FEB

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augustoviana75
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Re: FEB

#16 Mensagem por augustoviana75 » Sáb Dez 08, 2012 7:33 pm

Túlio escreveu:
CHICO PARAÍBA



-Tenente Ithamar! A Polícia do Exército americana veio aqui e prendeu o Chico Paraíba. Dizem que vai ser julgado pela corte marcial. Quem falava era o sargento Arlindo, encarregado do alojamento de uma companhia do 11º Regimento de Infantaria da FEB-Força Expedicionária Brasileira.

Estavam próximos à cordilheira dos Apeninos e era o inverno italiano, no começo de 1945. O Tenente Ithamar, com seu grupo de reconhecimento, estava chegando de uma missão noturna junto às linhas alemãs. Não tinham havido baixas, felizmente. Mas nem por isso o humor do tenente era dos melhores. Para a perigosa missão, em terreno desconhecido, e à noite, só contava com um guia italiano, em quem, aliás, não confiara muito, desde o início. Soldados em combate desenvolvem um sexto sentido, e o seu não falhara. O italiano era um covarde, que os abandonara na escuridão de uma encosta, em meio a restos de neve, quando uma sentinela alemã, percebendo os ruídos do grupo, rolara uma granada morro abaixo; que felizmente não explodira muito perto. Escafedera-se o carcamano, e os brasileiros não mais haveriam de ouvir falar nele. Também pudera... Se o encontrassem depois daquilo, iriam moê-lo de pancada, no mínimo.

O tenente, quando pensava nele, praguejava entre dentes. Sem orientação, tivera que arriscar uma retirada que só era segura morro abaixo. No sopé, sem direção, poderia cair numa trincheira inimiga e seria um desastre. O jeito fora esperar o inicio da manhã e se guiar, mal e mal, pela bússola. Foi o que fez, e conseguiram retornar, embora os alemães, como todos os combatentes veteranos, tendo desenvolvido uma visão mais acurada, os tivessem percebido, e disparado algumas rajadas de metralhadora quando se deslocavam. Mas nessa altura já estavam fora de alcance.

Era, pois, um tenente Ithamar tenso, sujo, com frio, fome e cansaço quem recebia a má notícia.
- O que o Chico fez para ser preso?

- Disse que estava cansado dessa ração americana e queria fazer uma sopa. Deu um tiro de fuzil numa galinha e fez a sopa. O italiano dono da galinha foi no quartel dos americanos e deu queixa. Eles vieram aqui e levaram o Chico. Tentei discutir com eles, mas não adiantou. Disseram que é crime e está previsto nos regulamentos.

- Mas também está nos regulamentos que quem julga nossos soldados somos nós mesmos. Você não disse isso a eles?

-Sim, disse, mas não quiseram ouvir. Eu não sabia o que fazer, eram muitos. Achei melhor esperar o Sr. chegar.

-Você, Arlindo, que fala inglês, venha comigo. Chame o Gaúcho, e pegue o jipe.

-Vamos só nós?

-Não é preciso mais ninguém.

- Vamos desarmados?

-Não, armamento completo.

No trajeto, Ithamar, também paraibano, ia pensando no seu subordinado e conterrâneo. Chico era um cidadão muito popular na tropa. Sem muita instrução, era, contudo um ás na música nordestina, cantor, tocador de sanfona, dançarino, contador de causos e piadas. Seu sotaque carregado ajudava. Desinibido e folgazão. Sei que conhecem o tipo. Faz sucesso também em política. Chico era, além disso, bom soldado. Fazia-se respeitar no momento do combate.

-Arlindo, por que você não impediu o Chico de fazer essa besteira? Perguntou Ithamar.

-Quando vi, já tinha feito. Disse a ele que ia ter problema, mas ele disse que estávamos numa guerra de matar homens, e que problema ia ter matar uma galinha?

-Bem próprio da simplicidade do Chico, pensou Ithamar, quando já estavam chegando no quartel americano.

- Arlindo, quero que você traduza exatamente o que eu disser, seja lá o que for. Entendido?

- Entendido, meu tenente.

O sentinela americano relutou em levar até o oficial de dia aquele tenente com o fardamento sujo e seus dois acompanhantes, mas não podia fazer diferente. Foram recebidos por um capitão americano com quase dois metros de altura, bem fardado, saudável, acompanhado de quatro outros ianques, que os olhou com certo enfado.

- Diga a ele que lamento aqui comparecer sem estar devidamente fardado, mas que acabo de chegar de missão recebida do comando conjunto e não tive tempo de me trocar.

Arlindo traduziu, e o capitão mudou um pouco sua postura, ao notar o olhar cansado do tenente.

- Ele pergunta em que pode ajudar, meu tenente.
- Venho buscar um soldado meu comandado, indevidamente preso pela Polícia do Exército americana que, segundo ela, cometeu transgressão disciplinar, e a parte correspondente, para que possamos julgá-lo e puni-lo, se for o caso, em corte brasileira, como manda o regulamento.

- Ele diz que o soldado preso já tem processo em andamento, e pode ser julgado pelos americanos, pois o chefe do comando conjunto é americano. Assim, não pode entregá-lo. -traduziu Arlindo a resposta.

- Diga a ele que não sairemos daqui sem meu soldado, pois não aceito a interpretação dele e sou inteiramente responsável por cada um dos meus.

O americano ouviu, esboçou um sorriso, olhou para os outros americanos e perguntou, logo traduzido por Arlindo:
- Só vocês três? E como vocês pensam em levá-lo?
- Arlindo, traduza exatamente, repetiu Ithamar: - Eu não disse que iremos levá-lo. Disse que não sairemos daqui sem ele. Isso significa que, se preciso for, combateremos para levá-lo, embora sejamos minoria e provavelmente morramos aqui.

O americano ouvia com espanto crescente a tradução. Já se preparava para o pior, quando olhou bem no fundo dos olhos do atarracado tenente brasileiro. O que viu lá não foi do seu agrado. Também não foi o que não viu. Não viu medo. Não viu raiva nem hesitação. Viu uma calma determinação que não deixava margem a dúvidas. Viu que a afirmação que ouvira com espanto era a pura expressão da verdade. Prova é que o tenente estava aferrado à sua Thompson, e por certo faria um estrago antes de morrer, se um tiroteio começasse ali. E ele estava diretamente na frente, enquadrado na linha de tiro. Ou então – quem sabe? – sentiu admiração por aquele tenente exaustoque, como ele, lutava longe de casa pela liberdade e não abandonava um dos seus nas mãos de estrangeiros, ainda que aliados.

O silêncio era gritante. Dizia muitas coisas. Mas não durou muito, embora parecesse não acabar mais. Um minuto? Menos. O americano virou-se para um subordinado:

- Busque aquele caipira e entregue a eles!

Ninguém falou mais nada. Nem quando Chico Paraíba, risonho, sem saber da tragédia que quase tinha provocado, entrou na sala. Ithamar fez a continência de praxe, voltou-se e saiu, com seus soldados e um Chico já tagarelando de alegria. Ouviu o americano falar algo para seus companheiros. Mas nem perguntou a Arlindo o que era. Já não interessava mais. Se tivesse pedido a tradução, seria: "Esses brasileiros são loucos. Morreram às dúzias para tomar o Monte Castelo. Verdadeiros suicidas."

Irapuan Costa Junior


(Esta crônica é uma homenagem a Ithamar Viana da Silva, que recebeu várias condecorações por bravura na Itália. Na volta da guerra, fez o curso de engenheiro no IME- Instituto Militar de Engenharia. Reformou-se como coronel, casou-se com uma goiana e constituiu família. Foi professor universitário em Brasília e ocupou, com dedicação e honestidade exemplares, vários cargos públicos em Goiás. Faleceu em 1999).


Fonte: Jornal DIÁRIO DA MANHÃ, de Goiânia

Os Vianas são terríveis!!! ;)




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rodrigo
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Re: FEB

#17 Mensagem por rodrigo » Seg Set 16, 2013 2:09 pm

LUTO - Morre o último piloto veterano da Segunda Guerra, Major-Brigadeiro Miranda Corrêa

Morreu no último domingo (15/09), no Rio de Janeiro, o Major-Brigadeiro José Carlos de Miranda Corrêa. Ele faleceu às 13h13min, aos 93 anos, no Hospital Central da Aeronáutica (HCA), onde estava internado.

O Major-Brigadeiro Miranda Corrêa integrou o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) durante a Segunda Guerra Mundial, na Itália, como Piloto de Combate e Oficial de Informações. Entre 13 de novembro de 1944 e 03 de janeiro de 1945, ele cumpriu 8 missões de guerra. Atualmente, ele era o último dos pilotos veteranos da Segundo Guerra vivo. Antes de combater na Itália, o então Tenente Aviador Miranda Corrêa realizou seu treinamento como Piloto de Combate nos Estados Unidos e no Panamá.

Após regressar ao Brasil, permaneceu no 1º GAVCA, sediado na Base Aérea de Santa Cruz (BASC). Posteriormente, realizou o curso de Engenheiro Aeronáutico e atuou como Diretor de Engenharia na Diretoria do Material e na Diretoria de Rotas. Morando no Canadá, atuou na Internacional Civil Aviation Organization (ICAO), na cidade de Montreal.

Entre as condecorações com as quais foi agraciado ao longo de sua carreira, destacam-se: Cruz de Aviação - Fita A, Campanha da Itália, Campanha Atlântico Sul, Ordem do Mérito Aeronáutico, Medalha Mérito Santos Dumont, Distinguished Flying Cross (por ter afundado um submarino Alemão na costas do Rio de Janeiro), Presidential Unit Citation e Bronze Star, sendo as três últimas concedidas pelo Governo Americano.

O Major-Brigadeiro Miranda Corrêa deixa a viúva Maria Eliane Pires Chaves e dois filhos. O velório está sendo realizado na Capela do HCA, e o sepultamento será no cemitério São João Batista, às 14 horas.

http://www.fab.mil.br/portal/capa/index ... 20Corr%EAa

A partir do 9:00





"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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Re: FEB

#18 Mensagem por Wingate » Seg Set 16, 2013 2:35 pm

rodrigo escreveu:LUTO - Morre o último piloto veterano da Segunda Guerra, Major-Brigadeiro Miranda Corrêa

Morreu no último domingo (15/09), no Rio de Janeiro, o Major-Brigadeiro José Carlos de Miranda Corrêa. Ele faleceu às 13h13min, aos 93 anos, no Hospital Central da Aeronáutica (HCA), onde estava internado.

O Major-Brigadeiro Miranda Corrêa integrou o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) durante a Segunda Guerra Mundial, na Itália, como Piloto de Combate e Oficial de Informações. Entre 13 de novembro de 1944 e 03 de janeiro de 1945, ele cumpriu 8 missões de guerra. Atualmente, ele era o último dos pilotos veteranos da Segundo Guerra vivo. Antes de combater na Itália, o então Tenente Aviador Miranda Corrêa realizou seu treinamento como Piloto de Combate nos Estados Unidos e no Panamá.

Após regressar ao Brasil, permaneceu no 1º GAVCA, sediado na Base Aérea de Santa Cruz (BASC). Posteriormente, realizou o curso de Engenheiro Aeronáutico e atuou como Diretor de Engenharia na Diretoria do Material e na Diretoria de Rotas. Morando no Canadá, atuou na Internacional Civil Aviation Organization (ICAO), na cidade de Montreal.

Entre as condecorações com as quais foi agraciado ao longo de sua carreira, destacam-se: Cruz de Aviação - Fita A, Campanha da Itália, Campanha Atlântico Sul, Ordem do Mérito Aeronáutico, Medalha Mérito Santos Dumont, Distinguished Flying Cross (por ter afundado um submarino Alemão na costas do Rio de Janeiro), Presidential Unit Citation e Bronze Star, sendo as três últimas concedidas pelo Governo Americano.

O Major-Brigadeiro Miranda Corrêa deixa a viúva Maria Eliane Pires Chaves e dois filhos. O velório está sendo realizado na Capela do HCA, e o sepultamento será no cemitério São João Batista, às 14 horas.

http://www.fab.mil.br/portal/capa/index ... 20Corr%EAa

A partir do 9:00

Um Adelphi para este brasileiro de uma geração de bravos, que agora voa em outros céus, com seus pares:

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Re: FEB

#19 Mensagem por Hermes » Sáb Abr 12, 2014 11:03 pm

Roubo de armas, ameaças constantes aos acervos da FEB
Postado em Informações
Foto: Juliano Martins/SMCS
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Para quem acompanha a história da FEB e seus museus, sabe da importância destes acervos. Tanto as sedes como o material lá contido, foi organizado ao longo da história, após o retorno dos combatentes, com grandes dificuldades, pois o poder público pouco ou nenhuma atenção tem dado a esta tipologia de acervo.
Durante décadas pequenos ou grandes acervos foram sendo organizados, muitos já desaparecidos ou transferidos para unidades militares onde o acesso à visitação é complicado.
Sabemos também do desprendimento de muitas famílias febianas, ao doarem seus acervos particulares para estas unidades ” museológicas”, é comum ver em nossos dias, parentes tentando localizar os pertences doados. Mas no momento é preocupante o desaparecimento de armas.Acredito,embora ainda sob sigilo de investigação, corre entre os especialistas a informação de novo roubo de armas no Museu do Expedicionário em Curitiba, tal fato teria ocorrido no mês de fevereiro deste ano, criando uma expectativa a todos.
Sabemos que tais armas estão desativadas, e seu interesse é histórico, interessando portanto a colecionadores. A segurança do Museu do Expedicionário é exercida por empresa particular, não sabemos as circunstâncias do ocorrido, mas urgente se faz necessário uma atitude de proteção deste acervo único.
Desconheço o sistema de proteção destas armas e se as vitrines possuem alarmes.Na década de 1980 havia um sistema de proteção para cada sala da unidade. Sabemos da preocupação dos seus dirigentes, mas devido a repetição dos fatos, (2013 já havia ocorrido) ha que se estudar meios mais eficazes na manutenção e preservação deste material raro, cuja reposição é quase impossível, portanto um perda irreparável.
Os Brasileiros pouco sabem da participação da FEB na 2ª Guerra Mundial, fato recente da nossa história e que nos garante hoje dias de Democracia. Preservar os acervos da FEB é um dever não somente das autoridades, mas dos filhos dos combatentes, dos historiadores, dos amigos e simpatizantes.
Dos acervos de armamento organizados pelas Associações de veteranos da FEB, chama a atenção pela bela organização: Sede central da Assoc. Vet. da FEB do Rio de Janeiro. A associação de Ex-Combatentes de São Paulo e a Assoc. de Vet. da FEB de Belo Horizonte. Vamos unir nossos esforços para que o Museu do Expedicionário de Curitiba possa continuar a figurar como um dos mais completos do Brasil, para orgulho dos paranaenses.
Carmen Lúcia Rigoni.
Historiadora




...
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Re: FEB

#20 Mensagem por Wingate » Dom Ago 24, 2014 10:31 pm

Filme sobre brasileiros combatendo pela FEB na Itália ganha troféu Kikito:

http://www.defesanet.com.br/ecos/notici ... ha-Kikito/

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Re: FEB

#21 Mensagem por Lirolfuti » Ter Nov 25, 2014 10:29 am

A tomada de Monte Castelo pela FEB
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A Batalha de Monte Castelo foi travada ao final da Segunda Guerra Mundial, entre as tropas aliadas e as forças do Exército Alemão, que tentavam conter o seu avanço no Norte da Itália. Esta batalha marcou a presença da Força Expedicionária Brasileira (FEB) no conflito. A batalha arrastou-se por três meses, de 24 de novembro de 1944 a 21 de fevereiro de 1945, durante os quais se efetuaram seis ataques, com grande número de baixas devido a vários fatores, entre os quais as temperaturas extremamente baixas. Quatro dos ataques não tiveram êxito, por falhas de estratégia.
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Em novembro de 1944, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE) desviou-se da frente de batalha do rio Serchio, onde vinha combatendo há pelo menos dois meses, para a frente do rio Reno nos montes Apeninos. O general Mascarenhas de Moraes, havia montado seu quartel-general avançado na localidade de Porreta-Terme, cuja área era cercada por montanhas sob controle dos alemães, este perímetro tinha um raio aproximado de 15 quilômetros.

As posições alemãs eram consideradas privilegiadas e submetiam os brasileiros a uma vigilância constante, dificultando qualquer movimentação. Estimativas davam que o inverno prometia ser rigoroso, além do frio intenso, as chuvas transformaram as estradas, já esburacas pelos bombardeiros aliados, em lamaçais.

O general Mark Clark, comandante das Forças Aliadas na Itália, pretendia direcionar sua marcha com o 4º Corpo de Exército rumo a Bolonha, antes que as primeiras nevascas começassem a cair. Entretanto, a posição do monte Castelo se mostrava extremamente importante do ponto de vista estratégico, além de dominado pelos alemães dava pleno controle sobre a região.

A frente italiana estava sob a responsabilidade do Grupo de Exércitos C, sob o comando do generaloberst Heinrich von Vietinghoff. A ele estavam subordinados três exércitos alemães: 10º, 14º e “Exército da Ligúria”, este último defendendo a fronteira com a França. O 14º era composto pelo 14º Corpo Panzer e pelo 51º Corpo de Montanha. Dentro do 51º Corpo estava a 232ª Divisão de Granadeiros (Infantaria), do general Eccard Freiherr von Gablenz, um veterano de Stalingrado.

A 232ª foi ativada a 22 de junho de 1944, e era formada por veteranos convalescentes que foram feridos na frente russa e era classificada como “Divisão Estática”. Era composta por três regimentos de infantaria (1043º, 1044º e 1045º), cada um com apenas dois batalhões, mais um batalhão de fuzileiros (batalhão de reconhecimento) e um regimento de artilharia com 4 grupos, além de unidades menores. Esta formação totalizava cerca de 9.000 homens. A idade da tropa variava entre 17 e 40 anos e os soldados mais jovens e aptos foram concentrados no batalhão de fuzileiros. Durante a batalha final, ela foi reforçada pelo 4º Batalhão de Montanha (Mittenwald), que foi mantido em reserva. Os veteranos que defendiam essa posição não tinham o mesmo entusiasmo do início da guerra, mas ainda estavam dispostos a cumprir com o seu dever.

O ataque
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Caberia, então, aos brasileiros a responsabilidade de conquistar o setor mais combativo de toda a frente Apenina. Porém havia um problema: a 1ª DIE era uma tropa ainda sem experiência suficiente para encarar um combate daquela magnitude. Mas como o objetivo de Clark era conquistar Bolonha antes do Natal, o jeito seria o de aprender na prática, ou seja, em combate.

Assim sendo, em 24 de novembro, o Esquadrão de Reconhecimento e o 3º Batalhão do 6º Regimento de Infantaria da 1ª DIE juntaram-se à Força-Tarefa 45 dos Estados Unidos para a primeira investida ao monte Castelo.

No segundo dia de ataques tudo indicava que a operação seria exitosa: soldados americanos chegaram até a alcançar o cume do monte Castelo, depois de conquistarem o vizinho monte Belvedere.

Entretanto, em uma contra-ofensiva poderosa, os homens da 232ª Divisão de Infantaria germânica, responsável pela defesa de Castelo e do monte Della Torracia, recuperaram as posições perdidas, obrigando os soldados brasileiros e americanos a abandonar as posições já conquistadas – com exceção do monte Belvedere.

Em 29 de novembro, planejou-se o 2º ataque ao monte. Nesta contra-ofensiva a formação de ataque seria quase em sua totalidade obra da 1ª DIE – com três batalhões – contando apenas com o suporte de três pelotões de tanques americanos. Todavia, um fato imprevisto ocorrido na véspera da investida comprometeria os planos: na noite do dia 28, os alemães haviam efetuado em contra-ataque contra o monte Belvedere, tomando a posição dos americanos e deixando descoberto o flanco esquerdo do aliados.

Inicialmente a DIE pensou em adiar o ataque, porém as tropas já haviam ocupado suas posições e deste modo a estratégia foi mantida. Às 7 horas uma nova tentativa foi efetuada.

As condições do tempo mostravam-se extremamente severas: chuva e céu encoberto impediam o apoio da força aérea e a lama praticamente inviabilizava a participação de tanques. O grupamento do general Zenóbio da Costa no início conseguiu um bom avanço, mas o contra-ataque alemão foi violento. Os soldados alemães dos 1.043º, 1.044º e 1.045º regimentos de infantaria barraram os avanços dos soldados. No fim da tarde, os dois batalhões brasileiros voltaram à estaca zero.

Em 5 de dezembro, o general Mascarenhas recebe uma ordem do 4º Corpo de que “caberia à DIE capturar e manter o cume do Monte Della Torracia – Monte Belvedere.” Ou seja, depois de duas tentativas frustradas, Monte Castelo ainda era o objetivo principal da próxima ofensiva brasileira, a qual havia sido adiada por uma semana.

Mas em 12 de dezembro de 1944, a operação foi efetivada, data que seria lembrada pela FEB como uma das mais violentas enfrentadas pela tropas brasileiras no teatro de operações na Itália.

Com as mesmas condições meteorológicas da investida anterior, o 2º e o 3º batalhões do 1º Regimento de Infantaria fizeram, inicialmente, milagres. Houve inicialmente algumas posições conquistadas, mas o pesado fogo da artilharia alemã fazia suas baixas. Mais uma vez a tentativa de conquista se mostrou infrutífera e, o pior, causando 150 baixas, sendo que 20 soldados brasileiros haviam sido mortos.

A lição serviu para reforçar a convicção de Mascarenhas de que o monte Castelo só seria tomado dos alemães se toda a divisão fosse empregada no ataque – e não apenas alguns batalhões, como vinha ordenando o 5º Exército.

Somente em 19 de fevereiro de 1945, após a melhora do inverno o comando do 5º Exército determinou o início de uma nova ofensiva para a conquista do monte. Tal ofensiva utilizaria as tropas aliadas, incluindo a 1ª DIE, ofensiva que levaria as tropas para o vale do Pó, até a fronteira com a França.

O ataque final

Novamente a ofensiva batizada de Encore, ou Bis, utilizaria a formação brasileira para a conquista do monte e a consequente expulsão dos alemães. Desta vez a tática utilizada, seria a mesma idealizada por Mascarenhas de Moraes em 19 de novembro. Assim, em 20 de fevereiro, as tropas da Força Expedicionária Brasileira apresentaram-se em posição de combate, com seus três regimentos prontos para partir rumo ao monte Castelo.
http://www.assuntosmilitares.jor.br/201 ... a-feb.html




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Re: FEB

#22 Mensagem por J.Ricardo » Ter Nov 25, 2014 11:48 am

Estou lendo um ótimo livro sobre a FEB: "A Estrada para Fornovo", literalmente um livro e assunto viciante!




Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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#23 Mensagem por arcanjo » Dom Dez 21, 2014 7:25 pm

71 anos do Grupo de Caça

http://resenhamilitar.blogspot.com.br/2 ... -caca.html

abs.

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Re: FEB

#24 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Mar 06, 2015 1:31 pm





"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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Re: FEB

#25 Mensagem por NettoBR » Ter Mai 05, 2015 2:51 pm

http://www.youtube.com/watch?v=PW1Nl7aL7sQ
Comitiva do Exército Brasileiro, liderada pelo General de Exército Villas Bôas, Comandante do Exército, participou do Seminário, que ocorreu na Itália. A atividade faz parte do calendário de comemoração da vitória dos Aliados.
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"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo."
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Re: FEB

#26 Mensagem por NettoBR » Qui Mai 14, 2015 2:52 pm

http://www.youtube.com/watch?v=C-ByTuvsMjA




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Re: FEB

#27 Mensagem por Wingate » Qui Jul 02, 2015 5:19 pm

Filme noticiário norte-americano sobre a FEB (1944):





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