Duvida carreira aeroespacial

[Hebert]

Olá, boa tarde, como vão?
Vou começar o curso esse semestre na UnB, alguém com experiencia na área poderia me tirar algumas duvidas?
Como tá o mercado atualmente? Quais as oportunidades de trabalho real no Brasil? Existe mercado na área astronáutica? Na área aeronáutica, as empresas costumam valorizar mais alguém formado em aeroespacial ou aeronáutica? Melhores empresas pra trabalhar? É verdade que falta emprego porque a Embaer só contrata formados do ITA? Depois do formado qual é o salario inicial?
Obrigado.

[LeandroGCard]

Olá, boa tarde, como vão?
Vou começar o curso esse semestre na UnB, alguém com experiencia na área poderia me tirar algumas duvidas?
Como tá o mercado atualmente? Quais as oportunidades de trabalho real no Brasil? Existe mercado na área astronáutica? Na área aeronáutica, as empresas costumam valorizar mais alguém formado em aeroespacial ou aeronáutica? Melhores empresas pra trabalhar? É verdade que falta emprego porque a Embaer só contrata formados do ITA? Depois do formado qual é o salario inicial?
Obrigado.

Olá Herbert.

Sou formado pela UnB também, embora tenha iniciado meu curso de eng. mecânica na UFRJ. Não trabalho no setor aeroespacial nem tenho acesso direto a empresas da área, mas posso tentar dar algumas dicas de acordo com as minhas próprias impressões:

- O mercado de engenharia no Brasil para bons profissionais nas áreas de manufatura, inclusive aeroespacial, é nitidamente decrescente, e não vejo perspectivas de que isso venha a mudar nos próximos anos. Talvez quando você se formar, com sorte. A maioria absoluta dos empregos que ainda existem são para burocratas, em funções basicamente administrativas, ou em posições em que a legislação exige alguém com registro no CREA. Mas para estas vagas as empresas oferecem os menores salários e praticamente nenhuma perspectiva de carreira fora do setor administrativo/burocrático. Ouço por aí o pessoal comentando que a engenharia civil ainda tem uma boa procura em algumas regiões do interior, mas não sou da área então não posso afirmar nada. E parece ainda haver também vagas para o pessoal de manutenção no setor elétrico/eletrônico, principalmente em empresas de telecomunicações e energia.

- Até onde eu sei só o ITA forma engenheiros aeronáuticos propriamente ditos, as demais faculdades que tem cursos na área formam especialistas em engenharia aeroespacial. Mas na prática a diferença entre os dois cursos é mínima, até porque o curso de graduação do ITA estaria muito defasado. Pelo que percebo a Embraer não faz muita diferença entre um curso e outro, e o mercado em geral prefere até o segundo (até poucos anos atrás, fora o segmento financeiro não eram muitas as empresas que gostavam de contratar egressos do ITA. Não sei se isso mudou).

- Na área aeronáutica/aeroespacial as chances são menores do que mínimas, fora da Embraer. E a Embraer contrata muito pouca gente por ano. Por outro lado, a boa notícia é que eles não contratam somente pessoal do ITA, já soube de períodos em que na verdade eles não contrataram ninguém de lá. Para ter alguma chance de ir trabalhar na Embraer você precisa se tornar conhecido deles, por exemplo fazendo algum trabalho muito bom da área aeronáutica/aeroespacial (iniciação científica, projeto de final de curso, tese de mestrado, etc...). Eles costumam dar apoio aos que estão nas universidades conceituadas (na minha época a UnB se tornou uma delas), se procurados. Na minha época os procurei duas vezes, uma pela própria UnB e outra pela COPPE, e fui bem recebido. Conheço um rapaz que se formou na Universidade Federal de SBC e foi contratado pela a Embraer, pois o projeto de final de curso dele tinha a ver com estabilidade de hélices em rotação e foi considerado muito avançado. E assim que se formou a própria Embraer o indicou para uma pós-graduação no ITA.

- Quanto aos salários, não sei como a Embraer está pagando hoje, mas no mercado de manufatura em geral eles estão em nítida baixa já há alguns anos. Aqui em SBC conheço engenheiros formados há 2 ou 3 anos trabalhando por R$4.000,00 em carteira .

Espero não ter te desanimado demais. Espera-se que daqui para a frente a situação comece a mudar, e é bem provável que já esteja bem melhor quando você se formar.

Um abraço,


Leandro G. Card

[Marechal-do-ar]

Se não me engano a USP tem um curso de engenharia aeronáutica em São Carlos, é o curso de engenharia mais concorrido da USP.

[LeandroGCard]

Se não me engano a USP tem um curso de engenharia aeronáutica em São Carlos, é o curso de engenharia mais concorrido da USP.

Sim.

Eu visitei o campus de São Carlos quando estava fazendo o meu projeto de formatura (uma metodologia de projeto de aeronaves leves), e conversei com os dois coordenadores deste curso na época, os professores Romeu Corsini (já falecido) e Dawilson Lucato. Mas na época pelo menos o curso não era reconhecido como de engenharia aeronáutica, e sim engenharia mecânica com especialização em aeronáutica. O que é praticamente a mesma coisa do ponto de vista técnico, mas tem ou tinha atribuições diferentes perante algumas normas aeronáuticas.


Leandro G. Card

[Cassio]

Herbert.... vai uma dica.

A Embraer tem o PEE (Programa de Especialização em Engenharia). Este programa tem um processo seletivo bem concorrido e tem a finalidade de dar uma formação aeronáutica para engenheiros de diversas formações. Podem concorrer engenheiros com até 3 anos de formado (snme), e é claro que passem pelo processo seletivo (prova de conhecimentos de engenharia, teste de inglês, redação em português e em inglês e entrevistas).

Os selecionados tornam-se bolsistas de uma fundação e ficam por um ano estudando dentro da Embraer (fazem matérias do ITA e de instrutores da própria Embraer). No final do curso tem todos os créditos para poder tirar o mestrado pelo ITA.

O programa é excelente... depois deste ano de treinamento, tem mais um período de seis meses onde a turma, sob orientação de profissionais da empresa, recebe o desafio de projetar um avião, projeto este que é apresentado para a diretoria da empresa. Finalizado o projeto, praticamente todos os que concluem o curso são contratados e o salário inicial está bem acima do que foi citado nos post acima.

[Cassio]

Ahhh, e não precisa ser engenheiro aeronáutico para entrar na Embraer... aliás acho que a grande maioria dos contratados (via PEE ou contratação direta) são engenheiros mecânicos, de materiais, de controle e automação, elétricos e de produção.
O que mais conta não é o curso, mas qual universidade cursou... a preferência é clara pelas universidades mais conceituadas, mas não é uma regra.

[Bolovo]

Tem um colega meu que entrou junto comigo na USP e se formou recentemente na Poli em Eng Mecânica. Ele trabalha hoje na Embraer, mas como estudou o colegial na Engenheiro Juarez, uma escola da bancada pela Embraer, deve ter sido mais fácil entrar. Mas só pra mostrar que não precisa ser engenheiro aeronáutico, como o Cassio falou.

[Hebert]

Vocês me deixaram um pouco desmotivado... kkk É uma área que me interesso muito, mas se as opções são tão poucas, talvez não seria melhor eu trocar pra eng.Civil? Estou realmente indeciso.

[Hebert]

E pra trabalhar na construção de aviões e helicópteros militares, tem muitas oportunidades?

[LeandroGCard]

E pra trabalhar na construção de aviões e helicópteros militares, tem muitas oportunidades?

Aviões militares no Brasil só a Embraer produz, e sobre ela já foi muito comentado acima.

Já helicópteros só mesmo a Helibrás, que é muito menor e praticamente não possui engenharia no Brasil. Eles até andaram contratando engenheiros recentemente, mas até onde eu sei era basicamente pessoal focado na produção e na aquisição de componentes, e foi no escopo da encomenda de 50 helicópteros para nossas FA´s. Como o governo não deve fazer outras encomendas iguais tão cedo e o setor petrolífero está em crise, não me parece que eles venham a abrir muitas novas vagas no futuro.

Agora, uma área que pode ser interessante no setor aero-espacial para a época em que você provavelmente estará se formando é a de Vant´s. Já existem alguns fabricantes menores no Brasil, e a tendência é que o uso e a variedade destes aparelhos cresça bastante nos próximos anos e décadas, abrindo um mercado interessante até mesmo se você quiser montar uma pequena empresa para desenvolver e fabricar seus próprios modelos especializados. Até o seu projeto de formatura já poderia ser neste sentido. Neste caso provavelmente o curso mais interessante a se fazer seria do de mecatrônica.

Um abraço,


Leandro G. Card

[Cassio]

Tem um colega meu que entrou junto comigo na USP e se formou recentemente na Poli em Eng Mecânica. Ele trabalha hoje na Embraer, mas como estudou o colegial na Engenheiro Juarez, uma escola da bancada pela Embraer, deve ter sido mais fácil entrar. Mas só pra mostrar que não precisa ser engenheiro aeronáutico, como o Cassio falou.

Não existe qualquer "facilidade" ou "preferência" na contratação pela fato de er sido aluno do colégio Embraer.

Sds,
Cassio