Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#751 Mensagem por LeandroGCard » Ter Jan 21, 2014 8:05 pm

Marechal-do-ar escreveu: Não sei se é o caso de cair por pane seca, ou mesmo se esses Mach 1,2 são atingidos em voo normal, pode ser na descida e da 150 milhas porque depois disso ele chega no chão... Ou em uma altitude onde a resistência do ar não permita ele manter essa velocidade.
A informação que vi é que ele pode manter Mach 1.2 sem pós-combustor a 50 mil pés, por 150 Km. Se a altitude baixar ele não consegue mais manter esta velocidade devido ao aumento da densidade do ar. Não acredito também que o limite seja dado por qualquer limitação de durabilidade do motor (isso até poderia ser com pós-combustor ligado, mas sem ele acho difícil), portanto só sobra a pane seca para dar este limite de 150Km. Claro que deve haver alguma reserva, mas esta deve ser mínima, apenas o suficiente para se afastar um pouco da área em velocidade baixa.


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Justin Case
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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#752 Mensagem por Justin Case » Ter Jan 21, 2014 8:21 pm

Luís Henrique escreveu:
ciclope escreveu:Antes da resposta dois dados:
1- O F-35 tem uma velocidade máxima estimada em 1600km/h em supercruise. Sua missão e ataque ao solo de primeiro momento e combate aereo em auto defesa ou em apoio ao caça de superioridade aerea(F-22).
Por isso não precisa ser mais rápido.
2- o gripen ng terá a mesma capacidade de supercruise porem apenas nas missões de interceptação podendo usar o pós combustor.
Ciclope, o F-35 não possui a capacidade de voar em regime de supercruise.

A velocidade máxima do caça (ou seja, com os pós-combustores acionados) é tida como sendo de 1.6 Mach o que significa 1,6 vezes a velocidade do som. O que dependendo da altitude da uma velocidade maior ou menor, mas de qualquer forma é maior que 1600 km/h

Já, o Gripen possui velocidade máxima de 2.0 Mach (2 vezes a velocidade do som).
E possui capacidade de supercruise superior à 1.2 Mach (1,2 vezes a velocidade do som).

A maioria dos caças voam em velocidade subsônicas em regime de cruzeiro. Ou seja, velocidades de 1.000 à quase 1.200 km/h
O Gripen E vai voar a velocidade próximas de 1.500 km/h.

Vantagens da operação em supercruise:

Aumento do alcance, pois voando mais rápido, consumindo o mesmo combustível, você voa mais longe
Aumento do alcance das armas. Quanto maior for a velocidade do caça, maior será o alcance dos mísseis lançados por ele.

Portanto, é muito bem vinda esta capacidade de supercruise. Os nossos gripen poderão disparar seus Meteor de distâncias maiores do que aeronaves mais lentas.
Amigos, boa noite.

O arrasto em voo supersônico é muito superior ao subsônico.
Podemos considerar, por exemplo, que seja, em determinada velocidade, 30% superior ao arrasto a Mach 0,9. Esse arrasto deve ser compensado pelo empuxo gerado pelo motor (combustível queimado).
Sabe-se também que a eficiência do motor “seco” é muito superior ao obtido pela pós-combustão. Os motivos principais são que: parte do oxigênio disponível já foi utilizado pelo motor seco; que a câmara de combustão proporciona melhor eficiência de queima.
Então, o consumo nesse voo supersônico seria pelo menos 30% superior ao consumo subsônico (em situação supercruise) ou bem acima disso (se for usada continuamente a pós-combustão).
Assim, não seria vantajosa a opção de utilizar supercruzeiro durante uma PAC, nem durante o deslocamento para a área de operação.
O supercruzeiro seria vantajoso apenas durante o engajamento de uma interceptação ou de combate.
Fora disso, o supercruzeiro poderia ser usado em qualquer situação operacional onde o alcance, a autonomia ou o custo operacional não fossem relevantes.
Abraços,

Justin




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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#753 Mensagem por Luís Henrique » Ter Jan 21, 2014 8:31 pm

Marechal-do-ar escreveu:
Luís Henrique escreveu:A maioria dos caças voam em velocidade subsônicas em regime de cruzeiro. Ou seja, velocidades de 1.000 à quase 1.200 km/h
O Gripen E vai voar a velocidade próximas de 1.500 km/h.
E, em regime de cruzeiro, o Gripen também voa a velocidades subsônicas.

Velocidade de cruzeiro é a velocidade que o avião voa mais longe, para aviões a jato essa velocidade está entre Mach 0,8 e 0,9, acima disso os motores começam a perder empuxo e a resistência do ar aumenta muito, com o pós combustor ligado a perda de empuxo em velocidades supersônicas é bem menor e assim mesmo aviões com turbinas relativamente fracas ultrapassam Mach 2 com o pós combustor ligado.

O "supercruise" é uma capacidade interessante, em aviões com sobra de potência mesmo com a maior resistência do ar e a perda de empuxo o empuxo que sobra sem pós combustor ainda é suficiente para "quebrar" a barreira do som, mas essa velocidade não é uma velocidade de cruzeiro porque não é nessa velocidade que ele voa a maior distância, ele atinge essa velocidade sem pós combustor, o que é um grande feito, mas precisa de muito combustível para se manter nessa velocidade.

Para comparação valores aproximados porém, chutados, se o Gripen E voa a Mach 0,8 gastando 300g de combustível por segundo, a Mach 1,2 sem pós combustor ele gastaria cerca de 1200 gramas por segundo e a Mach 2 cerca de 4500 gramas, o supercruzeiro é mais econômico que a velocidade máxima, mas ainda gasta muito.
Luís Henrique escreveu: Aumento do alcance, pois voando mais rápido, consumindo o mesmo combustível, você voa mais longe
Não é "voar mais rápido, consumindo o mesmo", é voar mais rápido mas consumindo muito mais.
Luís Henrique escreveu: Aumento do alcance das armas. Quanto maior for a velocidade do caça, maior será o alcance dos mísseis lançados por ele.
Pra isso existe o pós combustor, na hora de disparar ninguém vai ficar regulando o combustível, liga o pós combustor e dispara na maior velocidade possível.
Luís Henrique escreveu: Portanto, é muito bem vinda esta capacidade de supercruise. Os nossos gripen poderão disparar seus Meteor de distâncias maiores do que aeronaves mais lentas.
É muito bem vinda, mas por outros motivos.
ciclope escreveu:Alias uma questão. Não disem por ai que se um caça qusesse se proclamar 5g ele teria que ter entre os requisitos voar em supercruise?
Essas "gerações" são o ponto de vista americano, a quinta geração de caças a jato americanos, assim, se os americanos chamam o F-35 de 5G ele é 5G, não existe uma real definição do que um caça precisa para estar nessa ou naquela geração, em especial de outros países.
LeandroGCard escreveu: E no caso do F-35 parece ser ainda pior. 150 milhas a Mach 1,2 significa menos de 20 min de vôo. Não me parece algo realmente muito impressionante (lembrando que depois disso o avião cai por "pane seca"), independentemente do pós-combustor estar ligado ou não.
Não sei se é o caso de cair por pane seca, ou mesmo se esses Mach 1,2 são atingidos em voo normal, pode ser na descida e da 150 milhas porque depois disso ele chega no chão... Ou em uma altitude onde a resistência do ar não permita ele manter essa velocidade.
Guilherme escreveu:Se ele já teve custos astronômicos com 187 unidades, imagine com 600. :shock:
Essa é uma falácia que vejo com frequência no congresso americano, não, 600 unidades não custariam tão mais caro, uma das razões para o F-22 ser tão caro é que com poucas unidades cada uma acaba absorvendo uma grande parcela do custo de desenvolvimento.
1) Claro, que se reduzir a velocidade, o consumo cai. Mas não é verdade que o Gripen vai consumir muito mais por estar em super cruzeiro. O Gripen vai consumir o mesmo que consumiria se a potência estivesse em 100% militar SEM pós combustor.
Ou seja, vamos pegar o SH que usa a mesma turbina do Gripen. O SH em potência militar vai voar entre 1.000 e 1.200 km/h.
O Gripen E por possuir relação potência/peso e aerodinâmica, etc. etc. enfim, por possuir a capacidade supercruise, com esta mesma potência estará voando a aproximadamente 1.500 km/h.
Ele consumiria o 'mesmo' que o SH, que estaria voando bem mais lento. Claro que eu coloquei entre aspas, pois o SH utiliza DOIS motores e é bem maior e pesado, portanto não éo mesmo.

O que quero dizer é que ele consumiria o mesmo que outro caça que utilizasse o mesmo motor, na mesma potência.

Ou seja, outros caças em potência militar, consumiriam o MESMO, e estariam voando bem mais LENTO que o Gripen E.
Portanto, é sim uma vantagem.

Agora, em caças super-motorizados, como o F-22, onde a potência é mais de 3x superior à do Gripen E. AI sim, o consumo de combustível em potência militar é BEM MAIOR, mas ai o supercruise não fica só no 1.2 Mach. Eles ultrapassam o 1.5 Mach e chegam próximo do 2.0 Mach
AI sim, o consumo é bem elevado.

2) É voar mais rápido, consumindo o mesmo que seria consumido em potência militar.
O mesmo que outros caças sem a capacidade de super cruise vão consumir para voar bem mais lentos.
Ou seja, para exemplificar, imagina o Gripen C com motor mais fraco, vamos supor que em potência militar, ele voe a 1.100 km/h.
O Gripen E vai consumir praticamente o mesmo e estará voando a 1.500 km/h. Ele não vai consumir 3 ou 4 vezes mais do que o Gripen C. Este é o ponto. Pois ambos os motores estariam na mesma potência. Mesmo o F414 sendo 20% mais potente, ele não consome 20% mais combusível, pois é mais moderno.
Portanto, a diferença de consumo seria PEQUENA. Não seira 3 ou 4 vezes mais como vc exemplificou.

3) Mas se vc já está na metade do caminho, vc liga o pós combustor por MENOS tempo, consome MENOS e dispara ANTES e mais RÁPIDO.

4) Então quais seriam os motivos? Se todas as vantagens que eu mencionei do supercruise vc refutou, quais são as vantagens na sua opinião???




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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#754 Mensagem por Luís Henrique » Ter Jan 21, 2014 8:36 pm

LeandroGCard escreveu:
Marechal-do-ar escreveu: Não sei se é o caso de cair por pane seca, ou mesmo se esses Mach 1,2 são atingidos em voo normal, pode ser na descida e da 150 milhas porque depois disso ele chega no chão... Ou em uma altitude onde a resistência do ar não permita ele manter essa velocidade.
A informação que vi é que ele pode manter Mach 1.2 sem pós-combustor a 50 mil pés, por 150 Km. Se a altitude baixar ele não consegue mais manter esta velocidade devido ao aumento da densidade do ar. Não acredito também que o limite seja dado por qualquer limitação de durabilidade do motor (isso até poderia ser com pós-combustor ligado, mas sem ele acho difícil), portanto só sobra a pane seca para dar este limite de 150Km. Claro que deve haver alguma reserva, mas esta deve ser mínima, apenas o suficiente para se afastar um pouco da área em velocidade baixa.


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Leandro, existe alguns super cruise que são atingidos com algumas artimanhas.
Por exemplo, pode ser que eles subam até determinada altitude e em seguida desçam para outra altitude e a velocidade conseguida através da queda (a gravidade ajuda), ai eles nivelam o caça e conseguem manter esta velocidade por X minutos ou X km.

Eu creio mais nesta posibilidade, pois com mais de 8T de combustível é difícil o caça queimar tudo em tão pouco tempo.




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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#755 Mensagem por Justin Case » Ter Jan 21, 2014 8:47 pm

Luís Henrique escreveu:
LeandroGCard escreveu:A informação que vi é que ele pode manter Mach 1.2 sem pós-combustor a 50 mil pés, por 150 Km. Se a altitude baixar ele não consegue mais manter esta velocidade devido ao aumento da densidade do ar. Não acredito também que o limite seja dado por qualquer limitação de durabilidade do motor (isso até poderia ser com pós-combustor ligado, mas sem ele acho difícil), portanto só sobra a pane seca para dar este limite de 150Km. Claro que deve haver alguma reserva, mas esta deve ser mínima, apenas o suficiente para se afastar um pouco da área em velocidade baixa.


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Leandro, existe alguns super cruise que são atingidos com algumas artimanhas.
Por exemplo, pode ser que eles subam até determinada altitude e em seguida desçam para outra altitude e a velocidade conseguida através da queda (a gravidade ajuda), ai eles nivelam o caça e conseguem manter esta velocidade por X minutos ou X km.

Eu creio mais nesta posibilidade, pois com mais de 8T de combustível é difícil o caça queimar tudo em tão pouco tempo.
Luís Henrique,

Para o voo supersônico, a opção de trocar energia potencial por energia cinética é pouco útil. Essa variação de energia potencial é muito pequena para os níveis de energia necessários para alcançar o voo supersônico. Além disso, ao se diminuir a altitude, ganha-se velocidade indicada, mas a velocidade indicada necessária para alcançar o Mach 1 também aumenta. O arrasto também aumenta com a diminuição de altitude.
Ou seja: Na prática, pouco funciona.
Obs.: em aviões antigos, que têm margem estática muito alta, o fato de aliviar a incidência (e reduzir o arrasto induzido) facilita mais a aceleração do que a própria variação de altitude.
Abraço,

Justin




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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#756 Mensagem por LeandroGCard » Ter Jan 21, 2014 8:48 pm

Luís Henrique escreveu:Leandro, existe alguns super cruise que são atingidos com algumas artimanhas.
Por exemplo, pode ser que eles subam até determinada altitude e em seguida desçam para outra altitude e a velocidade conseguida através da queda (a gravidade ajuda), ai eles nivelam o caça e conseguem manter esta velocidade por X minutos ou X km.

Eu creio mais nesta posibilidade, pois com mais de 8T de combustível é difícil o caça queimar tudo em tão pouco tempo.
Pode até ser assim em alguns casos, mas a informação que vi do F-35 era bem clara, 150 milhas a 50 mil pés, em Mach 1,2.

É preciso lembrar que ainda que menor do que em pós-combustão, o consumo de combustível em empuxo militar pleno ainda é bem maior que o de cruzeiro. Por isso a autonomia vai cair sim, e não é pouco, no caso do F-35 de 1200 milhas para 150, usando apenas combustível interno.

No caso do Gripen deve ser por aí também, não vejo porque seria diferente. Esta história de super-cruzeiro tem a sua aplicação (principalmente em uma fuga), mas também não pode ser superestimada.


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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#757 Mensagem por Carlos Lima » Ter Jan 21, 2014 9:12 pm

LeandroGCard escreveu:
Guilherme escreveu: Se ele já teve custos astronômicos com 187 unidades, imagine com 600. :shock:
Bom, na verdade o custo cairia bastante com o aumento de produção, pois seriam mais unidades para dividir os custos de desenvolvimento e infra-estrutura de produção. Mas mesmo custando mais barato os EUA não quiseram unidades adicionais.

Porque será?

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O F-22 é uma aeronave que se tornou díficil de ser suportada politicamente falando porque custa caro e foi criada para combater um "inimigo" que na época deixou de existir.

Apesar das "Gambiarras" para levar bombas e até o apelido "F/A-22" que ele teve por algum tempo, não tem como disfarçar, aquilo é um caça 100% puro.

Creio que se o projeto do F-22 tivesse sendo desenvolvido hoje talvez não fossem comprados os 600, mas sem dúvida os caras comprariam mais do que os 180 e poucos.

[]s
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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#758 Mensagem por Penguin » Ter Jan 21, 2014 9:37 pm

Uma outra forma de se analisar o consumo:

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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#759 Mensagem por LeandroGCard » Ter Jan 21, 2014 9:39 pm

Carlos Lima escreveu:O F-22 é uma aeronave que se tornou díficil de ser suportada politicamente falando porque custa caro e foi criada para combater um "inimigo" que na época deixou de existir.

Apesar das "Gambiarras" para levar bombas e até o apelido "F/A-22" que ele teve por algum tempo, não tem como disfarçar, aquilo é um caça 100% puro.

Creio que se o projeto do F-22 tivesse sendo desenvolvido hoje talvez não fossem comprados os 600, mas sem dúvida os caras comprariam mais do que os 180 e poucos.

[]s
CB_Lima
Este argumento de que o inimigo havia deixado de existir podia ser válido lá atrás na década de 90, durante o malfadado governo Yeltsin. Mas o cancelamento veio em 2011, quando a Rússia já estava se recuperando sob o governo reconhecidamente títere de Medvedev com Putin como iminência parda, e quando a ascensão meteórica da China como potência já era uma realidade. Pra mim não cola. O F-22 foi concebido em uma era na qual os americanos ainda acreditavam que conceitos como NCW ainda seriam exclusividade deles por muito tempo, que or sensores IIR e radares de baixa frequência seriam cartas fora do baralho e que os custos da tecnologia ainda eram relativamente baixos e não o absurdo que são hoje. Para mim é por aí que se deve procurar a razão dos EUA terem desistido de ter o F-22 como a espinha dorsal de sua força de caças.

Quanto a alguma diferença caso ele estivesse sendo desenvolvido hoje, talvez. No mínimo ele teria adotado outras soluções de arquitetura que poderiam tornar muito mais fácil eventuais modernizações e a sua integração com as demais aeronaves e sistemas americanos e da OTAN. E certamente algumas soluções de engenharia mais baratas poderiam ter sido utilizadas, mesmo que à custa de alguma capacidade que pudesse hoje ser considerada exagerada.

No entanto isso não é absolutamente certo que no final tudo funcionaria, vide os problemas de desenvolvimento do F-35.


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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#760 Mensagem por knigh7 » Ter Jan 21, 2014 9:48 pm

Penguin escreveu:
knigh7 escreveu:Já eram uma assuntada por ai?
Se não, é bom dar...o lobby da Dassault não está morto. Daqui a pouco vai parar na imprensa...

[029]
Ninguém gosta de perder salário e/ou comissão. Mas faz parte da vida...

Eles tem 246 milhões de motivos para não querer largar...

E em dólares (3% do valor do negócio).




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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#761 Mensagem por Carlos Lima » Ter Jan 21, 2014 9:53 pm

LeandroGCard escreveu:
Carlos Lima escreveu:O F-22 é uma aeronave que se tornou díficil de ser suportada politicamente falando porque custa caro e foi criada para combater um "inimigo" que na época deixou de existir.

Apesar das "Gambiarras" para levar bombas e até o apelido "F/A-22" que ele teve por algum tempo, não tem como disfarçar, aquilo é um caça 100% puro.

Creio que se o projeto do F-22 tivesse sendo desenvolvido hoje talvez não fossem comprados os 600, mas sem dúvida os caras comprariam mais do que os 180 e poucos.

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Este argumento de que o inimigo havia deixado de existir podia ser válido lá atrás na década de 90, durante o malfadado governo Yeltsin. Mas o cancelamento veio em 2011, quando a Rússia já estava se recuperando sob o governo reconhecidamente títere de Medvedev com Putin como iminência parda, e quando a ascensão meteórica da China como potência já era uma realidade. Pra mim não cola. O F-22 foi concebido em uma era na qual os americanos ainda acreditavam que conceitos como NCW ainda seriam exclusividade deles por muito tempo, que or sensores IIR e radares de baixa frequência seriam cartas fora do baralho e que os custos da tecnologia ainda eram relativamente baixos e não o absurdo que são hoje. Para mim é por aí que se deve procurar a razão dos EUA terem desistido de ter o F-22 como a espinha dorsal de sua força de caças.

Quanto a alguma diferença caso ele estivesse sendo desenvolvido hoje, talvez. No mínimo ele teria adotado outras soluções de arquitetura que poderiam tornar muito mais fácil eventuais modernizações e a sua integração com as demais aeronaves e sistemas americanos e da OTAN. E certamente algumas soluções de engenharia mais baratas poderiam ter sido utilizadas, mesmo que à custa de alguma capacidade que pudesse hoje ser considerada exagerada.

No entanto isso não é absolutamente certo que no final tudo funcionaria, vide os problemas de desenvolvimento do F-35.

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Exato.

Como eu disse... ele perdeu a sustentação política quando a prioridade dos EUA passou a ser jogar bomba burra e dar tiro de metralhadora em gente de chinelo e AK e RPG dentro de caverna.

Isso somado ao estado em que aparentemente os russos estavam, matou o programa.

Hoje em dia a coisa seria bem diferente.

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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#762 Mensagem por Marechal-do-ar » Ter Jan 21, 2014 10:58 pm

Justin Case escreveu:O arrasto em voo supersônico é muito superior ao subsônico.
Podemos considerar, por exemplo, que seja, em determinada velocidade, 30% superior ao arrasto a Mach 0,9. Esse arrasto deve ser compensado pelo empuxo gerado pelo motor (combustível queimado).
Bem mais que 30%.

Até Mach 0,8 o arrasto é mais ou menos proporcional ao quadrado da velocidade, entre Mach 0,8 e Mach 1,2 (a famosa velocidade transônica) ele aumenta bem mais (mas bem mais mesmo, existe um motivo para Mach 1 ser chamado de "barreira") que o quadrado da velocidade e a partir dai continua crescendo abaixo do quadrado da velocidade, mas sem atingir proporções tão baixas quanto a menos de Mach 0,8.
Luís Henrique escreveu:1) Claro, que se reduzir a velocidade, o consumo cai. Mas não é verdade que o Gripen vai consumir muito mais por estar em super cruzeiro. O Gripen vai consumir o mesmo que consumiria se a potência estivesse em 100% militar SEM pós combustor.
Em velocidade de cruzeiro o avião não voa com potência militar, a potência de cruzeiro é entre 10% e 30% da potência máxima, podendo ser até menos nos aviões com melhor motorização, mas eu não tenho os números ao certo.
Luís Henrique escreveu:Ele não vai consumir 3 ou 4 vezes mais do que o Gripen C. Este é o ponto. Pois ambos os motores estariam na mesma potência. Mesmo o F414 sendo 20% mais potente, ele não consome 20% mais combusível, pois é mais moderno.
Portanto, a diferença de consumo seria PEQUENA. Não seira 3 ou 4 vezes mais como vc exemplificou.
Mas ele vai consumir 3 ou 4 vezes mais que se estivesse em velocidade de cruzeiro, esse é o meu ponto, supercruzeiro não é velocidade de cruzeiro.
Luís Henrique escreveu: 4) Então quais seriam os motivos? Se todas as vantagens que eu mencionei do supercruise vc refutou, quais são as vantagens na sua opinião???
De uma forma geral o supercruzeiro é um efeito colateral, não um objetivo, um motor potente é muito importante para um caça portanto o fabricante se esforça para colocar o máximo de potência possível, a cada geração os caças são mais potentes, com melhor relação empuxo/peso, com o aumento contínuo uma hora essa relação permitira exceder a velocidade do som sem pós combustor, e essa hora chegou nessa geração de caças, então, na minha opinião, os caças tem motores mais potentes pela mesma razão que todo caça novo tem motores mais potentes: a tecnologia permite e isso da ao caça mais aceleração, razão de curva sustentada, velocidade de subida, etc e, por coincidência, nessa geração o aumento foi suficiente para exceder a velocidade do som, claro que um pouco mais de velocidade sem PC ajuda, mas é um bônus, não foi por isso que colocaram motores mais potentes.

A propósito, o primeiro caça capaz de supercruzeiro foi o EE Lightning que, como interceptador sacrificava tudo em nome da velocidade e, como efeito colateral, acabou tendo capacidade de supercruzeiro, mas, assim como hoje, esse não era o objetivo principal, mas se fosse a tecnologia permitiria projetar caças assim sacrificando outras capacidades a muitas décadas.
Justin Case escreveu:Para o voo supersônico, a opção de trocar energia potencial por energia cinética é pouco útil. Essa variação de energia potencial é muito pequena para os níveis de energia necessários para alcançar o voo supersônico. Além disso, ao se diminuir a altitude, ganha-se velocidade indicada, mas a velocidade indicada necessária para alcançar o Mach 1 também aumenta. O arrasto também aumenta com a diminuição de altitude.
Ou seja: Na prática, pouco funciona.
Obs.: em aviões antigos, que têm margem estática muito alta, o fato de aliviar a incidência (e reduzir o arrasto induzido) facilita mais a aceleração do que a própria variação de altitude.
A troca da energia potencial por cinética é muito comum inclusive sendo indicada no manual de muitos aviões, o empurrãozinha extra da gravidade a região onde o arrasto aumenta mais ajuda.

A propósito, nos caças mais antigos a relação entre o arrasto parasita/induzido é maior que nos caças atuais, talvez com exceção dos 5G que eu não faço ideia de como é o arrasto deles.




Editado pela última vez por Marechal-do-ar em Qua Jan 22, 2014 8:40 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#763 Mensagem por NovaTO » Ter Jan 21, 2014 11:54 pm

ciclope escreveu:Senhores uma duvida!
Super cruise: aplicaçõoes praticas?

Exemplos:

:arrow: Engajamento de misseis BVR em supercruise aumenta o alcance deles.

:arrow: "Saída pela esquerda" : Em seguida, saindo da arena em velocidade superior ao inimigo, não permitindo o engajamento deste.

[]'s




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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#764 Mensagem por Carlos Lima » Qua Jan 22, 2014 12:15 am

NovaTO escreveu:
ciclope escreveu:Senhores uma duvida!
Super cruise: aplicaçõoes praticas?
Exemplos:

:arrow: Engajamento de misseis BVR em supercruise aumenta o alcance deles.

:arrow: "Saída pela esquerda" : Em seguida, saindo da arena em velocidade superior ao inimigo, não permitindo o engajamento deste.

[]'s
Além disso a aeronave operando no envelope aonde o supercruise possa ser aplicado consumiria em teoria menos combustível.

:arrow: Quanto a primeira afirmação a resposta é "Mais ou menos" porque uma aeronave com o PC ligado voando a Mach 1.6 teria o mesmo efeito para a eficiência de uso dos seus mísseis de uma aeronave voando com o supercruise nos mesmos Mach 1.6.

:arrow: A resposta também é Mais ou menos, para a segunda afirmação, porque se o seu objetivo é atirar e sair correndo, você liga o PC e saí for a, porque a sua aceleração será maior, e certamente você voará mais rápido do que em supercruise (não mais longe, mas se é para dar no pé... ;) ).

Isso dentro do envelope de missão aonde o supercruise possa ser aplicado. ;)

É bom deixar claro que supercruise lida com aceleração e sustentação de velocidade sem PC ligado, mas uma aeronave com PC ligado só vai consumir mais combustível, com o mesmo efeito.

Para uma visão mais simples, imaginem dois carros... você quer chegar a 280Km/H em ambos os carros.

Um deles possuí aqueles tanques de nitrogênio que basicamente transformam o carro mais chulé em carro de corrida e se o chassis aguentar você vai chegar aos 280KM/H como desejado mediante o uso dos tanques (imagina o Filme "Velozes e Furiosos" ;) ). - Esse é o Pós Combustor (PC).

O outro carro é um carro aonde o motor naturalmente suporta a queima de combustível e tem toda a estrutura necessária para somente na Aceleração e Marchas e pé no fundo e aerodinâmica, em determinadas condições você pode alcançar a velocidade de 280KM/H.

É mais ou menos assim que o supercruise funciona... não existe a necessidade do PC para chegar a velocidade desejada, mas como o PC é uma porrada na sua aceleração uma aeronave fazendo uso dele vai chegar mais rápido na velocidade desejada e até superiores, em detrimento do desgaste do motor, e um consumo de combustível maior.

Nada impede porém que uma aeronave capaz de supercruise use o PC quando necessário. ;)

[]s
CB_Lima




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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

#765 Mensagem por knigh7 » Qua Jan 22, 2014 12:48 am

Esse é um dos relatos dos jornalistas que voaram o GripenNG em regime de super cruzeiro:
O supercruise do Gripen NG Demo, nas palavras de um jornalista indiano

O texto destacado em itálico, mais abaixo, é um trecho traduzido de artigo do jornalista indiano Vishnu Som, editor associado e âncora sênior da New Dellhi Television (NDTV), publicado na revista Vayu e disponibilizado em informe da Saab de janeiro deste ano. Segundo o informe, o jornalista é o primeiro e, até o momento, o único civil no mundo que voou o Gripen NG, por sobre ilhas suecas.

A surtida durou 45 minutos, e incluiu voo em supercruzeiro, além de passagens a apenas 50 pés por sobre o Mar Báltico. O Gripen NG Demo voou em formação com um Gripen D, sendo filmado por um treinador a jato SK 60. A seguir, algumas impressões do jornalista e, mais abaixo, vídeo de aproximadamente 20 minutos sobre o voo:

Com seu novo motor GE414G, o Gripen NG ‘tensiona suas correias’ na pista, movendo-se para a frente apesar dos freios, e lançando-se como um foguete mais do que apenas decolando, assim que os freios são liberados. Também em manejo, o jato é livre de preocupações, alcançando o limite de 9G facilmente. O piloto de testes do Gripen Fredrik Müchler me diz que o Gripen NG pode facilmente ser considerado um caça 10G, dado que pode puxar essas cargas sem qualquer dificuldade real.

Nesse voo, o supercruise ocorreu a aproximadamente 23.000 pés. Nosso jato, carregando dois mísseis ar-ar IRIS-T na ponta das asas, acelerou ultrapassando a barreira do som. Fredrik rapidamente desligou a pós-combustão e a velocidade no ar estabilizou-se bem acima de Mach 1. Fredrik me diz que ele, a essa altitude, pode sustentar essa velocidade até que o combustível acabe, e que pode voar mais rápido sem pós-combustão numa altitude superior.
http://www.aereo.jor.br/2011/02/05/o-su ... a-indiano/




Editado pela última vez por knigh7 em Qua Jan 22, 2014 1:20 am, em um total de 1 vez.
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