Mundo Árabe em Ebulição

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#46 Mensagem por FOXTROT » Sex Jan 28, 2011 10:19 am

pt escreveu:É engraçado, como os regimes da Libia e da Siria têm escapado da vaga de protestos...

É verdade que Kadaffi é um grande democrata, defensor dos direitos humanos e que Al Assad, (que governa um país onde as pessoas se suicidam com dois tiros na nuca) é um lider estrito mas justo. :roll: :roll:

É por isso fácil de entender, porque o malvado regime do Egipto tem problemas, mas na Libia (que até faz fronteira com a Tunisia) reina um paz florescente, banhada pelos raios das manhãs calmas.

Também não há razões para protesto na Siria, essa grande democracia que apoia esse grande movimento benemérito do Líbano chamado Hezbolla.

É que para haver realmente «molho» no mundo árabe, não falta só a Arabia Saudita e os reinos do golfo, onde os subditos de sua majestade têm até Taxi de graça para ir ao supermercado...

Faltam também a Siria, e a Libia...
De repente, esses dois exemplos do marximo triunfante e democrático, desapareceram do mapa... :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:


Até onde chega a hipocrisia... :roll: :roll: :roll: :roll:
Talvez pelo fato de que os países citados por você, não sejam aliados do ocidente e seus lideres, embora tiranos, sejam carismáticos, aos olhos dos seus povos.


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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#47 Mensagem por pt » Sex Jan 28, 2011 10:27 am

Carismáticos, você tem ideia do que diz ?

Tanto Kadafi quanto o monarca marxista Assad, são terroristas criminosos da pior especie, gente que mata, aterroriza e assassina. Veja os resitos das organizações de defesa dos direitos humanos
Você não vê oposição nas ruas na Libia e na Siria, porque a população vive aterrorizada, por tanto a Libia como a Siria são estados policiais muito mais crueis que a Tunisia ou o Egipto.

Isso explica-se por exemplo com o turismo. Tanto a Tunisia como o Egipto têm regimes muito mais liberais, que facilitam o deslocamento e a presença de estrangeiros nos seus países.
Na Siria e na Libia, é tudo controlado pela policia civil e pela policia secreta.

Eles já sabem o que pode acontecer. O Irão também teve movimentos populares depois das eleições falseadas, mas todos vimos o que acontece quando essas ditaduras gloriosamente anti-ocidentais se sentem ameaçadas: matam sem pudor. Não têm o mais pequeno problema em deixar um rasto de morte e de sangue nas ruas.

É o medo, e não o carisma, que mantêm a Libia e a Siria caladas.

Mas claro, esse tipo de ditaduras assassinas, por alguma razão têm os seus defensores ... :roll: :roll: :roll: :roll: :roll:




O problema que se lavanta no mundo árabe, está relacionado com a grande questão: Será possível haver uma verdadeira democracia árabe ?
É possível haver democracias islâmicas, mas poderá haver democracias árabes funcionais ?




Hader

Re: Mundo Árabe em Ebulição

#48 Mensagem por Hader » Sex Jan 28, 2011 10:28 am

E quem disse que os islâmicos estão buscando uma democracia????




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#49 Mensagem por P44 » Sex Jan 28, 2011 10:31 am

o Kaddafi não é terrorista, são os EUA que o dizem...




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#50 Mensagem por pt » Sex Jan 28, 2011 10:32 am

E quem disse que os islâmicos estão buscando uma democracia????
Os da Tunisia estão !

Pelo menos é o que as pessoas pedem nas ruas e é por essa razão que os americanos estão a favor do movimento. O Obama até referio explicitamente a luta do povo tunisino no discurso do Estado da Nação, dizendo que a América estava ao lado do povo da Tunisia.

Não há nenhuma dúvida de que até ao momento, a movimentação na Tunisia é uma movimentação de sectores democraticos que não querem nem ouvir falar de extremismo islâmico.

O que aconteceu na Tunisia não é uma revolução islâmica !
O que aconteceu na Tunisia foi uma revolução num país islâmico , que aparenta querer instaurar uma democracia.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#51 Mensagem por pt » Sex Jan 28, 2011 10:36 am

o Kaddafi não é terrorista, são os EUA que o dizem...
:roll: :roll: :roll:
Os americanos também decretaram que o Xico Franco galego não era um nazista e desinfectaram a alimaria para poder negociar com ela.
Mas isso não muda nada, para os que pensam com a própria cabeça...




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#52 Mensagem por P44 » Sex Jan 28, 2011 10:37 am

Já cá faltavam os angelicais americanos...


ps-o FD já está online outra vez, poupávamos nos tempos de antena, é que já enjoa!




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#53 Mensagem por marcelo l. » Sex Jan 28, 2011 10:40 am

Hader escreveu:E quem disse que os islâmicos estão buscando uma democracia????
Mestre, desculpe discordar, mas lá a democracia que eles procuram pode ser um pouco diferente...a bbc a pouco fez um documentário "After Rome Holy War-and-Conquest que a estudante siria ficava intrigada com o conceito de democracia que queria ser imposto pelo entrevistador.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#54 Mensagem por FOXTROT » Sex Jan 28, 2011 10:43 am

pt isso é a sua opinião, o Kaddafi após pagar as indenizações (pagando não é terrorismo) foi aplaudido pelos ocidentais ávidos por negócios.

A grande democracia egípcia prendeu mais de mil pessoas até o momento nas manifestações.

Em relação ao Irã as manifestações (não entro no mérito) foram apoiadas pelos ocidentais, muito interessadas em reformas.

Diz-me uma coisa, você esqueceu Arábia Saudita, ou os democratas de lá não são tiranos?

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#55 Mensagem por P44 » Sex Jan 28, 2011 10:44 am

A Arábia Saudita e a sua policia religiosa são um baluarte da Democracia...




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#56 Mensagem por FOXTROT » Sex Jan 28, 2011 10:47 am

terra.com.br

Autoridades egípcias detêm prêmio Nobel da paz ElBaradei
28 de janeiro de 2011

As autoridades egípcias retêm o dirigente da oposição egípcia e prêmio nobel da paz Mohamed ElBaradei, informou nesta sexta-feira a rede catariana de televisão Al-Jazeera.

Segundo Al-Jazeera, ElBaradei estava nesta sexta-feira em uma mesquita do bairro de Giza, e quando tentou sair dela foi impedido pela polícia, que também proibiu a saída do dirigente da oposição Ossama Ghazali.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#57 Mensagem por pt » Sex Jan 28, 2011 10:52 am

Seria interessante estabelecer diferenças clara quando falamos de islâmicos como se fossem uma raça especial.

Uma estudante Síria, evidentemente que vai ter uma ideia sobre democracia, condicionada pelo facto de viver num país onde as pessoas aparecem suicidadas com dois tiros na nuca (versões oficiais emitidas pela policia da Síria).
É como quando fazemos perguntas sobre politicas a um chinês, mesmo fora da China. O chinês evita sempre, porque tem medo do que o governo pode fazer aos seus familiares na China.

Os ditadores têm esta ideia de que cada país pode ter o seu próprio conceito de democracia. Assim, eles podem roubar o nome e aplicar a expressão a qualquer regime ditatorial.
Democracia que dizer governo do povo, e implica coisas simples como o direito de eleger os governantes numa eleição, e decidir numa eleição em que a maioria tem vantagem...

O que vemos na Tunisia, é isso.
Não é um movimento islâmico, que gosta da Democracia tanto quanto o Castro, o Chavez ou o Pinochet.

A questão, é até que ponto uma sociedade árabe poderá implementar uma democracia representativa normal, em vez de uma farsa, controlada por um ditador.
A Tunisia tem uma população com um nível de educação mais elevado que outros países árabes e isso é visto como um factor favorável, no desenvolvimento de uma democracia saudável.

O problema, é se esses países podem realmente atingir níveis de desenvolvimento elevado e se as suas sociedades têm capacidade para progredir.
Aqui entra o problema religioso.
Uma sociedade em que a religião coloca as mulheres dentro de casa, poderá ser produtiva para competir no mercado mundial ?

Os turcos são islâmicos, mas há mulheres em toda a sociedade e trabalham, o problema é se a visão restrita do Islão que muitos árabes aplicam (afinal o profeta era árabe) não tornara essa abertura da sociedade impossível.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#58 Mensagem por pt » Sex Jan 28, 2011 11:00 am

pt isso é a sua opinião, o Kaddafi após pagar as indenizações (pagando não é terrorismo) foi aplaudido pelos ocidentais ávidos por negócios.
A minha opinião ? :shock: :shock: :shock:

Mas você vive em que mundo ?

A ocidentalização do Khadafi, foi regulamentada por decreto.
Que os governos europeus estejam interessados no dinheiro, é uma coisa, mas não se transforma um ditador assassino num democrata por decreto.

O que os países europeus estão neste momento à espera, é que o Khadaffi morra.
Os italianos foram os primeiros a perceber isso e tomaram posições, depois houve alguma abertura e os ingleses até devolveram um terrorista para a Libia, para o ditador limpar a face.

A Libia continua - como a Siria - debaixo de uma bota criminosa de um ditador cruel e sem escrupulos.




As ditaduras do golfo são casos àparte. São ditaduras absolutas, não esquecer que a Arábia é basicamente um Estado Feudal, como o Vaticano. A família Saud, protege os lugares santos. A região da arábia onde a familia Saud protege esses lugares chama-se arábia saudita e constituiu-se em estado.

Mas continua a ser uma ditadura, o problema é que é uma ditadura que dá chocolates à maioria da população.
E a maioria das pessoas não se importa viver numa ditadura, se o ditador mantiver um elevado estilo de vida para o cidadãos.

A maioria das pessoas, não se importa de viver numa ditadura, em que os médicos esperam pelas pessoas nos postos de saúde, em que o crime é reduzido, em que grande parte da população tem acesso a grande numero de luxos e mordomias.

Por isso dificilmente haverá revoluções da arábia saudita, pelo menos enquanto o governo continuar a subsidiar tudo e todos.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#59 Mensagem por marcelo l. » Sex Jan 28, 2011 11:27 am

pt escreveu:Seria interessante estabelecer diferenças clara quando falamos de islâmicos como se fossem uma raça especial.

Uma estudante Síria, evidentemente que vai ter uma ideia sobre democracia, condicionada pelo facto de viver num país onde as pessoas aparecem suicidadas com dois tiros na nuca (versões oficiais emitidas pela policia da Síria).
É como quando fazemos perguntas sobre politicas a um chinês, mesmo fora da China. O chinês evita sempre, porque tem medo do que o governo pode fazer aos seus familiares na China.

Os ditadores têm esta ideia de que cada país pode ter o seu próprio conceito de democracia. Assim, eles podem roubar o nome e aplicar a expressão a qualquer regime ditatorial.
Democracia que dizer governo do povo, e implica coisas simples como o direito de eleger os governantes numa eleição, e decidir numa eleição em que a maioria tem vantagem...

O que vemos na Tunisia, é isso.
Não é um movimento islâmico, que gosta da Democracia tanto quanto o Castro, o Chavez ou o Pinochet.

A questão, é até que ponto uma sociedade árabe poderá implementar uma democracia representativa normal, em vez de uma farsa, controlada por um ditador.
A Tunisia tem uma população com um nível de educação mais elevado que outros países árabes e isso é visto como um factor favorável, no desenvolvimento de uma democracia saudável.

O problema, é se esses países podem realmente atingir níveis de desenvolvimento elevado e se as suas sociedades têm capacidade para progredir.
Aqui entra o problema religioso.
Uma sociedade em que a religião coloca as mulheres dentro de casa, poderá ser produtiva para competir no mercado mundial ?

Os turcos são islâmicos, mas há mulheres em toda a sociedade e trabalham, o problema é se a visão restrita do Islão que muitos árabes aplicam (afinal o profeta era árabe) não tornara essa abertura da sociedade impossível.
Até achei que ela estava correta, a definição de democracia hoje em dia é complicada, fraudes, intromissão da religião na política, repressão, estado tomado para interesse de uma minoria é regra e não excessão, mas aquilo que fez uma parte dos cidadão atenienses diferentes que era governar bem para maioria dos cidadãos, mudando o sentido de palavra pejorativa democrata para hoje ser exemplo de valores considerados universais, é passado.




Editado pela última vez por marcelo l. em Sex Jan 28, 2011 11:48 am, em um total de 1 vez.
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#60 Mensagem por FOXTROT » Sex Jan 28, 2011 11:33 am

No meu mundo há ditadores na Líbia, Síria, Egito e Arábia Saudita entre outros, nesse mundo também não há ranço contra URSS/Rússia.

A seguir mais um exemplo da grande democracia petroleira;
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
http://www.publico.pt/Mundo/detencoes-a ... ro_1392799
Detenções arbitrárias na Arábia Saudita passaram de centenas para milhares após o 11 de Setembro
22.07.2009 - 09:40 Por Isabel Gorjão Santos
Saud al-Hashimi é médico, foi detido na Arábia Saudita em Fevereiro de 2007 e desde então é sujeito a tortura e maus tratos. O seu caso é um entre muitos. A Anistia Internacional publica hoje um relatório sobre os atropelos aos direitos humanos na Arábia Saudita e conclui que a situação piorou muito desde os atentados de 11 de Setembro de 2001.

Além das restrições às liberdades das mulheres, é longa a lista de abusos na Arábia Saudita.

A última vez que Saud al-Hashimi foi torturado foi em Junho, quando iniciou uma greve de fome para protestar contra a detenção por tempo indeterminado, sem julgamento. Foi despido e metido numa cela gelada.

O seu caso preocupou a Amnistia Internacional, tal como o do acadêmico Abdul Rahman al-Sudais, de 48 anos, que está preso desde 2003 e foi julgado em segredo, sem advogado. Ou o de Sa'id bin Zu'air, professor universitário de 60 anos, detido em Riad em 2007, depois de ter dado entrevistas em que criticou o Governo do rei Abdullah. Acredita-se que esteja detido com o filho e não há notícias de qualquer acusação ou julgamento.

Estes e muitos outros relatos de violações de direitos humanos chamaram a atenção da Anistia Internacional. O relatório elaborado concluiu que se têm cometido muitas violações "em nome da guerra ao terrorismo". Milhares de pessoas foram presas em segredo e muitas foram mortas em circunstâncias desconhecidas, enquanto centenas enfrentam julgamentos secretos e podem estar sujeitas à pena de morte.

No início do mês, o Ministério da Justiça saudita anunciou que 330 pessoas foram detidas por crimes ligados ao terrorismo. Mas "os nomes das pessoas ou detalhes das acusações não foram divulgados", diz o relatório. Entre 2003 e 2007, foram detidos 9000 suspeitos de terrorismo, segundo os dados do Ministério do Interior, e mais de 3100 continuam presos.

Mundo fecha os olhos

Desde os atentados que derrubaram as Torres Gêmeas em Nova Iorque o número de pessoas presas de forma arbitrária aumentou de centenas para milhares, segundo a Anistia Internacional. "Estas medidas antiterrorismo injustas agravam uma já delicada situação de direitos humanos", sublinha Malcolm Smart, diretor da Anistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.

"O Governo da Arábia Saudita tem-se feito valer da sua poderosa influência internacional para se evadir e a comunidade internacional falhou em responsabilizar o Governo por estas graves violações", afirma Smart.

A lista de atropelos é grande, mas inclui sobretudo detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados, tortura, julgamentos secretos e sumários ou sem culpa formada. É usada a tortura, incluindo métodos como espancamento com paus, socos, suspensão no teto, choques elétricos e tortura do sono.

O relatório salienta que a Arábia Saudita não tem sido pressionada pelo Ocidente para respeitar os direitos humanos. "Há uma corrida aos recursos naturais e fecha-se um pouco os olhos", diz Pedro Krupenski, director executivo da secção portuguesa da Anistia Internacional.

"O relatório baseou-se em relatos que chegaram do país e variadíssimas queixas de abusos no sector judicial relacionadas com a guerra ao terrorismo", explica Krupenski. "Foi criada uma neblina enorme à volta desta questão e é difícil investigar", adianta. "E se antes as autoridades até pareciam fazer alguma gala no que se refere às execuções, agora é tudo feito de forma velada".

No ano passado, a Arábia Saudita aplicou a pena de morte a 102 pessoas, homens e mulheres. Destas, 39 eram estrangeiras, segundo o relatório anual da Anistia Internacional de 2009. Alguns dos punidos são imigrantes paquistaneses ou iemenitas. E grande parte das execuções ocorreu por motivos que nada têm a ver com o combate ao terrorismo: tráfico de droga, homossexualidade - que na Arábia Saudita é condenada com a pena capital - ou acusações de blasfêmia ou apostasia.

Detenção de opositores

Em Março deste ano, o Governo saudita anunciou que tinham começado os julgamentos de 991 acusados de crimes puníveis com pena de morte, mas a Anistia denuncia o fato de, em muitos casos, os acusados e as famílias não terem sido informados.




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