O que vemos é que, com a desgraça que caiu sobre o ARA San Juan, o descaso para com as FFAA do País vizinho está em evidência. A mim, sendo Brasileiro, parece como se tivessem finalmente "acordado" e se dado conta de que estão, na prática, indefesos, sequer tendo caças para "fechar os céus" durante a Cúpula do G20. Como a Seção aqui é sobre Forças Aéreas, não comentarei sobre as outras duas (ARA e EA) e, dada a especialização da proposta do tópico, sequer de outros ramos da própria FAA (Transporte, etc). Assim, apenas darei uma sugestão e a fundamentarei. Outras sugestões, claro, serão bem-vindas. A minha parte de uma aeronave bem conhecida:
Notar que falei que a proposta apenas parte do YAK-130, ou seja, é um desenvolvimento do mesmo, não ele em si. Antes de passar às principais diferenças que, a meu ver, seriam as mais importantes, devo partir de um fator intrinsecamente crucial:
Toda e qualquer aeronave (total ou parcialmente) de origem Ocidental irá esbarrar na influência da Inglaterra/EUA/OTAN. Isso me parece indiscutível, creio que nem nós podemos vender a eles nada mais "poderoso" do que um Super Tucano, se é que podemos vender ST, pois nunca foi solicitado, assim como o AMX, outra brabeza. Mas o Gripen parece que foi e o já esperado NO FUCKIN' WAY veio imediatamente! Assim, necessário se faz procurar alguma fuente menos influenciável, se possível NÃO influenciável de todo. Preço x qualidade x baixa vulnerabilidade a ingerências externas, ao menos no caso dos Argentinos, a Rússia me parece imbatível nos quesitos. Tal assertiva também está aberta a debates, claro.
EM LINHAS GERAIS
Trata-se de desenvolver um LIFT com capacidade de combate similar ou até melhor, para os dias atuais, à de um F-5E (só que biplace, retendo as capacidades que foram retiradas no F) na época em que foi lançado. Notemos que hoje a velocidade máxima vem em segundo lugar; a eletrônica embarcada, a discrição, a capacidade de manobra e possivelmente a operação dispersa vêm muito à frente. Ou a França jamais teria sequer considerado trocar seus Mirage 2000 de Mach 2.2 por Rafales de Mach 1.8. O reprojeto seria mais voltado à estrutura (que já é capaz de -3G e +9G) do que à eletrônica, já que de origem possui coisas imprescindíveis como HOTAS, Glass Cockpit digital, FBW, GPS/GLONASS, HUD, capacidade para HMS/HMD e mesmo possivelmente NVG. Faltariam poucas modificações que, na parte eletrônica, seriam muito facilitadas pelo sistema de arquitetura aberta (databus 1553):
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES
1 - A primeira é que de bi-turbina passa a mono; saem as duas atuais AI-222-25 e entra a versão mais moderna da RD-33, a RD-33 MK, originalmente desenvolvida para os MiG-29 navais e a seguir incorporada ao MiG-35, mas com a retirada do PC*, a bem da economia em custo, tamanho, peso e consumo. Principais diferenças:
AI-222-25 - 2 x ~ 2,5 tons = ~ 5 tons de empuxo total para um peso seco¹ de 2 x ~ 560 kg² = ~ 1,12 tons total³.
RD-33MK - 1 x ~ 5,4 tons de empuxo total para um peso seco¹ de ~ 1,14 tons total ² ³.
¹ - Peso seco: é a turbina "pelada", não instalada na aeronave e sem qualquer adição, como lubrificantes, etc.
² - Por não dispor do peso sem PC da RD-33 MK e sim do peso da AI-222 com PC, usei estes (ambas com PC) para poder fazer uma comparação razoavelmente precisa. Na realidade ambas seriam mais leves sem PC.
³ - Valores aproximados, sem maior compromisso com extrema precisão. Devemos notar ainda que mais economia em peso e volume será certamente obtida pela singela razão que a infraestrutura interna necessária à instalação e operação de duas turbinas deve ser mais pesada e volumosa do que a de uma só. Debatível, claro.
2 - A seguir, a necessária Sonda REVO, permitindo que a aeronave seja reabastecida no ar, cuja utilidade é tanto para treinamento quanto para missões de combate e mesmo voos de transferência (ferry flights). Esta poderia ser fixa (a mais barata e simples); montável/desmontável (disponível como opcional no "gêmeo" MB-346), de acordo com a necessidade da Missão: e retrátil, a mais cara e complexa. Se me fosse perguntado, sugeriria a primeira, fixa.
NOTA - No redesenho da seção traseira da fuselagem, necessário à mudança de propulsão, seria interessante estudar a possibilidade de se adotar um par de CFTs*.
3 - Seria interessante um reexame das estruturas alares e de controle (incluindo LERX), devido à mudança na propulsão e formato traseiro da fuselagem.
4 - Por fim, a adoção de algum armamento interno de tubo, 20 a 30 mm de calibre, mesmo que como kit, instalado apenas condicionalmente à retirada do 2P e seus equipamentos de apoio/instrumentos e assento ejetor.
5 - Na parte eletrônica, o que mais faria falta, além de RWR (e opcionalmente MAWS), seria um radar multimodo de pequeno porte, como o Grifo 346 que os Italianos oferecem como opção para o "gêmeo" M-346; sem sair da Rússia, até opção entre varredura mecânica e AESA de pequeno porte haveria, como o Phazotron Kopyo (que usa ambas antenas), com alcance compatível a mísseis como o Derby:
No caso em tela, o radar serviria inclusive para viabilizar o emprego de mísseis ar-ar BVR como o Derby (Israel também não é particularmente sensível a pressões internacionais), permitindo à FAA finalmente desenvolver sua própria Doutrina para emprego deste tipo de munição. Outro item de grande importância seria a adoção de um IRST (se houver espaço no nariz), permitindo abrir fogo com WVRs sem precisar emitir.
A meu ver estas seriam a modificações fundamentais. Por fim:
EXECUÇÃO
Embora por aqui seja comum fazer pouco da Indústria Aeronáutica da Argentina (FAdeA), lembremos que é fornecedora certificada da EMBRAER, ou seja, se fosse ruim ou tecnologicamente defasada não lhes seria entregue a responsabilidade por partes importantes de um Programa Estratégico como o KC-390. Assim, o ideal seria que, do mesmo modo que nós com os Italianos no AMX e com os Suecos no Gripen E/F, a Argentina aproveitasse um Programa assim (e que não será caro, eis que baseado em aeronave preexistente) para aumentar sua capacidade tecnológica, após "trancar" ** uma linha de crédito com a Rússia. Mandariam Técnicos e Engenheiros - civis e militares - para lá e estes aprenderiam os "comos" e os "porquês" de tudo; na volta, estabeleceriam uma linha de montagem na própria FAdeA. Uma aeronave com estas características técnicas e inerente baixo custo certamente se mostraria uma rival duríssima para o FA-50 e outros concorrentes.
EM DEBATE!
* - CFT e PC seriam importantes para que a Argentina, com ou sem novo contrato de P&D com os Russos, pudesse desenvolver uma aeronave com finalidades mais expressamente de combate mas inteiramente baseada na acima descrita, no futuro.
** - O citado financiamento seria mais ou menos como o do Gripen E/F, ou seja, bons prazos de amortização e cada saque direta e necessariamente ligado ao Programa.