Tu achas mesmo que a China ia jogar fora a chance de sua primeira exportação de caças para o continente das Américas por causa de uns pesqueiros piratas? Mas nem chega a ser esta a questão...
O grande problema com as altas autoridades (civis e militares) da Argentina parece ser a mais absoluta
falta de foco, ou seja, sabem que precisam de caças mas não sabem exatamente para que, no máximo conseguem enxergar a reunião do G-20 em BAires, no fim deste ano. Provavelmente, como já ocorreu em ocasião anterior, o POTUS trará sua própria escolta de caças para o Air Force One. E é isso que incomoda os caras, aparentemente, a ponto de pensarem em caças obsoletos e até treinadores como o Coreano...
Mas perae, e depois da cúpula, os supostos caças ou "caças" vão servir
para que, exatamente? Vamos examinar o entorno:
Brasil - Já faz cerca de um século e meio que não invadimos vizinho nenhum e nem é porque somos bonzinhos ou pacifistas, na verdade o que cobiçamos deles nós já temos, que é o
mercado consumidor, e só não temos fatia maior porque nossa cambaleante Indústria não é nada competitiva. Assim, precisam tanto de caças para nos enfrentar quanto uma galinha precisa de dentes para mascar chiclete.
Uruguay - Ainda menos perigoso que o Brasil, por pequeno, pouco armado e, ao menos até onde eu saiba, jamais invadiu País algum. Sua grande empreitada militar foi se livrar
de nós há quase dois séculos - e com ajuda da mesma Argentina - e ficar quieto no seu canto, até dominar seus caudilhos e sossegar as revoluções e golpes militares, sendo hoje um modelo de Democracia e combate à corrupção para o continente inteiro.
Chile - A rigor, mesmo caso que nós. Aliás, tinha esquecido, os Argentinos têm reivindicações territoriais mas lhes dão pouca ênfase; no caso do Chile são as ilhotas de Beagle, conosco é uma fatia do RS outra de SC que supostamente seriam integrantes da Província de Misiones ou algo assim e com o Uruguay seria o País todo, supostamente herança do Vice-Reinado do Prata. Notemos que são reivindicações raramente levantadas e, na prática, mal levadas a sério. Principalmente, são ofensivas e não defensivas. Assim, não precisam se preparar para a defesa contra nenhum de seus vizinhos com fronteiras terrestres. Então, para que caças?
Bueno, ao menos para mim, a
única Hipótese de Emprego de caças (e SSKs modernos, que mencionarei no tópico apropriado nas "Navaes") 4 ou 4,5G pela FAA, além da óbvia atualização de sua antiquíssima Doutrina (eles até hoje não sabem direito o que - e como - se faz com AAMs BVR, HMD, HDD
touch-screen, AESA, IRST,
datalink & quetales, exceto o pouco que algum Piloto sortudo convidado a voar algum caça moderno estrangeiro
como copila consegue aprender, e com um monte de salvaguardas por parte de anfitrião) seria, como falei no post que deu início a este tópico, começar a incomodar a Inglaterra nas Ilhas. Já postei as razões e meios, que seriam, em linhas gerais, aproveitar que o UK vai estar na maior josta na próxima década, com o BREXIT - e um cada vez mais possível novo Plebiscito, desta vez vitorioso, na Escócia - fazendo uma bagunça na Economia e esta, como sempre, descontando na Defesa.
Como seria se a Argentina adquirisse uma quantidade razoável (não sou o
FCarvalho
e, portanto, não irei ficar dizendo quantos aviões tinha que ser nem onde deveriam ficar, isso é com os caras, não comigo) de caças como o FC-20 (me parece ser o nome de exportação do J-10C, com HMD, AESA, IRST & quetales) e cujo preço é alegadamente mais ou menos o mesmo que o da aquisição de um F-16C-50/52 novo mas, no caso Chinês, o
tag price de um F-16 desses bastaria para não apenas
comprar mas também para
operar por pelo menos 1/4 de século o FC-20 (bobear e sobra troco). E aí está um avião que, ao contrário de F-16, Mirage F1/2000 usado e pelado e mesmo FA-50 novinho em folha, tem cacife para encarar Typhoon e ser levado a sério.
FC-20: notar o radar AESA (nariz modificado), IRST, EW onboard e sonda REVO.
Ficaria ainda mais brabo pro lado dos bifes se acrescentassem à FAA ao menos um AEW&C - infelizmente
não o nosso, que seria sumariamente vetado, igual ao Gripen - e, a cada vez que se resolvessem e a referida aeronave-radar estivesse em condições de voo, mandariam alguns caças entrar (até mesmo desarmados, levando no máximo apenas um par de tanques descartáveis do tipo supersônico e/ou AAMs de exercício, para poderem chegar perto e depois, avisados da aproximação dos caças Ingleses pelo AEW, descer e dar no pé, alegando mais tarde que era um
inocente Treinamento) na
No Fly Zone imposta pelos brits ao redor das Malvinas.
Alguém aí faz ideia do tormento que seria, ainda mais se isso se tornasse rotina? Com a Economia indo barranco abaixo os caras teriam que trazer AWACS para basear nas ilhas, mais Typhoons e custear montes de horas de voo - e lá só decolam caça
full-armed, ou seja, a vida útil dos AAMs e até dos pilones encurtaria pra caramba e não são baratos de repor - caríssimas, além de belonaves e SSNs (repito, falarei a respeito no tópico apropriado), tudo caro pra burro de manter, ainda mais tão longe de casa.
Quanto tempo aguentariam antes de finalmente terem que sentar à mesa e negociar? Porque nem a população (Inglesa) iria aguentar por muito tempo a nóia geral que se iria instaurar, com nego vendo Argentino atrás de cada moita e vizinho desconfiando do outro vizinho porque pode ter se vendido aos caras (p ex, foi visto falando em voz baixa ao telefone com a/o amante e tem guampa no meio
), além da barulheira de jatos decolando no meio da madrugada, alarmes antiaéreos, o escambau.
Sei que Inglês tem fama de ser fleumático, estóico & quetales, mas convenhamos, são humanos e tudo tem o seu limite. Por exemplo, uma população estressada irá aumentar a níveis estratosféricos o provavelmente baixíssimo índice de violência nas Malvinas, coisa que se resolveria na charla acabaria em porrada ou coisa pior. Seria uma relação custo-benefício tão mas
tão desfavorável que o desfecho seria um só.
Grande pena que os caras que têm poder na Argentina não se dão conta disso. Até Foristas de Defesa, pelo que tenho visto, não conseguem ver o óbvio, ao menos a maioria. Querem ter caças (ou mesmo "caças") apenas porque os vizinhos têm, não porque
precisam. Mais do que nós, inclusive.
É o que penso.