República Centro Africana - MINUSCA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Túlio
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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#46 Mensagem por Túlio » Qui Jul 20, 2017 5:22 pm

cabeça de martelo escreveu:
eligioep escreveu:Túlio,
seria uma ótima idéia. Contudo, ainda estamos longe, muito longe, da expertize dos tugas.
Conheço a estrutura que eles tem, ou que preparam, para estas missões.
Diferente daqui, onde não há recursos e nem preocupação com a tropa.
Nesta missão, eles estão inseridos como Força de Reação Rápida (Quick Reaction Force), a mesma missão que os nossos Esquadrões de Cavalaria Mecanizada, com seus Urutu's e Marruás, tinham no Haiti.
Aliás, os tugas treinam muito, e preparam devidamente, suas tropas à base de sub-unidades (companhias) para atuarem em Missões de Paz, em sua maioria, como integrantes de tropas expedicionárias da OTAN.
Creio que o Cabeça de Martelo poderá nos esclarecer um bocado mais sobre isso.
Em 1996/97, durante a UNAVEM III, em Angola, tive o prazer de conviver, de perto, diariamente, com uma Companhia Logística - CiaLog 6, e outra de Transmissões (Comunicações). Fiquei deveras impressionado da estrutura e equipamentos que eles possuem, e usam, nestas missões.
Certamente também estávamos bem equipados, mas a nível Batalhão, e mesmo assim faltava muito....
E a grande maioria dos sargentos e oficiais, estavam em sua 3ª, 4ª ou até 5ª missão no exterior, seja de Paz, seja sob a égide da OTAN.
Falta-nos muito para chegarmos ao nível deles, e poderíamos ter evoluído muito nestes anos todos da MINUSTAH, mas parece que isso não ocorreu.....

Esses aí em Angola eram uns lords... até piscina tiveram direito e tudo. :lol:

Desde 96 que não temos sossego, há sempre pelo menos um contingente no estrangeiro e na maior parte das vezes temos muito mais. Preparamo-nos para mais uma missão, ser a QRF da OTAN no Afeganistão (outra vez) e provavelmente não vamos embora da RCA e ficaremos por lá como QRF. Parece que agora só nos querem como Quick Reaction Force tanto a OTAN no Afeganistão, como a ONU na RCA. Para além disso temos missões de mentoria tanto no Iraque como em vários países africanos.

A nível de equipamentos/armamentos não temos nada de especial, há alguns polos de excelência e pouco mais. Os vossos Comandos estão melhor equipados e armados que os nossos.

PS: as novidades da Arma de Transmissões, o Exército vai adquirir 35 viaturas Viaturas Táticas Médias Blindadas (VTMB) e 12 Viaturas Táticas Médias Não Blindadas (VTMNB).
A meu ver, enviar apenas unidades SPECOPS compostas por pessoal altamente treinado e equipado/armado para TOs "quentes", de preferência meio que nas proximidades dos nossos manos tugas, seria muito melhor do que mandar conscrito de FAL ou IA-2 "não segura no carregador que estoura a mão", inclusive servindo para manter o nosso pessoal de primeiríssima linha com experiência constante em operações reais em lugares e situações onde vale o "bobeou, dançou". Iríamos mandar menos gente mas com qualidade muito melhor e, ainda por cima, com melhor custo-benefício. Vão aprender mais e melhor do que conscrito que passa mais uns tempos e larga a farda (dos tales de 37 mil que foram ao Haiti, quantos ainda estão na tropa? Porque experiência militar pouco vale na vida civil) e, vamos admitir, eles (FFEE) são os primeiros caras a se mexerem se e quando a coisa desanda, não?




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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#47 Mensagem por eligioep » Qui Jul 20, 2017 8:43 pm

cabeça de martelo escreveu:.......................................................................
A nível de equipamentos/armamentos não temos nada de especial, há alguns polos de excelência e pouco mais. Os vossos Comandos estão melhor equipados e armados que os nossos.
................................................................
Cabeça,
os nossos FE e Comandos realmente estão bem equipados. Mas não para uma Companhia Expedicionária. Eles estão aptos a operar até nível Pelotão. Mais que isso, necessitam de apoio externo, de uma base fornecida por outra Unidade.
E nós também temos somente alguns pólos de excelência, sendo que no restante do EB estamos aos farrapos.....




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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#48 Mensagem por eligioep » Qui Jul 20, 2017 8:52 pm

Túlio escreveu:..............................................................................
A meu ver, enviar apenas unidades SPECOPS compostas por pessoal altamente treinado e equipado/armado para TOs "quentes", de preferência meio que nas proximidades dos nossos manos tugas, seria muito melhor do que mandar conscrito de FAL ou IA-2 "não segura no carregador que estoura a mão", inclusive servindo para manter o nosso pessoal de primeiríssima linha com experiência constante em operações reais em lugares e situações onde vale o "bobeou, dançou". Iríamos mandar menos gente mas com qualidade muito melhor e, ainda por cima, com melhor custo-benefício. Vão aprender mais e melhor do que conscrito que passa mais uns tempos e larga a farda (dos tales de 37 mil que foram ao Haiti, quantos ainda estão na tropa? Porque experiência militar pouco vale na vida civil) e, vamos admitir, eles (FFEE) são os primeiros caras a se mexerem se e quando a coisa desanda, não?
Túlio,
tanto numa como noutra missão, Angola e Haiti, não foram mandados recrutas e nem sargentos/tenentes temporários.
Só oficiais e sargentos de carreira, e cabos/soldados engajados. Apenas pessoal de saúde foram temporários, pois não se conseguia pessoal de carreira suficiente/nas especialidades previstas.
Já os FE/Cmdos repetiram diversas vezes, em virtude das vagas específicas para eles, e do pouco efetivo existentes na Brigada de Forças Especiais.
Em cada contingente, haviam 30 homens da Brigada FE (Pelotão DOPaz). Todos sargentos ou oficiais, até o posto de Capitão, nas diversas especialidades, sendo que ainda haviam mais uns 6 ou 8 de Operações Psicológicas no Comando do Batalhão.
Assim, o pessoal de FEE rodaram bastante, mas sempre no mesmo ambiente. Ideal seria em zonas mais "quentes".
Os Tugas da QRF com certeza estão anexos à algum Batalhão, de outro país, ou até mesmo, da Sede da Missão.

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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#49 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jul 21, 2017 7:30 am

eligioep escreveu:
Túlio escreveu:..............................................................................
A meu ver, enviar apenas unidades SPECOPS compostas por pessoal altamente treinado e equipado/armado para TOs "quentes", de preferência meio que nas proximidades dos nossos manos tugas, seria muito melhor do que mandar conscrito de FAL ou IA-2 "não segura no carregador que estoura a mão", inclusive servindo para manter o nosso pessoal de primeiríssima linha com experiência constante em operações reais em lugares e situações onde vale o "bobeou, dançou". Iríamos mandar menos gente mas com qualidade muito melhor e, ainda por cima, com melhor custo-benefício. Vão aprender mais e melhor do que conscrito que passa mais uns tempos e larga a farda (dos tales de 37 mil que foram ao Haiti, quantos ainda estão na tropa? Porque experiência militar pouco vale na vida civil) e, vamos admitir, eles (FFEE) são os primeiros caras a se mexerem se e quando a coisa desanda, não?
Túlio,
tanto numa como noutra missão, Angola e Haiti, não foram mandados recrutas e nem sargentos/tenentes temporários.
Só oficiais e sargentos de carreira, e cabos/soldados engajados. Apenas pessoal de saúde foram temporários, pois não se conseguia pessoal de carreira suficiente/nas especialidades previstas.
Já os FE/Cmdos repetiram diversas vezes, em virtude das vagas específicas para eles, e do pouco efetivo existentes na Brigada de Forças Especiais.
Em cada contingente, haviam 30 homens da Brigada FE (Pelotão DOPaz). Todos sargentos ou oficiais, até o posto de Capitão, nas diversas especialidades, sendo que ainda haviam mais uns 6 ou 8 de Operações Psicológicas no Comando do Batalhão.
Assim, o pessoal de FEE rodaram bastante, mas sempre no mesmo ambiente. Ideal seria em zonas mais "quentes".
Os Tugas da QRF com certeza estão anexos à algum Batalhão, de outro país, ou até mesmo, da Sede da Missão.

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A QRF responde directamente ao comandante da missão, no caso da RCA é o Major-General Balla Keïta (Senegal).

Já agora:

Portugal vê atuação conjunta de lusófonos em operações de paz da ONU

Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas do país participa em reunião para melhorar atuação de tropas de paz; contingentes militares portugueses integram forças no Mali e na República Centro-Africana.

Imagem
Força de Reação Rápida Portuguesa atando na área centro-africana em Bambari. Foto: Missão de Portugal junto à ONU.


As Nações Unidas realizam esta sexta-feira uma reunião para melhorar a sua atuação em missões de paz, com a participação de chefes de Defesa de cerca de 100 países.
O encontro com o lema "Enfrentar os desafios", discute temas políticos, estratégicos, operacionais e de apoio às missões da organização.

Espaço

A ONU News conversou com o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas Portuguesas, Artur Pina Monteiro, que disse haver espaço para uma maior participação de países lusófonos em iniciativas internacionais.

Imagem
General Artur Pina Monteiro.

"Não escondo que a participação dos países de expressão portuguesa em operações de paz, conjuntamente, é uma missão que todos nós perseguimos. Ou seja, no sentido de dar mais relevo à importância de África no contexto da segurança internacional na qual, como é sabido, Portugal tem uma orientação muito clara para o seu empenhamento. Por isso, este encontro pode propiciar esse contacto e de alguma forma procurarmos uma melhor interatividade entre as diversas forças."

Participação

Portugal considera que sua participação na República Centro-Africana contribui para estabilizar o país africano. A atuação portuguesa também envolve meios aéreos na Missão da ONU no Mali, Minusma, num modelo que para o general Pina Monteiro é "altamente vantajoso" para os malianos.

Imagem
Ação comunitária da força portuguesa em povoado de Bambari. Foto: Missão de Portugal junto à ONU.

Comandantes das forças de paz das Nações Unidas nos dois países africanos também estarão na reunião de Nova Iorque, ao lado de chefes militares da ONU no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo, RD Congo.
De acordo com as Nações Unidas, os chefes da Defesa vão debater o envio rápido de forças, a robustez das suas ações, a capacitação, a disciplina e o aumento do número de mulheres militares nas fileiras da organização.
O encontro junta representantes de entidades como União Africana, União Europeia e Organização do Tratado do Atlântico Norte, Otan.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#50 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jul 21, 2017 7:55 am

eligioep escreveu:
cabeça de martelo escreveu:.......................................................................
A nível de equipamentos/armamentos não temos nada de especial, há alguns polos de excelência e pouco mais. Os vossos Comandos estão melhor equipados e armados que os nossos.
................................................................
Cabeça,
os nossos FE e Comandos realmente estão bem equipados. Mas não para uma Companhia Expedicionária. Eles estão aptos a operar até nível Pelotão. Mais que isso, necessitam de apoio externo, de uma base fornecida por outra Unidade.
E nós também temos somente alguns pólos de excelência, sendo que no restante do EB estamos aos farrapos.....
São diferenças... os vossos Comandos foram feitos usando como matriz o curso de Precursores, unidade que pela natureza da sua missão/função, actua em pequenas unidades. Já os nossos foram criados em Angola em plena guerra do Ultramar, por isso as unidades eram todas de escalão Companhia e actuando conforme as necessidades.

Já agora deixo aqui um trabalho do actual comandante do Regimento de Comandos:

:arrow: http://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.2 ... Amorim.pdf




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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#51 Mensagem por FCarvalho » Sex Jul 21, 2017 7:33 pm

Algumas curiosidades:

A "Bgda FE's" brasileira de bgda tem só o nome. A organização, os quantitativos e o material de apoio sempre foram abaixo do que seria um bgda de verdade. Então o que nos falta além de mais efetivos e dinheiro e infra-estrutura para termos realmente uma bgda de forças especiais?

A MB possui o Btl Tonelero e o Grumec. O primeiro possui pouco mais de 400 homens, e o segundo chega perto de uma companhia, se muito, em atividade. Todas estas OM's, pelo que se sabe tem suas próprias tradições, especificidades e modus operandi tradicional, mas o que possuem mais em comum é o fato dos contingentes e recursos material estarem abaixo do necessário.

Na FAB o EAS/PARA-SAR a situação é um pouco diferente por não se tratar exatamente de uma OM FE's, mas que possui membros em seus quadros com esta capacidade, ainda que em menor número, tratando-se de unde voltada especificamente ao C-SAR. Dentro destas duas condições, até onde tenho conhecimento, o contingente sempre foi considerado muito aquém das necessidades tanto da FAB quando das demais forças em ração se sua missão. Se acrescentarmos o pel Punhal, a coisa não muda muito de figura posto a especificidade da missão daquela OM no RJ.

Uma coisa em comum a todas elas sempre foi a falta de investimento regular em equipamentos, formação e integração inter-forças ao longo do tempo, o que só muito recentemente vem mudando aos poucos. E o mais grave, a meu ver, a falta de investimento no aumento de seus efetivos.

A saber, apesar das 3 ffaa's terem contingentes bastante expressivos, se formos olhar a relação entre tropas de emprego geral e FE's, a coisa está bem feia para o nosso lado. Não estou considerando aqui fz nvs e Pqdt's e a inf lv porque estas OM's não são de fato FE's, mas apenas tropas com mais treinamento que o pessoal das demais undes regulares.

Eu desconheço a nossa política militar quanto a formação e quantificação das FE's, mas pode-se facilmente notar que todas as 3 ffaa's tem sérias dificuldades de armar, equipar e formar quadros maiores e melhores em suas respectivas undes. Isto por si só já é um desafio bem complexo quando não há investimento sequer no básico por aqui. Como resolver isso, bem, acho que temos de repensar o papel de nossas FE's no quadro geral da nossa política de defesa.

ps: até hoje um veículo que poderia estar servindo bem as nossas FE's seria o Chinvuk, mas se este veículo chegou a 10 undes, ainda em fase de desenvolvimento e prototipagem, já podemos nos considerar com sorte.

abs.




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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#52 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Jul 22, 2017 10:21 am

Operacional escreveu:Enquanto em Portugal percebemos que a rotação da Força Nacional Destacada na República Centro Africana vai ser adiada 5 semanas - comunicado oficial do Exército - por não haver capacidade de substituir de imediato os militares "comandos" - 3 oficiais, 2 sargentos e 1 praça - que foram retirados do contingente por questões ligadas à justiça, no terreno o Contingente Português, cuja componente operacional assenta em 3 Grupos de Combate da 2.ª Companhia de Comandos do Regimento de Comandos da Brigada de Reacção Rápida do Exército Português e uma Equipa de Controlo Aéreo Táctico da Força Aérea Portuguesa, já deixou uma marca de competência reconhecida internacionalmente. Convém ler o que diz a imprensa internacional não só para perceber o caos onde os nossos militares actuam - e o seu comportamento exemplar - como a situação em que as Forças Armadas Portuguesas estão envolvidas por decisão legitima do governo português.

Paix en Centrafrique, l’impuissance de la communauté internationale, Laurent Larcher, le 20/07/2017 15h37 in "La Croix"
«...Impuissance de l’ONU
Chargés de défendre les civiles, les 13 000 Casques bleus déployés en Centrafrique (Minusca) échouent à assurer la sécurité des habitants. La confiance en la Minusca est quasi nulle dans la population. Seul le contingent portugais a fait la preuve de son efficacité comme en témoignent ses actions à Bambari, ce printemps, et à Bangassou, au mois de mai...»




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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#53 Mensagem por Túlio » Sáb Jul 22, 2017 2:36 pm

eligioep escreveu: Túlio,
tanto numa como noutra missão, Angola e Haiti, não foram mandados recrutas e nem sargentos/tenentes temporários.
Só oficiais e sargentos de carreira, e cabos/soldados engajados. Apenas pessoal de saúde foram temporários, pois não se conseguia pessoal de carreira suficiente/nas especialidades previstas.
Já os FE/Cmdos repetiram diversas vezes, em virtude das vagas específicas para eles, e do pouco efetivo existentes na Brigada de Forças Especiais.
Em cada contingente, haviam 30 homens da Brigada FE (Pelotão DOPaz). Todos sargentos ou oficiais, até o posto de Capitão, nas diversas especialidades, sendo que ainda haviam mais uns 6 ou 8 de Operações Psicológicas no Comando do Batalhão.
Assim, o pessoal de FEE rodaram bastante, mas sempre no mesmo ambiente. Ideal seria em zonas mais "quentes".
Os Tugas da QRF com certeza estão anexos à algum Batalhão, de outro país, ou até mesmo, da Sede da Missão.

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Mestre, sempre é melhor o debate quando se tem à disposição uma visão de dentro da Força, que é algo valiosíssimo que aportas aqui. Mas te digo, mandar conscrito engajado (e deve ir uma "peixaria" dos diabos) para cumprir missão de MANUTENÇÃO de paz (praticamente operação policial) é uma coisa, já de IMPOSIÇÃO de paz (praticamente operação de guerra) é bem outra. Notes, jamais foi disparado um RPG contra nossas VTRs nos TOs que citaste, jamais nossas Tropas sofreram baixas oriundas de emboscadas ou da ação de IEDs. Mas te entendo e o que tens postado bate certinho com coisas que tenho lido e ouvido ao longo da última década, ou seja, de que os efetivos das unidades verdadeiramente de 1ª linha anda caindo uma barbaridade, bem como o nível de aprestamento.

cabeça de martelo escreveu: São diferenças... os vossos Comandos foram feitos usando como matriz o curso de Precursores, unidade que pela natureza da sua missão/função, actua em pequenas unidades. Já os nossos foram criados em Angola em plena guerra do Ultramar, por isso as unidades eram todas de escalão Companhia e actuando conforme as necessidades.
Aqui levantas uma lebre do tamanho de uma baleia azul, HAMMERHEAD véio. Me parece que vossos Comandos operam na linha dos British Commandos e não do igualmente Inglês SAS. Enquanto estes se desdobram em pequenas unidades para cumprir missões específicas, aqueles são mais "genéricos" e operam com mais números. Notar o que o SAS fazia na 2GM e o ataque dos Commandos na Noruega, a diferença de efetivos desdobrados é imensa. Foi o que me parece que Portugal levou para as Guerras de Ultramar.

Já no Brasil me parece haver um problema ou de denominação ou mesmo doutrinário: fizeram o Batalhão de Forças Especiais baseado nos "Green Berets" dos EUA, com foco inicial no DOFesp de 12 homens (sargentos e oficiais especialistas) se equivalendo ao A-Team dos GBs, com capacidade de ser infiltrado numa determinada região e, no prazo de uns seis meses, selecionar, treinar e equipar (supridos por terra, água e/ou ar) uma força de guerrilha/contraguerrilha de mais de seiscentos combatentes. Fora isso (e, cf o caso, inclusive usando algo equivalente a um Pel ou C-Team) o restante, tipo abater/destruir/vetorar o abate/destruição por outros meios (mísseis de longo alcance, aviões de combate, drones), reconhecimento, sabotagem, contraterrorismo & quetales.

Já os nossos Comandos (1º BAC) são sodas de entender (além de infos credíveis serem raríssimas). Pelo que descreveu o Mestre Elígio, são (melhor, parecem ser) uma redundância em relação ao 1º BForEsp, com subunidades e missões praticamente iguais. Notar os British Commandos, cuja unidade-base tinha mais que o dobro do efetivo de um C-Team. Notar ainda que o moderno 1º BAC começou seguindo a Doutrina dos US Rangers, que usa unidades com mais pessoal e maior duração no terreno. Creio que a nossa Doutrina teria que mudar, se algum dia quisermos ser capazes de atuar à maneira tuga.

Sei lá, até novas e melhores infos estarem à minha disposição, é o que penso. 8-]




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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#54 Mensagem por eligioep » Sáb Jul 22, 2017 8:48 pm

Túlio escreveu: Mestre, sempre é melhor o debate quando se tem à disposição uma visão de dentro da Força, que é algo valiosíssimo que aportas aqui. Mas te digo, mandar conscrito engajado (e deve ir uma "peixaria" dos diabos) para cumprir missão de MANUTENÇÃO de paz (praticamente operação policial) é uma coisa, já de IMPOSIÇÃO de paz (praticamente operação de guerra) é bem outra. Notes, jamais foi disparado um RPG contra nossas VTRs nos TOs que citaste, jamais nossas Tropas sofreram baixas oriundas de emboscadas ou da ação de IEDs. Mas te entendo e o que tens postado bate certinho com coisas que tenho lido e ouvido ao longo da última década, ou seja, de que os efetivos das unidades verdadeiramente de 1ª linha anda caindo uma barbaridade, bem como o nível de aprestamento.
Tchê Gaudério,
não tivemos nenhum ataque contra blindados, mas contra pessoal, tivemos bastante.
Em Angola, era comum fazermos escolta de comboio de comida com os nossos VBR Cascavel, termos nossas tropas cercadas e ameaçadas com armamento de grosso calibre, de uso coletivo. Inclusive, teve uma vez que uma Companhia, em Lumeje, ficou cercada por UMA semana pelas tropas da UNITA, por acreditarem estarmos espionando-os e repassando para as FAA.
No 4º Contingente, teve uma patrulha dos Navais emboscada, e abatida a tiros, onde um cabo veio a óbito.
No Haiti, entramos à força, debaixo de intenso tiroteio em Cité Soleil, inclusive fazendo uso das MAG dos Urutu, e com emprego de pá carregadeira, blindada, para fechar valas abertas para impedir o tráfego.
Claro, a nível Afeganistão ou Iraque, necas.....
Contudo, nestes teatros nem são Missões de Paz. E nas da RCA, os feridos e mortos são, na maioria, por combate com armas portáteis.




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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#55 Mensagem por FCarvalho » Sáb Jul 22, 2017 9:27 pm

O que nos impede mandar especiais a nível pelotão para integrar as missões da ONU onde elas sejam mais necessárias, como os portugueses estão fazendo?

abs.




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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#56 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Jul 25, 2017 7:52 am

Túlio escreveu:
cabeça de martelo escreveu: São diferenças... os vossos Comandos foram feitos usando como matriz o curso de Precursores, unidade que pela natureza da sua missão/função, actua em pequenas unidades. Já os nossos foram criados em Angola em plena guerra do Ultramar, por isso as unidades eram todas de escalão Companhia e actuando conforme as necessidades.
Aqui levantas uma lebre do tamanho de uma baleia azul, HAMMERHEAD véio. Me parece que vossos Comandos operam na linha dos British Commandos e não do igualmente Inglês SAS. Enquanto estes se desdobram em pequenas unidades para cumprir missões específicas, aqueles são mais "genéricos" e operam com mais números. Notar o que o SAS fazia na 2GM e o ataque dos Commandos na Noruega, a diferença de efetivos desdobrados é imensa. Foi o que me parece que Portugal levou para as Guerras de Ultramar.

Já no Brasil me parece haver um problema ou de denominação ou mesmo doutrinário: fizeram o Batalhão de Forças Especiais baseado nos "Green Berets" dos EUA, com foco inicial no DOFesp de 12 homens (sargentos e oficiais especialistas) se equivalendo ao A-Team dos GBs, com capacidade de ser infiltrado numa determinada região e, no prazo de uns seis meses, selecionar, treinar e equipar (supridos por terra, água e/ou ar) uma força de guerrilha/contraguerrilha de mais de seiscentos combatentes. Fora isso (e, cf o caso, inclusive usando algo equivalente a um Pel ou C-Team) o restante, tipo abater/destruir/vetorar o abate/destruição por outros meios (mísseis de longo alcance, aviões de combate, drones), reconhecimento, sabotagem, contraterrorismo & quetales.

Já os nossos Comandos (1º BAC) são sodas de entender (além de infos credíveis serem raríssimas). Pelo que descreveu o Mestre Elígio, são (melhor, parecem ser) uma redundância em relação ao 1º BForEsp, com subunidades e missões praticamente iguais. Notar os British Commandos, cuja unidade-base tinha mais que o dobro do efetivo de um C-Team. Notar ainda que o moderno 1º BAC começou seguindo a Doutrina dos US Rangers, que usa unidades com mais pessoal e maior duração no terreno. Creio que a nossa Doutrina teria que mudar, se algum dia quisermos ser capazes de atuar à maneira tuga.

Sei lá, até novas e melhores infos estarem à minha disposição, é o que penso. 8-]
Como já disse os Comandos do Exército Português foram criados em Angola já a guerra tinha começado. A criação desta tropa só foi possível graças à asneira de um General que ao ver os excelentes resultados que as Companhias de Caçadores Especiais estavam a ter, resolveu que todos eram "especiais" distribuindo Boinas Castanhas a todo o Exército, mas não dando o dito curso (só mesmo alguns graduados escolhidos a dedo é que o tinham). Como tal havia necessidade de criar-se uma Tropa para fazer missões especiais que nessa altura só eram feitas pelos Paraquedistas da FAP.

É então criado o Centro de Instrução de Contra-Guerrilha em Angola, decisão pelo comandante dessa Região Militar e não em Portugal onde o Estado Maior era constituído por uma autêntica Brigada do reumático. Houve várias influências, tendo como base a doutrina dos Pára-Comandos Belgas (mas sem o curso de Páraquedismo) e algumas TTP da Legião Estrangeira aprendidas com o "aventureiro" Italiano Dante Vacchi. Ele tinha sido membro das unidades de sabotagem Fascistas Italianas na 2ª GM (quando a Itália já estava partida em duas) e também foi Sargento na LE durante a guerra da Indochina.

Hoje em dia as Companhia de Comandos, estão organizadas em Secção de Comando, Secção de Transmissões, Secção de Manutenção e 4 Grupos (Pelotões) de Combate. Cada Grupo de Combate tem 30 militares e está dividido Equipas de Comandos. Estas são compostas por 1 sargento e 4 praças, tendo cada um deles uma especialização (pisteiro, sapador, socorrista, apontador metralhadora-ligeira).

No Exército Português há três Tropas Especiais, os Páraquedistas, os Comandos e as Operações Especiais (Rangers), cada tropa tem histórias e influências diferentes, cada uma tem a sua casa e ordem unidades distintas, só que neste momento estão inseridas na mesma Brigada (BrigRR). Seria quase impossível um Oficial/Sargento das Operações Especiais ir para o 2º BIPara e neste momento há tanto graduado dessa tropa em São Jacinto que até faz confusão.




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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#57 Mensagem por eligioep » Dom Jul 30, 2017 8:35 pm

Amigo Cabeça,
interessante essa constituição dos vossos Comandos.
As nossas tropas especiais não possuem soldados e cabos com essa especialização. Esses apnas compõe o efetivo de apoio, ou na sede do Batalhão, ou na retaguarda, quando em operação.
Aliás, essas funções (Secção de Comando, Secção de Transmissões, Secção de Manutenção) são feitas por pessoal do Batalhão de Apoio de Operações Especiais (BAOE), uma espécie de Unidade de Logística, com todas essas funções.
Tanto os Comandos como os FE são preparados para atuar em equipes pequenas, de 3 ou 4 militares.
Isso os difere das tropas normais, que também executam muitas das atividades dos Especiais, mas sempre em Pelotões, Companhias ou mas.

FCarvalho,
nada impede de termos Pelotões de FE ou Cmdos integrando contingentes de outros países. Só que essa não é a finalidade, pois os países tem os seus próprios contingentes de Especiais integrados ao contingente.
Vale destacar que é PROIBIDO pela ONU que hajam frações constituídas de Especiais nos contingentes. Assim, o nosso era integrado na Cia de Comando, no efetivo do Pelotão de Comunicações, onde também estava o pessoal de Operações Psicológicas (OPsico) e que executava missões de contra informações.
Estavam integrados na Cia Cmdo, porém não participavam de nenhuma atividade desta ou outra Companhia. E estavam em instalações separadas, onde era vedado o acesso aos "mortais", e executavam suas próprias atividades, separadas das operações do Batalhão. Apenas os Snipers acompanhavam as Operações de maior vulto, com as suas .50. E possuíam de tudo do bom e melhor, somente equipamento de ponta, com exceção das Land Rovers "blindadas"......




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eligioep
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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#58 Mensagem por eligioep » Qui Ago 10, 2017 3:35 pm

cabeça de martelo escreveu:...................................................................................

No Exército Português há três Tropas Especiais, os Páraquedistas, os Comandos e as Operações Especiais (Rangers), cada tropa tem histórias e influências diferentes, cada uma tem a sua casa e ordem unidades distintas, só que neste momento estão inseridas na mesma Brigada (BrigRR). Seria quase impossível um Oficial/Sargento das Operações Especiais ir para o 2º BIPara e neste momento há tanto graduado dessa tropa em São Jacinto que até faz confusão.
Prezado Cabeça,
se formos contabilizar os Paraquedistas como Tropas Especiais, teríamos que incluir também, no caso do Brasil, as Tropas de Montanha, de Selva e de Caatinga.
Contudo, reconheço que são tropas especializadas no terreno onde atuam, diferentemente das Forças Especiais que atuam em todos os terrenos, inclusive fazendo parte dos respectivos cursos uma ou duas semanas nestas áreas. A única que poderia ser considerada como Tropa Especial é a Brigada Leve (Aeromóvel).
Ontem estava a conversar com um colega que serviu por alguns anos na Brigada de Operações Especiais, e me confirmou que há Soldados e Cabos Comandos, porém somente Sargentos e Oficiais são Forças Especiais.
Além disso, esclareceu que as equipes de Comandos são mistas, entre Soldados/Cabos/Sargentos e Oficiais, dependendo da missão. Já os Forças Especiais são única e exclusivamente Sargentos e Oficiais, podendo atuar até individualmente, dependendo da Operação/Missão.
Da mesma forma não há Cabos/Soldados com curso de Operações Psicológicas, exclusivas dos Sargentos e Oficiais, sendo que estes servem no Batalhão de Operações de Apoio à Inteligência - BOAI. Nesta OM há soldados e cabos, mas apenas para serviço interno, assim como no 1º Batalhão de Forças Especiais - BFE.




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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#59 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Ago 11, 2017 7:16 am

eligioep escreveu:
cabeça de martelo escreveu:...................................................................................

No Exército Português há três Tropas Especiais, os Páraquedistas, os Comandos e as Operações Especiais (Rangers), cada tropa tem histórias e influências diferentes, cada uma tem a sua casa e ordem unidades distintas, só que neste momento estão inseridas na mesma Brigada (BrigRR). Seria quase impossível um Oficial/Sargento das Operações Especiais ir para o 2º BIPara e neste momento há tanto graduado dessa tropa em São Jacinto que até faz confusão.
Prezado Cabeça,
se formos contabilizar os Paraquedistas como Tropas Especiais, teríamos que incluir também, no caso do Brasil, as Tropas de Montanha, de Selva e de Caatinga.
Exacto.
Contudo, reconheço que são tropas especializadas no terreno onde atuam, diferentemente das Forças Especiais que atuam em todos os terrenos, inclusive fazendo parte dos respectivos cursos uma ou duas semanas nestas áreas. A única que poderia ser considerada como Tropa Especial é a Brigada Leve (Aeromóvel).
Ontem estava a conversar com um colega que serviu por alguns anos na Brigada de Operações Especiais, e me confirmou que há Soldados e Cabos Comandos, porém somente Sargentos e Oficiais são Forças Especiais.
Além disso, esclareceu que as equipes de Comandos são mistas, entre Soldados/Cabos/Sargentos e Oficiais, dependendo da missão. Já os Forças Especiais são única e exclusivamente Sargentos e Oficiais, podendo atuar até individualmente, dependendo da Operação/Missão.
Era o que eu estava à espera, afinal a vossa grande influência é os EUA e nas SF só são permitidos Sargentos e Oficiais, enquanto que nos Rangers aceita-se militares de todas as classes.
Da mesma forma não há Cabos/Soldados com curso de Operações Psicológicas, exclusivas dos Sargentos e Oficiais, sendo que estes servem no Batalhão de Operações de Apoio à Inteligência - BOAI. Nesta OM há soldados e cabos, mas apenas para serviço interno, assim como no 1º Batalhão de Forças Especiais - BFE.
O normal e espectável, nós por cá não temos uma unidade de Operações Psicológicas mas temos um curso e militares que podem desempenhar esse tipo de funções que são obviamente Sargentos e Oficiais do Quadro Permanente.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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Re: República Centro-Africana: Operação Sangaris

#60 Mensagem por jauro » Sáb Ago 26, 2017 3:38 pm

Próxima missão do Brasil terá riscos maiores
Há oito possíveis destinos na África, mas o mais provável é a República Centro-Africana, onde a ONU ajuda o governo a restabelecer a segurança

Roberto Godoy

A próxima missão das Forças Armadas do Brasil sob mandato da ONU será na África. E será perigosa, com elevada possibilidade de ações de combate. Há oito destinos possíveis no continente – todos cenários de violentas lutas civis. O Comando do Exército considera o envio de 700 a 800 homens, o tamanho de um batalhão de infantaria, já no segundo semestre de 2018.

A parada mais provável até agora: a República Centro-Africana, onde 9.639 militares, mais 1.883 agentes policiais e 760 funcionários civis, integram a Minusca, sigla internacional da operação. O objetivo prioritário da ONU no país é proteger a população e ajudar o governo do presidente Faustin Touadéra a restabelecer condições de segurança interna, comprometida pela coalizão das milícias muçulmanas Séleka.

Havia duas outras fortes opções, o Sudão do Sul e o Mali, na negociação que passa pela Secretaria-Geral da organização e pelo Conselho de Segurança, em Nova York. Segundo o Ministério da Defesa, ambas tiveram baixa aceitação, “por questões de logística e risco alto”. As conclusões são referenciadas pelo Projeto Seta, um estudo do MD que avalia por pontos específicos as implicações e demandas para o atendimento de cada provável local de participação.

O modelo da unidade brasileira será o mesmo adotado no Haiti. Terá o apoio de três diferentes tipos de blindados sobre rodas e veículos de transporte geral. O time vai incorporar duas novidades: equipes das Forças Especiais e elementos de Operações Psicológicas. Mais que isso: pela primeira vez desde a 2.ª Guerra, a Força Aérea terá aeronaves atuando em áreas de conflito.

Há dois meses em uma visita discreta, uma comissão do Sistema de Capacidades em Operações de Paz, agência da ONU para avaliação de tropas interessadas em integrar grupos de estabilização, esteve nas bases da FAB em Manaus e em Porto Velho.

O chefe do time, coronel Humauyn Chohan Zia, do Paquistão, considerou “bastante possível o emprego de meios aéreos do Brasil na África”.

Cinco aeronaves foram examinadas e selecionadas pelos avaliadores: dois A-29 Super Tucano de ataque leve, dois helicópteros multiúso H-60L Black Hawk e um cargueiro C-105 Amazonas. De acordo com Zia, o equipamento (veja o gráfico) poderá ser mobilizado para servir a mais de um grupo pacificador.

Imagem
http://www.fab.mil.br/notimp#n126047

Risco de fogo

As condições em que uma tropa brasileira entraria em confronto direto na África são bem definidas pela regra da incumbência da ONU. “Isso (o choque armado) só aconteceria em defesa própria, reagindo a uma agressão, ou na garantia dos objetivos do mandato”, disse ao Estado um oficial do corpo de fuzileiros da Marinha, veterano do Haiti. Para o militar, a hipótese clássica é a da retirada de civis que estejam sob ameaça rebelde em um vilarejo. Dependendo da situação, será preciso contar com cobertura aérea, fazendo a interdição de fogo, antes do pouso do helicóptero de resgate.

Interessa à política externa do Brasil continuar mantendo a presença nas missões da ONU. A embaixadora Maria Luisa Escorel de Moraes, Diretora do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, destaca que esse envolvimento “reflete os princípios fundamentais da Constituição Federal, como a defesa da paz e a solução pacífica de controvérsias”.

A diplomata lembra que o País apoia as operações desde o início, em 1947, quando uma missão foi despachada para os Bálcãs. “Desde então o Brasil já participou de cerca de 50 tarefas ao redor do mundo”. Maria Luisa ressalta que, “ao participar, o País demonstra concretamente sua disposição e a capacidade de assumir maiores responsabilidades em relação à paz e a segurança internacionais”.

Para a embaixadora, a iniciativa “evidencia, como buscamos fazer nos 13 anos de engajamento no Haiti, a relevância de uma abordagem integrada para a solução das crises; um tratamento que não se limite a respostas puramente militares, mas também considere a interdependência entre segurança e desenvolvimento”.




"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
Jauro.
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