ascensão das tensões na Europa

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#61 Mensagem por FoxHound » Qua Jan 25, 2012 11:43 am

Azerbaijão condena França.
O Azerbaijão, um aliado da Turquia, condenou a aprovação no Senado francês do projeto da lei que prevê a penalização do negação do genocídio armênio no Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial.

O Azerbaijão lamenta a adoção da lei que criminaliza a negação do "genocídio arménio" e "manifesta um forte protesto contra ele", diz o comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão. O documento também afirma que a lei adotada é "contra a democracia, direitos humanos e liberdade de expressão".
http://portuguese.ruvr.ru/2012/01/24/64522953.html




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#62 Mensagem por FoxHound » Qua Jan 25, 2012 11:44 am

Turquia poderá retirar-se de Euronews.
Em resposta à aprovação da lei, em Paris, sobre o genocídio arménio, a Turquia manifestou a vontade de se retirar dos accionistas da Euronews, – rede internacional de notícias, localizada na França, o que certamente terá um impacto negativo para emissora, já que empresa estatal de radiodifusão turca possui o controle acionário de 15,5% na Euronews.

Birol Uzunay, o chefe da imprensa do canal estatal de televisão da Turquia TRT respondeu à Voz da Rússia sobre a situação atual: "A decisão ainda não foi tomada. Queremos saber o que vai acontecer, por isso a decisão final ainda está pendente e nós não podemos dizer quando ela será adotada. Tudo depende da posição da França e da Euronews, de como Euronews vai reagir à decisão tomada na França".
http://portuguese.ruvr.ru/2012/01/24/64526067.html




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#63 Mensagem por FoxHound » Qua Jan 25, 2012 11:44 am

Azerbaijão exige que França desista do assentamento em Karabakh.
A decisão do Senado francês de criminalizar a negação do genocídio armênio tem minado a credibilidade do grupo de Minsk da OSCE, que estava trabalhando para a resolução do conflito de Karabakh, explicou um funcionário sênior do partido do governo do Azerbaijão, Ali Akhmedov.

"Nesta situação, para a França o mais digno seria se afastar de mediação, porque esse país perdeu a autoridade moral de concluir esta missão", – frisou ele.

Ali Akhmedov, expressa a visão de que a lei significa que a França defende abertamente a Armênia: "O fato de que a França se manifesta abertamente como um lobista arménio, significa que ela traiu a missão de intermediário que tinha assumido".
http://portuguese.ruvr.ru/2012/01/24/64544909.html




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#64 Mensagem por marcelo l. » Qui Fev 02, 2012 1:33 pm

http://www.bbc.co.uk/news/uk-16836065

Criminal elements of the British and Irish travelling community have been transporting vulnerable British men abroad to work as virtual slaves.

An investigation by the BBC Ten O'Clock News and Radio 5 Live Breakfast has uncovered at least 32 victims.

The European Commission describes it as modern slavery and says this is the tip of the iceberg.

There have been confirmed cases in six European countries, including Sweden, Norway and Belgium.

The gangs pick vulnerable men off the streets in the UK, who are often homeless and many have drink or drugs problems.

They are promised well-paid work, but are then transported abroad where they are forced into long, hard days tarmacking or paving driveways for little or no money.

One man the BBC spoke to had arrived in the Swedish port of Malmo with two other Britons who all had been homeless when they were picked up. He has asked not to be named, because he fears for his safety.

The men worked 14-hour days for little or no pay and lived in appalling, cramped conditions. They were too frightened to escape, until the Swedish police offered them help. He says there was a culture of violence.

"I've seen people threatened with pickaxes. I've seen people kicked, punched. I've nearly been pushed off a moving vehicle. It's very tense. You're waiting for the next thing to happen, " he says.

cont.




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#65 Mensagem por FoxHound » Seg Fev 06, 2012 11:35 am

Um retrato revisado dos extremistas de direita da Hungria.
Apesar de altamente ignorado pela mídia nacional, o partido extremista de direita Jobbik, da Hungria, opera em um universo online surpreendentemente bem desenvolvido e autossustentado. Além disso, estudos recentes apontaram que os simpatizantes do partido não são “perdedores”, como muitos especialistas achavam que eram.

O líder dos extremistas de direita da Hungria raramente se expressa tão claramente. Falando diante de uma multidão de poucos milhares de simpatizantes no complexo Sportmax de Budapeste no sábado, 21 de janeiro, Gábor Vona anunciou o fim da democracia liberal no mundo. No discurso feito tradicionalmente para os membros do partido em janeiro, o político de 33 anos exigiu “nenhuma concessão” ao sistema político vigente, pedindo em vez disso por “luta, luta e mais luta”. “Nós não somos comunistas, fascistas ou nacional-socialistas”, disse Vona. “mas –e isto é importante que todos entendam claramente– nós também não somos democratas!”

As palavras de Vona foram recebidas com aplausos entusiásticos. Foi a primeira vez que o líder do partido Jobbik (“O Melhor”) –que recebeu pouco menos de 17% dos votos durante as eleições em abril de 2010– fez uma rejeição tão clara da democracia.

O discurso recebeu apenas uma cobertura leve e desinteressada pela mídia húngara. Elöd Novák, o vice-presidente do partido, alegou que isso provavelmente se deve mais a prioridades organizacionais do que a um esforço consciente de boicote à cobertura do evento. “Nós somos o segundo partido mais forte na Hungria”, ele disse, “mas não exercemos nenhum papel na mídia tradicional”.

Apesar de Novák falar de “exclusão”, ele de modo algum o faz de modo acusador. Mesmo assim, embora o partido apoie a saída da Hungria da União Europeia, ele enviou recentemente uma carta de queixa a Neelie Kroes, o comissário da UE para agenda digital, alegando que recebe pouca cobertura da mídia húngara. Mas a verdade é que o partido promove com apreço sua imagem de pária na mídia. Além disso, na verdade, ele não tem necessidade nenhuma de cobertura da mídia tradicional.

Surpreendentemente moderno e bem conectado
Quando o Jobbik quer se comunicar com seus apoiadores e eleitores, ele adota uma abordagem diferente. Os políticos do partido falam nos chamados “fóruns romanos” quase todo dia e escutam as pessoas dos menores vilarejos expressarem suas preocupações. Mesmo assim, de longe o veículo mais usado para disseminação de sua ideologia é uma rede extremamente bem-organizada composta de centenas de sites extremistas de direita, interligados por plataformas como Facebook ou iWiW, um serviço de rede social húngaro.

Este também foi o caso do discurso do Vona em 21 de janeiro. Barikad.hu, o site da revista semanal do Jobbik, “bar!kád”, transmitiu o discurso ao vivo. Igualmente, logo após a conclusão do evento, outros portais de notícias operados pelos extremistas de direita húngaros apresentaram reportagens multimídia completas do evento, parte das quais acabaram posteriormente chegando ao Facebook.

Esta abordagem há muito se tornou rotina. Há anos, os extremistas de direita da Hungria têm usado de modo bastante eficaz a internet para atingir suas metas. Eles a utilizam para disseminar suas mensagens e organizar manifestações e campanhas –muitas das quais também envolvendo discursos de ódio e incitamento. “A Internet foi e continua sendo muito importante para nós”, diz Márton Gyöngyösi, um membro do Jobbik no Parlamento. Ele explica que isso “não se deve apenas ao nosso acesso limitado à mídia tradicional, mas também porque grande parte de nossos apoiadores e eleitores são jovens que podemos contatar melhor pela nova mídia”.

Os especialistas estão observando esta tendência há algum tempo. “Durante a campanha eleitoral de 2010, a Internet exerceu um papel chave para o Jobbik”, diz Áron Buzogány, um cientista político alemão-húngaro que estuda os movimentos sociais no Leste Europeu. “Em comparação a outros partidos, o Jobbik conta com a presença mais atualizada na Internet, baseada em ferramentas da Web 2.0. As pessoas que visitam essas páginas podem exercer um papel ativo em sua moldagem, portanto se tornando parte da própria campanha.”

József Jeskó, o cientista político de Budapeste que estuda as atividades online dos extremistas de direita da Hungria há anos, chega a uma conclusão semelhante. “O Jobbik é o primeiro partido na história da Hungria a usar eficazmente as vantagens da internet para seus próprios propósitos”, ele diz. Mas Jeskó enfatiza que o Jobbik nem construiu e nem controla a rede online de extremistas de direita húngaros. Em vez disso, ele diz, “grupos pequenos com convicções semelhantes, mas muitos interesses diferentes, estabeleceram contato com a ajuda da Internet e conjuntamente criaram um mundo virtual para si mesmos”.

O extremismo de direita moderno e bem conectado da Hungria nasceu no final de 2006. Naquela época, ocorreram distúrbios nas ruas de Budapeste. Entre outras coisas, os manifestantes invadiram o prédio da “MTV”, a empresa de radiodifusão nacional, e incapacitaram parcialmente suas transmissões. Uma das coisas que provocaram os distúrbios foi o secretamente gravado “discurso de mentiras” feito pelo primeiro-ministro socialista, Ferenc Gyurcsány, em maio daquele ano. Apesar de o discurso ter sido feito durante uma suposta reunião a portas fechadas de seu partido, ele foi secretamente gravado –e transmitido. Nele, ele reconheceu abertamente ter mentido para os eleitores.

Plataformas de lançamento online para violência
Uma das coisas que ajudaram a provocar os protestos violentos foi a aparição, poucos meses antes, do site kuruc.info, que passou a ser a plataforma central e mais visitada da cena do extremismo de direita da Hungria. O site dissemina conteúdo extremamente agressivo antissemita, anticiganos, chauvinista e homofóbico. Além disso, sob o título de “ponto de coleta de lixo genético”, ele organiza periodicamente o que representa uma caça às bruxas contra certos indivíduos, que às vezes pode ter consequências horríveis. Por exemplo, em dezembro de 2007, o ex-político socialista Csintalan Sándor foi atacado e seriamente agredido. Por meses antes do ataque, o site promoveu uma campanha contra o que chamava de “rato judeu”. Os suspeitos de realizarem o ataque, incluindo o líder neonazista húngaro György Budaházy, foram presos em 2009 e atualmente estão sendo julgados por acusações de cometimento de crimes terroristas.

Por anos, as autoridades na Hungria tentam fechar o site, que está registrado nos Estados Unidos, e prender as pessoas suspeitas de administrá-lo. Mas até o momento seus esforços fracassaram. Há rumores de que um de seus redatores é o vice-presidente do Jobbik, Elöd Novák, apesar dele naturalmente negar a acusação. “Se eu reconhecesse isso, eu obviamente iria para a cadeia”, diz Novák. “Mas é verdade que mantenho boas relações com a equipe editorial”, ele reconhece antes de acrescentar descaradamente: “Às vezes uso meu celular para enviar para eles material saído diretamente das reuniões parlamentares”.

Um mundo próprio
Os sites mais visitados, como o kuruc.info, também servem como centros para a rede online de extremistas de direita húngaros. Os visitantes podem seguir os links nesses sites para outros sites de extremistas de direita, para o site do partido Jobbik, para organizações locais de extremistas de direita, para a emissora de rádio de Internet “szentkoronaradio.com” e para grupos de rock e folk “nacionalistas” –todos linkados uns aos outros. Mas isso não é tudo. Também há propagandas e links para lojas e empresas “nacionalistas” que oferecem toda a espécie de necessidades diárias, incluindo alimentos, bebidas, roupas, móveis, agências de viagem, advogados e consultores financeiros. Há até mesmo sites para encontrar “parceiros nacionalistas-cristãos” e chamar “táxis nacionalistas” online.

O cientista político József Jeskó descreve essa rede extremista de direita como um “sistema virtual quase completamente autocontido”, que dá aos seus usuários uma “identidade incrivelmente forte e uma visão de mundo abrangente, seu próprio modo completo de vida que permite que os meios ou informação de fora penetrem com extrema dificuldade”. Para o Jobbik, acrescentou Jeskó, esta rede oferece “uma quantidade imensa de capital informal” por meio do qual pode “transmitir uma visão de mundo ilustrada para seus eleitores, gratuitamente”, e moldar suas opiniões.

“Por meio da mídia tradicional”, ele diz, “o partido nunca conseguiria isso”.

Não um partido de “perdedores”
O que torna a rede ainda mais valiosa para o Jobbik é o fato de seus usuários não serem pessoas pobres e socialmente à margem. Muitos cientistas políticos viam inicialmente o Jobbik como um partido de “perdedores”. Mas novos estudos fornecem um quadro diferente, descobrindo que o eleitor típico do Jobbik é do sexo masculino, com menos de 35 anos, raramente desempregado e dono de um diploma do ensino médio ou superior. No início da semana passada, o centro de estudos britânico Demos e o Instituto de Capital Político, de Budapeste, lançaram um estudo baseado nos resultados de uma pesquisa envolvendo 2.200 fãs do partido Jobbik no Facebook. O levantamento apontou que o entrevistado típico tem “muito pouca confiança em todas as grandes instituições políticas e sociais” e apresenta “maior probabilidade de pensar que a violência é justificada se levar ao resultado certo”. Igualmente, o serviço de Internet index.hu, o site de notícias online mais lido da Hungria, resumiu o eleitor médio do Jobbik como “muito jovem, muito húngaro, muito mal-humorado”.

Para o cientista político Áron Buzogány, isso mostra que a popularidade do Jobbik é o resultado trágico da evolução política fracassada da Hungria. “Por muito tempo, o país permaneceu dividido entre esquerda e direita em um grau extraordinariamente profundo, o que está se tornando um problema social cada vez maior”, ele diz. “Todo um estrato de jovens cresceu no contexto desta divisão e agora encontrou um lar no microuniverso do extremismo de direita.”
http://codinomeinformante.blogspot.com/ ... as-de.html




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#66 Mensagem por FoxHound » Qui Fev 09, 2012 1:34 pm

Subúrbios populares e expansão do islamismo revelam a questão social na França.
Dissimulada pelo jargão econômico que tem invadido a campanha presidencial desde o início, a questão dos subúrbios populares e da expansão do islamismo na França brotou subitamente com as declarações do ministro do Interior. Segundo ele, "as civilizações, as práticas, as culturas, diante de nossos princípios republicanos, não são todas iguais". E como ilustração deu dois exemplos relacionados ao uso do véu integral ou niqab, defendido pelos salafistas, e às orações de rua na sexta-feira que Marine Le Pen havia comparado à invasão nazista.

A oposição denunciou uma “derrapagem controlada e perfeitamente intencional”, e até uma “conversa fiada para provocar uma espécie de ódio pelos muçulmanos”, em um balé cansativo e combinado onde a histeria de uns responde ao ocultamento de outros: mas na realidade é a questão social reprimida que, disfarçada de islamismo, está voltando para um debate central, o de nosso grande romance nacional, que é própria da eleição presidencial.

Mas, como observa a revista “Esprit” em sua última edição, nenhum candidato soube abordá-la com firmeza. Esse silêncio e essa cegueira sobre as principais questões de nosso dever cidadão são alimentados pelo cálculo milimétrico das estimativas eleitoralistas, no qual entrevistadores e assessores de comunicação – esses sofistas de nossa era – distorcem o discurso político em considerações políticas.

Por que esse debate desgastado passou de repente a ser provocado pela referência ao islamismo na França? Porque a expansão deste e as formas assumidas por certas manifestações dos grupos mais em ruptura com a República e seus valores comumente partilhados questionam a firmeza de nosso laço social e nossa capacidade integradora em um contexto de desemprego em massa nos subúrbios pobres. Eles questionam também a significação da laicidade, ou até desafiam a validade da promessa cívica.

Quando salafistas se estabelecem na sala de orações de uma zona urbana problemática onde metade dos jovens sem escolaridade está sem emprego, em um condomínio degradado onde ressurge a tuberculose, a medicação política não pode se limitar a tratar o sintoma, ela também precisa tratar a causa. Mas para além dessa constatação, uma tentação de recuo que não diz respeito somente a uma religião particularmente (mas não exclusivamente) praticada pelas populações mais pobres surge na França popular de 2012: as exacerbações identitárias fabricam ali comunidades fantasiadas e soldadas em uma rejeição ao outro – muçulmano, judeu, francês “de raiz” – às quais a Web 2.0 permite levar o delírio ao auge.

Ela se alimenta de um mal-estar social e de uma desesperança que também atingem o mundo dos pequenos vilarejos rurais, onde o voto na extrema direita e as conversões ao islamismo mais fundamentalista procedem de uma mesma lógica de ruptura e de uma busca de sentido às quais as dissertações políticas sobre a crise do euro não sabem mais responder.

Eles estão “indignados”. Mas como eles se indignam, para além da injunção que Stéphane Hessel popularizou com seus milhões de exemplares vendidos [do livro “Indignai-vos!”]? Se a promessa cívica não é mantida por um projeto que saiba casar, conduzir, escrever as palavras novas de nosso romance nacional, a balcanização das identidades antagônicas está nas páginas que o discurso diluído dessa campanha eleitoral deixa em branco. Entre nossos grandes relatos fundadores, houve uma integração social que transformou as origens étnicas e de classe, passou pelo compartilhamento da mesa e da cama – e que nós glorificamos em nossa gastronomia e nosso erotismo, que são o melhor de nosso patrimônio e fizeram nossa reputação universal.

Nas comunas cercadas de Seine-Saint-Denis, onde pesquisamos com a equipe do Instituto Montaigne em 2010 e 2011, o trabalho se tornou um luxo raro, onde a interação com a sociedade global depende dos descarregamentos de intermináveis transportes coletivos, foram inventadas fortalezas comunitárias onde a recente exacerbação do halal [costumes permitidos pelo islamismo] mais rígido tem aumentado o número de proibições, mantém as crianças longe das cantinas escolares e proíbe os casamentos mistos.

Esses mecanismos de defesa e de sobrevivência questionam nossa capacidade de fazer uma França se eles persistirem. Mas nada impede que eles sejam combatidos – contanto que se tenha coragem de lançar sobre a França de hoje, sobre as falhas sociais que provocam disparidades, e que a inanidade do debate política traduz como antagonismos manchados dos termos cultura ou civilização, o olhar brutal dos sociólogos que lavram o terreno e pegam os trens de subúrbio e outros.

Tomemos um exemplo: quantos deputados que vieram de meios populares nossa Assembleia Nacional, que representa e simboliza a nação, terá em junho? Quantos parlamentares saídos da periferia, nascidos franceses, educados aqui, e cujas famílias vieram há duas ou três gerações da África do Norte e da África Negra, sobretudo, participaram da reconstrução da França esgotada do pós-guerra e ali deixaram sua saúde?

No fim da guerra da Argélia em 1962, o general De Gaulle havia conduzido uma corajosa política de promoção das elites originadas dos franceses muçulmanos; as circunstâncias eram outras, mas não seria uma boa razão para se lembrar disso, sobretudo para aqueles que se inspiram em seu legado? É bom que nossos partidos políticos comecem a se certificar de que os bairros populares e a periferia sejam representados por seus moradores na próxima legislatura, pois sem isso os lamentos sobre a ascensão dos comunitarismos e o conflito de civilizações continuarão sendo lágrimas de crocodilo.
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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#67 Mensagem por FoxHound » Sex Fev 17, 2012 3:16 pm

Tribunal de recurso de Paris condena Le Pen a 3 meses de pena suspensa.
O tribunal de recurso de Paris condenou, esta quinta-feira, a três meses de prisão com pena suspensa o ex-líder de extrema-direita Jean-Marie Le Pen por declarações polémicas relacionadas com a ocupação alemã durante a segunda guerra mundial.

O fundador e presidente honorário do partido Frente Nacional foi ainda condenado com uma coima de 10 mil euros.

Esta sentença por "contestação de crimes contra a humanidade" é uma confirmação de uma decisão do tribunal correccional de Paris de 2008.

A 08 de Fevereiro de 2008, a instância judicial reconheceu que Le Pen era culpado de "apologia de crimes de guerra" e de "contestação de crimes contra a humanidade", na sequência de declarações publicadas em Janeiro de 2005 no jornal de extrema-direita Rivarol.

Na altura, o político, que foi por diversas ocasiões candidato presidencial, afirmou que em França a ocupação alemã "não tinha sido particularmente desumana".

O antigo líder da extrema-direita francesa, de 83 anos, e o seu advogado não estiveram presentes durante a leitura da sentença.

Em Janeiro de 2011, Jean-Marie Le Pen cedeu a liderança do partido à sua filha Marine, actual candidata às eleições presidenciais francesas, previstas para Abril deste ano. Jean-Marie Le Pen continua a ser eurodeputado.
http://portuguese.ruvr.ru/2012_02_16/66241576/




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#68 Mensagem por FoxHound » Sex Fev 17, 2012 3:16 pm

Parlamento Europeu está preocupado com o estado da democracia na Hungria.
O Parlamento Europeu aprovou hoje uma resolução que expressa preocupação sobre o estado da democracia na Hungria. Este é um passo quase sem precedentes da assembléia da UE contra um país membro.

Deputados e uropeus estão preocupados com a forma como o governo da Hungria está tratanto as normas da democracia, a supremacia do estado, direitos humanos, direitos sociais e igualdade dos cidadãos.

A resolução ressalta que a legislação essencial adoptada para implementar a nova constituição húngara, levanta dúvidas sobre a independência da justiça, do banco central e das autoridades de protecção de dados, e sobre as condições da concorrência política.
http://portuguese.ruvr.ru/2012_02_16/66246203/




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#69 Mensagem por FoxHound » Sex Fev 17, 2012 3:20 pm

Destino da língua russa será resolvido este sábado.
O russo será a segunda língua oficial na Letônia se mais de 50% dos eleitores votarem este sábado a favor num referendo sobre a alteração do estatuto desta língua. Se o número de votos for insuficiente, os autores da iniciativa irão dirigir-se ao Parlamento Europeu.

As autoridades manifestam-se decididamente contra a existência de uma segunda língua oficial, que implicará alterações na Constituição. O presidente Andris Berzins prometeu demitir-se em caso de vitória dos partidários do russo. Contudo, os cidadãos comuns estão interessados na alteração da política linguística: muitos turistas russos viajam frequentemente para a Lituânia, proporcionando enormes receitas à economia do país, enquanto os lituanos comuns precisam de língua russa para encontrar um bom emprego. A líder do movimento "Pela Língua Natal", uma dos autores do projeto, Evguenia Ossipova, comenta as emendas propostas:

"Não pretendemos renunciar ao letão, nem manifestar-nos contra esta língua. Propomos introduzir uma segunda língua oficial. Nada ameaça a língua letã a não ser o próprio Governo, que aplica uma política socioeconômica deplorável, forçando milhares de letões a abandonarem o país e a emigrarem para a Irlanda, Inglaterra, Alemanha e Holanda. Eles são portadores do letão que nunca voltarão. Esta é a principal ameaça."

Há duas décadas que as autoridades aplicam uma política anti-russa mas agora a situação está à beira de um conflito nacional, porque os russos são 40% da população da Letônia e vêm os seus direitos violados, diz o cientista político Mikhail Aleksandrov.

"Os russos tentam obter direitos civis e políticos elementares para estarem em pé de igualdade com os letões. A política voltada para discriminar uma entidade étnica nunca levou a resultados positivos. Se as autoridades continuarem esta confrontação dura com a comunidade russa, o descontentamento poderá sair às ruas: começarão manifestações e ações de protesto e de desobediência."

Após o referendo, as autoridades devem decidir: ou serão feitas concessões à comunidade russa, ou a discriminação continuará. Entretanto, é possível também um compromisso - é necessário dar ao idioma russo um estatuto como têm as línguas das minorias nacionais em muitos outros países, sustenta a defensora de direitos humanos letã, Janna Karelina.

" O sueco na Finlândia e o escocês na Inglaterra não se utilizam para contatos internacionais e não são línguas oficiais, mas os representantes destas minorias étnicas têm o direito de utilizar a sua língua natal para se dirigirem a quaisquer instâncias e, naturalmente, têm as suas escolas onde se ensina nessas línguas."

Destaque-se que a Aliança Livre Europeia (partido no Parlamento Europeu) decidiu promover uma coleta de assinaturas em toda a Europa a favor da alteração do estatuto das línguas de minorias étnicas, tais como o russo, o basco, o gaulês, o macedônio e outros. É necessário coletar apenas um milhão de assinaturas, o que não é difícil, levando em consideração que só na Europa a língua russa é falada por seis milhões de pessoas. Mas na Letônia não será tão fácil obter 750 mil assinaturas para que as emendas sejam aprovadas. Segundo os dados de sociólogos, 85% dos cidadãos da Letônia tencionam participar no referendo.
http://portuguese.ruvr.ru/2012_02_17/66290993/




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#70 Mensagem por FoxHound » Sex Fev 17, 2012 3:24 pm

Prefeito de Riga votarà a favor da lìngua russa como oficial.
O primeiro prefeito de nacionalidade russa de Riga Nil Uchakov votará a favor da língua russa como segunda língua oficial da Letônia no referendo nacional, informa a agência Itar-Tass.

"A questão verdadeira não é o estatuto da língua, senão a atitude do poder à minoria lingüística", - declarou Uchakov durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

Segundo o prefeito, o que a sociedade letã precisa não é confronto, mas diálogo, que favoreceria a união e o bem-estar dos habitantes do país.

Mais de uma terça parte dos habitantes da Letônia consideram a língua russa como natal.
http://portuguese.ruvr.ru/2012_02_17/66314531/




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#71 Mensagem por FoxHound » Sex Fev 17, 2012 3:26 pm

Parlamento Europeu apoia língua russa na Letônia.
Os membros do Grupo intermediário do Parlamento europeu de defesa dos direitos das minorias nacionais apoiaram o estatuto de segunda língua oficial, que vai ser votado na Letônia, afirmou a deputada do Parlamento europeu nesse país báltico, Tatiana Jdanok, citada pela Itar-Tass.

A deputada organizou em Estrasburgo uma discussão sobre o referendo de Riga, que terá lugar no dia 18 de fevereiro.

"A opressão da língua e cultura de qualquer minoria étnica cria conflitos de longa duração, que ameaçam de ser violentos", - reza o comunicado do grupo.
http://portuguese.ruvr.ru/2012_02_17/66322137/




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#72 Mensagem por P44 » Qua Mar 07, 2012 7:16 am

Presidenciais
Sarkozy diz que há demasiados estrangeiros em França

07.03.2012 - 07:46 Por Agências

O Presidente francês Nicolas Sarkozy considera que há demasiados estrangeiros em França e que o sistema de integração dessas pessoas “está a funcionar cada vez pior”.



Naquele que foi o primeiro debate televisivo a contar para as eleições presidenciais, transmitido na terça-feira à noite, Sarkozy defendeu o seu plano de redução para quase metade do número de novas chegadas de estrangeiros ao país, caso seja reeleito no próximo mês.

Nicolas Sarkozy está, neste momento, atrás do candidato socialista François Hollande nas sondagens, que prevêem um triunfo de Hollande por 54%, contra 46% de Sarkozy numa segunda volta eleitoral, marcada para o 6 de Maio.

O ainda Presidente francês disse que, apesar de a imigração ser benéfica para França, que ela precisa de ser controlada de forma mais rigorosa através de regras mais apertadas nas autorizações para residência.

Sarkozy, cujo pai era um emigrante húngaro, disse igualmente querer restringir alguns benefícios pagos a imigrantes que estão no país há pelo menos dez anos.

Comentários deste género, sobre imigração e raça, são comuns por parte de Sarkozy, e dividem a opinião pública francesa. Em 2005, mesmo antes dos motins registados nos arredores de Paris, descreveu os jovens delinquentes dos subúrbios da capital francesa como “racaille”, qualquer coisa como “ralé”.

Sarkozy deixou claro que, caso seja reeleito, irá reduzir a entrada de imigrantes em França de 180 mil por ano para 100 mil e irá introduzir controlos mais apertados no acesso aos benefícios sociais.

Como Presidente, Sarkozy já pôs em marcha algumas medidas controversas, incluindo a deportação polémica de membros do povo Roma.

http://www.publico.pt/Mundo/sarkozy-diz ... ca-1536705




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#73 Mensagem por P44 » Dom Mar 11, 2012 4:45 pm

Campanha eleitoral
Sarkozy ameaça retirar França do espaço Schengen para lutar contra imigração ilegal

11.03.2012 - 18:04 Por Rita Siza

O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, candidato a um segundo mandato no Eliseu, fez neste domingo um inesperado ultimato aos dirigentes da União Europeia, ameaçando retirar a França do espaço Schengen se os seus parceiros não adoptarem urgentemente medidas duras para “proteger” as fronteiras europeias da imigração ilegal proveniente de países terceiros

Num discurso de campanha perante milhares de apoiantes, num comício em Villepinte, nos arredores de Paris, Sarkozy extremou a retórica anti-imigração ao máximo (até agora), no que alguns analistas interpretaram como uma não-muito-subtil piscadela de olho ao eleitorado mais à direita.

“Não podemos aceitar esta sujeição”, bradou Sarkozy, acrescentando que impedir a entrada de mais imigrantes “é a única forma de evitar a implosão da Europa”. “Se nos próximos 12 meses não forem feitos progressos sérios nessa direcção, a França suspenderá a sua participação no acordo de Schengen”, ameaçou.

Retirar-se do espaço Schengen significa abandonar o tratado europeu que estabelece as regras para a abolição de controlos fronteiriços entre os países. Para Sarkozy, é até agora a ideia com consequências mais amplas em termos europeus.

Sarkozy, que anunciou oficialmente a sua recandidatura no mês passado, continua dez pontos atrás do candidato socialista François Hollande nas sondagens que avaliam as intenções de voto numa hipotética segunda volta entre os dois. Para lá chegar, Sarkozy precisa de ultrapassar o obstáculo da Frente Nacional de Marine Le Pen e sobreviver na disputada votação da primeira volta, marcada para 22 de Abril.

http://www.publico.pt/Mundo/sarkozy-ame ... al-1537328




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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#74 Mensagem por tflash » Seg Mar 12, 2012 4:31 am

Na França não sei. Em Portugal acabava toda e qualquer imigração ilegal... :mrgreen: :mrgreen:




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marcelo l.
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Re: ascensão das tensões étnicas na Europa

#75 Mensagem por marcelo l. » Seg Mar 12, 2012 9:16 pm

http://www.outraspalavras.net/2012/03/1 ... na-europa/

Imagem

Por Pavol Stracansky, da Agência IPS | Tradução: Antonio Martins

Poucos dias depois de um ataque a bomba contra um hotel da capital da República Checa, aparentemente com caráter racista, analistas e ativistas alertaram sobre as campanhas terroristas de organizações neonazis, que recebem apoio de movimentos de extrema direita de outros países.

Organizações extremistas de países como a Alemanha, Itália e Rússia oferecem aos movimentos checos orientação ideológica e operacional, além de oferecer apoio em ações de violência racial e estratégias para reunir apoio de setores sociais.

“É um fato constatado que os partidos de ultra-direita checos e alemães têm acordos de cooperação”, disse à IPS a conhecida ativista Gwendolyn Albert. “Os checos agora parecem seguir a tática alemã de contar com uma presença relativamente importante, contar com partidos políticos registrados e organizar manifestações de que participam os que estão comprometidos ideologicamente com a violência racista, com intenção de perpretar algum ato violento”, acrescentou.

“O impacto dos vínculos ultranacionalistas e fascistas russos também é visível, porque os manifestantes de ultra-direita demonstram ter uma organização paramilitar que enfrenta a polícia”, apontou Albert que trabalha para a organização de educação e direitos humanos Romea Roma, vinculada ao povo cigano.

O alerta foi feito no início de março, quando o ministério do Interior da República Checa divulgou um informe sobre a extrema direita no país. O documento assinala que é provável um aumento do número de ataques racistas nos próximos anos, em parte devido à influência de organizações de extrema direita estrangeiras, que usam o violência e o terrorismo – em especial, as russas.

Os grupos neonazis russos (na foto) estiveram envolvidos em campanhas terroristas, como ataques e assassinatos de juízes que haviam condenado extremistas e ativistas de extrema-direita.

Algumas testemunhas arroladas em julgamentos similares na República Checa afirmam que sofrem ameaças e intimidações. No início de março, foi preciso adiar o desfecho de um processo contra um suspeito de praticar ataque racista, por conta de ameaça de bomba.

Organizações neonazis alemãs também têm antecedentes de terrorismo. Há pouco, revelou-se que uma célula alemã chamada “Socialista Nacionalista Clandestina” foi responsável pelo assassinato de nove imigrantes e um policial nos últimos seis anos, assim como de roubos a bancos e atentados a bomba. Além disso, ex-neonazis alemães declararam que há forte cooperação entre grupos de extrema direita de seu país e da República Checa, e que os campos de treinamento de tiro para neonazis de toda a Europa pertencem a organizações alemãs e estão em território checo.

O autor do informe do ministério do Interior, Miroslav Mares, assegurou que as quadrilhas de ultra-direita têm cada vez mais armas. Conseguem armamento infiltrando-se na polícia e em empresas de segurança privada, o que lhes permite ter licença de porte de armas e, em alguns casos, receber treinamento em situações de combate.

Um exemplo de como foram longe estes grupos, em matéria de armar-se, foi o fato, noticiado pela mídia, de terem se identificado, em uma manifestação de grupos de extrema direita, participantes armados com explosivos de uso exclusivo do exército.

O temor a um aumento da violência racista deu-se em meio a problemas raciais, ocorridos em zonas socialmente desfavorecidas do país. No ano passado, houve protestos maciços e episódios violentos no distrito de Sluknov, no norte da República Chec a, após uma onda de ataques e crime que a população local atribuiu aos ciganos.

Alguns analistas que se dedicam ao estudo do racismo, veem, por trás do aumento das tensões, as crescentes dificuldades econômicas. Ele detectaram um aumento de sentimentos negativos contra os imigrantes e as minorias, desde o começo da crise financeira. O próprio informe do ministério do Interior mencionou o agravamento da situação econômica e o aumento da exclusão social como fatores do aumento provável dos ataques racistas.

Mas o sociólogo Mares garante que o terreno fértil para a violência contra minorias foi adubado por algumas figuras políticas destacadas. “Vemos um aumento do racismo ‘comum’. Nas zonas socialmente conflitivas, observa-se a participação da população local em manifestações contra os ciganos, e constata-se que os neonazis são o motor das atividades e preconceitos contra eles”. Mares prossegue: “Agora, ouvem-se declarações racistas de dirigentes políticos que não são de partidos extremistas. Algumas agremiações tradicionais utilizam uma retórica contra os ciganos que poderia estimular mais atividades violentas dos neonazis”.

A extrema direita age para capitalizar o sentimento anti-minoria. Na última década, a maior parte dos grupos ligados a esta corrente, na República Checa, fez um esforço por distanciar sua imagem dos skinheads e converter-se em alternativa política viável. O Partido Justiça Social dos Trabalhadores é a expressão política da extrema direita. Apoia-se especificamente em preconceitos contra a população cigana.

Segundo os estudiosos do fenômeno, as táticas dos extremistas para conseguir seguidores incluem a promoção de sua repulsa não só aos ciganos, mas aos imigrantes em geral, bem como a temas polêmicos para certos grupos sociais, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Para algumas organizações internacionais contra o racismo, a situação só melhorará se os dirigentes políticos tomarem a iniciativa de combater o fenômeno, e se forem aprovadas normas legais para dissuadi-lo. Georgina Siklossy, porta-voz da Rede Europeia contra o Racismo, com sede em Bruxelas, afirmou à IPS: “Os políticos têm a principal e mais importante responsabilidade: não se utilizar de discursos de ódio, que podem incitar ataques racistas e contribuir para um sentimento contra setores minoritários”.

Os programas de prevenção nas escolas são essenciais para mudar a situação, completa Mares, o autor do informe oficial. Mas a comunidade cigana está pessimista. Nos últimos anos, ela foi vítima de uma série de ataques incendiários. Um deles, em 2009, deixou uma criança de dois anos incapacitada para sempre. Nos últimos seis meses, 23 atentados racistas deixaram três pessoas mortas.

Emil Vorac, diretor de uma organização não-governamental cigana, trabalha na cidade da As, onde houve, no início de março, um ataque a bomba contra um hotel em que vivam membros desta comunidade. Ele pensa que tais atos eram previsíveis. “Não me surpreenderam, porque parece que o racismo e a xenofobia aumentam, e a situação piora. Esta é minha experiência, após trabalhar em diversas comissões na região. Seus próprios membros atuam como xenófobos, em muitos casos”.




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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