brasil no Rio de Janeiro. Comemoração do aniversário da Associação de Sub-Oficiais e Sargentos da Guanabara onde se reuniram cerca de 2000 pessoas e tendo por convidado especial o próprio Presidente da República. Na assistência, dois ministros militares, o Comandante do Corpo de Fuzileiros Navais, o líder da rebelião dos marinheiros e representantes de toda a esquerda, populistas e comunistas. Os discursos, inflamados e revolucionários; inclusive o Presidente fala. Mas naquele momento, já estava em movimento a Revolução de 31 de março de 64.

A crescente agitação política e social, o desgoverno e a evidência de um movimento comunista em marcha acabou por gerar uma sensação de insegurança geral. Embora o centro de inquietação e de crescente oposição estivesse principalmente na classe média, também os trabalhadores em geral se sentiam insatisfeitos e inseguros. A desorganização geral, a inflação, o desabastecimento, a corrupção e a ameaça latente da ruptura da ordem política e social atingiam a sociedade como um todo.

O anseio de reversão do quadro era generalizado e a esperança se voltou naturalmente para as únicas instituições que ainda guardavam os princípios de autoridade, a coesão interna e a capacidade de agir com firmeza a serenidade: a Igreja e as Forças Armadas




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#2 Mensagem por Rui Elias Maltez » Qua Jan 25, 2006 2:11 pm

A aludida defesa da “legalidade”, na realidade, era a defesa de um projeto revolucionário que tinha exatamente o propósito de destruir a ordem constitucional.


Isso significa que a "ordem" estabelecida após 1964, leia-se ditadura militar e perseguição da oposição de esquerda (metendo tudo o que se opusesse aos militares no saco dos "comunistas") estava dentro dos limites da Constituição?

:mrgreen:




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#3 Mensagem por rodrigo » Qua Jan 25, 2006 4:10 pm

Estão para serem inaugurados em Brasília, duas grandes obras: o museu nacional e a biblioteca nacional. Serão verdadeiros palácios, projetados por Oscar Niemayer. Até aí tudo bem, isso estava previsto no plano original de Brasília, e só o atual governador teve interesse em realizar. Mas hoje descobri o nome que será dado às duas estruturas:
Biblioteca Nacional Leonel Brizola e Museu Nacional Honestino Guimarães. Nunca vi a história brasileira ser cuspida com tanta nojeira.




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#4 Mensagem por Einsamkeit » Qua Jan 25, 2006 4:23 pm

rodrigo escreveu:Estão para serem inaugurados em Brasília, duas grandes obras: o museu nacional e a biblioteca nacional. Serão verdadeiros palácios, projetados por Oscar Niemayer. Até aí tudo bem, isso estava previsto no plano original de Brasília, e só o atual governador teve interesse em realizar. Mas hoje descobri o nome que será dado às duas estruturas:
Biblioteca Nacional Leonel Brizola e Museu Nacional Honestino Guimarães. Nunca vi a história brasileira ser cuspida com tanta nojeira.


Nao pode ser mais mudado?




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#5 Mensagem por Guilherme » Qua Jan 25, 2006 4:26 pm

Quem foi Honestino Guimarães? Aposto que era um comunista.




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#6 Mensagem por Arthur » Qua Jan 25, 2006 7:30 pm

rodrigo escreveu:Estão para serem inaugurados em Brasília, duas grandes obras: o museu nacional e a biblioteca nacional. Serão verdadeiros palácios, projetados por Oscar Niemayer. Até aí tudo bem, isso estava previsto no plano original de Brasília, e só o atual governador teve interesse em realizar. Mas hoje descobri o nome que será dado às duas estruturas:
Biblioteca Nacional Leonel Brizola e Museu Nacional Honestino Guimarães. Nunca vi a história brasileira ser cuspida com tanta nojeira.


Devia chamar o que?

Museu Nacional Excelentíssimo Delegado Fleury?? (poderia-se inclusive dar o nome de cada ala a um traficante que ele ajudava através de seu esquadrão da morte....)

Arthur




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#7 Mensagem por Einsamkeit » Qua Jan 25, 2006 9:04 pm

Nao sei, poderia ser Almirante Tamandare, Machado de Assis, Santos-Dumond, Bento gonçalves........

Nome nao falta




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#8 Mensagem por rodrigo » Qua Jan 25, 2006 10:24 pm

Devia chamar o que?

Museu Nacional Excelentíssimo Delegado Fleury?? (poderia-se inclusive dar o nome de cada ala a um traficante que ele ajudava através de seu esquadrão da morte....)
Arthur, você pode melhor que isso.




"O correr da vida embrulha tudo,
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#9 Mensagem por lelobh » Qui Jan 26, 2006 8:36 am

rodrigo escreveu:Estão para serem inaugurados em Brasília, duas grandes obras: o museu nacional e a biblioteca nacional. Serão verdadeiros palácios, projetados por Oscar Niemayer. Até aí tudo bem, isso estava previsto no plano original de Brasília, e só o atual governador teve interesse em realizar. Mas hoje descobri o nome que será dado às duas estruturas:
Biblioteca Nacional Leonel Brizola e Museu Nacional Honestino Guimarães. Nunca vi a história brasileira ser cuspida com tanta nojeira.


Eu vi... 1964!




Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.

Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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#10 Mensagem por lelobh » Qui Jan 26, 2006 8:43 am

Os antecedentes da Revolução Democrática de 1964.


Agora esse Sergio A. de A Coutinho conseguiu se superar. Ele nem sabe o que é democracia pelo visto!

“No cumprimento do seu dever constitucional de responsáveis pela manutenção da ordem, da lei e das próprias instituições democráticas, as Forças Armadas do Brasil, através da palavra autorizada dos seus ministros manifestaram (...) a absoluta inconveniência, na atual situação, do regresso ao país do Vice-Presidente, o Sr João Goulart”.


Sem comentários... O cara ainda acha isso democrático? Putz, parece um episódio de além da imaginação!




Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.

Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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#11 Mensagem por Rui Elias Maltez » Qui Jan 26, 2006 8:44 am

Nao sei, poderia ser Almirante Tamandare, Machado de Assis, Santos-Dumond, Bento gonçalves........

Nome nao falta


Bento Gonçalves seria bem fixe.

Trata-se do 1º Secretário-Geral do Partido Comunista Português, morto no campo de concentração do tarrafal :mrgreen:

_______


Mas agora a sério:

Se se tratam de monumentos dedicados à cultura, em vez de políticos, porque não nomes ligados à vossa Cultura (música, literatura), independentemente das cores políticas?

Se a vossa democracia está estabilizada, para quê, agora em 2006 estarem ainda a raciocinar como se se estivesse na guerra-fria? :?




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#12 Mensagem por lelobh » Qui Jan 26, 2006 8:47 am

O anseio de reversão do quadro era generalizado e a esperança se voltou naturalmente para as únicas instituições que ainda guardavam os princípios de autoridade, a coesão interna e a capacidade de agir com firmeza a serenidade: a Igreja e as Forças Armadas



Meu Deus!

E viva a democracia Coutinho, pois os militares se estivessem no poder não deixariam vc escrever isso aí caso sua visão fosse contra a deles!




Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.

Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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#13 Mensagem por Guilherme » Qui Jan 26, 2006 8:53 am

lelobh escreveu:
O anseio de reversão do quadro era generalizado e a esperança se voltou naturalmente para as únicas instituições que ainda guardavam os princípios de autoridade, a coesão interna e a capacidade de agir com firmeza a serenidade: a Igreja e as Forças Armadas



Meu Deus!

E viva a democracia Coutinho, pois os militares se estivessem no poder não deixariam vc escrever isso aí caso sua visão fosse contra a deles!


Da mesma forma que o Luís Carlos Prestes, que sonhava em tomar o poder, não deixaria o Sérgio Coutinho publicar seu texto, se o considerasse como "contra-revolucionário".




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#14 Mensagem por lelobh » Qui Jan 26, 2006 9:14 am

Rui Elias Maltez escreveu:
Nao sei, poderia ser Almirante Tamandare, Machado de Assis, Santos-Dumond, Bento gonçalves........

Nome nao falta


Bento Gonçalves seria bem fixe.

Trata-se do 1º Secretário-Geral do Partido Comunista Português, morto no campo de concentração do tarrafal :mrgreen:

_______


Mas agora a sério:

Se se tratam de monumentos dedicados à cultura, em vez de políticos, porque não nomes ligados à vossa Cultura (música, literatura), independentemente das cores políticas?

Se a vossa democracia está estabilizada, para quê, agora em 2006 estarem ainda a raciocinar como se se estivesse na guerra-fria? :?


Voltando a carga... :D

Não vejo problemas em homenagear políticos.

Meu caro Rui,
Pode parecer que não, mas as coisas no Brasil não são fáceis para quem está no poder. Os militares são, digamos, instáveis. Os governos ainda "temem" eles. Existe além disso os jogos de poder. Direita, esquerda... Enfim, aqueles que existem em qualquer lugar do mundo. Aliás no Brasil ou vc se suja para chegar lá em cima ou não chega. Se por acaso chegar SEM se sujar, o que já é quase impossível, eles lhe matam caso faça algo pelo país. Tenho certeza que matariam o primeiro presidente que tentasse mudar algo. Por muito menos vc viu o que fizeram com o Jango. Aqui no Brasil infelizmente é assim. O que segura os militares é a total falta de aprovação da população, do capital extrangeiro e do nacional. Os militares Brasileiros não estão ao serviço da nação verdadeiramente assim como os políticos tb não estão. Eu coloco todos em um mesmo balaio de gatos. Muitos aqui separam os dois, mas eu pelo contrário junto os mesmos. Hoje a força militar não tem sido necessária para manter o interesses de sempre, pois a classe política faz isso, mas se eles mudarem os militares não pensaram duas vezes antes de agir. Um dia talvez tudo mude. Infelizmente meu caro faltam nesse país nacionalistas verdadeiros e não os pseudos que conhecemos.
Certa vez escutei alguém dizer algo asism "Os militares amam as suas armas e não a nação".

Não estou dizendo que os cabos, soldados, sargentos e alguns mais possuem essa mentalidade, mas são subordinados e o processo de seleção deles já busca evitar exatamente pessoas criativas, curiosas, com mentes abertas, pois essas poderiam se insubordinar mais fácilmente. Por isso dizem que militar é bitolado. Já aqueles que entram para comandar foram formados com visões tão anti-democraticas que realmente impossibilitam qualquer melhora na estrutura militar ao meu ver. Certamente a formação dos militares é estruturada de forma a fechar a mente da pessoa. Não existe inovação.




Editado pela última vez por lelobh em Qui Jan 26, 2006 9:24 am, em um total de 4 vezes.
Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.

Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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#15 Mensagem por lelobh » Qui Jan 26, 2006 9:17 am

Guilherme escreveu:
lelobh escreveu:
O anseio de reversão do quadro era generalizado e a esperança se voltou naturalmente para as únicas instituições que ainda guardavam os princípios de autoridade, a coesão interna e a capacidade de agir com firmeza a serenidade: a Igreja e as Forças Armadas



Meu Deus!

E viva a democracia Coutinho, pois os militares se estivessem no poder não deixariam vc escrever isso aí caso sua visão fosse contra a deles!


Da mesma forma que o Luís Carlos Prestes, que sonhava em tomar o poder, não deixaria o Sérgio Coutinho publicar seu texto, se o considerasse como "contra-revolucionário".


Claro claro claro... E ele tomaria o poder com ajuda de quem?




Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.

Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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