Eu desconfio que muito do chamado "radicalismo" e "fanatismo" do Irã tem origem nas máquinas de propaganda israelense e dos estados do Golfo sunitas, dirigidas, em especial, ao público dos Estados Unidos. Ambos tem muito a ganhar pintando o Irã como uma nação de diabos fanáticos com quem não pode se dialogar, somente, bombardear.
Não deve haver qualquer dúvida sobre a realidade do fanatismo religioso xiita na republica islâmica. Isso é facil de ver, de entender, de presenciar.
As televisões europeias, de países que não são anglo-saxonicos já testemunharam as situações e mesmo a televisão portuguesa e pessoas convidadas a ir de Portugal para conferências na capital iraniana testemunharam a facilidade com que os iranianos distorcem a informação, censuram a imprensa e impõem regras religiosas.
As mulheres, que eram espancadas na rua, para retirar os lenços islâmicos no tempo do Xá Rheza-Palhevi que queria ocidentalizar o país à força, foram igualmente espancadas nas ruas quando o Imã Khomeini chegou ao poder depois de 1979.
As mulheres não podem andar na rua sem cumprir a indumentária exigida pelos lideres religiosos, mesmo as estrangeiras.
Isto não impede que continue no país a mais silenciosa das revoluções, que é a revolução demográfica. Dentro de alguns anos, os persas serão minoria no atual Irão.
Seria importante perceber onde estão os apoiantes dos fanáticos religiosos.
Os persas são a população urbana e mais ocidentalizada, depois há uma quantidade de minorias étnicas, de entre as quais se destacam os Azeris. Estima-se que existam no Irão, 25 a 30 milhões de Azeris étnicos, enquanto que o Azerbeijão tem apenas 8 milhões.
A situação é tao complicada, que o governo iraniano nem sequer publica dados oficiais sobre a verdadeira dimensão da população Azeri. Há quem afirme que mesmo hoje, eles já superaram os persas.
Este é o mais esquecido, e provavelmente o maior dos problemas da república islâmica.
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