É possível perceber que uma demanda real e bem atraente no mercado sul americano para a utilização do KC-390 da Embraer é a versão SAR (terrestre e marítimo).
No contexto do nosso subcontinente, Argentina, Brasil, Chile, Peru e Colombia possuem as maiores áreas de busca e salvamento marítimo do continente, com os quatro primeiros com áreas sob responsabilidade internacional muito maiores que os próprios países.
A introdução da versão especializada SAR no Brasil, seja na FAB ou MB, poderia proporcionar uma demanda regional para atender as necessidades e obrigações daqueles países junto aos organismos internacionais que regulam esta matéria, objeto de tratados internacionais de segurança de voos comerciais\civis e de transporte marítimo.
Se não estou enganado, ouvi comentários sobre uma possível revisão canadense sobre os atuais SC-295 utilizados na missão SAR naquele país, mas sem qualquer fundo de amparo em fatos ou atos de ofício do governo local. Apenas comentários a boca pequena sobre eventuais problemas - não provados\demonstrados - por aquelas aeronaves em relação às operações sob o duro clima ártico no norte do mundo.
Olhando para o outro lado do lago, temos Angola, Namíbia e Africa do Sul com as maiores áreas SAR navais do ocidente continental. Outras dezenas de países com litorais pequenos mas justapostos uns aos outros até o Marrocos formam também um bloco quase coeso de necessidade de cuidados com as missões SAR em suas respectivas áreas de responsabilidade.
Não é preciso dizer que MB e FAB rotineiramente são demandadas anualmente para apoiar muito daqueles países africanos em função da sua negligência e\ou incapacidade de manter e operar os meios humanos e materiais necessários a fim de prover as atividades de busca e salvamento.
Não é o caso de se pensar em grandes vendas, mas, por exemplo, se cada país comprasse 2 ou 3 undes para missões SAR, somente entre nós e os vizinhos teríamos uma demanda potencial para até 10 a 15 aviões. É um mercado interessante a se pensar, assim como a aquisição no futuro de aeronaves de patrulha marítima, caso saibamos operacionalizar politica, diplomática e comercialmente esta questão.
Fico pensando que se a MB pudesse, ou quisesse, poderia verificar a viabilidade de dispor de um SC-390 para a aviação naval. Com 6 DN ao longo da costa, como já dispus em outros post, seria possível antever até 18 aviões SAR, dada as gigantesca área sob nossa responsabilidade, à qual, na prática, e não por acaso, não ficamos limitados operacionalmente, com os aviões e navios da FAB e MB operando do mar do caribe à costa africana e até o cabo horn. Seria no mínimo mostrar juízo, e responsabilidade, dotar a marinha com capacidades reais e críveis para assumir na íntegra, e não apenas a título de ilustração, suas missões SAR sob nossa responsabilidade.
O nosso incentivo poderia servir de preâmbulo para os demais países vizinhos que compartilham no Atlântico Sul e Pacífico a mesma missão rever suas atuais capacidades e buscar amealhar adequá-las ao mesmo nível nosso. Afinal, SAR não é competição, mas um trabalho conjunto que não precisa de discursos inflamados e nem propagandísticos políticos a fim de justificar-se o investimento neste tipo de aeronave. É só dizer que eles salvam vidas. E isto basta.
Um mal é um mal. Menor, maior, médio, tanto faz… As proporções são convencionadas e as fronteiras, imprecisas. Não sou um santo eremita e não pratiquei apenas o bem ao longo de minha vida. Mas, se me couber escolher entre dois males, prefiro abster-me por completo da escolha.
A. Sapkowski