Um amigo meu dos tempos de juventude serviu ao EB um ano depois de mim. Quando foi convocado, trabalhava como auxiliar de mecânico, limpando peças com gasolina dos motores em conserto.Clermont escreveu:E quem quer saber de exército profissional?
Um exército profissional jamais poderia ter o tamanho do atual Exército brasileiro. Seria preciso ter menos brigadas, menos batalhões, menos regimentos, menos grupos.
E isso quer dizer, menos generais, menos coronéis, menos cadetes da AMAN.
Alguém acredita que uma coisa dessas seja popular dentro do Alto-Comando?
Mas não é só isso.
Um exército profissional também não interessa aos políticos, em especial os paroquianos. Menos quartéis significa menos atividades econômicas em vários municípios. E menos desfiles de 7 de Setembro.
Além do mais, quem vai matar mosquitos da dengue? Quem vai tapar buracos nas estradas? Quem vai asfaltar com custo zero de mão-de-obra (recruta é mais ou menos como um servo de gleba medieval prestando corvéia ao seu senhor).
Vejam estes soldados do Exército. Imaginem que eles tivessem três anos de serviço voluntário nas costas. Soldados capazes de lançar uma granada de mão numa cesta de basquete a vinte metros de distância. Capazes de abater um inimigo a 200 metros, com um só tiro de fuzil. Capazes de resistir a uma carga-suicida de guerrilheiros disparando AKMs em automático total, sem pensar em correr. Especialistas em aproveitar cada haste de capim no terreno como cobertura.
Você vai passar três anos ensinando isso a um soldado para, depois, mandá-lo matar mosquitos da Dengue?
Realmente, a quem interessa um exército profissional no Brasil?
Por obra e graça dos deuses foi chamado para auxiliar na manutenção de viaturas no quartel onde servia. Fez um curso rápido de motores diesel e, quando deu baixa, imediatamente conseguiu emprego na montadora SCANIA.
Mas esses casos são exceções onde deveriam ser uma regra.
Uma pena.
Wingate