O Brasil e os Brasileiros

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Paisano
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O Brasil e os Brasileiros

#1 Mensagem por Paisano » Qui Jan 10, 2013 1:30 pm

10 de janeiro de 1912: O bombardeio da Cidade de Salvador

Fonte: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=30920
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As 14h do dia 10 de janeiro de 1912 teve início o bombardeiro à cidade de Salvador. Em poucos minutos estavam destruídos a histórica Sede do Governo, a também centenária Biblioteca Pública, a Câmara e o Quartel da Polícia Militar. Em sequência, travou-se uma verdadeira guerra campal, envolvendo as polícias estaduais e o exército.

O episódio teve repercussão nacional e fez parte de uma série de lutas políticas entre as oligarquias provincianas que marcaram os primeiros anos da República Velha, quando o país vivia um sistema eleitoral viciado.

A investida de Tropas do Exército concentradas no Forte de São Marcelo num bombardeio a Salvador para provocar a renúncia do governador baiano, Aurélio Viana foi resultado de um plano que contou com o apoio da mídia e, inclusive, com a intervenção do governo federal, que buscava instaurar ali lideranças aliadas. A renúncia de Viana acontece em questão de horas. Seu substituto é José Joaquim Seabra, que conta com o apoio do presidente Hermes da Fonseca, adversário de Ruy Barbosa nas urnas.

Poucos dias depois, uma tentativa de Viana retomar ao posto fracassa, sufocada inclusive pela participação popular.



O atentado comprometeu grande parte da memória do estado da Bahia ao destruir uma documentação histórica preciosa da primeira capital do Brasil. Da mesma forma, foram irreparáveis os danos humanos, e até hoje é desconhecido o número de vítimas. Para a política baiana era o início de uma nova era, sob a liderança de José Joaquim Seabra, derrotando antigos mandantes conservadores como Ruy Barbosa, Severino Vieira, Marcelino de Souza e Luiz Vianna.




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Re: O Brasil e os Brasileiros

#2 Mensagem por Paisano » Qui Jan 10, 2013 1:40 pm

O ALMIRANTE NEGRO

Fonte: http://www.portaldeitaipu.com.br/portug ... andido.htm
Um Homem Simples que Tornou-se o Primeiro Herói Brasileiro do Século XX

No ano de 1910, mais de 200 marujos agitaram a baía de Guanabara, ao se apoderarem de navios de guerra para exigir o fim dos castigos corporais na Marinha da Brasil, herança do período imperial, onde essa arma era tida coma a mais importante e dirigida pelos mais "aristocráticos" oficiais. Foi a Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, o Almirante Negro.

O Brasil era uma das maiores potências navais do mundo, destacando-se a sua "Esquadra Branca" formada pelos encouraçados "Minas Gerais" e "São Paulo", pelos cruzadores "Rio Grande do Sul" e "Bahia" e por mais 18 navios. O Governo gastara uma fortuna para modernizar sua esquadra, mas o código disciplinar da Marinha era o mesmo do tempo da monarquia, assim como os arbitrários processos de recrutamento. Criminosos e marginais, produtos de uma sociedade que lhes negava maior sorte, eram colocados lado a lado com homens simples do interior para cumprir serviço obrigatório durante 10 a 15 anos! As desobediências ao regulamento eram punidas com chibatadas...Por isso, as revoltas ocorriam antes mesmo do ingresso na corporação.

O decreto nº 3, de 16 de novembro de 1889, um dia após a Proclamação da República, extinguiu os castigos corporais na Armada, mas em novembro do ano seguinte o marechal Deodoro, contraditoriamente, tornou a legalizá-los: "para as faltas leves prisão e ferro na solitária, a pão e água; faltas leves repetidas, idem por seis dias; faltas graves, 25 chibatadas".

Como os reclamos dos marujos não foram ouvidos, eles passaram a conspirar. Uma primeira advertência foi feita durante a ida de uma divisão da Marinha às comemorações da Independência chilena, em que ocorreram 911 faltas disciplinares, a maioria punida com açoites: "Venho por meio destas linhas pedir para não maltratar a guarnição deste navio, que tanto se esforça por trazê-lo limpo. Aqui ninguém é salteador nem ladrão" dizia um aviso ao comandante de um dos navios, assinado por um marinheiro conhecido como Mão Negra.

Na madrugada de 16 de Novembro a Guanabara está repleta de navios estrangeiros que aportam para a posse do marechal Hermes da Fonseca na presidência da República. Ao raiar do dia, toda a tripulação do navio "Minas Gerais" é chamada ao convés para assistir aos castigos corporais a que seria submetido o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes. Na noite anterior ele ferira a navalhadas o cabo Valdemar, que o havia denunciado por introduzir duas garrafas de cachaça no navio. Sua pena: 250 chibatadas e não mais 25 como vinha acontecendo.

Junto a tripulação do navio havia também oito carrascos oficiais. Depois de examinado pelo médico de bordo e considerado em perfeitas condições físicas, Marcelino é amarrado pelas mãos e pés e submetido ao castigo. Durante o castigo, Marcelino desmaia de dor, mas a surra continua. Ao fim das 250 chibatadas, suas costas estão banhadas em sangue lanhadas de cima para baixo. Desacordado, ele é desamarrado, embrulhado num lençol e levado aos porões. Lá jogam iodo em suas costas e o deixam estrebuchando no chão.

Na noite de 22 de novembro de 1910, a revolta explodiu. João Cândido assumiu o comando do "Minas Gerais", morrendo na luta o comandante Batista das Neves, alguns oficiais e vários marinheiros. Os primeiros tiros assustaram o recém-empossado Hermes da Fonseca, que assistia tranqüilamente a uma ópera de Wagner... Outros marujos tomaram o "São Paulo", o "Bahia" e o "Deodoro'. Manobrando as belonaves com grande perícia, apontaram seus canhões para pontos estratégicos da cidade, exigindo, em comunicado enviado ao presidente da república, a reforma do Código Disciplinar, o fim das chibatadas, "bolos" e outros castigos, o aumento dos soldos e preparação e educação dos marinheiros.

Sem força para dominar a rebelião, que recebera o apoio da oposição e de parte da população carioca, o marechal Hermes e o Parlamento cederam às exigências. Rapidamente aprovaram um projeto - de autoria de Rui Barbosa, que anos atrás tinha apoiado a reinstauração dos castigos - pondo fim aos açoites e concedendo anistia aos revoltosos. Fato raro na história do Brasil, a revolta popular - "uma conspiração de cozinha tantas vezes fatais à sala", como se chegou a lembrar - triunfara.

Mas o Governo não perdoou a ousadia daqueles marujos "sem cultura" e "sem responsabilidades". Ignorando a anistia, baixou um decreto regulamentando o afastamento dos marinheiros julgados indesejáveis e, em seguida, mandou prender 22, entre os quais alguns participantes da revolta de novembro. Interessado em estabelecer uma ditadura para calar a oposição, provocou novo levante, ao espalhar a notícia de que o Exército viria punir os fuzileiros do Batalhão Naval. O objetivo do governo, como denunciaram seus adversários, era criar um pretexto para a decretação do estado de sítio.

Atemorizados, os marinheiros insubordinaram-se a 9 de dezembro, sendo bombardeados por canhões do Exército e da "Esquadra Branca". Houve dezenas de mortos e inúmeros presos, inclusive João Cândido. Na noite de Natal, 97 foram embarcados no "Satélite", com destino à Amazônia, onde seriam submetidos a trabalhos forçados na extração da borracha, produto que vivia seu momento de apogeu. No meio da viagem, sete deles, acusados de conspiração, foram fuzilados, enquanto dois se atiraram no mar, morrendo afogados.

João Cândido, "o negro que violentou a história do Brasil", Segundo comentou na época o escritor Gilberto Amado, foi preso, com mais 17 marinheiros, numa masmorra encravada na rocha em forma de cúp**a na ilha das Cobras, onde a ventilação era feita através de furos na chapa de ferro de uma das portas e em outra de madeira com alguns orifícios.

Ali, 15 morreram asfixiados na manhã seguinte. A cela fora desinfetada por água e cal. A água evaporou-se com o forte calor e a cal penetrara nos pulmões dos marinheiros. "A gente sentia um calor de rachar. O ar abafado. A impressão era de que estávamos sendo cozinhados dentro de um caldeirão. Alguns corroídos pela sede, bebiam a própria urina..." João Cândido, um dos sobreviventes, foi internado no Hospital dos Alienados, do Rio, onde os médicos negaram que ele estivesse louco. Julgado em novembro de 1912, foi absolvido, bem como todos os marinheiros participantes das revoltas.

João Cândido simbolizou a luta pela dignidade humana. Sua coragem, no entanto, teve um preço alto demais. O mestre-sala dos mares foi um divisor de águas na Marinha. Graças a ele, a chibata nunca mais foi usada. Ele marcou seu espaço na história deste país.

Fonte Literária: História da Sociedade Brasileira - Ed. Ao Livro Técnico
O Negro da Chibata - Ed. Objetiva






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Re: O Brasil e os Brasileiros

#3 Mensagem por suntsé » Qui Jan 10, 2013 1:43 pm

Um absurdo!




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Re: O Brasil e os Brasileiros

#4 Mensagem por Paisano » Qui Jan 10, 2013 1:44 pm

A Batalha do Jenipapo (Piauí) - 13 de março de 1823

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_do_Jenipapo
Quando Dom Pedro I, às margens do Ipiranga, deu o grito de independência, não houve derramamento de sangue. Foi no Piauí, às margens do Rio Jenipapo, na cidade de Campo Maior, que os portugueses perderam a esperança de ter uma colônia na América, sendo afastados definitivamente das terras brasileiras. A Batalha do Jenipapo, luta e glória do povo piauiense, assegurou a unidade territorial do Brasil.

O Piauí como província

Até o final do século XVIII, Portugal não dava a mínima importância para o Piauí, apesar de o Brasil ser uma colônia lusitana. A província foi entregue a exploradores maranhenses e baianos. Éramos subordinados à Bahia pelo lado jurídico e, pelo lado administrativo e religioso, estávamos sujeitos ao Maranhão. As autoridades portuguesas tratavam os piauienses muito mal. Muito embora a Freguesia da Mocha tenha sido instalada em 1697 sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória, somente em 1715 foi criada a Capitania de São José do Piauí. A terra de Mafrense era muito grande, territorialmente falando, para tão poucos habitantes.

Para se ter um quadro mais revelador dessa situação, Oeiras, por essa época, tinha pouco mais de mil habitantes e era a capital imperial do Piauí. Parnaíba dava os primeiros passos com o comércio de exportação de carnes e de algodão. O gado era mais importante do que o ser humano. Até as três primeiras décadas do século XIX, não sequer uma única escola regular, não obstante já existisse desde 1770 um serviço postal ligando os mais distantes rincões do território. Havia comunicação postal, mas não havia escola. Saber ler e escrever era um privilégio de poucas pessoas, apenas as mais altas autoridades ligadas à administração. Em âmbito nacional, o sentimento de independência no Brasil teve inicio no século XVIII com a chamada Conjuração Mineira de 1789, a Inconfidência Carioca de 1794 e a Inconfidência Baiana de 1798, todas imbuídas numa causa comum que girava em torno de idéias liberais, segundo as quais a soberania reside na vontade do povo, na liberdade de expressão e de culto. A partir de então consignou-se o sentimento de liberdade que culminaria de um modo mais intenso com a participação popular na Revolução Pernambucana de 1817.

Em 1808, a chegada da família real ao Brasil marcou definitivamente esse sentimento de nacionalidade, com o Brasil se tornando a sede da Coroa Portuguesa e com os desdobramentos desse fato: a abertura do porto às nações amigas, a fundação do Colégio de Medicina e Cirurgia e da Escola de Comércio, a abertura da Escola de Belas Artes, a fundação do Banco do Brasil, a inauguração do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a elevação do País a Reino Unido, a criação da Imprensa Oficial e a edição do jornal Gazeta do Rio de Janeiro (em 10 de setembro de 1808). O reconhecimento dos direitos naturais e imprescritíveis da pessoa humana estava na ordem do dia, e o Piauí, apesar do isolamento e da distancia em relação ao Rio de Janeiro, não ficou dessa epopéia libertária, que deu outros rumos ao destino do Brasil.

Ao contrário da situação dos dias atuais, o quadro financeiro do Piauí, em 1821, era considerado bom. A atividade agropecuária crescia vertiginosamente. Quinze mil bois eram abatidos em Parnaíba para abastecer de carnes os mercados do Maranhão, Ceará e Bahia; o comércio de algodão era considerado o melhor do Brasil, além do fumo, cana-de-açúcar e outros produtos. Cerca de 50% da renda bruta das numerosas fazendas de gado do Piauí ia parar nos cofres das cortes portuguesas. O dinheiro que ficava no Piauí pagava os gastos com atividades militares e preservava a carrancuda máquina administrativa.

Em abril de 1821, D. João VI deixou o Brasil e foi para Portugal. A comitiva, de quatro mil pessoas, era formada principalmente por membros da realeza, ricos comerciantes portugueses e outras autoridades, o ossário de D. Maria I, a Rainha Louca, e 50 milhões em cruzados, isto é, todo o dinheiro dos cofres do Brasil.

Com a volta da família real para a Europa, a responsabilidade pelo destino do Brasil ficou a cargo de D. Pedro I. A questão internacional provocada pela Revolução do Porto (1820), no bojo da qual se admitia a volta do Brasil à condição de colônia portuguesa, com a administração ligada diretamente à Lisboa, levou muitas províncias a se rebelarem, como a Bahia, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Ao que apoiavam D. Pedro I e os setores favoráveis às cortes portuguesas mergulharam num vai-e-vem de interesses sem precedentes na história política do País.

Piauí era visto como Portugal em plena caatinga

Do outro lado, Piauí, Maranhão, Pará, Mato Grosso e Goiás deviam obediência e lealdade a Portugal. O Piauí compunha a nação portuguesa. Era uma espécie de Portugal em plena caatinga piauiense. Oeiras, a capital imperial do Piauí, era infestada de portugueses que queriam a todo custo ficar com a parte mais rica do Brasil.

Assim, dividido entre as pretensões dos brasileiros que queriam a independência e a dos portugueses que desejavam continuar com a política colonialista, D. Pedro I, no dia 7 de setembro de 1822, às margens do Riacho Ipiranga, arrancou os laços que uniam o Brasil a Portugal com o grito “Independência ou Morte”. No Piauí, a noticia chegou no dia 30 de setembro.

Com a independência brasileira levada a efeito em São Paulo, Portugal voltou-se para a parte mais rica da nação, que era o Norte. E foi justamente para efetivar essa posse que os portugueses mandaram para o Piauí o oficial graduado João José da Cunha Fidié, que chegou em Oeiras no segundo semestre de 1822.

A presença militar lusitana em terras piauienses, entretanto, não intimidou o animo emancipador dos mafrenses. A independência caminhava lenta e gradualmente, mas com passos firmes e decisivos rumo à liberdade.

As idéias revolucionárias desenvolvidas por piauienses ilustres vinham de Portugal, Estados Unidos e França. Essas idéias entravam no Piauí por Parnaíba, que era a porção mais rica da província. Em 19 de outubro de 1822 a Câmara Provincial de Parnaíba, em sessão solene, reconheceu a independência do Brasil. Isso foi aceito como convite à ação libertadora e um não à presença militar portuguesa em terras piauienses. Nesta sessão estavam presentes os líderes Simplício Dias da Silva, Leonardo das Dores Castelo Branco e o juiz Cândido de Deus e Silva.

Uma platéia lotava as dependências da Câmara. Apesar de um certo alinhamento às cortes portuguesas, os parnaibanos reconheciam a autoridade de D. Pedro de Alcântara, o Defensor Perpétuo do Brasil. Campo Maior era também um caldeirão de idéias libertadoras. A 17 de setembro de 1822, a junta governista chamou a Oeiras Lourenço de Araújo Barbosa, o precursor da independência no Piauí, para prestar esclarecimentos a respeito dos boatos sobre atividades emancipacionistas. Segundo informações dos espiões oeirenses infiltrados em Campo Maior, ele possuía uma fábrica de pólvora que seria usada num possível ato revolucionário, que a cada dia se tornava mais urgente.

Com a declaração parnaibana de independência em relação a Portugal, não restou outra alternativa a Fidié, Governador das Armas do Piauí, senão sufocar militarmente o levante revolucionário no litoral e, ao mesmo tempo, ver in loco a situação explosiva em Campo Maior. A preocupação meio de Fidié era fazer nas “terras dos carnaubais” um foco de resistência portuguesa diante do sentimento nacionalista dos campo-maiorenses.

Corroborando o boato de que Portugal queria ficar com o norte do Brasil, que na época compreendia o Piauí, o Maranhão e o Pará, os portugueses enviaram para o Piauí uma quantidade enorme de armas por volta de 1820, alem da vinda de Fidié a Oeiras como Governador das Armas.

Fidié, um militar de alta patente, foi enviado ao Piauí devido ele já ser considerado um herói em Portugal quando ele lutou contra os exércitos napoleônicos quando a França invadiu Portugal em 1807. lutou bravamente na defesa de Portugal contra as forças francesas do general Junot. Fidié já era herói quinze anos antes de vir para o Piauí defender a última esperança portuguesa de ter uma colônia lusitana nas Américas.

O general desloca-se para Parnaíba

Quando Fidié soube da proclamação da independência feita pelos parnaíbanos em 19 de outubro de 1822, rompendo os laços que uniam o Piauí a Portugal, tomou a decisão de marchar com quase todo o efetivo militar rumo a Parnaíba com o objetivo de manter a dominação portuguesa sobre o Piauí e sufocar o movimento libertador.

De Oeiras para Parnaíba a distância era muito grande para os padrões da época. Cerca de 660 quilômetros. Fora o grupo de oficiais que iam a cavalo, os soldados teriam de fazer o trajeto a pé, o que constituía uma tarefa das mais árduas, mesmo para um exército bem treinado e disciplinado. Fidié partiu no dia 13 de novembro de 1822.de Oeiras, capital imperial do Piauí, com destino a Parnaíba, passando por Campo Maior.

Fidié chega a Campo Maior em 24 de novembro, depois de onze dias de marcha acelerada. Antes da chegada de Fidié em Campo Maior o clima na cidade era de alegria, com a chagada do mesmo e de toda sua tropa tudo mudou, alguns passaram a dar vivas ao imperador D. João VI e a Portugal, sendo que estes que passaram a festejar eram lusitanos ali residentes, alguns colaboradores e uma pequena parte do povo, sendo que estes últimos temiam represálias.

Para mostrar sua força, Fidié passou treze dias acampado em Campo Maior antes de seguir para o litoral.

Como o objetivo de Fidié era prender os insurretos parnaibanos e restabelecer o império português no litoral, destituído desde 19 de outubro, ele partiu para Parnaíba em 8 de dezembro de 1822 deixando Campo Maior sob a responsabilidade do tenente-coronel João da Cunha Rebelo com cem praças, cem granadeiros e alguns instrumentos bélicos, além de milicianos que serviam de artilheiros para as peças de campanha.

Ao saber da aproximação de Fidié, os independentes parnaibanos fogem para o estado vizinho Ceará. O exército de Fidié era composto por seis mil homens. Os portugueses ainda contavam com o apoio de navios e barcos instalados na costa parnaibana para ajuda no caso de uma emergência.

Fidié chegou em Parnaíba no dia 18 de dezembro de 1822. sem a presença dos líderes que tinham proclamado a independência do Piauí, ele não encontrou qualquer resistência. Logo na sua chegada houve festas, missas e até fogos de artifício. Fidié se sentia o próprio rei.

Manoel de Sousa Martins age em Oeiras

Enquanto Fidié vivia as delícias do litoral piauiense, em Oeiras, de onde ele partira para sufocar o levante libertário em Parnaíba, começava também o movimento separatista, tendo à frente o brigadeiro Manoel de Sousa Martins. Diferentemente dos parnaibanos, que agiram por impulso, o brigadeiro trabalhava silenciosamente a causa da independência do Piauí. Em 24 de janeiro de 1823, Oeiras declarou-se independente, rompendo os laços que mantinha com Portugal.

Quando Fidié soube do ocorrido em Oeiras, ficou enfurecido. Considerou uma grande traição. No dia 28 de fevereiro de 1823, convocou novamente a tropa, desta vez composta por 1.100 homens, onde a partir dessa data declarou os piauienses como inimigos de Portugal. Com muito júbilo partiu de Parnaíba numa viagem de volta para Oeiras, chegando em Campo Maior no dia 1º de março de 1823.

No caminho de volta ocorre um pequeno confronto na Lagoa do Jacaré entre os independentes piauienses e o exército português, com perdas apara ambos os lados. Após isso os portugueses marchavam com mais cautela. Em Piracuruca a independência tinha sido declarada em 22 de janeiro por Leonardo Castelo Branco. O mesmo Leonardo também proclamou a independência de Campo Maior, em 5 de março de 1823. A concretização da liberdade aflorava no coração dos piauienses. Fidié tinha de ser barrado em Campo Maior de qualquer jeito porque, se chegasse a Oeiras, a independência seria jogada por “água à baixo” e assim os portugueses consolidariam uma colônia portuguesa no norte do Brasil, mesmo com o Grito do Ipiranga.

Em Piracuruca, Fidié encontrou a cidade abandonada. Os habitantes tinham fugido na noite anterior. Sem ter com quem lutar, seguiu em frente deixando para trás uma cidade fantasma, sem nenhum sinal de vida.

O confronto

A população de Campo Maior, ao saber que Fidié vinha de Parnaíba com destino a Oeiras e passaria ali, se mobilizou com intuito de impedi-lo de continuar viagem.

Na noite de 12 de março, os homens da cidade e das redondezas foram arregimentados. Todos queriam lutar para livrar o Piauí do domínio português. As mulheres estimularam os seus maridos, parentes e amigos, arrumaram o que puderam, venderam suas jóias; todos estavam empenhados a se unirem em só ideal: lutar.

O amanhecer do dia 13 de março de 1823 prenunciava um dia claro, com poucas nuvens e muito calor. Era um ano em que a seca castigava a nordestino.

Ao sinal de comando, todos os homens se reuniram em frente à Igreja de Santo Antônio. Os combatentes piauienses e cearenses não vestiam fardas. Na saída da cidade, para encontrar-se com Fidié, houve uma apresentação com a banda de música na qual houve um desfile militar. A massa de combatentes que iam lutar pelo Brasil saiu exultante ao som dos tambores. Mesmo sem acertarem os passos eles levavam consigo a chama da liberdade queimando no peito. A certeza da morte não tirou o ânimo dos que iam morrer pela pátria. Cerca de dois mil homens marcharam para o combate. As armas que eles usaram foram espadas velhas, chuços, machados, facas e foices, paus e pedras e algumas espingardas usadas.

Sem nenhuma experiência em guerras, os piauienses chegaram às margens do Rio Jenipapo , de onde pretendiam impedir a passagem de Fidié. Como o riacho estava quase seco, a maioria dos patriotas ocultou-se no próprio leito do riacho, enquanto a outra parte se escondeu nas moitas de mato ralo perto da ribanceira. E ficaram esperando o exercito português, que, com certeza, tinha de passar por ali. De onde estavam dava para ver quando os portugueses se aproximassem do palco da luta porque o terreno era bem plano, com várzeas imensas, abertas sem amparo algum.O povo com espírito de tornar-se independente estava entrincheirado e sabiam que à frente deles havia uma estrada que se dividia em duas, uma pela direita e outra pela esquerda. Só que estavam em dúvidas em qual dos caminhos vinha Fidié. Logo após às oito horas, o capitão Rodrigues Chaves mandou uma patrulha sondar o lugar onde seria travada a batalha. Fidié ao chegar no local onde a estrada se dividia resolveu mandar uma metade do exercito por um lado e outra metade pelo outro lado. Ele foi junto com uma das metades pela esquerda e a cavalaria foi pela direita. Os independentes, sem saber da divisão que Fidié tinha feito no seu contigente, foram pela estrada da direita encontrando-se com a cavalaria portuguesa, sendo surpreendidos. Os mesmos avançaram bravamente contra a cavalaria. Os portugueses espantaram-se com a coragem e com a bravura dos piauienses, onde eles acabaram recuando. Neste momento os piauienses perseguiram os portugueses estrada adentro.

Os combatentes piauienses, ouvindo o tiroteio, acharam que o confronto havia começado. Saíram das trincheiras na qual utilizavam como posição defensiva e precitadamente foram pela estrada da direita atrás do inimigo, só que as tropas portuguesas não se encontravam mais ali.

Fidié ao saber do ocorrido atravessou o rio Jenipapo pela estrada da esquerda, construiu de forma apressada umas barricadas, distribuiu o armamento pesado, organizou os atiradores em posição de frente de combate (em linha) nas trincheiras onde antes estavam os piauienses e esperou que eles voltassem para lá. Antes os piauienses estavam em posição favorável agora tudo se reverteu.

Quando os piauienses viram a situação adversa só encontraram uma alternativa, atacar Fidé ao mesmo tempo e em todas as direções ao longo das margens do rio. No primeiro instante do combate houve muitas baixas por parte dos piauienses. Dezenas de corpos caíram pelas balas do exercito português. Os poucos que conseguiram atravessar a linha de fogo deram o último suspiro à boca dos canhões, com grande destemor não temendo nada contra a vida e sim pela pátria em tremenda representação de amor pela mesma. Com essa demonstração de amor pela pátria e de bravura que os piauienses tinham, fez com que os portugueses ficassem assustados, devido eles nunca terem visto tanta audácia em nenhum lugar do mundo.

Os sucessivos ataques dos piauienses tinha como resultado muitos mortos pelo chão. A fuzilaria e os tiros de canhão dos portugueses varriam o campo de luta de um lado para o outro. Os que conseguiam passar pelo bloqueio de fogo conseguiam lutar corpo a corpo com os portugueses.

No meio-dia, os piauienses estavam cansados e certos de que não venceriam os portugueses, neste momento já não lutavam mais se rastejavam ao encontro com a morte.

Às duas horas da tarde, depois de cinco horas de combate, os libertadores retiraram-se em desordem, deixando 542 prisioneiros, 200 mortos e feridos, Fidié, que cujas perdas foram estimadas em 116 mortos e 60 feridos, estacionou na fazenda Tombador, à cerca de um quilômetro de Campo Maior. Fidié e seu exército caiam de cansaço. O sol escaldante e o medo da valentia dos piauienses não permitiram que as tropas portuguesas os perseguissem, mesmo sabendo que já tinham derrotado a eles. Os cearenses do Capitão Nereu na hora da retirada levaram a maior parte da bagagem dos portugueses, composta de comida, água, algumas armas e até mesmo um pequeno tesouro que Fidié trazia do saque que havia feito na cidade de Parnaíba.

Fidié passou dois dias na cidade de Campo Maior enterrando os seus mortos. No dia 16 de março de 1823, saiu da cidade indo para o Estanhado.

Meses depois Fidié foi preso em Caxias, no Maranhão, de lá levado para Oeiras de onde foi mandado para o Rio de Janeiro. Do Rio ele foi mandado de volta para Portugal, onde foi recebido com honras militares pelos serviços prestados à Coroa Portuguesa. Entre os títulos recebeu o de comendador da Ordem de Avis, a mais antiga condecoração militar portuguesa, fundada por Afonso Henriques em 1162. Só recebia essa comenda o soldado que demonstrasse extrema valentia, ousadia e coragem. No local onde houve a Batalha foi erguido um Monumento em memória aos piauienses que ali morreram pela independência de nosso país. Situado à margem esquerda do rio é, na verdade, um grande atrativo turístico e no local também se encontra uma parte do acervo bélico usado pelos combatentes. Essas peças pertenciam ao antigo Museu do Couro que para lá foi transferido.

Conseqüências da batalha

A luta no Piauí decidiria a unidade brasileira. A iniciativa coube ao Coronel Simplício Dias da Silva, rico e viajado. Sobre os destroços da sua riqueza, edifica-se a unidade da pátria. A obra de Simplício foi gigantesca. O Norte era autêntico satélite de Portugal. No Sul, a Independência foi aplausos e festas. No norte, fome e peste, sangue e morticínio. Jenipapo foi o retrato da bravura de um povo em luta pela sua liberdade.

Fidié queria restaurar a Coroa Portuguesa no Brasil pelo Norte e terminou se deparando com o espírito de bravura, patriótico, e de libertação de um povo sofrido que deixou como herança aos campo-maiorenses um grande legado à qual podem se orgulhar, porque a Batalha do Jenipapo foi a única batalha com objetivo de adesão da independência na qual houve derramamento de sangue.

O poeta Carlos Drummond de Andrade, em reconhecimento à bravura dos combatentes independentes, imortalizou-os no poema “Cemitérios” (In Fazendeiro do Ar. item II. Campo Maior): “No cemitério de Batalhão os mortos do Jenipapo / Não sofrem chuva nem solo telheiro os protege / Asa imóvel na ruína campeira”
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Re: O Brasil e os Brasileiros

#5 Mensagem por felipexion » Sáb Jan 12, 2013 1:32 pm

Paisano escreveu:O ALMIRANTE NEGRO

Fonte: http://www.portaldeitaipu.com.br/portug ... andido.htm

Um Homem Simples que Tornou-se o Primeiro Herói Brasileiro do Século XX
http://www.mar.mil.br/diversos/Joao_Can ... andido.htm





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marcelo l.
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Re: O Brasil e os Brasileiros

#6 Mensagem por marcelo l. » Sáb Jan 12, 2013 2:58 pm

Hermes da Fonseca também bombardeou Manaus...

http://www.correiodopovo.com.br/Impress ... cia=213012

A deposição do governador do Amazonas - Como os factos se passaram - O bombardeio de Manáus - O fogo da artilharia - As intimações ao coronel Bittencourt - Narrativa do governador deposto

Os jornaes do Rio vêm cheios de noticias e telegrammas a respeito da deposição do coronel Antonio Clemente Ribeiro Bittencourt, governador do Estado do Amazonas.

A proposito, o Seculo publicou o seguinte telegramma, procedente de Belém do Pará:

"Belém, 15 de outubro - São mais importantes e mais graves as revelações feitas pelo coronel Antonio Clemente Bittencourt, governador do Estado do Amazonas, na entrevista solicitada e concedida aos redactores dos jornaes desta capital, entre elles, os da Folha do Norte e da Provincia.

Eis um resumo do que disse o governador:

Traição

"Não me era licito desconfiar da lealdade do sr. Sá Peixoto, porquanto, ainda no dia 5 do corrente mez, celebrando em minha casa uma data intima, elle almoçou e jantou commigo, dando-me sempre demonstrações de amizade. Fiquei extremamente surpreendido quando, ao dar-se o movimento revolucionario, deparei, entre os que se insurgiram contra mim os drs. Castello Simões, Cardoso Faria, José Duarte e outros, que se diziam meus amigos. O facto ainda mais surpreendente é o de estar entre os sediciosos o dr. Castello Simões, medico, que tres dias antes da revolta, pedira uma filha minha em casamento.

Hostilidades

As hostilidades armadas contra mim tiveram inicio no dia 8 do corrente. Ás 5 horas da manhã desse dia a guarnição de uma peça de artilharia, assestada atraz do palacete episcopal, entrou a fazer disparos contra o palacio do governo. Immediatamente, o navio capitanea da flotilha estacionada no porto de Manáus, o Commandante Freitas, as canhoneiras Juruá e Acre e os avisos Jutahy e Teffé, abriram fogo vivo para terra, secundando assim o canhoneio das forças do Exercito. Esse movimento de hostilidade, foi logo seguido do desembarque de um contingente de marinheiros, affim de atacar o palacio presidencial. Esse contingente naval foi sempre repellido com bravura pela força policial que guardava o palacio. Não capitulei, e nem foram vencidos os soldados legalistas.

Destituição

Ainda na manhã desse mesmo dia, (8), o coronel Joaquim Pantaleão Telles de Queiroz, inspector permanente da primeira região militar, enviou ao quartel general, onde eu então me achava, seu sobrinho, tenente Pantaleão Telles, que me intimou, em nome daquelle, a passar a administração do Estado ao vice-governador, sr. Sá Peixoto. Recusando-me a aquiescer a essa ordem absurda, recebi, ás dez horas da manhã, um officio do coronel Pantaleão Telles, intimando-me formalmente a passar o governo ao sr. Sá Peixoto, visto ter a Assembléa do Estado - accrescentava - decretado a minha destituição das funcções de primeiro magistrado do Estado do Amazonas. Recusei novamente a ceder a essa intimação. Ás duas horas da tarde, fui procurado pelos consules de diversas nações extrangeiras ali domiciliados e pelos membros da directoria da Associação Commerciao, os quaes me imploraram que mandasse suspender a resistencia que eu opunha ao ataque de que era alvo. Declarei, então, que não me opporia a acceder ao pedido, desde que o coronel Pantaleão Telles declarasse de ordem de quem estava agindo assim com tanta

selvageria.

Ordem do governo federal

A resposta do official foi laconica, Intimando-me, mais uma vez, a passar a administração do Estado, "de ordem do governo federal", ao sr. Sá Peixoto.

Lavrada uma acta que foi assignada por mim, pelos consules e por outras pessoas presentes, saí do quartel da força policial, sem renunciar e, immediatamente lavrei um protesto no juizo federal.

Minha casa foi então cercada, vendo-me eu a passar, pelos fundos, para chegar ao consulado da Republica Argentina. Regressando á minha residencia, fui preso pela manhã e levado á presença do novo chefe de policia do governo que usurpára o poder.

Interpellando-o-eu sobre o motivo da minha prisão, declarou aquella pseudo-autoridade que eu ficava retido como refem do novo governo. Da polícia fui levado a residencia do sr. Sá Peixoto, onde este me intimou a renunciar o cargo. Assignei, coagido, a renuncia ditada pelo sr. Sá Peixoto, que se achava cercado de grande apparato de força.

Correio do Povo, 22/10/1910.

A grafia de época está preservada nos textos acima



----------------------------

Claro Hermes da Fonseca quebrou o país e fez um acordo muito vantajoso para ele, os seus, e os banqueiros estrangeiros e o ciclo de prosperidade do Amazonas acaba dois anos depois da troca.




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: O Brasil e os Brasileiros

#7 Mensagem por Paisano » Sáb Fev 02, 2013 2:34 pm

1º de fevereiro de 1974: O incêndio no Edifício Joelma

Fonte: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php
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Mal acordara para mais um dia de trabalho, a Cidade de São Paulo parou naquela sexta-feira para acompanhar um dos mais terríveis episódios de sua história. Um incêndio destruiu 18 dos 25 andares do moderno e imponente Edifício Joelma, onde encontravam-se mais de mil pessoas, entre funcionários e visitantes. O fogo começou pouco antes das nove horas da manhã no 12º andar e seguiu invadindo os andares superiores, obrigando as pessoas a fugirem para o terraço. Em menos de meia hora, as labaredas já alcançavam o último andar do prédio. Num ato de desespero extremo, algumas pessoas atiravam-se do alto do edifício.

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Lá embaixo, uma multidão aglomerada nos arredores do edifício acompanhava tudo, aparentando não acreditar no que testemunhava: O Joelma ardia completamente em chamas. Solidários, muitos pediam calma, através de mensagens improvisadas escritas em faixas ou rabiscadas no asfalto. Outros se apresentavam para ajudar os bombeiros. Contudo, a densa fumaça, o calor infernal, o difícil acesso ao local e a limitação dos equipamentos comprometeram o controle do fogo e o resgate das vítimas.

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Um dos momentos mais emocionantes foi o salvamento de uma criança de pouco mais de um ano. Sua mãe saltou para a morte do 15º andar, mas abraçou-se com ela, e acabou protegendo-a do impacto da queda.

Além das mortes em conseqüência das quedas, vários corpos carbonizados foram encontrados nas dependências do prédio. Houve ainda mortes por asfixia. Ao final da operação de resgate, o número de feridos ultrapassava 500 pessoas, entre as quais contabilizava-se quase 200 vítimas fatais.

Socorro e prevenção insuficientes

A catastrófica experiência de incêndio de gigantescas proporções envolvendo construções novas com modernos sistemas de segurança marcou a rotina paulistana no início dos anos 70. Mal a opinião pública arquivava com emoção o desastroso caso no Andraus (1972), o fogo irrompia no Joelma, em decorrência de um curto-circuito em um equipamento de ar-condicionado. E reacendia-se também uma polêmica. Evidenciava-se a urgência em rever, além das deficiências da Corporação dos Bombeiros, a legislação preventiva em vigor, regida ainda por um Código de Obras dos anos 30.




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Re: O Brasil e os Brasileiros

#8 Mensagem por Paisano » Sáb Fev 02, 2013 3:01 pm






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Re: O Brasil e os Brasileiros

#9 Mensagem por Wingate » Sáb Fev 02, 2013 4:52 pm

A tragédia do Cine Oberdan, São Paulo, 10/04/1938:

http://www.saopauloantiga.com.br/a-trag ... e-oberdan/

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Re: O Brasil e os Brasileiros

#10 Mensagem por Paisano » Seg Mai 13, 2013 6:18 pm

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Re: O Brasil e os Brasileiros

#11 Mensagem por Vagner Oliveira » Ter Mai 14, 2013 8:11 am

Paisano escreveu:10 de janeiro de 1912: O bombardeio da Cidade de Salvador

Fonte: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=30920
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As 14h do dia 10 de janeiro de 1912 teve início o bombardeiro à cidade de Salvador. Em poucos minutos estavam destruídos a histórica Sede do Governo, a também centenária Biblioteca Pública, a Câmara e o Quartel da Polícia Militar. Em sequência, travou-se uma verdadeira guerra campal, envolvendo as polícias estaduais e o exército.

O episódio teve repercussão nacional e fez parte de uma série de lutas políticas entre as oligarquias provincianas que marcaram os primeiros anos da República Velha, quando o país vivia um sistema eleitoral viciado.

A investida de Tropas do Exército concentradas no Forte de São Marcelo num bombardeio a Salvador para provocar a renúncia do governador baiano, Aurélio Viana foi resultado de um plano que contou com o apoio da mídia e, inclusive, com a intervenção do governo federal, que buscava instaurar ali lideranças aliadas. A renúncia de Viana acontece em questão de horas. Seu substituto é José Joaquim Seabra, que conta com o apoio do presidente Hermes da Fonseca, adversário de Ruy Barbosa nas urnas.

Poucos dias depois, uma tentativa de Viana retomar ao posto fracassa, sufocada inclusive pela participação popular.



O atentado comprometeu grande parte da memória do estado da Bahia ao destruir uma documentação histórica preciosa da primeira capital do Brasil. Da mesma forma, foram irreparáveis os danos humanos, e até hoje é desconhecido o número de vítimas. Para a política baiana era o início de uma nova era, sob a liderança de José Joaquim Seabra, derrotando antigos mandantes conservadores como Ruy Barbosa, Severino Vieira, Marcelino de Souza e Luiz Vianna.
Sobre este episódio, pouca gene sabe ou comenta a atitude do então Ministro da Marinha, Almirante Marques de Leão. Na ocasião, ao receber a ordem para enviar a Esquadra para a Bahia, para participar do tal bombardeio, recusou-se, demitindo-se do cargo. Na ocasião, enviou carta ao Presidentente da República, comunicando sua decisão e suas razões. A carta pode ser lida no link abaixo:


https://www.mar.mil.br/caaml/carta.htm

Abs.




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Re: O Brasil e os Brasileiros

#12 Mensagem por Túlio » Ter Mai 14, 2013 9:40 am

FANTÁSTICO! Por que documentos assim permanecem ocultos à maioria dos Brasileiros?




"Na guerra, o psicológico está para o físico como o número três está para o um."

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Re: O Brasil e os Brasileiros

#13 Mensagem por Italo Lobo » Seg Mai 20, 2013 11:45 pm

Se você fôr com seus filhos, noras, genros e netos almoçar fora no domingo e tomar 1 ou 2 chopps, ou 1 ou 2 copos de cerveja no almoço (*) e for parado numa blitz, você paga uma multa de R$ 1.960,00,tem a carteira cassada por um ano, o carro apreendido e vai preso.

Se você comer 1, 2 ou 3 bombons, tomar remédio para a tosse ou tomar homeopatia e for parado numa blitz, você paga
uma multa de R$ 1.960,00, tem a carteira cassada por um ano, o carro apreendido e também vai preso.

No entanto, se você se drogar. Se fumar maconha, cheirar cocaína ou fumar crack, ficar doidão e for parado numa blitz, nada vai acontecer.
Se você roubar, assaltar, estuprar, atropelar ou matar alguém, com um bom advogado, o máximo que vai acontecer é você esperar o julgamento em liberdade ou se for condenado ir para o regime semi-aberto.

Já se você roubar milhões de reais dos cofres públicos (quer dizer: do povo), várias coisas podem acontecer: vai passar 15 dias num resort na Bahia em companhia da amante; vai ser empossado deputado federal;vai ser eleito presidente do Senado; vai se eleger deputado ou senador;vai ser nomeado ministro ou para um alto cargo no Governo PT;ou até mesmo ser eleito presidente da República.

Se você tiver menos de 18 anos completos, aí você pode roubar, assaltar, estuprar e até matar, que não tem problema, você não pode ser preso porque é "de menor". Só não pode comer bombom, tomar xarope prá tosse ou tomar homeopatia, porque aí , se você for parado numa blitz você vai preso.

Ah! Um detalhe. Se num restaurante um casal estiver se beijando lascivamente/se esfregando, etc... e você chamar a polícia, eles serão presos por atentado ao pudor. Agora, se o mesmo acontecer com um "casal gay" e você chamar a polícia, "você é quem será preso por homofobia".

Em Portugal conta-se essas coisas como piada de brasileiro...

Este é o Brasil, o reino da Corrupção, da Impunidade e da Incoerência.E viva os nossos "governantes" e principalmente
o povo capacho e ignorante, que aceita tudo calado,que jamais se revolta e ainda vota neles, feliz da vida...

(*) nos vôos transatlânticos da Air France, os pilotos, por tradição, estão autorizados a beber 1 taça de vinho durante as refeições.




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Re: O Brasil e os Brasileiros

#14 Mensagem por NettoBR » Sex Jun 21, 2013 1:34 pm

Dom Pedro I é o autor da melodia do Hino da Independência, sendo que a letra foi escrita por Evaristo da Veiga. No entanto, em 1822, o Hino original tinha a melodia de Marcos Portugal, aproveitando versos de Evaristo da Veiga.
Só a partir de 1824, a melodia composta pelo Imperador substituiu a de Marcos Portugal, sendo executada até 1831, quando retornou à versão anterior de Marcos Portugal.

Em 1922, nas comemorações do Centenário da Independência do Brasil, a versão de Dom Pedro I voltou à cena. Anos mais tarde, o então Ministro da Educação, Gustavo Capanema, nomeou uma comissão composta por Villa-Lobos, Assis Republicano, Luís Heitor e Francisco Braga, para estabelecer a versão oficial dos Hinos brasileiros.

Assim oficializou-se o Hino da Independência, tal como foi escrito pelo Imperador e por Evaristo da Veiga, e como é conhecido até nossos dias.


http://www.youtube.com/watch?v=36GFlQ5I3IY


Versão antiga do Hino da Independência do Brasil
http://www.youtube.com/watch?v=KdAlPA3EQL8




"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo."
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Re: O Brasil e os Brasileiros

#15 Mensagem por Paisano » Seg Jul 01, 2013 2:57 pm

13/07/1950 - Brasil 6 x 1 Espanha


Fonte: http://jornalheiros.blogspot.com.br/201 ... panha.html

Vídeo com seis dos sete gols do jogo, narração em espanhol


Vídeo com a entrada em campo, seis dos sete gols, e lances da torcida

No quadrangular decisivo da Copa do Mundo de 1950, uma verdadeira multidão invadiu o Maracanã para assistir a Brasil x Espanha: naquela tarde, mais de 150 mil pessoas estavam no então maior estádio do mundo.

Aos 15 minutos, Ademir marcou o primeiro: o chute no canto esquerdo desviou em Parra e tirou qualquer chance de defesa para Ramallets. Sete minutos depois, Jair chutou de canhota da entrada da área e Ramallets alcançou mas não conseguiu segurar. Aos 31, Chico invadiu a área pela esquerda e chutou, houve rebote, Ademir chutou, aconteceu novo rebote, e Chico finalizou de primeira. E a etapa inicial terminou Brasil 3, Espanha 0.

Aos 10 do segundo tempo, Ademir cruzou da ponta-direita, a bola passou por vários atletas, e Chico arrematou no ângulo direito. Dois minutos depois, Zizinho cruzou da direita e Ademir marcou o quinto gol brasileiro. Aos 22, Ademir passou a Zizinho, que dominou dentro da área e chutou forte. Aos 26 minutos do segundo tempo, Estanislao Basora cruzou e Silvestre Igoa marcou o gol de honra espanhol, num lindo voleio. Placar final, Brasil 6, Espanha 1.

Quando a goleada já estava construída, os 150 mil presentes entoaram a marcha carnavalesca "Touradas em Madri", de autoria de Braguinha (que estava presente no Maracanã e chorou de emoção). Muitos consideram que esta partida foi a maior exibição da história da Seleção Brasileira. Brian Granville escreveu que "o Brasil está jogando o futebol do futuro, quase surrealista, que taticamente não apresenta nada demais, mas tecnicamente é soberbo".

Três dias depois, diante de 200 mil testemunhas no mesmo Maracanã, a Seleção Brasileira perdeu para o Uruguai por 2 a 1, e terminou vice-campeã mundial. A primeira conquista da Seleção numa Copa do Mundo aconteceria apenas oito anos depois, na Suécia.

Ficha Técnica

13/07/1950 - Brasil 6 x 1 Espanha - Maracanã (Rio de Janeiro)

Horário: 15:00.

Motivo: Fase Final da Copa do Mundo de 1950.

Público: 152.772.

Árbitro: Reginald Leafe (Inglaterra).

Auxiliares: George Mitchell (Escócia) e José da Costa Vieira (Portugal).

Brasil: Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo e Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico. Técnico: Flávio Costa.

Espanha: Antonio Ramallets; Gabriel Alonso e Juan Gonzalvo II; Mariano Gonzalvo III, Jose Parra e Antonio Puchades; Estanislao Basora, Silvestre Igoa, Zarra, Jose Panizo e Gainza. Técnico: Guillermo Eizaguirre.

Gols: Ademir (15'/1º tempo), Jair (22'/1º tempo), Chico (31'/1º tempo), Chico (10'/2º tempo), Ademir (12'/2º tempo), Zizinho (22'/2º tempo) e Silvestre Igoa (26'/2º tempo).

Advertência: Bigode.

PCFilho




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