Tocaieiros alemães da Segunda Guerra Mundial

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Tocaieiros alemães da Segunda Guerra Mundial

#1 Mensagem por Clermont » Qui Jan 06, 2005 6:56 pm

OS TOCAIEIROS ALEMÃES.

O seguinte artigo apareceu pela primeira vez na publicação militar oficial austríaca, chamada TRUPPDIENST (Serviço das Tropas) no ano de 1967 e foi escrito por um oficial do Exército austríaco, Capitão Hans Widhofner. Entre as pessoas questionadas estavam os dois mais proficientes tocaieiros ("snipers" ou "caçadores" na terminologia brasileira) alemães da guerra com os comentários de outro bom tocaieiro adicionados para obter um quadro bem delineado concernente ao uso de tocaieiros no Exército alemão.

Questões perguntadas aos tocaieiros.

Widhofner questionou os três experimentados tocaieiros individualmente. Eles são designados em ordem "A", "B" e "C". Todos os três eram membros da 3a Divisão de Montanha do antigo Exército alemão. Com respeito a suas pessoas, note-se o seguinte:

"A": Matthais Hetzenauer do Tirol lutou na Frente Russa de 1943 até o fim da guerra, e com 345 acertos confirmados é o mais bem sucedido tocaieiro alemão.

"B": Sepp Allerberger de Salzburg lutou na Frente Russa de dezembro de 1942, até o fim da guerra, e com 257 acertos confirmados é o segundo melhor tocaieiro alemão.

"C": Helmut Wirnsberger da Estíria lutou na Frente Russa de setembro de 1942 até o fim da guerra e obteve 64 acertos confirmados (após ser ferido, serviu por algum tempo como instrutor num curso de treinamento de tocaieiros).

1. Armas utilizadas?


"A". K98 com mira telescópica de seis aumentos. G43 com mira telescópica de quatro aumentos.

"B". Fuzil russo com mira telescópica, capturado; Não posso me lembrar do aumento. K98 com mira telescópica com seis aumentos.

"C". K98 com mira telescópica com 1,5 aumento. K98 com mira telescópica com quatro aumentos. G43 com mira telescópica com quatro aumentos.

2. Eficiência das miras telescópicas usadas.

"A". A mira de quatro aumentos era suficiente até um alcance de aproximadamente 400 metros, a mira de seis aumentos era boa até 1000 metros.

"B". Usou por dois anos um fuzil russo capturado com mira telescópica; rendia bons resultados, a mira telescópica de seis aumentos montada no K98 era boa.

"C". A mira telescópica de 1,5 aumento não era o suficiente; a mira de 4 aumentos era suficiente e se provou boa.

3. Qual sua opinião sobre o incremento da magnificação de suas miras telescópicas?

"A" & "B". Seis aumentos era suficiente. Não há necessidade de miras mais potentes. Nenhuma experiência com magnificações maiores.

"C". quatro aumentos era suficiente em ambos os casos.

4. A que alcance você poderia atingir os seguintes alvos sem falhar?

"A". Cabeça até 400 metros. Peito até 600 metros. Homem de pé até 700-800 metros.

"B" e "C". Cabeça até 400 metros. Peito até 400 metros. Homem de pé até 600 metros.

5. Os alcances indicados se aplicam só a você, isto é, os melhores tocaieiros, ou também para a maioria dos tocaieiros?

"A" e "B". Somente para os melhores tocaieiros.

"C". Para mim, pessoalmente tanto quanto para a maioria dos tocaieiros. Uns poucos tocaieiros excepcionais podiam atingir alvos em alcances maiores.

"B" adicionou: Impacto absolutamente positivo só é possível até cerca de 600 metros.

6. Qual o alcance do alvo mais distante contra o qual você disparou, e que espécie e qual o tamanho do alvo.

"A". Cerca de 1.000 metros. Soldado de pé. Impacto positivo não era possível, mas necessário sob as circunstância de modo a mostrar ao inimigo que ele não estava seguro mesmo aquela distância! Ou o superior queria satisfazer-se sobre nossa capacidade.

"B". 400 a 700 metros.

"C". Cerca de 600 metros, raramente mais. Normalmente eu esperava até que o alvo se aproximasse mais para melhor chance de acerto. Também a confirmação de acerto bem sucedido era mais fácil. Usei o G43 somente até cerca de 500 metros devido a balística pobre.

7. Quantos segundos tiros / tiros adicionais eram necessários por cada dez impactos?

"A". Quase nunca.

"B". Um a dois. O segundo tiro era muito perigoso quando tocaieiros inimigos estavam na área.

"C". Um a dois quando muito.

8. Se você pudesse escolher, qual arma usaria e por quê?

"A". K98. De todas as armas disponíveis na época ele tinha a maior precisão para uso permanente, além disso ele não enguiçava facilmente. O G43 era adequado somente até cerca de 400 metros. Ele também tinha uma precisão inferior.

"B". O K98 era o melhor. O G43 era muito pesado.

"C". O G43 poderia ter sido bom se não enguiçasse tão facilmente e sua capacidade era tão boa quanto a do K98.

9. Hoje em dia se você pudesse escolher entre o K98 e um fuzil semi-automático que não se danifique facilmente e tivesse a mesma capacidade como o K98, que arma você pegaria e por quê?

"A". Tocaieiros não precisam de armas semi-automáticas se eles são utilizados corretamente como tocaieiros.

"B". A arma semi-automática, se seu peso não fosse maior.

"C". A arma semi-automática. Permite o disparo mais rápido quando atacado pelo inimigo.

10. Como vocês eram incorporados numa unidade de tropa?

Todos os três pertenciam à seção de tocaieiros do batalhão. "C" era o comandante da seção. Eles somavam até 22 homens; seis deles normalmente permaneciam com o batalhão, o resto era designado para as companhias. Observações e uso da munição tanto como acertos bem sucedidos tinham de ser reportados diariamente para o estado-maior do batalhão. No começo, os tocaieiros eram concentrados nos batalhões, mas enquanto a guerra prosseguia e o número de tocaieiros altamente habilitados descrescia, eles com freqüencia eram designados e recebiam suas ordens da divisão. Em adição, uns poucos atiradores selecionados, em cada companhia, eram equipados com miras telescópicas. Esses homens não tinham treinamento especial mas eram capazes de atingir com precisão até cerca de 400 metros e levavam à cabo uma grande parte do trabalho a ser feito por "verdadeiros" tocaieiros. Esses fuzileiros especialmente equipados servim nas companhias como soldados regulares. É por isso que eles não podiam obter as marcas elevadas como a dos tocaieiros.

11. Estratégia e alvos?

I. Ataque:

"A", "B" e "C". Sempre dois tocaieiros à qualquer momento; um atira, o outro observa. Norma Geral de Ação comum: - Eliminação de observadores; das armas pesadas inimigas e dos comandantes. Ou ordens especiais, quando todos os alvos importantes ou valiosos foram eliminados. Por exemplo: posições de canhões antitanque, ninhos de metralhadora, etc. Tocaieiros seguiam próximos às unidades de ataque e sempre que necessário, eliminando inimigos que operavam armas pesadas e aqueles que eram perigosos ao nosso avanço.

"A" adicionou: Em poucos casos, eu tive de penetrar a linha principal do inimigo à noite antes do nosso próprio ataque.Quando nossa artilharia tinha aberto fogo, eu tinha de atirar em comandantes e atiradores inimigos pois nossas próprias forças estariam muito fracas em números e munição sem esse apoio.

Ia. Ataque noturno:

"A", "B" e "C". Tanto como podemos nos lembrar, não foram conduzidos grandes ataque noturnos, tocaieiros não eram usados à noite; eram valiosos demais.

Ib Ataques invernais:

"A". Trajado em camuflagem de inverno eu seguia atrás das unidades de linha de frente. Quanto o ataque era retardado, eu tinha de ajudar engajando metralhadores e canhões antitanque etc.

"B" e "C". Boa camuflagem e proteção contra o frio necessário. Sem possibilidades de emboscada extensivas.

II. Defesa:

"A", "B" e "C": Usualmente por minha conta dentro do destacamento de companhia; ordens para disparar em qualquer alvo ou apenas alvos valiosos. Grande sucesso durante ataques inimigos já que os comandantes podem, freqüentemente, serem reconhecidos e alvejados à alcances mais longos devido à suas vestimentas especiais e equipamentos como cinturões cruzados no peito, camuflagem branca no inverno, etc. Como conseqüencia, o ataque do inimigo era detido na maioria das vezes. Alvejei os líderes inimigos oito vezes durante um ataque. Tão logo tocaieiros inimigos apareciam nós os enfrentávamos até que fossem eliminados; nós também sofremos grandes perdas. Como regra, o tocaieiro buscava alvos valiosos ao alvorecer e permanecia em posição até o anoitecer com poucas interrupções. Nós estávamos, com freqüencia, em posição em frente às nossas linhas de modo a enfrentar o inimigo com mais sucesso. Quando o inimigo conhecia nossas posições, nós éramos forçados a permanecer sem provisões ou reforços em tais posições avançadas. Durante alarmas ou ataques inimigos, um bom tocaieiro não atirava em quaisquer alvos, mas somente nos mais importantes como comandantes, atiradores, etc.

IIa. Defesa durante a noite:

"A", "B" e "C": Tocaieiros não eram usados à noite; nem mesmo designados para serviço de guarda ou outras tarefas. Se necessário eles tinham de assumir posições em frente das próprias linhas de modo a enfrentar o inimigo mais efetivamente durante o dia.

IIb. Você obteve acertos ao luar?

"A". Eu era, com freqüencia, chamado à ação quando havia suficiente luar já que acertos razoavelmente precisos eram possíveis com mira telescópica de seis aumentos, mas não com as miras abertas.

"B", "C". Não.

IIc. Ação de retardamento:

"A" e "C". Na maioria dos casos quatro a seis tocaieiros eram mandados para a retaguarda para eliminar quaisquer inimigos que aparecessem; resultados muito bons. Uso de metralhadoras em ação de retaguarda apenas em emergências, já que os tocaieiros atrasavam o avanço inimigo com um ou dois acertos sem revelar facilmente sua própria posição.

"B". Nenhum uso real de tocaieiros, real tiro de tocaia não era possível em guerra móvel já que todo mundo atirava em inimigos que apareciam.

12. Em que tipo de ação de guerra podia o tocaieiro ser mais bem sucedido?

"A". O maior sucesso para os tocaieiros não residia no número de acertos, mas no dano causado ao inimigo pelo abate dos comandantes ou homens importantes. Quanto ao mérito de acertos individuais, os melhores resultados dos tocaieiros podiam ser obtidos na defesa já que o alvo podia ser melhor reconhecido com respeito ao mérito por cuidadosa observação. Também com respeito aos números, os melhores resultados podiam ser obtidos na defesa já que o inimigo atacava várias vezes durante o dia.

"B". Defesa. Em outras ações os acertos não eram certificados.

"C". Melhores resultados durante guerra de posições por tempo extenso e durante ataques inimigos; bons resultados também durante ação de retardamento.

13. Percentagem de acertos bem-sucedidos em vários alcances.

Até 400 metros: "A", 65 %. "C". 80 %.

Até 600 metros: "A", 30 %. "C", 20 %.

Informação adicional: "A", por isso cerca de 65 % de meus impactos bem sucedidos foram feitos abaixo dos 400 metros.

"B", Não lembro. A massa dos acertos estava abaixo do alcance de 600 metros.

"C". Atirava principalmente dentro do alcance de 400 metros devido a grande possibilidade de impacto bem sucedido. Além desse limite, impactos só podiam ser confirmados com dificuldade.

14. Essas percentagens e alcances se aplicam à você, pessoalmente, ou elas são válidas para a maioria dos tocaieiros?

"A". Essa informação é aplicável a maioria dos tocaieiros tanto quanto para os melhores, pois a maioria deles podia atingir com absoluta certeza apenas dentro de um alcance de 400 metros devido a sua limitada habilidade. Os melhores podiam atingir com razoável certeza em alcances maiores, entretanto, na maioria dos casos, eles aguardavam até que o inimigo estivesse mais próximo ou se aproximavam dele de modo a melhor escolher o alvo com respeito ao mérito.

"B". A informação é aplicável a todos os tocaieiros que eu conheci em pessoa.

"C". A informação é aplicável a mim mesmo tanto quanto a maioria dos tocaieiros.

15. Na média, quantos tiros eram disparados de uma única posição?

a. Ataque:

"A", "B" e "C". Tantos quanto necessários.

b. Defesa de posição preparada:

"A", "B" e "C". Um à três na maior parte.

c. Ataque inimigo:

"A", "B" e "C". Dependia dos alvos de valor.

d. Combate contra tocaieiros inimigos:

"A", "B" e "C". Um a dois na maior parte das vezes.

e. Ação de retardamento:

"A", "B" e "C". Um a dois era suficiente já que o tocaieiro não estava só.

"B" adicionou: Durante o próprio ataque tanto quanto o do inimigo, acertos não eram confirmados.

16. O que mais era especialmente importante em adição a excelente pontaria?

"A". Além da geralmente conhecida qualidade de um tocaieiro era especialmente importante ser capaz de bater o inimigo em tática. O melhor "tático em detalhes" ganha o combate contra os tocaieiros inimigos. A isenção de emprego em outras funções contribuem essencialmente para a obtenção de altas marcas.

"B". Tranqüilidade, bom julgamento, coragem.

"C". Paciência e perseverança, excelente senso de observação.

17. De qual grupo de pessoas eram selecionados os tocaieiros?

"A". Apenas pessoas nascidas para o combate individual como caçadores, mesmo clandestinos, guardas florestais, etc. Sem levar em consideração seu tempo de serviço.

"B". Não lembro. Eu obtive 27 impactos bem-sucedidos com um fuzil de tocaia russo antes que fosse ordenado participar de um curso de treinamento de tocaieiros.

"C". Apenas soldados com experiência no "front" que eram excelentes atiradores de fuzil; normalmente após o segundo ano de serviço; tinham de cumprir várias exigências de tiro para serem aceitos nos cursos de treinamento de tocaieiros.

18. Em qual curso de treinamento de tocaieiros você participou?

"A", "B" e "C": Os cursos de tocaieiros na área de treinamento de Seetaleralpe.

"C". Mais tarde, eu fui designado para o mesmo curso como instrutor.

19. Era aconselhável equipar o tocaieiro com um binóculo? Que magnificação tinha o binóculo?

"A". Um aumento de 6 x 30 era insuficiente para maiores distâncias. Mais tarde eu tive um binóculo 10 x 50 que era satisfatório.

"B". Binóculos eram igualmente importantes quanto o fuzil. Nenhuma informação posterior.

"C". Todo tocaieiro era equipado com um binóculo. Isso era útil e necessário. Um aumento de 6 x 30 era suficiente até um alcance de cerca de 500 metros.

20. Você preferiria um periscópio que permitisse observação sob cobertura total?

"A". Era muito útil como suplemento (telescópio de trincheira russo).

"B". Não.

"C". Era usado quando capturado.

21. Telescópios de guerra de posição eram usados?

"A" e "C". Sim, quando disponíveis. Eram usados mutuamente pelo tocaieiro e pelo observador de artilharia.

"B". Não.

22. Que tipo de camuflagem era usada?

"A", "B" e "C". Eu nunca usei um tronco de árvore falso, mas usei roupas camufladas. Camuflagem do meu rosto e mãos e camuflagem da minha arma no inverno. (Cobertura branca, correias brancas, pintura branca).

"B" adicionou: Por dois anos eu usei um guarda-chuva que era pintado para imitar o terreno. No começo eu sempre camuflava tanto o rosto como as mãos. Mais tarde, com menos freqüencia.

23. Você usou meios técnicos para iludir o inimigo?

"A". Sim, bonecos, etc.

"B". Sim. Por exemplo, posições falsas com carabinas instaladas que podiam ser disparadas puxando um arame.

"C". Não.

24. Você usou escudos protetores em guerra de posição?

"A", "B" e "C": Não.

25. Qual sua opinião sobre o uso de munição traçante?

"A", "B" e "C". Se possível, ela não deve ser usada em combate já que facilmente revela a posição do tocaieiro. Munição traçante era principalmente usada para prática de tiro tanto como para estimativa de alcance em várias distâncias. Para esse propósito todo tocaieiro carregava com ele uns poucos cartuchos traçantes.

26. Você usou munição de observação, isto é, cartuchos que disparam projéteis que detonam ao impacto?

"A", "B" e "C". Sim. Com o impacto uma pequena chama tanto como uma pequeno tufo de fumaça permitiam uma boa observação do impacto. Por esse método, nós podíamos forçar o inimigo a sair de construções de madeira, ateando fogo nelas.

27. Como você lidava com o vento lateral?

"A". Por meu próprio julgamento e experiência. Quando necessário, eu usava munição traçante para determinar o desvio do vento. Eu estava bem preparado para vento lateral pelo meu treinamento em Seetaleralpe onde praticávamos freqüentemente com ventos fortes.

"B". Pelo meu próprio julgamento. Nós não atirávamos quando o vento lateral era muito pesado.

"C". Nenhuma explicação já que tocaieiros não atiram com ventos fortes.

28. Você pode relembrar das regras pertinentes a seu comportamento quando atirando em alvos móveis?

"A", "B" e "C": Não. O importante é o próprio julgamento e experiência tanto quanta rápida mira e rápido disparo.

29. Você teve alguma experiência com fuzis perfurantes de blindagem?

"A". Sim. Várias vezes eu lutei contra metralhadores com escudos protetores. Eu podia atingir alvos pequenos somente até 300 metros já que a dispersão era considerável maior do que com o K98. Além disso, ele era muito pesado e desajeitado e não era adequado como arma de tocaieiro. Eu não o usava contra alvos sem blindagem.

"B" e "C". Não.

30. Qual era o método pelo qual seus acertos eram certificados?

"A", "B" e "C". Por observação e confirmação por um oficial, graduado ou dois soldados. Por isso é que o número de impactos certificados é menor do que a marca real.




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#2 Mensagem por Sniper » Qui Jan 06, 2005 7:49 pm

Ótima matéria Clermont! :D

Impressionante ver como estes homens eram doutrinados! Eles pareciam seguir sempre os mesmos preceitos e regras na hor do combate! Por isso o grande númerode respostas iguais e parecidas!

Abraços!




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#3 Mensagem por Sniper » Qui Jan 06, 2005 7:49 pm

E pessoal e quem ta com preguiça de ler pq o texto é grande :roll: :lol: Vale a pena Porque o texto é muito bom! :D




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#4 Mensagem por rodrigo » Qui Jan 06, 2005 9:24 pm

Texto muito bom.

Fuzil russo com mira telescópica, capturado

Provavelmente o MOISIN NAGANT, arma padrão sniper soviética.
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K98 com mira telescópica de seis aumentos

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Uma curiosidade: o mecanismo dessa arma é o mesmo que equipa o fuzil AGLC da IMBEL, atual arma sniper do EB.

G43 com mira telescópica com quatro aumentos.

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Em uma demonstração de qualidade, os alemães já empregavam armas semi-automáticas em função sniper desde a 2ª GM.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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#5 Mensagem por Carlos Mathias » Sáb Jan 08, 2005 1:01 am

Na revista magnum saiu um artigo falando sobre caçadores, os melhores da IIGM foram finlandeses com +- 500 mortes, depois russos com 500/400 mortes iclusive com mulheres figurando na lista.
É um tipo de tiro que adoro, apesar de praticante de uma modalidade totalmente oposta.




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Re: Tocaieiros alemães da Segunda Guerra Mundial

#6 Mensagem por Cavaleiro Teutônico » Qua Mai 25, 2005 2:51 pm

Bom artigo... muito interessante. Tu tem o site ou livro onde tal artigo foi retirado???
Tocaieiro soa um porco estranho, pois estou acostumado com Sniper.

Na revista magnum saiu um artigo falando sobre caçadores, os melhores da IIGM foram finlandeses com +- 500 mortes, depois russos com 500/400 mortes iclusive com mulheres figurando na lista.
É um tipo de tiro que adoro, apesar de praticante de uma modalidade totalmente oposta.


Essa lista, embora oficial precisa ser considerada. Durante a SGM era comum a manipulação de dados para uso de propaganda. E como mencionado no artigo, apenas as mortes confirmadas eram creditadas.
O maior sniper de todos os tempos é o finlandês Simo Häyhä. Ele era um fazendeiro quando os soviéticos atacaram a Finlândia (GUERRA DE INVERNO 39-40); Com um fuzil fuzil Mosin-Nagant Modelo 28 com mira aberta, lhe é creditado 505 mortes confirmadas de soldados vermelhos (outros falam em 542). Utilizando submetralhadora ele teria vitimado mais de 100 vermelhos; tudo isso dentro de 3 meses antes de ser ferido no maxilar em 6 de março de 1940.

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HÄYHÄ


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Armas utilizadas: Mosin Nagant M28 com mira aberta
PPD-34/38, PPD-40




"Um grande coração não sente horror diante da morte, venha quando vier, contanto que ela seja honrosa".

(Ludovico Ariosto)
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#7 Mensagem por Einsamkeit » Qua Mai 25, 2005 8:46 pm

Nossa nem lente de aumento tinha, ele devia ser bom mesmo, Os sovieticos investiam bem mesmo, aquele filme circulo de fogo é bom, tirando que como sempre os alemaes sao demonios e sempre tem que fazer alguma coisa ruim, dai ele enforca o menino, no mais é muito bom.




Somos memórias de lobos que rasgam a pele
Lobos que foram homens e o tornarão a ser
ou talvez memórias de homens.
que insistem em não rasgar a pele
Homens que procuram ser lobos
mas que jamais o tornarão a ser...
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#8 Mensagem por Clermont » Dom Fev 05, 2006 8:13 pm

O QUE É UM TOCAIEIRO?

Por Martin Pegler.

A narceja (snipe) é um pequeno pássaro de vôo rápido encontrado nos pântanos da Escócia e Inglaterra, onde passa os invernos. Renomada por seu ágil e tortuoso vôo, é um alvo extraordináriamente difícil de atingir. Um esportista com um mosquete de pederneira, que fosse capaz de abater uma narceja, era considerado um notável atirador; e, em algum momento de meados do século XVIII o termo "tiro à narceja" (snipe shooting) foi simplificado para "sniping". Ninguém sabe quem cunhou primeiro a frase, ou exatamente quando ela entrou em uso comum; mas, pelo final do século XIX era uma palavra bem-estabelecida para designar um atirador esportivo acima da média.

Hoje em dia, "tocaieiro" (sniper) é utilizado indiscriminadamente pela mídia para se referir a qualquer um que use um fuzil. Essa casual imprecisão faz um enorme desserviço ao tocaieiro treinado; apenas muito poucos homens e mulheres tem a única mescla de habilidades que os qualificam como tocaieiros. Em grande medida, a tecnologia que utilizam é imaterial. Uma arma com uma mira óptica anexada não cria instantâneamente um tocaieiro, e muitos dos mais efetivos tocaieiros eram tão competentes com miras de "ferro" abertas como eram com as telescópicas.

O termo "tocaieiro" tem sempre despertado emoções variadas, e muitos consideram o conceito todo com repulsa. Certamente, o tocaieiro tem sido considerado com uma deferência beirando à inquietude mesmo entre soldados combatentes. Como Frederick Sleath, um oficial tocaieiro durante a Grande Guerra de 1914, comentou, os infantes não se misturam facilmente com seus tocaieiros "... pois havia algo que os colocava à parte dos homens comuns e tornava os soldados desconfortáveis". - uma atitude que prevalece até o presente dia. Um tocaieiro do Exército americano, na Guerra do Vietnam, lembra que, ao entrar num abrigo, um soldado de infantaria acenou para outro e resmungou, "Oh-oh, chegou a 'Morte Incorporada'!" O porquê disso não é fácil de determinar. Talvez porque muitos de nós não mais admitamos nosso prímitivo instinto de caçador, a idéia de rastrear uma prêsa humana é estranha para nós. Nós somos, afinal de contas, educados na crença de que toda a vida humana é sacrossanta, e o deliberado ato de tomar uma vida em tempo de paz é severamente punido. Por essa razão, comparativamente poucos tocaieiros militares tem falado ou escrito sobre suas experiências. Quando as guerras acabam há uma tendência natural para uma polarização das atitudes sobre matar; não leva muito tempo antes que os homens que serviram bem ao seu país sejam desconsiderados pelos ingratos civis que eles protegeram como um pouco melhores do que assassinos à sangue-frio. Quaisquer que sejam as razões, o tocaieiro militar tem raramente sido louvado publicamente como herói, sendo considerado no melhor dos casos, como uma desagradável necessidade.

Tal resposta era, é claro, totalmente irracional quando era considerado perfeitamente aceitável na guerra matar um inimigo com granadas de alto-explosivo, ou aleatoriamente aniquilar comunidades inteiras de civis com bombas. Uma razão para tal desconforto era, talvez, que entre os soldados de combate, o tocaieiro fosse o único a ter a habilidade de conter a vida ou a morte no retículo de suas miras. Raros os outros soldados que jamais tiveram o questionável luxo de decidir quem e quando matar. O sargento John Fulcher, um tocaieiro na 36o Divisão de Infantaria americana, em 1944, deliberou sobre seu alvo, enquanto observava um pelotão de soldados alemães descansados, marchando para a linha de frente. Ele tomou a decisão lógica: "Eu enquadrei o oficial e o baleei através da barriga. Ele olhou, momentâneamente surpreso, então caiu sentado no meio da estrada. Ele já estava morto no momento que eu trouxe meu fuzil em posição após o recuo e o enquadrei novamente em minha luneta. Suas pernas estavam tamborilando na estrada, mas ele já estava morto. Apenas seu corpo não sabia disso ainda."

Para o soldado mediano, a guerra era uma questão de obedecer ordens. Artilheiros puxavam o cordão de disparo, e alguém anônimamente podia morrer no outro lado do horizonte; mesmo o metralhador usualmente disparava em alvos distantes o bastante para permitir um certo alheamento; nenhum dos dois tinha qualquer idéia real de onde suas granadas e balas iriam cair, ou qual o dano elas iriam fazer. Eles eram, em grande medida, capazes de tratar a luta como impessoal e se distanciarem dela. O combate de tocaieiros não era remoto, como o instrutor de tocaieiros no Vietnam, Capitão Robert Russel aponta: "O tiro de tocaia é uma guerra muito pessoal, pois um tocaieiro precisa matar, calmamente e deliberadamente, atirando em alvos cuidadosamente selecionados, e não pode ser suscetível de emoções... ele vai ver o olhar no rosto da pessoa que ele vai matar."

Mesmo o infante de linha luta num nível diferente, raramente tendo qualquer animosidade pessoal contra o inimigo. Ele fará qualquer coisa que for ordenado e em combate ele reagirá às circunstâncias, fazendo o que for necessário para ficar vivo, para proteger-se e a seus camaradas imediatos e, esperançosamente, para voltar para casa em uma só parte. Ele pode, certamente, ser morto, mas mesmo tornando-se uma baixa estatística, é mais provável que seja ferido ou capturado, e suas chances de sobrevivência são razoáveis. As chances de sobrevivência de um tocaieiro eram mais caprichosas, pois embora muitos fossem feridos ou mortos como resultado da ação inimiga poucos sobreviveram à captura. Aqueles que se rendessem eram, invariavelmente, fuzilados no ato por seus captores,cuja fúria tinha sido despertada por sua inabilidade de retaliar enquanto seus camaradas eram abatidos. Os tocaieiros compreendiam os riscos que corriam e tão desejosos de sobreviverem como qualquer um no campo de batalha, punham considerável esforço em planejar sua camuflagem, posicionamento e táticas.

Embora uns poucos tocaieiros - particularmente os japoneses - preferissem trabalhar por sua conta, a maioria não se constituía dos lobos solitários como são freqüentemente retratados. A tensão física de estarem sozinhos e próximos a um inimigo por horas, por fim era normalmente grande demais para um indivíduo, e foi rapidamente compreendido que os mais bem sucedidos tocaieiros eram aqueles que trabalhavam aos pares, um para observar, o outro para atirar. Isso se tornou o modus operandi para a maior parte dos tocaieiros militares, embora as circunstâncias garantissem que isso nunca tenha sido uma regra de ferro. O tiro de tocaia é uma arte, não uma ciência, e um verdadeiro tocaieiro requer uma extraordinária gama de habilidades. Ele precisa ser, não só um atirador especialista, mas também se sobressair em organização do terreno, observação e camuflagem. Com mais freqüência do que nunca, o tocaieiro irá passar muito do seu tempo calmamente observando e registrando a atividade inimiga antes de escapulir de volta sem disparar um tiro, tendo ganho inteligência vital sobre os movimentos de tropas, posições e a natureza e tamanho das forças inimigas. Ele tem de ser um consumado profissional, habilidoso e auto-confiante.




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#9 Mensagem por Guerra » Dom Fev 05, 2006 9:21 pm

Fabuloso!!! Copiei o texto para ler com mais atenção depois.




A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Túlio
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#10 Mensagem por Túlio » Seg Fev 06, 2006 9:51 am

Eu também, Guerra, mas volta e meia faço isso com os textos do Clermont - tchê professor, aí galo véio...hehehehehhe - do Victor, do Yoham e...teus...HUAHUAHUAHUAHUAHUAHAUHAUAHUAH




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#11 Mensagem por CFB » Seg Fev 06, 2006 3:32 pm

Pelo q eu sei o maior tocaiero de tds os tempos foi um finlandes q na querra de inverno contra a URSS abateu 542 oponentes nos apenas 105 dias da querra




Apesar de todos os problemas, ainda confio no Brasil
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cabeça de martelo
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#12 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Fev 08, 2006 9:43 am

Excelente post!




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Clermont
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#13 Mensagem por Clermont » Seg Mar 20, 2006 1:01 am

TOCAIEIROS DA RÚSSIA - DAS ORIGENS ATÉ O FIM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

Por Lester W. Grau, Charles Q. Cutshaw.

Durante a evolução do combate moderno, o alcance máximo efetivo da maioria das armas tem aumentado dramaticamente. Obuseiros disparam precisamente além dos 28 quilômetros, os tanques matam além dos quatro quilômetros, mísseis de helicópteros armados, além dos oito quilômetros. O alcance máximo de engajamento das armas leves da infantaria, no entanto, encolheu significativamente no término do último século. Alguns dos fuzis padrão de infantaria da Grande Guerra e da Segunda Guerra Mundial tinham miras que alcançavam além dos 1800 metros, e soldados de infantaria treinados para engajar alvos de área, mesmo nesses alcances. Mas com a adopção das balas .223, de pequeno calibre e alta velocidade, como padrão para a infantaria por muitas nações, o alcance máximo de treinamento – e, portanto, efetivo – das armas leves da infantaria, decaiu para 300 metros ou menos.

Além disso, enquanto os fuzis de infantaria das guerras mundiais eram de repetição por ação de ferrolho ou semi-automáticos, os fuzis de assalto de hoje em dia são todos capazes de fogo automático. O grosso dos projéteis de armas leves é disparado, no combate moderno, para suprimir e não matar. Várias fontes estimam que 20 mil a 50 mil cartuchos são produzidos para cada baixa infligida na guerra moderna. Entretanto, ainda há atiradores de fuzil que engajam a mil metros e além, e que produzem uma baixa para cada um ou dois tiros disparados. Esses soldados, especialmente treinados e equipados, são os tocaieiros (“snipers”) e seu impacto no combate moderno está aumentando. As forças armadas russas demonstraram, recentemente, o valor e o impacto dos tocaieiros no moderno campo de batalha.

Uma rápida olhada na história

Tocaieiro é um termo de excelência no Exército russo. Como nos exércitos ocidentais, os tocaieiros são atiradores especializados que caçam suas presas e possuem armas e treinamento especiais para conduzir abates de longo alcance. A tradição dos tocaieiros recua muito na história russa. O padroeiros dos tocaieiros russos era um residente de Moscou chamado Adam. Em 24 de agosto de 1382, forças mongóis cercaram as muralhas do Kremlin, mas foram cuidadosas em ficar longe do alcance das flechas russas (200 passos). Adam, um tecelão, tomou sua besta e escalou uma torre no Portão de Frolov. Ele efetuou mira cuidadosa, disparou e observou seu dardo penetrar, fatalmente, a armadura de cota de malha de um comandante inimigo – um dos filhos do Khan mongol. Os mongóis tinham ficado afastados do alcance de 200 passos, mas as pesadas bestas russas desses dias, podiam disparar além dos 650 passos (445 metros).

Os exércitos russos e soviéticos utilizaram tocaieiros, extensivamente, em combate. Durante a Grande Guerra de 1914, caçadores siberianos recrutados – valorizados por sua habilidade no terreno, paciência e precisão – eram selecionados para trabalho de tocaieiros. Em 1924, o Exército Vermelho fundou uma série de escolas de tocaieiros por toda a União Soviética para ensinar o tiro esportivo e de combate, tanto para civis como militares. Os melhores atiradores eram enviados para escolas, regionais, distritais e, por fim, nacionais, onde os melhores graduados recebiam diplomas de “Instrutor de Tocaieiros”. O Exército Vermelho entrou na Segunda Guerra Mundial com numerosos tocaieiros qualificados.

No começo da guera, haviam dois tipos de tocaieiros russos – aqueles que faziam parte das Reservas do Alto-Comando Supremo (RVGK) e aqueles que eram parte das unidades-padrão da infantaria. Os tocaieiros das RVGK eram organizados em brigadas independentes – tais como uma brigada constituída por mulheres. Pelotões, companhias e mesmo batalhões inteiros de tocaieiros eram designados para as frentes e exércitos para apoiar setores críticos. Tocaieiros também eram um elemento importante do quadro de organização do potencial combativo da infantaria durante a Segunda Guerra Mundial, em particular nos campos de batalha estáticos, tais como Stalingrado. As divisões começaram a guerra com um grupo de tocaieiros no quadro de organização, mas expandiram seus números com escolas de tocaieiros divisionárias, durante a guerra. Pelo fim desta, haviam dezoito tocaieiros por batalhão, ou dois por pelotão de fuzileiros.

Os tocaieiros do Exército Vermelho caçavam aos pares, um observando e outro disparando. Ambos eram armados com o fuzil de tocaia Mosin-Nagan 1891/1930, que disparava um cartucho com aro de 7,62 x 54 mm. Embora o montante da luneta de quatro aumentos permitisse ao tocaieiros o uso das miras abertas padrão para tiros a curto alcance, ambos os tocaieiros também portavam submetralhadoras PPSH de 7,62 mm como segurança. O observador utilizava seu fuzil telescópico para apoiar o fogo e disparar imediatamente contra o alvo se o atirador errasse o alvo.

O emprego de tocaieiros soviéticos na Segunda Guerra Mundial reflete uma anterior camapanha de propaganda dos tempos de paz. Durante o primeiro plano qüinqüenal, trabalhadores soviéticos que excediam suas cotas de produção eram designados como “trabalhadores de choque” [udarniki] e recebiam incentivos e recompensas especiais. Em 1935, Aléxis Stakhanov excedeu sua cota de escavação de carvão na bacia do Donetz por cerca de 1400 %. Os propagandistas da campanha dos “trabalhadores de choque” se prenderam ao seu feito e, em breve, os trabalhadores de choque se tornaram conhecidos como “Stakhanovitas”. O campanha de Stakhanov, no entanto, foi mal concebida.

As fábricas soviéticas eram mantidas em competição umas com as outras, e o sucesso dos “stakhanovitas” da fábrica era importante para os gerentes e suas carreiras. Portanto, os recursos inteiros das fábricas apoiavam os esforços dos “stakhanovitas”. Como estes excediam suas cotas, essas acabavam sendo aumentadas para o restante dos trabalhadores. Nesse meio tempo, os recursos que apoiavam os “stakhanovitas” ficavam indisponíveis para o trabalhador médio que, agora, tinha de conseguir mais com menos. Essa aproximação única soviética foi transferida para o esforço de guerra em 1942. Os propagandistas e funcionários políticos do Exército Vermelho, deram início ao “movimento tocaieiro”. Os tocaieiros eram encorajados a participar numa macabra competição para matar mais fascistas que os tocaieiros das divisões vizinhas. Quarenta mortes resultavam na medalha “Por Bravura” e o título de “Nobre Tocaieiro”. A competição comunista, assim, extendeu-se para o campo de batalha, onde comandantes de divisão consumiam escassos recursos em seus tocaieiros, de modo a exceder as cotas. Os soldados comuns foram exortados a seguir o exemplo dos tocaieiros e matar mais fascistas usando menos recursos. O movimento tocaieiro atingiu o auge com a amplamente difundida história do duelo até a morte entre o sargento-superior Zaitsev e o major Koenig nas ruínas de Stalingrado. Eventualmente, Zaitsev foi creditado com 149 mortes. O índice mais alto foi atingido por um tocaieiro chamado Zikan, que efetuou 224 mortes. O sargento Passar do 21º Exército teve 103 mortes enquanto o “Nobre Tocaieiro” e comissário político Ilin tinha 185 mortes.

Como observado, houve um significativo crescimento no número de tocaieiros desdobrados nas unidades do exército entre 1943 e 1945. O aumento para dezoito por batalhão de infantaria não refletia tanto o crescimento do papel dos tocaieiros, quanto o rearmamento do Exército Vermelho. Até 1943, a infantaria soviética era, primordialmente, equipada com fuzil de ação de ferrolho Mosin-Nagant 1891/1930, com miras de ferro. Ele era preciso até 400 metros. O fuzil de tocaia Mosin-Nagant era preciso até 800 metros.

Durante a guerra, a União Soviética substituiu os fuzis de infantaria Mosin-Nagant com submetralhadoras. Essas forneciam excelente fogo supressivo mas, raramente, eram precisas além dos 100 metros, quando disparadas em rajadas longas ou 200 metros quando disparadas em rajadas curtas. Os assaltos do Exército Vermelho dependiam do efeito do fogo automático de metralhadoras e submetralhadoras, suprimindo o inimigo durante o avanço. Os comandantes de batalhão, no entanto, agora careciam da habilidade de engajar alvos inimigos mais profundos. Em conseqüência, fuzis de tocaia foram atribuídos para atiradores selecionados dos pelotões, para dar à infantaria a necessária profundidade de fogo. Esses elementos eram chamados “tocaieiros”, mas não eram, na realidade, utilizados como tal. Em tempos passados, eles teriam sido chamados “escaramuçadores”. As unidades independentes das RVGK, mantiveram os verdadeiros tocaieiros.




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#14 Mensagem por Morcego » Qui Mar 23, 2006 11:18 am

eu sou um TOCAIEIRO, MAIS CONHECIDO COMO """ C A M P E R """ heahehaheaheahehaeh qualquer dia podemos jogar COUNTER-STRIKE, OU bf-1942.




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#15 Mensagem por Bolovo » Qui Mar 23, 2006 11:23 am

morcego escreveu:eu sou um TOCAIEIRO, MAIS CONHECIDO COMO """ C A M P E R """ heahehaheaheahehaeh qualquer dia podemos jogar COUNTER-STRIKE, OU bf-1942.

BF1942 é tudo. :D




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