Algo a se pensar para o futuro no longo prazo, pós-2035, quando se espera que todas as entregas possíveis destas aeronaves que poderiam ser feitas sob a vigência do contrato atual para a FAB (22 + 6 + 7 = 35) abrindo assim a perspectiva de dispor-se sobre a análise dos mesmos para integrar a aviação naval, seja no SAR, seja como patrulheiro e\ou cargo\pax.
A FAB irá repassar a aviação de patrulha para a MB no longo prazo - pós-2030 - quando começarem a tratar a substituição dos P-3AM, e neste meio tempo, as opções que temos para reequipar a asa fixa da aviação naval deverá ser repensada.
O KC-390 aparece como uma alternativa plausível tanto pelo fato de ser um vetor bastante flexível e com bom espaço para crescimento em termos de acréscimo de sistemas de missão, como pelo próprio tamanho da aeronave em si.
Ademais, o mercado para ele seguirá competitivo e, quiçá, bastante restrito. Neste sentido, pensar o avião da Embraer como um vetor que possa servir além da FAB igualmente na aviação naval, a fim de manter a linha de produção ativa e o contínuo desenvolvimento da plataforma é algo a ser levado em consideração.
O Brasil possui hoje responsabilidade sobre cerca de 15 milhões km2 de área no AS em termos de SAR naval e aéreo, pelos quais MB e FAB respondem diretamente as demandas dos órgãos competentes nacionais e internacionais.
Observando o mapa, é possível verificar que a nossa área de responsabilidade vai do mar do caribe ao limite sul da fronteira com o Uruguai, tendo como extensão máxima a leste quase metade do Atlântico Sul. Ainda é possível observar que os países limítrofes africanos com a nossa área SAR ou não dispõe de meios SAR (aéreos e navais) ou são muito poucos e pobres em recursos nesta missão, quando não, demandam a ajuda de europeus e norte americanos para isso. Da mesma forma Uruguai e Argentina não possuem meios suficientes para suprir as suas responsabilidades quanto as suas zonas SAR no Atlântico Sul. A única diferença relativa é a presença francesa ao norte no mar do caribe, onde tanto a Marine Nationale como a força aérea francesa mantem meios substanciais na região, em funções de seus territótios ultramarinos.
De qualquer forma, é mister observar que o Brasil também não possui hoje meios adequados ao seu dispor sobre a missão SAR no Atlântico Sul, e neste sentido, cabe repensar as reponsabilidades divididas entre FAB e MB neste quesito, tendo em vista a concentração de recursos e sua melhor aplicação, o que pode ser obtido a partir da gestão dos meios da aviação naval. E não se trata aqui somente de aviões de asa fixa que podemos, e devemos, dispor para esta missão, mas reorganizar todo o sistema integrado do SALVAMAR, a fim de cobrir os espaços de nossa responsabilidade, como ajudar a cobrir os demais países da região, o que, via de regra, já fazemos de forma muito limitada, claro, com os meios de que dispomos.
E poder ir além da nossa zona SAR e operar em todo o contexto da extensão do Atlântico Sul deveria ser considerado um objetivo estratégico do país, tendo em vista a presença permanente de atores - civis e militares - extra TOM na costa oriental africana e no mar do caribe. Isto, claro, se quisermos realmente dispor de meios que concorram diretamente com a presença daqueles atores externos no mesmo nível de capacidade de influência e diplomacia naval e militar. E não estou falando em relação conflito com tais forças, mas sobre a capacidade nacional de fazer-se presente em todos os ambientes de interesse dentro do TOM. Ou seja, diplomacia militar e civil funcionando juntas. E o sistema SAR é parte integrante disso.
A ver.