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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#61 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Fev 07, 2017 9:51 am

Mais de 400 descendentes de judeus expulsos de Portugal receberam nacionalidade

Só em 2016, foram feitos 5.100 pedidos nacionalidade por judeus sefarditas com origens em Portugal, tendo sido atribuída a nacionalidade a 431 pessoas

Mais de 5.500 judeus sefarditas pediram a nacionalidade portuguesa, e 431 obtiveram-na, desde a entrada em vigor da legislação que permite a atribuição da nacionalidade a esta comunidade, em 2015, segundo dados oficiais.

Só em 2016, foram feitos 5.100 pedidos nacionalidade por judeus sefarditas com origens em Portugal, tendo sido atribuída a nacionalidade a 431 pessoas, de acordo com dados da Conservatória dos Registos Centrais de Lisboa, aos quais a Lusa teve acesso.

No ano passado, a nacionalidade portuguesa foi concedida a 271 turcos, 81 israelitas e 48 brasileiros descendentes de judeus sefarditas portugueses.

Foi também atribuída a cinco judeus sefarditas do Panamá, cinco dos EUA, e cinco da África do Sul, assim como a quatro cidadãos da Sérvia e a outros quatro da Argentina.

O Cazaquistão, Macedónia, Canadá, Austrália, Espanha, Rússia, Colômbia e França tiveram respetivamente uma nacionalidade atribuída aos seus cidadãos.


Os judeus sefarditas de origem portuguesa da Turquia lideram a lista de pedidos de nacionalidade entregues às autoridades de Portugal em 2016, com 2.103 pedidos, seguidos novamente pelos israelitas (2.021) e pelos brasileiros (470).

Pessoas de uma lista variada de outros países já entregaram pedidos para a obtenção da nacionalidade portuguesa, como a Grécia, Colômbia, Venezuela, Peru, Azerbaijão, Paquistão, República Dominicana, Cabo Verde, Tunísia, Marrocos, entre outros.

Entre março e dezembro de 2015, ano em que entrou em vigor o decreto-lei que permitiu o direito à nacionalidade aos judeus sefarditas, 466 pedidos foram entregues às autoridades responsáveis em Portugal, mas nenhum processo foi finalizado naquele ano, de acordo com a Conservatória dos Registos Centrais de Lisboa.

Também em 2015, foram os cidadãos turcos que entregaram a maioria dos pedidos de nacionalidade portuguesa (212), sendo seguidos pelos israelitas (149) e brasileiros (48).

Nesse ano, passou a ser permitida a atribuição da nacionalidade por naturalização aos descendentes de judeus sefarditas expulsos de Portugal a partir do século XV, após o rei Manuel I assinar, em 1496, um decreto que obrigava os judeus a converterem-se ao cristianismo ou a sair de Portugal.

Em abril de 2013, foi aprovada pelo parlamento uma alteração à Lei da Nacionalidade, que previa a concessão da nacionalidade por naturalização aos descendentes de judeus sefarditas portugueses e, em julho do mesmo ano, foi publicada a lei que deveria ter sido regulamentada num prazo de 90 dias.

Contudo, só no final de agosto de 2014 o Ministério da Justiça apresentou às comunidades israelitas de Lisboa e do Porto um projeto de decreto-lei para a regulamentação.

O Governo português aprovou o decreto-lei que regulamentou a concessão da nacionalidade portuguesa, por naturalização, a descendentes de judeus sefarditas em janeiro de 2015.

O decreto-lei foi promulgado pelo então Presidente Aníbal Cavaco Silva e publicado em Diário da República no final de fevereiro de 2015, entrando em vigor a 01 de março do mesmo ano.

A legislação portuguesa prevê que os candidatos à nacionalidade tenham de apresentar uma lista de documentos, nomeadamente comprovativos de ascendência judia, incluindo um certificado a ser emitido pela Comunidade Israelita do Porto (CIP) ou pela Comunidade Israelita de Lisboa (CIL), que já receberam milhares de pedidos de certificados.

Tal como Portugal, Espanha também já aprovou uma lei que atribui a nacionalidade espanhola aos sefarditas descendentes dos judeus que foram expulsos em 1492, tendo o projeto de lei entrado em vigor a 01 de outubro de 2015.




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#62 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Fev 18, 2017 1:18 pm

500 anos depois, os Habib andam à procura de casa em Portugal

É da Turquia que chegam mais pedidos de nacionalidade de descendentes dos judeus obrigados a sair do país no século XV. Metade da família Habib, de Istambul, já é portuguesa. Vieram todos em excursão ao país de onde afinal saíram. Andavam pelas ruas de Lisboa muito atentos: “Será que são como nós?”

CATARINA GOMES Texto e RUI GAUDÊNCIO Fotografia, em Istambul

Não é para se gabar, mas Sargon Metin tem um certo jeito para escolher “a prenda certa para a pessoa certa”. Um presente que trouxe da Mongólia, por exemplo, teve o condão de deixar um amigo em lágrimas. Mas ter oferecido a Ceyda Habib um galo de Barcelos trazido de Portugal, logo na primeira vez que saíram juntos, foi de mais. Sargon não adivinhava que Ceyda iria receber o telefonema de um primo a revelar-lhe “afinal viemos de Portugal”. E que, por causa dessa informação, toda a sua família podia tentar ser portuguesa. E voltar.

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Quando as coisas se tornaram mais sérias com aquela que agora já era sua namorada, Sargon, que é empresário, quis levar Ceyda numa viagem de dez dias ao país de onde tinha trazido o galo de louça e onde tinha trabalhado durante três anos. Ceyda jura, “quando cheguei a Lisboa essa primeira vez, uma cidade que é turística, como Londres ou Paris, senti: aqui é a minha casa. Foi estranho Lisboa”.

Tem-se avós, bisavós, trisavós, tetravós. Já não se fala de pentavós. Que nome se dá a um familiar que viveu há 500 anos?

Não há como designar esse parente que, soube Ceyda pelo primo em Abril de 2015, tinha o nome Jacob Ibn Habib, que nasceu em 1460 na cidade castelhana de Zamora, mas que, para viver em segurança com a família, se mudou para Lisboa após 1492. É nesta data que os reis católicos Isabel e Fernando, monarcas de Castela, Leão e Aragão, ordenam: “Que os judeus e judias de todas as idades que residam em nossos domínios partam com os seus filhos e filhas, familiares de todas as idades e que não se atrevam a regressar a nossas terras. Se acaso algum judeu for encontrado nestes domínios ou regressar, será condenado à morte.”

Era por Jacob ter sido um ilustre grão-rabino de Lisboa, o último, que deixou vestígios da sua vida, ao contrário de antepassados mais humildes, que Ceyda, e toda a sua família, poderia tentar tornar-se portuguesa. “Um grão-rabino! Nunca tal me passaria pela cabeça, jamais, jamais. Imaginava que os meus antepassados fossem comerciantes”, confessa Refik Habib, o pai de Ceyda, que é empresário em Istambul, e também por mero acaso, já tinha estado uma vez em Portugal. Foi ao casamento do primo Arik, que é turco, com Rita, uma portuguesa. “Diga-me qual é a probabilidade de um turco se apaixonar por uma portuguesa na Índia e se casarem em Mafra?”, pergunta Ceyda, contabilizando coincidências que, para ela, depois de saberem de Jacob, se tornaram significativas. “Tudo nos empurra para Portugal.”

“Vamos ser portugueses”, dizia o pai de Ceyda à família quando se soube do antepassado com vida lisboeta. Isto porque, num acto que se quis de reparação histórica, desde Março de 2015 que o Estado português concede a nacionalidade a quem conseguir provar descender destes judeus sefarditas do século XV obrigados a sair de territórios que agora são conhecidos como Espanha, e de Portugal (Sefarad era o nome por que foi conhecida a Península Ibérica, daí o termo “sefarditas”). Espanha já permitia legalmente a possibilidade de adquirirem a nacionalidade há vários anos, mas, no final de 2015, também criou uma nova lei.

Imaginar um campo de refugiados no Alto Alentejo

Por mais que se tenha tornado plausível a hipótese de a família Habib poder vir a ser portuguesa, a sua concretização surgia quase como uma lenda, recorda Ceyda. Afinal, havia muitos judeus a viver na Turquia que se tinham candidatado à nacionalidade espanhola e alguns estavam há sete, oito anos à espera.

Comentava-se que a lei portuguesa era igualmente complicada. Refik Habib lembra-se de que surgiram teorias, de que as autoridades portuguesas exigiam vídeos a comprovar que se falava ladino (língua usada pelos sefarditas expulsos de Espanha e de Portugal), e bem, e até testes de ADN. Foram dois meses de concílios familiares a combinar como iriam fazer para provar a sua ligação a esse longínquo passado familiar.

Estamos todos sentados a jantar no amplo apartamento dos pais de Ceyda, num condomínio privado em Istambul, com seguranças à porta. À mesa da sala, numa decoração onde predominam o dourado e o branco, pergunto se conseguem imaginar o que seria a vida destes seus antepassados. Não há rosto de Jacob. Será que teria barba, sendo grão-rabino? Ficou dele o nome e um único livro da sua autoria, Ein Yaakov-Ensinamentos Inspiracionais e Éticos do Talmud, um clássico de literatura religiosa judaica.

A verdade é que, do horror das perseguições aos judeus, o Holocausto é muito mais presente e emocional do que o tempo da Inquisição, diz Refik. No primeiro caso, há fotografias, há filmes, de há 500 anos há pouco. “É uma história triste mas muito antiga.” É preciso imaginar.

Para voltar a este passado português dos judeus fugidos de “Espanha”, temos de usar o que conhecemos, o que nos é familiar no presente. Tomemos então um campo de refugiados sírios, daqueles que aparecem na televisão, pode ser na Grécia, e coloquemo-lo, por exemplo, no Alto Alentejo, uma das portas de fuga de judeus de Espanha. O cenário não seria muito diferente.

É Susana Bastos Mateus, historiadora da cátedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, quem sugere a comparação: às portas da vila de Castelo de Vide, por exemplo, há notícia de que se instalou um gigantesco acampamento de umas quatro a cinco mil pessoas que tinham ficado sem casa e que aí aguardavam autorização de D. Manuel I para entrar no país, onde, dizia-se, os judeus podiam viver tranquilos.

Muitos acabaram por ficar radicados na zona raiana: Bragança, Elvas, Idanha-a-Nova. Outros seguiram até ao litoral. Não se sabe que rota tomaram os Habib para chegar, seguramente de carroça, a Portugal. Certo é que a família se viria a instalar em Lisboa, não se sabe bem onde, mas pode tentar-se adivinhar. Jacob e a sua família viveriam muito provavelmente na Baixa, onde ficava a principal judiaria (um espaço que ocuparia uma zona onde hoje fica a Rua Augusta); tendo-se tornado grão-rabino de Lisboa, talvez habitasse próximo da sinagoga (que ficava algures onde hoje é a Rua da Madalena).

Mas a acalmia pouco durou. Os judeus têm cauda; os homens judeus têm menstruação como as mulheres; os judeus matam crianças; os judeus têm um cheiro que lhes ficou da morte de Cristo. Eram lendas medievais populares na altura, enuncia Susana Bastos Mateus, algumas delas reaproveitadas pelo nazismo. Outra seria a que, depois do baptismo, até a pele dos judeus melhorava, da purificação.

Nem o diabo de Gil Vicente

D. Manuel I ordena em 1496 a expulsão dos judeus, assim querendo “purificar” o país. Foi condição para que a princesa Isabel, filha dos reis católicos, casasse com o monarca português.

Mas a política de D. Manuel I é toda ambiguidade. Por um lado, manda-os sair; na prática, impede a sua saída. O que faz é oficialmente extinguir a existência de judeus, criando artificialmente uma sociedade integralmente “cristã”.

O processo, que começa em 1497, um ano depois da suposta expulsão, faz-se com baptismos forçados. Começou-se com crianças dos 4 aos 14 anos. Algumas eram, além de baptizadas, retiradas à força aos pais e entregues a famílias cristãs.

“Pais, levados ao desespero, vagueavam como dementes. Muitos preferiam matar os filhos com as próprias mãos, atiravam-nos a poços ou rios, suicidando-se em seguida”, cita a ex-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa, Esther Mucznik, no seu livro Grácia Nasi - A Judia Portuguesa do Século XVI Que Desafiou o Seu Próprio Destino (Esfera dos Livros).

Depois dos mais novos, D. Manuel I manda retirar às famílias os filhos até aos 25 anos. Será nesta leva que será baptizado outro antepassado de Ceyda, Levi, o filho de Jacob, arrancado à família com 17 anos, em 1497. “Um grão-rabino não se ia sujeitar a isso”, comenta Sargon à mesa do jantar em família, imaginando o que poderia sentir o religioso, a fuga como uma questão de honra. Numa edição americana do livro Ein Yaakov (da editora Rowman & Littlefield), apenas se diz que Jacob arranjou forma de recuperar o fillho e de fugir de Portugal, não se explicando como.

Oficialmente erradicada a fé judaica, quis-se também destruir vestígios físicos da sua presença. As sinagogas foram desactivadas, a de Lisboa foi mesmo destruída, o cemitério judeu de Lisboa tornado pasto para animais. As pedras, usadas para erguer o Hospital de Todos-os-Santos, como refere a historiadora.

Apesar de muitos judeus forçados à conversão terem mudado para nomes cristãos, de passarem a ir à missa, sabia-se quem eram os ex-judeus, a quem chamavam de cristãos-novos. A sociedade portuguesa continuava assim dividida, os “cristãos velhos” a olhar com desconfiança para os recém-cristãos.

É este caldo cultural de suspeição e intolerância que vai conduzir ao massacre de Lisboa, a 19 de Abril de 1506, assim ficando provado “que a integração não tinha resultado”, continua Susana Bastos Mateus. “Houve um massacre de judeus em Lisboa?”, pergunta a família Habib à mesa. Não sabiam.

Leio aos Habib partes de relatos históricos daqueles dias: de mortos atirados para a fogueira onde ainda havia vivos; de grávidas atiradas pelas janelas para cima de lanças. E de como “era tamanha a crueza que até os meninos e as crianças que estavam no berço executavam, tomando-os pelas pernas, fendendo-os em pedaços e esborrachando-os de arremesso nas paredes” (Damião de Góis). Nesta parte, Ceyda arrepia-se, talvez porque na sala estejam três crianças, dois deles bebés: o seu filho Kevin, de quatro meses, e os seus sobrinhos Rayn, de dois meses e meio, e Jamie, de quatro anos, que quis trazer os brinquedos para a mesa.

Todas as fontes apontam para mais de mil pessoas mortas, escrevem Susana Bastos Mateus e Paulo Mendes Pinto no livro O Massacre dos Judeus (Alêtheia Editores).

A Moris Levi, o vice-presidente da comunidade de judeus na Turquia, não lhe interessa ouvir a descrição do massacre português, porque ele nada terá tido de singular. “Lisboa, Girona, Veneza. Pelas minhas contas, era matemático. Nessa altura, na Europa, havia um massacre de judeus de três em três anos.”

“Matar judeus era normal nos séculos XIV e XV”, escrevem os dois historiadores na mesma obra, explicando que os mouros eram o “inimigo externo” e que “nas próprias cidades, intramuros, havia o inimigo interno, o judeu”. “O diferente que deveria ser banido.” Sintomático é que nem o diabo de Gil Vicente deixe entrar na sua barca do inferno “o judeu”, por ser este “mui ruim pessoa”.

Tornar a nossos reinos livremente

Muitos judeus deixam Portugal a seguir ao massacre de Lisboa. É do ano seguinte o édito em que D. Manuel I os autoriza, afinal, a sair do país. Na decisão fica um recado que pode, se quisermos, ter leitura premonitória: “E aqueles que se forem poderão tornar a nossos reinos livremente quando quiserem, e lhes vier bem; e neles estar quiserem; e em suas idas, e vindas não receberão opressão, constrangimento.” Mais à frente: “Os que depois tornarem” serão “favorecidos e bem tratados”.

Os movimentos de saída de Portugal serão constantes ao longo destes anos, mas haverá um outro pico com a instalação da Inquisição em Portugal, em 1536.

...

Continuação: https://www.publico.pt/2017/01/29/socie ... 24?frm=esp




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#63 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Fev 18, 2017 1:24 pm

Manuel veio a Portugal confirmar que toda a gente pertence “a todo o mundo”

Por Andreia Marques Pereira

A Momondo promoveu um concurso que permitia aos participantes, através do seu ADN, descobrir onde tinham raízes. Manuel Maqueo ganhou: mexicano com genes dos cinco continentes. E mãe com sobrenome português, Pereira. Veio a Portugal e a Fugas acompanhou-o numa viagem sentimental.
Quem não sabe ao que vai nunca o encontrará. É apenas o GPS que nos guia e nos envia para um caminho estreito, terra batida com os buracos habituais. Quem não o procura não o encontrará, mas foi aí que Manuel Maqueo Martínez se encontrou. Como uma criança deslumbrada perante as ruínas que aparecem dispersas do Castelo de Faria (Barcelos), entre denso arvoredo pintado de verde pálido que acompanha o verde dos musgos que cobrem os troncos e é um contraste evidente com o verde pujante, húmido, que forram as pedras e rochas, dos fetos.

Às vezes, é difícil distinguir o que é natural do que foi construído por mão humana. Isso não importa a Manuel, que toca rochas e pedras, às vezes parece que fala com elas. Salta de umas para outras, desce carreiros impossíveis. Veio do México, via Tessalónica (Grécia), onde por estes dias faz os seus estudos de mestrado em engenharia aeronáutica (depois de ter passado pela Suécia e Alemanha). Tem 27 anos, um bisavô português — o sobrenome da mãe assim o indica: Pereira. Por isso quis vir a Pereira, freguesia de Barcelos. Se a sua escolha foi toponímica, poderia ter ido a Pereira em Montemor-o-Velho, ou Pereira em Mirandela, mas nas suas pesquisas, diz, descobriu que os Pereira vieram originalmente daqui, de Barcelos.

Manuel chegou a Portugal pela primeira vez há quatro dias, num périplo “patrocinado” pela Momondo. Foi o vencedor de um concurso promovido pelo site de pesquisa de voos e hotéis (que tem como lema “vamos abrir o nosso mundo”), que queria mostrar que todas as pessoas têm ascendências diversas. The Momondo DNA Journey começou em Abril de 2016 e o vencedor ganharia uma viagem aos países onde tinha ascendência.

- Tínhamos de escrever 200 caracteres sobre o que viajar significa para nós e como cremos que pode mudar o mundo. Eu escrevi que, como mexicano, viajar é como comer um taco, é saboroso, exótico e picante, mas nunca se compara como quando o partilhamos: é mágico.

Os pais riram-se muito “com os tacos”, que lhe valeram ter sido um dos seleccionados para receber o kit de ADN. Três semanas depois chegaram os resultados e o vídeo, obrigatório, da abertura do email com estes, revelando paixão a falar da história da família, do seu gosto por viajar e a emoção com que ia lendo as descobertas valeu-lhe viagens por todos os locais onde tem raízes. No seu caso são os cinco continentes.

- É como descobrir que pertencemos a todo o mundo.

O que mais o surpreendeu nos resultados foi a Ásia. Na verdade, Ásia, Médio Oriente e Oceânia, somados, constituem cerca de 3% do seu “sangue”, como Manuel gosta de dizer. Ele que sempre viajou e que não tenciona deixar de o fazer, agora, com falta de tempo, quer seguir o apelo do sangue.

- Algo que me emocionou muito foram as raízes africanas. Dizia-se na família que um dos meus antepassados maternos, europeu, tinha casado com uma africana. Mas nunca conseguimos confirmar.

Até agora. Em Dezembro passado fez uma pequena incursão africana sem conseguir ir ao Senegal, o seu objectivo principal.

- Perguntei à minha mãe, uma vez que também são as suas raízes, onde gostaria de ir. Ela não hesitou, Senegal.

Mas o visto demorava mais tempo do que aquele que tinha disponível. Ficou por Marrocos, o Sara sempre o atraiu — e acabou por passar o Natal aí, no deserto, sob um manto de estrelas que mostra, ainda deslumbrado, no telemóvel —, e pela Tanzânia, queria ver os animais e ir a Zanzibar. Aproveitou para dar um salto ao Médio Oriente, à Jordânia, onde logo à entrada foi parado.

- Interrogaram-me: viaja sozinho?, sim, conhece alguém no país?, não. Então o grande problema era o que é que um mexicano, que viajava sozinho e tinha estado em Marrocos e na Tanzânia, ia fazer à Jordânia. “Where is the coke?”, insistiam. Eu só me ria. Revistaram tudo e encontraram um saco com areia do Sara.

Continua a rir-se quando recorda o episódio. Ri muito, sorri ainda mais. Ele, que antes de começar a viajar tanto não tinha muita esperança na humanidade, acredita agora que “a maioria das pessoas é boa”. “Em todos os locais em que estive, encontrei gente generosa, amável, nunca me senti em perigo por viajar só. Há que ser sensato, claro.” Por isso, continua, é que viajar é um instrumento valioso.

- Viajar abre a mente, torna gente tolerante, mas, sobretudo, disponível, para viver mais coisas. Estou convencido de que viajar pode fazer do mundo um lugar mais feliz sempre que nos ensinem ou aprendamos que viajar é conviver com as pessoas. Devia ser criado um comité mundial que pusesse toda a gente a viajar durante algum tempo, assim ganhariam ferramentas que podem ajudar na convivência.



Gente, comida, música

Manuel teve o seu “comité”, a Momondo. No entanto, não sabe se terá tempo para tudo o que tem planeado, por causa dos estudos. Crê que precisará de dois meses e meio para o que lhe falta. Ainda irá à Ásia (China, Japão, Camboja, Filipinas, Laos ou Mongólia), Oceânia (Austrália e Nova Zelândia) e América do Sul (Argentina e Ilha da Páscoa). Para trás, já ficou também Bérgamo.

E Bérgamo e Pereira eram os locais mais directamente ligados à história que conhece da sua família. De Bérgamo para o México foram dois irmãos Maqueo com o exército garibaldino, Giuliano e Stefano, este último, curiosamente, conhecido como “o viajante”. Não regressaram. No México lançaram raízes, Manuel pertence à sexta geração, e o seu sobrenome, tão exótico no contexto mexicano, sempre despertou a curiosidade de Manuel. E o engraçado é que em Itália não existe este sobrenome, segundo o registo civil. Terá sido adaptado ao espanhol. Se o sobrenome que herdou do pai não é mexicano, o da mãe tão-pouco.

- A minha mãe sabia que o meu bisavô se chamava José Manuel Pereira Murcia. Até podia ser espanhol, de pai ou mãe português. Morreu muito jovem, a minha mãe não sabe muito dele, apenas que tinha olhos verdes.

Pereira, o sobrenome, então, como motor desta vinda a Portugal. Lisboa, Sintra, Porto com este desvio até Pereira, aldeia como tantas outras no Minho e paragem em Barcelos para se sentar à mesa: adora comer.

- E o que faz uma viagem, para mim, é a gente, a comida e a música.

Pede polvo na brasa, prova bacalhau também na brasa, arroz de pato e cozido à portuguesa, acompanha com vinho. O arroz de pato é uma estreia, o bacalhau (a la vizcaína) é tradição natalícia no estado de Veracruz, onde fica Catemaco, o joelho de porco e os enchidos acha-os “muy ricos”. Adora tudo, e ainda sai do restaurante com um pequeno galo de Barcelos como recordação.

De Portugal conhecia algumas coisas. Muitas ligadas ao passado, adora história — “os portugueses foram os primeiros europeus a chegar à Índia com Vasco da Gama, teve muito poder”. Outras mais actuais, como o vinho do Porto e o fado, que gostaria de ouvir ao vivo, a mãe recomendou-lhe — “só o ouvi em restaurantes e nos autocarros turísticos em Lisboa”. E tinha ideias vagas dos tempos de juventude.

- Sempre tive a impressão de Portugal como um país com muita classe, muito pitoresco, bonito e com pessoas correctas e elegantes.

Entre Barcelos e Pereira, dez minutos de carro, olha com atenção pela janela. Sabe que está a ver um Portugal que poucos turistas vêem, que está “a ver o que não se vê”.

- O que há aqui, não sei. Não sei o que me espera, não tenho ideia do que vou encontrar. Mas mais do que encontrar, quero sentir, deixar-me levar.

A tabuleta de Pereira surge na estrada, casas de um lado e doutro. Seguimos para a igreja, junta de freguesia, centro paroquial. Não há muita gente na rua, passam alguns carros. Mas Manuel caminha num mundo seu, espreita para além de muros, tira algumas fotografias. Diante de uma casa, imagina a da avó, no México. “Te lo juro”, assegura, olhando o portão onde se vê ao fundo uma casa aos retalhos, partes arruinadas, o quintal com árvores de fruto, couves. Entra no cemitério, vê alguns Pereira nas lápides, mas é a paisagem para além dos muros que mais o fascina.

- É tudo tão verde! As aldeias no México são totalmente diferentes. Aqui, temos as casitas, os vinhedos ao redor, a montanha, as pessoas que se cumprimenta.

Num café entabulamos conversa, mas ninguém tem memória tão antiga como a que Manuel procura. Fala-se do Castelo de Faria e Manuel encontra a sua próxima paragem. São ruínas, como avisaram, mas para Manuel é um parque infantil, onde dá rédea solta ao seu gosto por “trepar coisas, saltar, como um miúdo”.

- Qué lugar más chiflón! A paz, o silêncio, o vento, o cheiro. Que paz! Estou feliz, com vontade de brincar. Sinto-me ridículo, sentimental, ao dizer estas coisas, mas é verdade. É um sítio incrível, podia ficar horas. Pereira foi tranquilo. Mas o castelo é “wow!” [coloca as mãos na cabeça], uma sensação imensa de surpresa, de emoção.

Mais uma vez pede desculpa pelo sentimentalismo. Mas já percebemos que para Manuel viajar é sentimento. E Portugal? É o país mais romântico que já conheceu. E, como já lhe tinha acontecido em muitos países por onde andou, sente-se em casa.

http://fugas.publico.pt/Viagens/370175_ ... ?pagina=-1




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#64 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Mar 09, 2017 9:07 am

Descobertos na Lourinhã os ovos de crocodilo mais antigos do mundo

09 mar, 2017 - 09:40

Medem cerca de sete centímetros e foram encontrados na mesma jazida onde os investigadores descobriram um ninho de ovos de dinossauro, na praia de Paimogo.

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A Lourinhã, conhecida pelos achados de fósseis e pegadas de dinossauros, tem os ovos de crocodilo mais antigos do mundo, com 150 milhões de anos, confirmaram paleontólogos num artigo científico.

"Temos cascas e ovos completos de crocodilos mais antigos do mundo", afirmou à agência Lusa João Russo, um dos quatro autores do estudo "o registo mais antigo de ovos de 'crocodilomorfo'", um grupo primitivo de répteis, do Jurássico Superior, de que são descendentes os actuais crocodilos.

Os ovos descritos no estudo, que medem cerca de sete centímetros, foram encontrados em meados dos anos 90 do século passado na mesma jazida onde os investigadores do Museu da Lourinhã descobriram um ninho de ovos de dinossauro, na praia de Paimogo.

Os ovos encontrados nos cinco locais descritos no artigo, publicado na revista “Plos One”, foram sendo descobertos em sucessivas campanhas ao longo dos anos, a última das quais em 2012.

"Na investigação preliminar feita na ocasião, chegou-se à conclusão de que alguns dos ovos eram de facto diferentes dos de dinossauro encontrados e que muito provavelmente seriam de crocodilos", explicou o investigador.

Contudo, só com a análise laboratorial microscópica efectuada a partir de 2013 é que João Russo, Octávio Mateus, investigadores do Museu da Lourinhã e da Universidade Nova de Lisboa, Marco Marzola, da Universidade de Copenhaga (Dinamarca) e Ausenda Balbino, da Universidade de Évora, puderam confirmar as hipóteses levantadas.

Imagem

vos fossilizados de crocodilo encontrado na Lourinhã.Foto: Óctávio Machado/ Lusa
150 milhões de anos vs 140 milhões

"Confirmámos que a estrutura da casca do ovo era completamente diferente da dos ovos de dinossauro e muito semelhante a ovos de crocodilo tanto fósseis como atuais", concluiu o paleontólogo, para quem "a evolução em 150 milhões de anos [dos ovos de crocodilo] foi muito pouca e os ovos praticamente mantêm-se inalterados".

Os fósseis de ovos de crocodilo conhecidos até agora como os mais antigos foram descobertos no Texas, Estados Unidos, e pertencem ao Cretácico Inferior, com 140 milhões de anos.

O achado vem enriquecer o espólio do Museu da Lourinhã, conhecida como "Capital dos Dinossauros" e um dos locais paleontológicos mais ricos do mundo após o achado, em 1993, do ninho de dinossauros, o maior e com os mais antigos embriões até então encontrados.

"Sabíamos da existência de fósseis de dinossauro e de crocodilo, assim como de ovos de dinossauro. Mas desconhecíamos a existência de ovos de crocodilo e agora sabemo-lo. É mais um testemunho de que a Lourinhã é extremamente rica em termos de fósseis do Jurássico Superior e é uma referência a nível mundial", afirmou o investigador.

O estudo resultou de uma investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

http://rr.sapo.pt/noticia/77966/descobe ... source=rss




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#65 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Mar 14, 2017 2:00 pm

Encontrado crânio humano mais antigo de sempre em Portugal

Uma equipa internacional de arqueólogos descobriu o fóssil humano mais antigo já encontrado em Portugal, um crânio com cerca de 400 mil anos.

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Liderados pelo português João Zilhão, os arqueólogos encontraram o crânio na gruta da Aroeira, concelho de Torres Novas, no centro do país, e apresentam hoje as suas conclusões num estudo publicado na edição desta semana do boletim da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos.

"É o mais antigo fóssil encontrado em território português e um dos mais antigos da europa", disse João Zilhão à agência Lusa.

Nunca se tinha encontrado um fóssil humano da altura média do Pleistoceno, que cobre o período desde há 2,5 milhões de anos até há 11,5 mil anos, num local tão ocidental da Europa.

O arqueólogo indicou que o interesse deste fóssil é que está "muito bem datado e passa a ser padrão de referência para interpretação de outros fósseis bem completos mas com datação mais imprecisa".

"Apresenta uma combinação de características morfológicas únicas que põem em causa a noção de que a variação, as diferenças entre fósseis desta época possam ser interpretadas como manifestação de várias espécies humanas diferentes", afirmou.



Apesar de nesta altura coexistirem "populações muito diversas, mais diferentes do que qualquer população humana atual, nem por isso deixavam de pertencer a uma só espécie", salientou João Zilhão.

As escavações no sistema de grutas onde foi encontrado este crânio vai continuar porque "faz sentido tentar encontrar mais material", desde logo "mais restos do esqueleto deste indivíduo ou até as partes do crânio que estão em falta".

Trata-se de um antepassado "a meio caminho entre o 'homo erectus', que apareceu em África há entre 1,5 e dois milhões de anos e os mais recentes, a que chamamos Neandertais na Europa e modernos em África".

O local da descoberta "tem potencial, pelas condições geológicas, para ter vestígios de todas as épocas do último meio milhão de anos".

Na gruta foram encontrados também restos de animais e ferramentas de pedra, como machados.

São dados que dão aos cientistas informação sobre o ambiente e o clima da época, a par de restos de lareiras, carvão e pólenes.

O fóssil, recuperado em 2014, foi retirado do local incrustado num bloco único de sedimentos e levado para um centro de investigação em Madrid, Espanha, onde os especialistas o conseguiram separar ao cabo de dois anos de trabalho.

"O crânio da Aroeira é o fóssil humano mais antigo já encontrado em Portugal e partilha algumas características com outros fósseis deste período descobertos em Espanha, França e Itália", afirmou o arqueólogo Ralf Quam, da universidade norte-americana de Binghamton.

Quam apontou a Península Ibérica como "uma região crucial para compreender a origem e a evolução dos 'homens de Neandertal'", referindo-se ao ramo da evolução humana que se extinguiu há cerca de 40.000 anos.

O fóssil descoberto na gruta da Aroeira será a peça central de uma exposição que abre no mês de outubro no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.

http://24.sapo.pt/vida/artigos/encontra ... m-portugal




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#66 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Mar 15, 2017 11:54 am

Nasceram no Brasil e são campeões de surf em Portugal. O culpado é o avô

Os irmãos Pedro e Carol Henrique nasceram no Rio de Janeiro. Vivem em Portugal com toda a família. Tem dupla nacionalidade por causa do avô nascido na Serra da Estrela. Foram campeões nacionais de surf no ano passado e querem repetir este ano.

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Pedro e Carol Henrique nasceram no Rio de Janeiro. No Brasil tornaram-se surfistas profissionais. Pedro tem 34 anos, foi campeão mundial júnior de 2000 e ex-top do World Surf League (WCT), competiu no circuito WQS e ocupa o 116º lugar do ranking mundial. Carol é mais nova. Tem 21 anos. É profissional desde os 16 e ocupa o 26º lugar do ranking.

No curriculum de Pedro Henrique e Carol Henrique consta ainda o título nacional de Portugal, em 2016, na então Liga Moche. “É algo inédito”, sublinha Pedro. Um título só possível por causa do avô nascido na Serra da Estrela e que lhes permite ter dupla nacionalidade. “Geleberto”, assim se chamava. “Um nome requintado”, diz sorrindo Carol, referindo-se ao avô que partiu para o Brasil, “casou, teve quatro filhos, um deles o meu pai”, conta.

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Pedro Rodrigues está em Portugal há seis anos. “Foi uma mudança radical. Não mudei por causa do surf, mas sim por causa da família, a minha mulher e os dois filhos”. Queria “ter uma vida diferente da que tinha no Rio de Janeiro”, recorda. Com anteriores passagens por Portugal - “desde criança que vinha cá” - e mais tarde “por causa de provas internacionais em Ribeira d’Ilhas”, Pedro compete hoje no circuito nacional, depois de ter recuperado a forma para tentar entrar na elite mundial, um caminho que não tem sido fácil por causa da “falta de patrocinadores”, lamenta.

A habituação ao país foi fácil. Com sotaque carioca ainda bem presente refere que foi responsável pela vinda da irmã, que já era profissional no Brasil. “Aqui tem mais chances de prosseguir a carreira e desenvolver-se em todos os aspetos”, salienta.

Depois, recorda Pedro Henrique, vieram ainda os pais e o irmão do meio, que escolheu outros terrenos. “Joga futebol. Esteve no Estoril, mas agora não sei, muda muito”, diz o surfista com uma gargalhada.

Carol Henrique pouco difere do irmão Pedro. Seja na estatura baixa ou no jeito Carioca, com um sorriso sempre nos lábios. A surfista deixou-se convencer e veio para Portugal três anos depois de o irmão aterrar em solo luso.

“Aqui sei que posso evoluir, e os sponsors podem ser uma mais-valia para a minha carreira. Senti que a minha vida é esta e que sou profissional”, começa por dizer.

Carol acredita no crescimento do surf feminino e na valorização dada pelos patrocinadores. “Surf é desporto, mas é também sensualidade. E as mulheres têm sabido por isso em prática. Muitas são modelos”, atira.

Treinada por Rodrigo Sousa, refere que quando chegou a Lisboa habituou-se "muito bem”. Hoje quando viaja pelo mundo sente algo que só tem tradução na língua portuguesa. “Sinto saudade de Portugal”, conta.

O avô está bem presente na cabeça de Carol. “É engraçado, eu nasci lá no Brasil, agora estou em Portugal, o meu avô já morreu. Era interessante ele saber isso”.

Carol e Pedro Henrique, irmãos, luso-brasileiros, campeões nacionais em título, juntos partem para a Liga MEO Surf 2017 com o objetivo da revalidação do troféu.

http://24.sapo.pt/desporto/artigos/nasc ... do-e-o-avo




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#67 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Mar 24, 2017 11:21 am

Genética: Os primeiros agricultores chegaram à Península Ibérica pelo mar

Investigadores seguiram rasto genético da chegada da revolução neolítica à Península Ibérica e comprovaram que a principal rota veio do Médio Oriente pelo Mediterrâneo, com uma importante paragem prévia em Itália.

ANDREA CUNHA FREITAS 23 de Março de 2017

A agricultura chegou à Península Ibérica pelo mar. Esta bonita ideia não é nova mas agora foi geneticamente comprovada, mais precisamente com as linhagens maternas de populações actuais que guardam as marcas da entrada do Neolítico pelo Mediterrâneo desde o Médio Oriente. Já existiam estudos arqueológicos que apontavam para esta rota, mas, agora, uma equipa de investigadores de Portugal e do Reino Unido apresenta as provas genéticas que faltavam para encerrar este capítulo da pré-história.

“Conciliar provas do genoma antigo e contemporâneo: uma das principais fontes do Neolítico Europeu na Europa Mediterrânica” é o título do estudo, publicado esta semana na revista Proceedings of the Royal Society B, que analisou o ADN mitocondrial (material genético herdado por via materna) de populações actuais para esclarecer uma história com cerca de oito mil anos. Os investigadores usaram diversas bases de dados genéticas para procurar as marcas da chegada de populações do Médio Oriente à Península Ibérica, durante o Neolítico. E encontraram.

As marcas permanecem nos nossos genes e parecem comprovar que o movimento migratório veio pelo Mediterrâneo, com um pequeno grupo de antepassados do Médio Oriente que chegou primeiro à Península Itálica, misturou-se com os autóctones, e só depois se dirigiu pela costa, para Oeste. Aí, já na Península Ibéria, este grupo voltou a misturar-se com as populações locais e iniciou-se o processo que substituiu a cultura dominante de caçadores- recolectores pela revolução da agricultura e domesticação de animais. Apesar do mesmo ponto de partida, o Médio Oriente, este grupo é diferente do que se deslocou por terra para o resto da Europa. E é diferente em várias coisas: desde os meios (marítimos) usados para “invadir” o território até à rapidez da expansão.

A agricultura surgiu no Médio Oriente há cerca de dez mil anos e passados seis mil anos já se encontrava enraizada em quase toda a Europa continental. Hoje sabe-se que, mais do que apenas as ideias e técnicas usadas, o que veio do Médio Oriente foram pessoas com essa cultura. Imigrantes que se instalaram primeiro no Sul da Europa, que se misturaram com as populações existentes e que depois viram os seus descendentes partir para o interior do continente – levando a revolução da agricultura consigo.

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A chegada ao continente europeu terá acontecido há cerca de 8000 a 7500 anos, na denominada no período Neolítico, e alterou de forma evidente a demografia do território, permitindo que as populações se fixassem e crescessem. “Há uma forte evidência de que, na Europa Central, as avenidas para a disseminação da nova cultura foram os grandes rios, como o Danúbio, por onde populações migraram, substituindo as que aí habitavam, deixando fortes marcas genéticas nas populações actuais”, refere o comunicado sobre o estudo da equipa liderada por investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto, e da Universidade de Huddersfield, no Reino Unido. Mas, nota o comunicado, “há um percurso alternativo para a chegada à Península Ibérica: o Mar Mediterrâneo”. Até aqui nada de novo, tendo em conta que existem já vários estudos de arqueólogos que defendem esta hipótese de acesso marítimo. Mas ainda não existiam provas genéticas dessa viagem ancestral.

Luísa Pereira explica ao PÚBLICO que este trabalho prova que, “no período Neolítico, um reduzido contingente veio do Médio Oriente para a Península Itálica e que aí se misturou com as linhagens daquela zona”. “Foram principalmente estes descendentes (já uma mistura) que migraram depois para a Península Ibérica”, acrescenta. Quanto ao calendário deste momento, os investigadores conseguiram datar a viagem até à Península Itálica como tendo ocorrido há 8000 anos e a “travessia” até à Ibéria há 7500 anos. “Foi muito, muito rápido”, constata Luísa Pereira.

No rasto das linhagens
Mas, afinal, como se segue um rasto genético? “Conseguimos distinguir as linhagens que vieram do Médio Oriente (e que eram neolíticas) das que estavam cá”, explica Luísa Pereira, que também é autora do livro A História Humana Preservada nos Genes (editora Gradiva). Para simplificar, imagine que os investigadores procuram a presença e posição de uma sequência específica de letras no ADN mitocondrial de determinadas populações. “As linhagens diferem em si nas bases [“letras”] de ADN, que servem como marcadores daquela linhagem, um grupo de indivíduos que tem um ancestral comum. Sabemos que aquela linhagem tem de ter uma determinada letra, numa determinada posição”, diz a investigadora. “Estudámos só estes dois grupos de linhagens, J e T, porque sabíamos que eram as que estavam principalmente envolvidas no Neolítico. Conseguimos distinguir subgrupos destas que são mais recentes ou mais ancestrais.”

Numa primeira abordagem, os investigadores estudaram o que já tinha sido publicado sobre um pequeno fragmento de ADN que tinha sido sequenciado em populações actuais, abrangendo uma base de dados de mais de dez mil indivíduos. Depois foram analisadas ainda 203 sequências completas de ADN mitocondrial (que reúne um total de 16.569 pares de bases, as letras com que se escreve o ADN) que permite tirar o máximo da informação. “É o conhecido padrão destas bases e as suas posições que nos permite definir e distinguir as linhagens.” As amostras analisadas pertencem a populações actuais de vários países do Mediterrâneo e do Médio Oriente, uma colecção extensa disponibilizada pelo investigador Martin Richards, que também coordenou este estudo.

O trabalho junta a genética com matemática e estatística, exigindo que se façam cálculos e estimativas. Luísa Pereira nota ainda que o percurso desta migração do Médio Oriente para a Península Ibérica também se comprova a partir do relógio molecular, uma ferramenta usada pelos cientistas que se apoia na análise de mutações ocorridas no ADN (neste caso, do mitocondrial), a ritmos que são conhecidos, e que permite reconstituir o passado da espécie humana no espaço e no tempo.

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As investigadoras Joana Pereira, primeira autora do artigo, e Luísa Pereira, que coordenou o estudo DR

As marcas genéticas que herdámos denunciam o percurso dessas populações ancestrais. Mostram quem, como e quando foi feita a viagem. Luísa Pereira sublinha ainda que, apesar de se confirmar esta chegada de um contingente vindo do Médio Oriente, o número de fundadores era reduzido, gradualmente diluindo-se nas populações autóctones.

O conhecido arqueólogo português João Zilhão (da Universidade de Barcelona), com quem Luísa Pereira já colaborou noutros trabalhos, já tinha defendido este modelo de expansão que sublinha a importância do Mediterrâneo para a entrada do Neolítico na Península Ibérica. “Ele próprio já demonstrou, com base em achados de cerâmica, que a Península Itálica terá servido de interposto. Chegou o conhecimento e algumas pessoas”, refere a investigadora.


Há 7000 anos, um caçador-recolector europeu tinha tez escura e olhos azuis
Idade do Gelo influenciou movimento de populações humanas na Europa
População europeia resulta da mistura original de três grupos humanos
O artigo mais recente de João Zilhão sobre este tema foi publicado este ano na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences e também é sobre a expansão do Neolítico pelo Mediterrâneo. Neste caso, o arqueólogo fala sobretudo da velocidade dos acontecimentos, calculando que a conquista da agricultura desde o Noroeste de Itália até ao Centro de Portugal tenha ocorrido a um ritmo médio de 8,7 quilómetros por ano, ou seja, oito vezes mais rápido do que no resto da Europa, onde chegou progressivamente por terra, demorando, em média, um ano para percorrer um quilómetro.

Próximo passo? Neste trabalho, realizado no âmbito do doutoramento de Joana Pereira, a primeira autora do artigo científico, foram analisadas algumas amostras de populações do Norte de África mas não houve nada, para já, que permitisse tirar alguma conclusão sólida. No entanto, a espreitadela parece ter revelado algumas pistas importantes, já que Luísa Pereira admite que se pode seguir um olhar mais atento ao possível intercâmbio que terá existido neste período entre estes dois territórios. Será que o Neolítico foi independente entre as duas costas do Mediterrâneo? Houve intercâmbios? E, se houve, a viagem do conhecimento e gente fez-se de lá para cá ou no sentido inverso? Luísa Pereira acredita que o movimento tenha sido da Ibéria para o Norte de África. Só falta encontrar as provas genéticas.

tp.ocilbup@satierfca




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#68 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Mar 28, 2017 11:55 am





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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#69 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Abr 04, 2017 10:37 am

Equipa da ERA nas escavações realizadas no cemitério medieval da Rua dos Lagares, na Mouraria, em Lisboa.

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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#70 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Abr 18, 2017 10:23 am

Edifício com 2500 anos surpreende arqueólogos

Uma descoberta em Badajoz, no Vale do Guadiana. Um edifício com 2500 anos, dois andares e no qual foram identificadas técnicas e materiais que se pensavam terem sido usados muito mais tarde.

http://static.globalnoticias.pt/tsf/ima ... 0417175900


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Investigadores do Instituto de Arqueologia do Conselho Superior de Investigações Científicas da Estremadura trabalham nesta escavação há dois anos e consideram esta descoberta "única e extraordinária".

A escadaria de dois metros e meio de altura, que liga os dois andares do edifício, que tem cerca de um hectare, surpreendeu os arqueólogos. A construção está em excelente estado de conservação.

O jornal El País conta que a riqueza de materiais encontrados é extraordinária, como todo o tipo de joias, pontas de lança, recipientes, restos de tecido, grades e caldeirões de bronze, que permitem conhecer melhor a cultura dos Tartessos. A civilização pré-romana que ocupava o sudoeste da Península Ibérica no primeiro milénio aC e que desapareceu de forma abrupta devido, entre outros coisas, à falta de restos materiais.

Os investigadores do Instituto de Arqueologia do Conselho Superior de Investigações Científicas da Estremadura trabalham nesta escavação desde 2015. Em declarações ao jornal El País, Sebastián Celestino conta que na época tartéssica as escadas tinham dois ou três degraus de pedra, mas neste edifício já encontraram 10 degraus, com dois metros de comprimento, 40 centímetros de largura e 22 de altura. Os cinco primeiros degraus estão cobertos por placas de ardósia". A profundidade da escadaria foi o que mais surpreendeu os arqueólogos: dois metros e meio abaixo do solo, o que torna este no primeiro edifício de dois pisos descoberto até agora nesta época", sublinha Sebastian Celestino. Ao longo da história e a partir de textos bíblicos tem existido especulações sobre a existência deste tipo de edifícios no período Tartéssico, mas nunca tinha sido encontrado nenhum.

Foram ainda encontradas imagens simbólicas na escadaria, de um lado veem-se dois cavalos mortos, que dizem os investigadores representam luxo e no outro uma vaca, que terá sido consumida durante uma festa.

Para os arqueólogos esta construção, localizada em Badajoz, com pelo menos 2500 anos é única e extraordinária e ainda só trabalharam 10% da área da escavação.

A maioria dos edifícios do século V aC, localizados no Vale do Guadiana, foi destruída pelos seus próprios residentes, que preferiram destruí-las a vê-los ser pilhados pelos povos do norte, de etnia celta, que estavam prestes a chegar.

Os investigadores do Instituto de Arqueologia do Conselho Superior de Investigações Científicas da Estremadura, contam com o apoio da Secretaria-Geral da Ciência, Tecnologia e Inovação da Junta de Extremadura, para continuar a escavar este edifício.

A próxima campanha está marcada para maio.

:arrow: http://www.tsf.pt/sociedade/interior/ed ... 25913.html




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#71 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Abr 21, 2017 10:58 am

A biblioteca de Mafra está congelada e isso é bom

Em Mafra, D. João V não se preocupou em poupar. Aquela que é uma das mais importantes bibliotecas históricas do mundo é prova disso. O que é que se guarda nas suas estantes? De que é que tratam os livros proibidos pela Inquisição? E porque é que devemos olhar para ela como uma bolha no tempo?
LUCINDA CANELAS 21 de Abril de 2017, 8:31

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Quem ali entra não pode deixar de ficar impressionado com o que vê. A sala é enorme e as paredes estão cobertas por dois andares de estantes carregadas de livros cuidadosamente arrumados, com um varandim de ambos os lados e no topo. Ao todo são cerca de 30 mil volumes que vão do século XV ao século XIX, a maioria com encadernações em pele e inscrições a dourado, que cobrem todas as áreas do conhecimento, da medicina à religião, da história à arquitectura e à poesia, passando pela astronomia, a cosmologia, a literatura de viagens, a biologia e o esoterismo. No topo sul está a magnífica colecção de Bíblias, no oposto as obras das chamadas ciências puras. Cada coisa no seu lugar.

Olhando para o chão de várias cores, brilhante de tão polido, não é de estranhar que os príncipes D. Carlos e D. Afonso aproveitassem para ali andar de patins quando a mãe, Maria Pia de Sabóia, entrava naquela sala. Diz-se até, conta a bibliotecária, que o mais velho dos filhos de D. Luís I chegou a ser apanhado a ler um volume sobre civilizações clássicas com gravuras de mulheres seminuas. “Se foi castigado ou não, não sabemos porque não há registo”, brinca Teresa Amaral.

Em que pé está a candidatura de Mafra a património mundial?
Tida como uma das bibliotecas históricas mais importantes (e cenográficas) do mundo, a chamada Casa da Livraria de Mafra associa-se aos festejos dos 300 anos do lançamento da primeira pedra da basílica deste palácio-convento que D. João V (1689-1750) mandou construir com uma série de visitas guiadas e conferências que já começou e se prolonga até ao fim do ano. A ideia, explica o director do monumento que quer ser património da humanidade, é convidar as pessoas a visitarem este espaço que muitas não conhecem, protegido por uma colónia de morcegos residente que come as traças e outros insectos responsáveis pela destruição do papel e da madeira das estantes rococó, e, ao mesmo tempo, lembrar aos investigadores que há ainda muita coisa que não sabemos sobre este acervo que permite, como poucos, estudar uma época.

“A biblioteca de Mafra é verdadeiramente uma encomenda joanina, muito mais do que a de Coimbra”, diz Mário Pereira, o director. “Coimbra tem estantes do tempo do rei, mas recebe livros ao longo de séculos porque está associada à universidade. A biblioteca de Mafra é como uma bolha no tempo, está circunscrita, congelada.”

A bibliotecária reconhece que não se sabe ainda quantos volumes teria na sua origem, mas o que é certo que, na década de 1750, 80% dos que hoje vemos já lá estava. Os 30 mil volumes– ninguém se atreve a contabilizar as obras que ali estão guardadas, porque um volume pode chegar a ter 100 lá dentro – chegaram praticamente todos num intervalo de 30 anos.

O facto de ter sido construída “quase de um fôlego” dá-lhe uma “singularidade extraordinária” e permite perceber de que forma se segmentava o conhecimento na primeira metade do século XVIII, que áreas se privilegiavam e o que era, já na altura, considerado valioso do ponto de vista bibliográfico, defende Tiago Miranda, investigador da Universidade de Évora que está a estudar as marcas que apresentam os livros da biblioteca do palácio para perceber de onde vieram e assim traçar um retrato mais preciso deste acervo mandado reunir pelo monarca.

“O facto de não encontrarmos no convento documentos sobre a constituição da biblioteca diz-nos que, provavelmente, os cérebros que lhe deram origem não estavam aqui”, acrescenta, explicando que a casa da livraria é um subproduto da grande biblioteca dos oratorianos [D. João V, que não tinha um confessor jesuíta como seria de esperar, aposta muito na Congregação do Oratório, grande concorrente da Companhia de Jesus e, tal como ela, especialmente vocacionada para o ensino] que haveria de dar origem à do Palácio das Necessidades.

Muitos dos volumes de Mafra têm marcas de uso – pingos de cera, sublinhados, notas à margem – mas outros, diz a bibliotecária, parecem não ter sido sequer abertos. “Nas bibliotecas da Ajuda e de Coimbra os livros são muito manuseados, mas aqui não”, concorda Tiago Miranda, falando em seguida de uma das preciosidades da casa, o Erário Mineral, um dos primeiros tratados de medicina escritos em língua portuguesa, publicado pela primeira vez em Lisboa em 1735. Esta obra resultante das experiências médicas de Luís Gomes Ferreira, que tinha uma profissão que hoje parece, no mínimo, curiosa, a de cirurgião-barbeiro, na capitania de Minas Gerais, inclui um importante inventário dos medicamentos usados na época, muitos deles de origem indígena, e um relato detalhado das terríveis condições em que viviam os escravos. “Este é um livro raríssimo e Mafra tem dois exemplares. Um deles parece que saiu ontem da prensa, é fantástico.”

Comprar o que há de melhor

Explica Teresa Amaral que Mafra se inscreve num movimento europeu de constituição de bibliotecas com directrizes muito específicas inscritas em documentos que dizem que temas são imprescindíveis e que autores de referência se devem comprar. “O rei manda cartas a vários dos seus embaixadores para se informar como estão a ser feitas bibliotecas noutros países e depois ordena que se compre o que de melhor há nos grandes mercados livreiros da época, em França e na Holanda, países onde são leiloadas bibliotecas inteiras com fundos importantes e onde os negociantes têm acesso a verdadeiras raridades.” Seja no domínio das edições, seja no da ourivesaria, da escultura ou da arquitectura, D. João V é exigente e vê as encomendas internacionais como uma espécie de recurso diplomático, como um instrumento de promoção de Portugal perante outras cortes europeias, com as quais parece estar sempre disposto a competir.

Mafra faz, também, parte de um conjunto de bibliotecas em que D. João V investe e que inclui, além da de Coimbra, as dos palácios das Necessidades e da Ribeira, esta última, com uns estimados 60 mil volumes, desaparecida com o terramoto de 1755. Não se conhecem até hoje, diz Tiago Miranda, os planos do monarca para esta rede, embora os acervos de Mafra e das Necessidades, por exemplo, tenham muito em comum e seja evidente o cuidado que houve nas compras feitas. “Muitos dos livros de Mafra já são de colecção desde o século XVI”, acrescenta este investigador que é hoje capaz de identificar alguns dos seus anteriores donos, destacando entre eles duas importantes figuras da corte de Luís XIV, o poderoso Jean-Baptiste Colbert, o ministro de Estado, e Nicolas Fouquet, o nobre a quem o rei sol entregou a pasta das Finanças. “As bibliotecas em D. João V não são só uma questão de saber, mas de prestígio, de poder até.”

Os livros de Mafra estão referenciados em dois catálogos, um de 1755, feito por Frei Manuel de Cristo, e outro de 1819, de Frei João de Santa Anna, obra colossal de 12 mil páginas dividida em oito grossos tomos com a descrição dos 30 mil volumes que compõem esta biblioteca régia, que recebe fundos do convento e que serve, também, os que frequentam os Reais Estudos que ali passam a funcionar na década de 1730.

O acervo, que até aí estava separado em duas salas, só chegou ao seu lugar definitivo em finais dos anos 1770, diz a bibliotecária, elogiando o trabalho de João de Santa Anna: “É incrível a precisão deste catálogo – ele diz-nos em que estante está cada volume, a ‘casinha’ que ocupa nessa estante e a posição que tem dentro dessa ‘casinha’. Nem sempre se acham os livros porque podem ter sido levados ou simplesmente estar mal arrumados, mas na maioria das vezes estão onde Frei João de Santa Anna diz que estão.”

E entre os tesouros deste catálogo estão, por exemplo, um livro de 1599 do naturalista italiano Ulisse Aldrovandi (1522-1605), um dos primeiros a descrever o tucano; a obra Hesperi et phosphori nova phaenomena (1728), de Francesco Bianchini (1662-1729), astrónomo e filósofo italiano de quem D. João V era mecenas; uma primeira edição das obras completas do dramaturgo português Gil Vicente (c.1545-c.1536), de 1562; um importante núcleo de Livros de Horas de origem francesa, em pergaminho, assinalando a transição do manuscrito para o livro impresso; um volume com as obras de Francesco Petrarca (1304-1374) que muito encantava o escritor Vasco Graça Moura, que tanto traduziu este poeta italiano; uma edição do século XVI das teorias do filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C) e aquela que é considerada a primeira enciclopédia (de Diderot e D’Alembert), embora incompleta.

Mas há também “raríssimos” tratados de arquitectura, uma curiosa gramática sino-latina, partituras de compositores como Marcos Portugal e João José Baldi, especialmente criadas para o conjunto de seis órgãos da basílica, único no mundo, e uma colecção significativa de incunábulos (obras impressas até 1500) em que se destaca, por exemplo, a chamada Crónica de Nuremberga (1493), do humanista e cartógrafo Hartmann Schedel (1440-1514), um dos primeiros livros impressos da história e um dos maiores volumes ilustrados da época.

A Bíblia Complutense (1520), a primeira edição poliglota impressa (aramaico, hebraico, grego, latim), é a obra que a bibliotecária Teresa Amaral destaca. “Está dividida em seis volumes e a maioria das bibliotecas que a tem, e são poucas, só tem os cinco primeiros. Nós temos também o último. É uma obra importantíssima no Renascimento.” O director do monumento concorda, mas prefere chamar a atenção para coisas menos conhecidas, como La galerie agréable du monde, obra em 66 volumes impressa na Holanda a partir de 1690 (até 1730) e composta por grandes estampas. “Mostra o mundo e os seus povos, começando com o mapa de cada região com os locais mais importantes, como as cidades e as fortificações, e passando também pela representação dos trajes tradicionais... É muito curiosa”, diz Mário Pereira, apontando para uma estante onde estão arrumados volumes de cultura clássica, com destaque para os livros de escultura e os tratados de arquitectura. “Ainda há aqui muita coisa por descobrir, certamente muitas surpresas. Esta é a menos estudada das biblioteca joaninas."

Os livros proibidos


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A biblioteca de Mafra mantém ainda hoje a mesma organização que tinha no século XVIII. São 85 estantes no piso superior e 54 no inferior. Nas número 49, 50 e 51, no primeiro andar e com “Miscelânia vária” escrito no local habitualmente ocupado pelo tema, estão os chamados livros proibidos, cerca de 800 volumes, embora haja obras condenadas pelo Índex (lista de livros cuja circulação tinha de ser controlada pela Inquisição) espalhados por toda a biblioteca, garante Teresa Amaral.

“Os livros proibidos são comuns a todas as grandes bibliotecas da época e ter autorização papal para os incluir nas colecções era um sinónimo de grande prestígio”, explica, referindo-se à bula de Bento XIV, de 1754, que institui a biblioteca e a autoriza a ter estes volumes. São de áreas tão diversas como a cosmologia, a astronomia, a astrologia, a alquimia, mas também há os chamados “heréticos ou de controvérsia”, os de ciência política e os que abordam temas relacionados com a organização social e o absolutismo, continua Amaral.

Entre os proibidos mais importantes estão, por exemplo, uma raríssima edição do Corão; Metoposcopia, um manual que pretende ensinar a ler a personalidade de cada um a partir das marcas e linhas do seu rosto; e obras de nomes como Martinho Lutero, teólogo alemão e figura central da Reforma Protestante, e Cornelius Aggripa, intelectual do Renascimento ligado à magia e ao esoterismo que haveria de se transformar numa das grandes referências da alquimia. São, na sua maioria, volumes de altíssima qualidade produzidos nos séculos XVI e XVII, explica o director do palácio, falando de obras do humanista francês Michel de Montaigne (1533-1592) e de Gil Vicente.

Os livros, detalha a bibliotecária, estavam sujeitos a um sistema de proibição que incluía várias “classes”, que podiam impedir a leitura de toda a obra de determinado autor ou limitar-se a vedar o acesso a uma frase dentro de um texto. Giordano Bruno, filósofo e teólogo italiano condenado à fogueira pela Inquisição, acusado de heresia por defender, entre outras coisas, que a Terra girava à volta do sol, está entre os que ocupam as estantes 40 a 51.

“Pensar que em Mafra, em meados do século XVIII, todo este pensamento está aqui é incrível. E pensar que tudo isto sobreviveu à extinção das ordens religiosas, às Invasões Francesas e à República também é”, conclui o director.


:arrow: https://www.publico.pt/2017/04/21/cultu ... om-1769473




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#72 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Mai 18, 2017 12:12 pm

“Para se ganhar um título de nobreza em Portugal eram necessários 500 anos, no Brasil, 500 contos”. Ou como nasceu o Brasil de hoje.

O Brasil volta a ser sacudido por uma nova onda de indignação pública depois de serem divulgados vídeos em que o presidente Michel Temer autoriza um suborno. Paulo Cardoso de Almeida recua na história para recordar como nasceu o Brasil independente. Uma história paralela à de Portugal.

Entre as dez maiores quedas na Bolsa de Nova Iorque estavam sete títulos de empresas brasileiras. Foi assim que o Brasil amanheceu nesta quinta-feira, após o mais novo escândalo que abala os ânimos e o sonho de recuperação da economia. Agora envolvendo o presidente Michel Temer que aparece em vídeos em atos de corrupção. É o velho esquema do toma lá, dá cá que parece não ter fim no Brasil. A cada dia descobrimos algo que parecia improvável.

Recuemos no tempo. Era uma vez um político poderoso que, acompanhado da sua família e dos seus assessores diretos, precisou de se instalar no Rio de Janeiro para liderar um grande projeto. Ao perceber o que poderia lucrar ao construir uma boa relação com essa personalidade, um rico investidor local ofereceu-lhe como “prenda” a melhor residência ali construída, um verdadeiro palacete situado no melhor bairro da cidade, com direito a uma vista privilegiada para a Baía da Guanabara.

A prenda foi aceite e o investidor, além de passar a ser visto como grande amigo do importante político, viria a construir um futuro de negócios vultuosos usando essa proximidade. O político, por sua vez, não aspirava chegar ao posto que, antes, pertenceria ao seu irmão. Com a morte do irmão e com a mãe a ser declarada mentalmente incapaz, não houve alternativa. O político era D. João VI, que criaria as bases de um país estruturado em sólidas instituições, mas ao partir de Lisboa em fuga forçada pelos ingleses, levou consigo grande parte de uma corte perdulária e preguiçosa, pronta a fomentar um ambiente fértil para negócios à base do toma lá, dá cá.

O jornalista e historiador brasileiro Laurentino Gomes descreve passagens surreais da corte portuguesa em solo brasileiro: “Em seus oito primeiros anos, D. João VI distribuiu mais títulos de nobreza do que a monarquia portuguesa teria concedido em 700 anos”. Outro historiador teria dito que “para se ganhar um título de nobreza em Portugal eram necessários 500 anos, no Brasil, 500 contos.” Laurentino explica no seu livro que o “investidor local” citado acima era o traficante de escravos Elias Antônio Lopes, que havia aberto, com a doação da sua casa de campo à família real, um caminho generoso de negócios com a corte. Uma vez que a coroa chegou ao país praticamente falida, tornou-se comum que senhores de engenho, fazendeiros e outros traficantes de escravos estabelecessem um regime de troca de favores com o rei e seu séquito. Nesse momento, os negócios públicos e privados já se confundiam e nascia o costume de se desviar um percentual do dinheiro público. A Operação Lava Jato não daria conta de tanta história.



O Brasil dos dias atuais é um país grandioso com mais de 200 milhões de habitantes, universidades conceituadas, escritores, poetas, cientistas, grandes grupos empresariais e uma quantidade infindável de corruptos, como podemos constatar com a Operação Lava Jato. Ultimamente o brasileiro tem um certo receio de chegar a casa, jantar e assistir ao telejornal. O risco de indigestão é alto. Não há dia em que novas notícias sobre desvio de dinheiro público não sejam divulgadas.

A chamada “delação do fim do mundo”, o acordo feito pelos executivos daquela que pode ser vista como uma corte ou um séquito do século XXI - a construtora Odebrecht - junto ao Ministério Público Federal no qual terão penas reduzidas desde que entreguem todo esquema de corrupção e provem as acusações, parece uma novela mexicana com os seus dramas intermináveis.

Especialistas em desvio de dinheiro público, em subornos e na compra de leis que beneficiassem as operações daquele grupo empresarial, esses profissionais do desvio de conduta - falo dos dias atuais - explicam como se praticavam os crimes com o apoio de políticos influentes no poder central do país e, ao mesmo tempo, desnudam um arquétipo que vem a se repetir por séculos, como faziam os traficantes de escravos no passado.

A boa notícia é que, embora muito tenha feito pelo nascimento do Brasil ao criar importantes instituições e serviços que formatariam a autonomia nacional que fariam com que fosse considerado o verdadeiro mentor do moderno Estado brasileiro, D. João VI voltou para Portugal. A má notícia, para os portugueses, é que a sua Corte, repleta de aproveitadores que na primeira oportunidade virariam as costas ao Rei, dependente e inconfiável, voltou com ele para Portugal. O resultado é o suborno se tornar o modelo de negócios dos políticos e empresários nos dois lados do Atlântico.

http://24.sapo.pt/opiniao/artigos/para- ... il-de-hoje




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#73 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Jun 08, 2017 8:31 am

Homem atual é 100.000 anos mais antigo que o que se pensava

A espécie humana tem pelo menos 300 mil anos, mais cem mil anos do que se conhecia até agora, indicam fósseis de "homo sapiens" encontrados no campo arqueológico de Jebel Irhoud, em Marrocos.

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A descoberta foi feita por uma equipa internacional de investigadores liderada por Jean-Jacques Hublin, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva (Leipzig, na Alemanha), e por Abdelouahed Ben-Ncer, do Instituto Nacional de Arqueologia e Património (Rabat, Marrocos).

A equipa descobriu ossos fósseis de "homo sapiens" bem como ferramentas de pedra e ossos de animais que serviam de alimentação.

A descoberta, que será publicada na quinta-feira na revista Nature, coloca os antepassados do homem atual 100 mil anos antes dos até agora conhecidos fósseis mais antigos de "homo sapiens", e revelam uma história evolutiva complexa da humanidade, que provavelmente envolveu todo o continente africano.

Os dados genéticos dos seres humanos e dos fósseis apontam para uma origem africana da espécie "homo sapiens". Até agora os fósseis conhecidos mais antigos datavam de 195 mil anos atrás (na Etiópia).

Os cientistas acreditavam que os seres humanos atuais descendiam de uma população que vivia no leste de África há 200 mil anos, mas os dados agora conhecidos indicam que o "homo sapiens" se espalhou por todo o continente africano há cerca de 300 mil anos, disse Jean-Jacques Hublin, acrescentando que "antes da dispersão para fora de África do ´homo sapiens´ houve uma dispersão dentro de África".

O local marroquino de Jebel Irhoud é conhecido desde a década de 1960 pelos seus fósseis humanos e artefactos da idade da pedra.

O novo projeto de escavação começou em 2004 e levou à descoberta de novos fósseis de "homo sapiens", aumentando o seu número de seis para 22. As descobertas confirmam a importância do campo, que documenta uma fase inicial da espécie humana.

Os investigadores dataram os fósseis com o método da termoluminescência (que deteta a "assinatura" temporal do aquecimento pelo fogo) em artefactos de silex encontrados no mesmo local dos "homo sapiens".

A equipa recalculou também a idade de uma mandíbula encontrada em 1960, na altura considerada com 160 mil anos mas que agora os investigadores consideram muito mais antiga.

Os fósseis foram encontrados em depósitos contendo ossos de animais que terão sido caçados, sendo a espécie mais frequente a gazela, mas havendo indícios também de gnus, zebras e talvez ovos de avestruz.

FP // JMR

Lusa/fim

http://24.sapo.pt/noticias/nacional/art ... 95637.html




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#74 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Jul 06, 2017 11:13 am

Túlio escreveu:Manda um garrafão desse aí pra mim, HAMMERHEAD!!! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

Citei-te só para que tu visses o texto abaixo. O autor é um Lisboeta dos sete costados:
Tudo começou quando encontrei em casa de uma avó uma carta de brazão de armas, data de 1667, conseguida por um jovem licenciado com enorme ambição de ascenção social que consegue que tracem a sua genealogia até ao 5.º avô - um tal D Francisco de Melo Alvim, que foi da Fidalgo da Casa do Rei D Sebastião.
A propósito, foi este D Francisco que foi o primeiro proprietário e que deu o nome à CASA Melo Alvim, em Viana do Castelo.

Levei ANOS a ligar o jovem licenciado de 1667 à minha família, e este ao tal D Francisco. Mas batia tudo certo!

Depois, num longínquo Natal, afirmei que estatísticamente tínhamos de descender todos de D Afonso Henriques. Risota geral.
Nessa altura eu nem desconfiava que os maiores genealogistas portugueses já o haviam defendido há mais de 100 anos. «Todos os portugueses de hoje descendem de todos os portugueses de 1150». Entenda-se: todos os portugueses «com 8 bisavós portugueses», e de todos os portugueses de 1150 «que deixaram descendência», claro!

No Natal seguinte já tinha várias árvores que me ligavam a Afonso Henriques por vários ramos.

Depois, não consegui parar. O trabalho detectivesco; a dificuldade na tradução de documentos antigos; a emoção da descoberta e de termos nas mãos testemunhos escritos, com centenas de anos, dos nossos antepassados...

Exemplos de curiosidades:
- «avô» chamado António Rua da Egreja, filho de uma "Rua" e de um "Egreja", que morava na... Rua da Igreja, claro!
. a emoção ao descobrir o primeiro antepassado morto em Alcácer-Quibir (o "alferes barcelense", Gaspar de Goes Rego);
. o afincado estudo de Fernão Lopes para saber de que lado das lanças de Aljubarrota estavam os meus antepassados (estavam de ambos os lados, mas os do lado errado morreram quase todos);
. a descoberta que o «de Castro» da minha mãe não vem da «fermosa Inês» como a família reclamava (impossível, porque os filhos de Pedro e Inês eram «de Portugal»)... mas sim, e em linha recta, do PAI da desdita Inês. :-)
- descobrir que , afinal, também descendo da Inês de Castro. E que também descendo de dois dos seus ASSASSINOS!
- descobrir, a dada altura, que temos antepassados vindos da Escandinávia, de Novgorod, de Kiev, do Médio Oriente,...
- descobrir que descendemos dos nossos heróis e vilões da escola (Guilherme o Conquistador, Harold - o usurpador que morreu em Hastings - S. Alfredo o grande, CarlosMagno, a Rainha Santa, o «Lidador», João Sem Terra, São Vladimiro de Novgorod, S. Luís IX de França, etc.).
- vários antepassados que eram padres, bispos, freiras...;
- algumas «mães incógnitas» (isto é, ou eram criadas ou escravas);
- um «homem postiço», posto na Roda da Igreja;
- etc.

- Tenho identificados antepassados até Antes de Cristo.
Exemplo: Helena de Adiabene (na antiga Síria), filha do rei Izatés, nasceu cerca de 15AC, e converteu-se ao judaísmo. Descendo dela por via de um tal Aka Makhir ben Habibai David (descendente do REI DAVID) que casou cerca de 740 com uma filha de Carlos Martel (e irmã de Pepino).
Não sei se estão a ver: Os carolíngios tinham sangue hebreu e este Aka Makhbir ben David foi para aí 11.º avô de Afonso Henriques.
Por outro lado, há quem defenda que uma das principais famílias fundadoras de Portugal, os Maia (lembram-se do «Lidador», Gonçalo Mendes da Maia?), descendem em linha masculina directa de Ali e Fátima, sendo Fátima a filha do Profeta do Islão.

Temos, portanto, que os hebreus que vieram para a Península eram desdendentes da casa de David (tal como a Virgem), e por outro que - provavelmente - todos nós descendemos da família Quraysh, o clã do Profeta.

Não me digam que não é apaixonante !

Ah! Mas atenção! Apesar de ter descoberto que sou "primo" do D Duarte de Bragança, não deixei de ser Republicano. Até porque devo ser dos poucos portugueses da minha geração em que tanto o pai como a mãe são Comendadores da República. :-)




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#75 Mensagem por Lucas Lasota » Sex Jul 07, 2017 9:39 am

Este post é muito interessante, todavia o título não é nada chamativo - pelo contrário, é desinformante. Poderiam os adm alterar para "Arqueologia" ou "Assuntos Arqueológicos"




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