END: o fim de um Estado pacifista?

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END: o fim de um Estado pacifista?

#1 Mensagem por Marino » Sex Jul 09, 2010 3:51 pm

Texto, que deixo para análise dos DBistas, de três mestrandos portugueses de Relações Internacionais.
Disponível em: <http://mundorama.net/2010/07/09/o-novo- ... ndorama%29>

O Novo Plano de Estratégia Nacional de Defesa Brasileira:
O fim de um Estado Pacifista?

Por:
Iberê Pinheiro dos Santos Filho,
Bernardo dos Reis Peixoto &
Mónica Alexandra Silva

Em se apresentando as questões acerca das recorrentes alterações no cenário internacional, mais especificamente, em matéria de Segurança e Defesa, a todos tempo apresentadas pelo diversos acordos e tratados bi ou multilaterais que presenciamos cotidianamente, apreciamos que estes eventos demandam a cada dia novas posturas e posicionamentos por parte dos Atores Internacionais.
Dentro deste contexto, o presente trabalho foi elaborado acerca de um tema que bem reflete tais alterações para um determinado ator que tem ganhado relevo destaque no cenário internacional e, face a isto, propôs-se uma reestruturação de suas estruturas e políticas internas de Segurança e Defesa, um novo desenho de sua Arquitetura de Segurança.
Sendo assim, a Estratégia Nacional de Defesa Brasileira foi o tema escolhido pelos autores que, acreditam, irá e tem influenciado enormemente o tratamento e posicionamento brasileiro face às questões de segurança global e suas pretensões perante a comunidade internacional.
Neste sentido, a hipótese de trabalho que se pretende neste artigo versa sobre as alterações promovidas na Política Externa de Segurança e Defesa Brasileira face ao novo plano de Estratégia Nacional de Defesa. E, para melhor desenvolver a questão, parte-se do seguinte questionamento, “O Novo Plano de Estratégia Nacional de Defesa Brasileiro: O fim de um Estado Pacifista?”
O objetivo almejado pelos autores é verificar se todas as medidas adotadas e previstas para uma futura, mas não distante, implementação da Estratégia irão de alguma maneira influenciar no posicionamento do Estado Brasileiro no que concerne ao seu discurso pacifista.
Para esta questão, este artigo foi elaborado com a seguinte estrutura: três grandes capítulos que analisam distintas vertentes da Estratégia Nacional de Defesa Brasileira, definidos conforme abaixo.
O primeiro capítulo denomina-se A Estratégia Nacional de Defesa Brasileira. Neste capítulo os autores tratam acerca dos aspectos históricos da Defesa Brasileira, de maneira sintetizada, para então passar à leitura pormenorizada das principais características do plano que aborda a Estratégia Nacional de Defesa. Evidencia-se a clara separação adotada no plano em que os autores destacam os três eixos estruturantes do mesmo: O primeiro versando essencialmente sobre a organização das Forças Armadas, definindo diretrizes e estratégias específicas para cada uma das Forças, bem como sobre o relacionamento entre elas. O segundo eixo sobre a reestruturação da indústria bélica brasileira, objetivando que a reestruturação das Forças Armadas do país tenham contribuição decisiva de tecnologias de domínio nacional. E, finalmente, o último eixo estruturante que trata sobre a composição dos efetivos das Forças Armadas e sobre o serviço militar obrigatório
A partir deste intróito, o capítulo seguinte Medidas Implementadas em razão do Novo Plano de Estratégia Nacional de Defesa Brasileira. Com bem explicita o título, o capítulo versa sobre as medidas já adotadas e as que se encontram em fase de desenvolvimento para que a Estratégia Nacional de Defesa seja validade e atinja seus objetivos. Ressalta-se neste capítulo a atuação brasileira em âmbito interno e externo, demonstrando não somente as alterações de suas estruturas para a consolidação das melhorias impostas pelo plano, mas também, a viabilização de tratados e acordos internacionais, seja em foro bilateral ou multilateral, objetivando a sua consolidação enquanto pretensa potência militar perante o cenário internacional.
E, para conclusão da instrução das informações, o terceiro capítulo O Protagonismo Brasileiro, cujo principal objetivo é a breve análise do comportamento brasileiro perante o cenário internacional e de que maneira este comportamento é encarado perante os demais atores internacionais. Neste capítulo, os autores analisam questões não somente dos acordos e tratados firmados pelo Estado Brasileiro, mas também, as políticas adotadas em relação ao seu protagonismo na América do Sul e seu desempenho em questões polêmicas como o tratamento da questão Nuclear e o Irã.
A considerar que trata-se de um tema ainda pouco explorado pela comunidade acadêmica e recente para as transformações a que se propõe, a bibliografia consultada obteve apenas o tratamento de documentos oficiais mais pormenorizadamente e de artigos que explicitaram o comportamento do Estado Brasileiro, sendo que o enquadramento teórico e análise acadêmica deram-se por aplicação analógica a eventuais casos pré-existentes e tentativa de adoção de teorias que melhor explicitam a questão.
Na conclusão será possível verificar de que maneira, após o estudo do comportamento brasileiro e sua evolução em matéria de Segurança e Defesa, poderão resultar positivamente as medidas adotadas pelo Estado Brasileiro nos seus objetivos de alcançar uma posição de destaque perante o cenário internacional.

1. A Estratégia Nacional de Defesa Brasileira
A tradição brasileira de paz expressada, sobretudo, através da regência de suas relações internacionais por princípios constitucionais como o da não-intervenção e da solução pacífica dos conflitos faz com que o país, que nunca teve a cultura da guerra, não tenha também a cultura da defesa. Após o fim do período dos governos militares (1964-1985) as Forças Armadas passaram por um processo de desvalorização, justificado pelo temor de que, de alguma forma, comprometessem o desenvolvimento da democracia reconquistada com grande dificuldade.
Mais de duas décadas depois da volta da democracia, o governo brasileiro entende que é a hora de voltar a dar atenção ao setor de defesa e forma uma comissão com o objetivo de elaborar uma Estratégia Nacional de Defesa que em 9 de setembro de 2008 foi finalmente aprovada pela Presidência da República.
Este documento surge em um momento no qual o Brasil adota novas diretrizes em sua política externa, buscando afirmar através de todos os meios seu não alinhamento automático com as grandes potências, sobretudo com os Estados Unidos da América, firmar seu papel de líder regional e colocar-se como importante ator da sociedade internacional.
Desde logo estipula-se ser a estratégia nacional de defesa inseparável da estratégia nacional de desenvolvimento, alegando que uma reforça as razões da outra. Aduz ainda que projeto forte de desenvolvimento é aquele que se guia pelos princípios da independência nacional no contexto de mobilização de recursos para investimento no setor produtivo; na capacitação tecnológica, inclusive em setores estratégicos como o espacial , o cibernético e o nuclear; e na democratização de oportunidades educativas e econômicas de modo a ampliar a participação popular nos processos decisórios da vida e da política do país. Neste sentido a Estratégia é baseada em três eixos estruturantes.
O primeiro eixo versa essencialmente sobre a organização das Forças Armadas, definindo diretrizes e estratégias específicas para cada uma das Forças, bem como sobre o relacionamento entre elas. Em seguida, o plano refere-se sobre a reestruturação da indústria bélica brasileira, objetivando que a reestruturação das Forças Armadas do país tenham contribuição decisiva de tecnologias de domínio nacional. Finalmente, o último eixo estruturante trata sobre a composição dos efetivos das Forças Armadas e sobre o serviço militar obrigatório.
De acordo com estes três pontos fundamentais, o plano traça vinte e três diretrizes que devem nortear o desenvolvimento das políticas de defesa do Brasil nos próximos anos, conforme veremos a seguir.
Inicialmente, as diretrizes tratam sobre monitoramento e controle das fronteiras terrestres e das águas jurisdicionais brasileiras, ressaltando a capacidade de responder prontamente à qualquer ameaça ou agressão através da mobilidade estratégica. Considerando que o Brasil é um país de dimensões continentais, a capacidade de mobilidade estratégica, que é a capacidade de se deslocar prontamente ao teatro de operações, e a mobilidade tática, que é a capacidade de se mover já dentro do teatro, é de suma importância para o êxito de qualquer operação militar. Neste quesito, o suporte tecnológico é também indispensável.
Outra diretriz importante versa sobre o fortalecimento de três setores de importância estratégica: o espacial, o cibernético e o nuclear, setores que ultrapassam a divisão entre o desenvolvimento da defesa, o setor civil e o setor militar. O desenvolvimento dos setores espacial e cibernético permite a integração das operações das três Forças sem a dependência de tecnologia estrangeira, garantindo a segurança necessária para este tipo de operação. Por sua vez, com relação à energia nuclear, ressalta-se que apesar do Brasil estar comprometido com o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, não pode abdicar de desenvolver e dominar esta tecnologia, que pode garantir além da versatilidade da matriz energética brasileira, o avanço em áreas como agricultura e saúde e dar prosseguimento ao projeto brasileiro do submarino de propulsão nuclear.
Através de diretrizes claras no que diz respeito ao organograma das Forças Armadas brasileiras, a Estratégia Nacional de Defesa propugna pela unificação das operações das três Forças para além dos protocolos de exercícios conjuntos, assegurando a integração sob a subordinação ao poder político constitucional centrada, sobretudo, nas figuras do Presidente de República e do Ministro da Defesa.
Dentro das características do território brasileiro, outro ponto crucial para a Estratégia Nacional de Defesa é o reposicionamento dos efetivos militares. Ao longo do desenvolvimento das instituições brasileiras de defesa, os maiores efetivos acabaram por ficam concentrados junto à região mais desenvolvida do país. As principais unidades do Exército encontram-se no Sudeste e no Sul do país, onde também estão sediadas as instalações tecnológicas da Força Aérea e a esquadra da Marinha. Por outro lado, as maiores preocupações no âmbito da defesa encontram-se no Norte e no Oeste do país e no Atlântico Sul. É claro que se justifica a preocupação com a defesa das regiões com as maiores concentrações demográficas e com os maiores parques industriais do país, entretanto a Marinha deve se fazer presente na foz e nas grandes bacias fluviais do rio Amazonas, ao Norte e dos rios Paraguai e Paraná, ao Sul. Da mesma forma, o exército deve realocar seu efetivo para o centro do país, o que facilitará seus deslocamentos em qualquer direção, maximizando a agilidade da resposta em caso de agressão. Ainda de acordo com esta idéia, é necessário incrementar a presença das três Forças nas áreas de fronteira.
A Amazônia é outra prioridade da Estratégia Nacional de Defesa. Por suas características singulares, a região é um dos maiores focos de interesse para a defesa, e, neste sentido, o Brasil será vigilante na reafirmação incondicional de sua soberania sobre a Amazônia. Devido à sua vastidão territorial, é necessário também que se fortaleça a capacidade logística na região, para assegurar a mobilidade em qualquer circunstância.
Ainda em função da vastidão territorial do Brasil e considerando os requisitos básicos de monitoramento/controle, mobilidade e presença, é de suma importância desenvolver o repertório de práticas e de capacitações operacionais dos combatentes, bem como o conceito de flexibilidade no combate, possibilitando que o militar domine as tecnologias e práticas operacionais exigidas por este conceito.
A estruturação dos efetivos das Forças é também um ponto importante. É necessário rever a composição dos efetivos de modo a melhor dimensioná-los para atender o previsto na Estratégia Nacional de Defesa e prepará-los adequadamente para o cumprimento de missões de garantia da lei e da ordem, nos termos da Constituição Federal.
A tradição de paz do Brasil faz com que o país não tenha inimigos específicos no plano externo. Por este motivo, é necessário estruturar o potencial estratégico das Forças Armadas em torno de capacidades, preservando a paz sem deixar de se preparar para a guerra. No quesito de preservação da paz, também é fundamental preparar as Forças Armadas para o desempenho de responsabilidades crescentes em operações de manutenção de paz, como é o caso da Mission des Nations Unies pour la stabilisation en Haiti (MINUSTAH) cujas forças de paz são comandadas pelo Brasil desde a criação da missão em 2004, reafirmando os objetivos brasileiros de consolidação da sua posição na sociedade internacional, dentro de sua vocação para a paz. Ainda no plano internacional, a Estratégia prevê a ampliação da capacidade de atender aos compromissos internacionais de busca e salvamento.
Estimular a integração da América do Sul é outra prioridade para a defesa brasileira. Esta integração, além de contribuir para a defesa do Brasil, afastando as possibilidades de conflitos na região, fomentará a cooperação militar regional e a integração das bases industriais de defesa. A criação do Conselho de Defesa Sul-Americano, de acordo com a Estratégia, criará um mecanismo consultivo que permitirá prevenir conflitos e fomentar a cooperação militar regional e a integração das bases industriais de defesa, sem a participação de países alheios à região.
Com relação à industria nacional de material de defesa, é imperativo capacitá-la com o objetivo de que esta conquiste a autonomia tecnológica necessária para prover as necessidades nacionais e competir em mercados externos com o objetivo de aumentar sua escala de produção. Esta autonomia tecnológica virá também através da busca de parcerias com outros países, que sempre que possível serão construídas como expressões de associação e colaboração mais abrangentes, com o objetivo de eliminar progressivamente a compra de serviços e produtos importados.
Finalmente, a Estratégia prevê o desenvolvimento do potencial de mobilização militar e nacional com o objetivo de assegurar a capacidade dissuasória e operacional das Forças Armadas. A elasticidade é essencial para o desenvolvimento das operações militares, uma vez que ao se deparar com situações de conflito, as Forças Armadas devem dispor de meios para aumentar rapidamente seus recursos materiais e humanos, e é neste contexto que surge a manutenção do Serviço Militar Obrigatório.
A Estratégia Nacional de Defesa sustenta que o Serviço Militar Obrigatório é condição para que se possa mobilizar o povo brasileiro em defesa da soberania nacional e, por isso, estabelece como objetivo que o Serviço Militar seja de fato obrigatório, envolvendo todas as classes sociais e estipulando que, aqueles que fossem desobrigados do Serviço Militar, fossem incentivados a prestar um serviço de natureza civil, de acordo com sua instrução preexistente. Os que prestassem o Serviço Militar receberiam treinamento militar básico, compondo uma força de reserva mobilizável a garantir as necessidades de mobilização das Forças Armadas.
Estas são as principais diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa do Brasil. Através destes meios, o país espera reverter o quadro de sucateamento das Forças Armadas, o que, aliado a um plano de desenvolvimento social e econômico sustentado e ao esforço para participar ativamente da sociedade internacional, buscando sempre um papel protagonista, deve criar as condições para que o país se firme como ator decisivo dentro de uma nova ordem mundial.
Reorganizar e reaparelhar as Forças Armadas, alçando-as ao nível de importância que o Brasil detém no campo econômico e no campo político, e traçar estratégias de desenvolvimento conjunto nestes três setores que formam o trinômio indispensável para qualquer nação que se pretenda participar ativamente da sociedade internacional, deixa claro que os objetivos brasileiros não podem ser explicados unicamente sob a ótica bélica, constituindo as bases de um plano de longo prazo com objetivos mais amplos, culminando com a consolidação do Brasil enquanto potência mundial emergente.

2. Medidas Implementadas em razão do Novo Plano de Estratégia Nacional de Defesa Brasileira
O Novo Plano de Estratégia Nacional de Defesa Brasileira (PENDB) começou a ser efetivado a partir da criação da Lei n. 11.631, de 27 de dezembro de 2007, que teve como escopo dispor acerca da Mobilização Nacional e a criação do Sistema Nacional de Mobilização (SINAMOB). O termo Mobilização Nacional foi cunhado no inciso XIX do artigo 84 da Constituição Federal Brasileira de 1988 e tem como base apenas a mobilização dos recursos nacionais e das estruturas federais para os casos de declaração de guerra à ameaça estrangeira. Em 2007 o SINAMOB passa a integrar o PENDB que prevê ações não apenas no caso de ameaça estrangeira, mas também a orientação do sistema nacional de Defesa Brasileira em tempos de paz, consubstanciado no Decreto n. 6.703, de 18 de dezembro de 2008. Os fundamentos do PENDB são descritos no documento da Estratégia Nacional de Defesa (Brasil, 2008): “Os ambientes apontados na Estratégia Nacional de Defesa não permitem vislumbrar ameaças militares concretas e definidas, representadas por forças antagônicas de países potencialmente inimigos ou de outros agentes não-estatais. Devido à incerteza das ameaças ao Estado, o preparo das Forças Armadas deve ser orientado para atuar no cumprimento de várias missões, em diferentes áreas e cenários, para respaldar a ação política do Estado”.
Dentre as medidas previstas para a Estratégia Nacional de Defesa, há a Hipótese de Emprego (HE) das Forças Armadas em conjunto, onde se destacam a supervisão e proteção das fronteiras do território Nacional, em especial da Região Amazônica, as providências internas em caso de guerras em outras regiões do mundo em que haja o emprego de armas de destruição em massa, a participação do Brasil em missões de paz e humanitárias, participação em operações internas para garantia da Lei e da Ordem em conformidade à Constituição Federal e nos casos de ameaça de conflito armado no Atlântico Sul.
As medidas práticas que são abordadas no documento preveem Ações Estratégicas que contemplam as seguintes áreas: Ciência e Tecnologia, Recursos Humanos, Ensino, Mobilização, Logística, Indústria de Material de Defesa, Comando e Controle, Adestramento, Inteligência de Defesa, Doutrina, Operações de Paz, Infraestrutura, Garantia da Lei e da Ordem, Estabilidade Regional, Inserção Internacional e Segurança Nacional.
Todas as medidas previstas no Plano são de responsabilidade do Ministério da Defesa, do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e dos Estados-Maiores das três Forças Armadas (Marinha, Exército e Força Aérea).
Os primeiros sinais de que as medidas começaram a ser implementadas possuem reflexos no campo econômico. Conforme divulgado pelo Ministério da Defesa veiculado pela mídia (TOSTA, 2010), houve um aumento considerável dos gastos do Ministério da Defesa na proporção de 44,54% (quarenta e quatro vírgula cinquenta e quatro pontos percentuais) no período compreendido entre os anos de 2004 a 2009. De acordo com as informações estes gastos são, majoritariamente, referentes a Recursos Humanos. Entretanto, há de ressaltar-se que também houve no período a aquisição de material bélico e transporte militar, com a aquisição de submarinos, caças e veículos terrestres de combate.
Ademais, há a previsão da ampliação dos quadros de militares efetivos. Atualmente, as Forças Armadas possuem na ativa 309.996 (trezentos e nove mil, novecentos e noventa e seis) militares. Segundo o Plano, há a pretensão de ampliar este quadro efetivo a 500.000 (quinhentos mil) em duas décadas. Ou seja, um acréscimo de 61,29% (sessenta e um virgula vinte e nove pontos percentuais) no número do quadro de militares das Forças Armadas Brasileiras. Um Projeto de Lei do Deputado Federal Raul Jungmann, sob o número PL-4752/2009 já se encontra sob apreciação junto ao Congresso Nacional, cujo teor visa alterar o art. 1º da Lei nº. 11.320, de 6 de julho de 2006, que fixa os efetivos do Comando da Aeronáutica em tempo de paz, sob o fundamento de aumentar o número de Oficiais: Superiores, Intermediários e Subalternos e de Praças (Suboficiais, Sargentos, Cabos e Soldados).
Outra medida que obteve impacto imediato, foi em relação ao reforço da presença das Forças Militares nas fronteiras Brasileiras, especialmente nas fronteiras da Região Amazônica, conforme outro Projeto de Lei do mesmo deputado sob o nº. 543/2009, que pretende dar nova redação e acrescer dispositivos à Lei Complementar nº. 97, de 9 de junho de 1999, que dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas. Com a aprovação deste, formaliza-se a criação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, unificando a coordenação de ações dos três Estados-Maiores (Exército, Marinha e Força Aérea), tornando obrigatória a presença das Forças Conjuntas na fiscalização de fronteiras brasileiras, o que até o momento é obrigação exclusiva do Exército Brasileiro.
Outra medida que também se destaca refere-se à Assinatura do Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América sobre Cooperação em Matéria de Defesa, em 12 de abril deste ano (MILLES, 2010). Conforme texto do Acordo, o seu objetivo é o “fortalecimento de boas e cordiais relações” entre ambos os países, além de ressaltaram a reafirmação do Princípio da Soberania e da não-intervenção em assuntos internos. Apesar do desencontro dos discursos em relação ao tratamento do Iran e o seu programa nuclear, ambos os países têm mantido o seu relacionamento estreito e cooperativo, conforme pode-se extrair do conteúdo deste acordo onde prevê em seu artigo 1º, alínea ‘a’, a Cooperação em “áreas de pesquisa e desenvolvimento, apoio logístico, segurança tecnológica e aquisição de produtos e serviços de Defesa”. Também é previsto na alínea ‘c’ do mesmo artigo, a troca de experiências na área de tecnologia de Defesa. Destacam-se também as visitas e trocas de informações no âmbito de Defesa de ambos os países e a possibilidade de realização de exercícios militares em conjunto.
Três dias após, em 15 de abril deste ano no encontro entre Brasil e Índia por ocasião da IV Cúpula do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) e da II Cúpula do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), ambos os países firmaram um Acordo Bilateral com vistas ao desenvolvimento conjunto de aeronaves militares de alta tecnologia (TOSTA, 2010).
A repercussão e reflexo destes acordos bilaterais firmados pelo Brasil neste ano serão objeto de melhor análise do próximo capítulo, alinhados às impressões do Sistema Internacional e de seus Atores face às novas Estratégias de Defesa adotadas pelo Estado Brasileiro.
Estas são apenas algumas das medidas que já se encontram em implementação e possuem resultados concretos, mas o que se pode deduzir é que o Novo Plano de Estratégia Nacional de Defesa Brasileira possui como escopo a tentativa do Brasil em afirmar-se como uma potência perante o Sistema Internacional por meio do reforço de seu aparato de Segurança e Defesa.

3. O protagonismo brasileiro
Existem três fatores que devem ser levados em consideração para que um Estado possa ser considerado uma potência, a sua extensão territorial, o seu poder econômico e o seu poder militar. O Brasil tem vindo a afirmar-se internacionalmente enquanto potência regional, quer a nível econômico quer a nível militar, relativamente à sua extensão territorial não são suscitadas quaisquer dúvidas. Em termos econômicos, o Brasil, apesar das disparidades dos seus vinte e seis Estados, constitui um enorme espaço econômico, é visto como um grande consumidor graças ao seu índice populacional e a recente descoberta de jazidas de petróleo na sua costa irá colocá-lo entre os principais produtores e exportadores. O seu índice de crescimento tem superado todas as expectativas. Em termos militares, tem vindo a encetar uma profunda modernização das suas forças armadas, passando pela reestruturação da sua indústria de material de defesa, e adquirindo novos equipamentos. Em virtude da conjugação destes factores, adquiriu um peso internacional relevante. Poderemos acrescentar que para alguns autores, o Brasil é considerado uma potência média, apesar deste conceito estar relacionado com o período bipolar do Sistema Internacional, no sentido do seu posicionamento intermediário e grau de influência global.
O Estado brasileiro tudo tem feito para desempenhar um papel relevante nas Relações Internacionais, sendo considerado uma potência emergente em franco crescimento. Ele saiu para a ribalta a partir do momento que conseguiu controlar a sua inflação e modernizar a economia, tornando-se, assim, competitiva. O Brasil tudo tem feito para se demarcar a nível internacional, tendo dirigido a sua diplomacia no sentido de uma candidatura a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, na liberalização mundial dos produtos agrícolas, no âmbito da Organização Mundial do Comércio, e na construção de uma União da América do sul. Temos assistido da parte do governo brasileiro a uma multiplicação de iniciativas que visam reforçar o seu papel como actor central na América do sul, principiando na Mercosul e passando pela Unasul. Segundo Paulo Roberto de Almeida, estas iniciativas podem ser consideradas como “fazendo parte de um projecto mais vasto de construção de uma “governança” sob a liderança brasileira”. A sua ascensão no Sistema Internacional tem vindo a processar-se a par do seu forte crescimento económico, colocando-o a competir com as potências do centro. Ora, o Estado brasileiro almeja a vir a desempenhar um papel preponderante no Sistema Internacional mas sem nunca pôr em causa a sua defesa do princípio da não-intervenção e do respeito pela auto-determinação dos povos.
O Brasil tem-se assumido como mediador de conflitos na América latina, aspirando a ser um global player. No contexto da emergência do Brasil no Sistema Internacional, é de suma importância reorganizar as Forças Armadas, reformular a estratégia de defesa, e trazer para a discussão a capacidade de dissuasão de alcance internacional, e não apenas regional como aconteceu até ao momento. Aquando da assinatura dos acordos bilaterais entre o Brasil e a França, em 2008, o Presidente Lula da Silva afirmou ser um objectivo da sua administração tornar o Estado brasileiro uma potência militar, pois a capacidade militar de um país é uma condição inexorável para que este se “transforme numa potência e seja respeitado no mundo inteiro”, ressalvado que seria por motivos de defesa e não de ataque. A verdade é que o real objectivo da administração Lula passa por contrabalançar o poderio norte-americano no continente. O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, na mesma ocasião afirmou que “um Brasil poderoso será um elemento de estabilidade no mundo”, acrescentando ser da sua vontade que “o Brasil possa ascender à governança mundial, queremos que a liderança do Presidente Lula seja compreendida, assim como a nossa mensagem em favor da refundação do sistema financeiro global.” Lula da Silva foi mais longe e aplicando um tom messiânico ao seu discurso, afirmou peremptoriamente que “ é preciso que o Brasil assuma a grandeza que Deus lhe deu quando criou o mundo e que os nossos diplomatas nos deram quando fizeram a divisão do espaço geográfico, no século passado.”
Recentemente, foram assinados acordos bilaterais no âmbito da defesa com a Índia, a Itália e os EUA. Com a deslocação do ministro da defesa brasileiro, Nelson Jobim, à Índia, em Março último, houve a oportunidade de encetar uma cooperação estreita entre os dois países ao nível da pesquisa, desenvolvimento e produção de tecnologia na área da defesa.
Aproveitando a participação na Cúpula de Segurança Nuclear, no passado 12 de Abril, foi assinado na embaixada brasileira em Washington, um acordo entre o Brasil e a Itália, que consiste numa parceria estratégica de colaboração em distintas áreas, como a área da defesa, a área espacial e área científico-tecnológica.
No mesmo dia, foi assinado um outro acordo estratégico de defesa entre o Estado brasileiro e o Estado norte-americano. As negociações decorreram ao longo dos últimos sete anos, e não ficou contemplado a instalação de bases militares em território brasileiro, contrariamente ao que acontece na Colômbia. De modo, a dotar este acordo de toda a transparência, as negociações foram comunicadas a todos os membros da Unasul, as reacções do presidente da Venezuela, Hugo Chavéz, e dos seus aliados não tardarão, e certamente serão efusivas e condenatórias. Este acordo vem dar um novo ímpeto às relações bilaterais entre os dois Estados, que tiveram um interregno de trinta e três anos, e tem por desiderato aprofundar a cooperação ao nível das suas Forças Armadas, e para a mútua colaboração no combate contra o terrorismo. No âmbito desta cooperação estão previstos intercâmbios e visitas de navios, treino militar, e incentivos às trocas comerciais de equipamentos e de projectos de tecnologia na área da defesa, isto é, transferência de tecnologia de ponta. As relações entre os dois Estados foram alvo de várias alterações no decorrer da história, alternando o alinhamento com a autonomia, no entanto, esteve sempre presente a sua importância estratégica. Este pacto vem afirmar taxativamente que são aliados, apesar das suas diferenças em matéria de política internacional. Ambos consideram esta parceria importante, porém continuam com a prossecução dos seus interesses nacionais.
O Brasil quer passar a mensagem à comunidade internacional que não é inimigo, por seu turno, os EUA almejam muito esta reaproximação, pois ela é necessária à prossecução dos seus interesses na América latina. No Brasil, houve reacções negativas a este acordo, tendo sido argumentado que colocaria em perigo o futuro do país, e que os benefícios estratégicos são muito mais relevantes para os EUA do que propriamente para o Brasil. O deputado federal Ivan Valente, no decurso do Plenário da Câmara dos Deputados, no dia seguinte à assinatura do acordo, considerou este acordo como um ato de ingerência por parte dos EUA no continente sul-americano, alegando que representa uma forte ameaça à soberania brasileira. No que concerne aos Estados vizinhos, seguramente a reação não será positiva, pois estes têm-se apoiado na atitude firme do Brasil na defesa da soberania dos Estados contra a presença militar estrangeira no continente. Teme-se que a longo prazo seja reivindicado o controlo pelo território da Amazónia, e que os norte-americanos desejem recuperar o seu poder imperial sobre a América do sul.
Importa referir que os EUA têm vindo a perder a sua influência no continente sul-americano, apesar do seu apoio militar explícito à Colômbia.
O Brasil é um país que se auto-proclama pacifista, embora muito se especule em relação às suas verdadeiras intenções relativamente ao enriquecimento de urânio. Não poderemos negar o facto de alguns sectores do governo demonstrarem um desejo latente pelo programa nuclear com fins belicistas, argumentando a forte disparidade existente no sistema internacional. De fato, a América latina não possui qualquer armamento nuclear, no entanto, e apesar do acordo entre os EUA e a Rússia para a diminuição das ogivas nucleares, há um forte indício que o clube atómico venha a aumentar o seu número de membros. Assim, o Brasil recusou-se a assinar o Protocolo Adicional do Tratado de Não – Proliferação Nuclear, alegando que seria uma atitude incongruente, pois os Estados detentores de armamento nuclear ainda não cumpriram com o acordado de procederem ao desarmamento.
O estreitamento de relações do Brasil com alguns Estados marginalizados pelo Sistema Internacional, como Cuba e o Irã, têm causado polémica e apreensão por parte da comunidade internacional. Foi instalada a dúvida quanto às intenções do Estado brasileiro, e ao seu posicionamento nas Relações Internacionais. Mesmo participando em fóruns multilaterais, como nas Nações Unidas, a diplomacia brasileira nunca se absteve de empreender relações bilaterais, e os acordos referidos supra são exemplo disso. A crise vivida pelo multilateralismo, atualmente, tem dado lugar de destaque à diplomacia presidencial levada a cabo pelo presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, com base na sua liderança carismática, que não mede esforços para consolidar o protagonismo brasileiro no Sistema Internacional. Este protagonismo vem corroborar com o forte desejo do Brasil em ascender a membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Aliás, é do conhecimento geral que o Estado brasileiro defende uma reforma na ONU que permitisse o alargamento do número dos membros permanentes do Conselho de Segurança, de modo a poder candidatar-se. Também, é sabido do apoio incondicional por parte dos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a esta pretensa candidatura.
O Brasil já se afirmou como uma potência regional, e atrevemo-nos a afirmar que está para a América do sul como os EUA estão para a América do norte. O assumir de um protagonismo internacional tem ido contra os interesses já consolidados de alguns Estados. A prova da sua ascensão é a liderança no G-20. O seu protagonismo assumidamente pacificador tem encontrado persistentes oposições no palco internacional. Em termos de política externa, o Estado brasileiro pauta-se por uma tradição pacifista que é reconhecida e prestigiada, e de alguma forma, tem tentado alterar as regras do jogo internacional, de modo a que o Sistema Internacional seja mais justo e democrático. Esta postura tem-lhe valido fortes apoios por parte de Estados considerados à margem do Sistema Internacional.

Considerações Finais
Após um período de natureza pacifista reflexo de seus aspectos históricos e intrínsecas características de formação de seu Estado, o Brasil parece despertar para um novo momento, em questões de Segurança e Defesa, de posicionamento face ao cenário internacional. O seu relevante crescimento econômico aliado às políticas externas de relacionamento objetivando o estreitamento de laços com qualquer Nação aberta ao diálogo com o Brasil coloca-o em posição de destaque. Destaque este que, além de evidenciá-lo como importante Ator para a cena política internacional também demanda uma série de reestruturações.
E, para uma Nação que se pretende firmar como potência, o Brasil verificou a necessidade de adotar melhores políticas de Segurança e Defesa para preservação de seu patrimônio, garantia de segurança de suas fronteiras, atualização de seus aparatos bélicos, investimento em áreas educacionais, científicas e tecnológicas e união de esforços de seus Poderes políticos sobre Defesa. Neste ponto, verificamos a consistência do questionamento inicial que motivou a elaboração deste trabalho: O Novo Plano de Estratégia Nacional de Defesa Brasileiro: O fim de um Estado Pacifista?
E as conclusões a que os autores chegam é que este posicionamento não implica que o Brasil tenha passado a um comportamento belicista, pelo contrário, pretende firmar-se também como uma das potências militares a lutar pelas causas humanitárias e de consolidação da paz ao redor do mundo. Também como agente garantidor do Estado Democrático de Direito, da Justiça e da Liberdade na sua região e onde possa atuar em nome das Nações Unidas e, finalmente, pretende consolidar a conquista de um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Para tanto, além das reformas internas e transformações de suas políticas de Segurança e Defesa, ensaia um insurgimento face aos Acordos que versam sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares… não que intente manifestamente iniciar a fabricação de armas de destruição em massa, mas deseja ter a oportunidade de realizar trabalhos com fins não belicistas de enriquecimento de urânio para questões energéticas, de saúde e agricultura, além de poder ter acesso às tecnologias de armamento nuclear sendo potencialmente capaz para sua produção.
Em suma, a Estratégia Nacional de Defesa Brasileira vem coroar o novo momento político brasileiro enquanto candidata à potencialidade mundial, assumindo o seu discurso de Ator relevante e concluindo que o seu posicionamento de destaque para o Sistema Internacional precisa ser respaldado pela sua forte presença militar no cenário internacional.

Referências Bibliográficas
• BRASIL, República Federativa do. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília.
• BRASIL, República Federativa do. (2007). Lei nº. 11.631, de 27 de dezembro. Brasília.
• BRASIL, República Federativa do. (2008). Decreto nº. 6.703, de 18 de dezembro. Brasília.
• BRASIL, Exército Estado-Maior. (2008). Relatório do Simpósio Reações internacionais ao protagonismo brasileiro: conseqüências para o EB/2022. Disponível em (http://www.eceme.ensino.eb.br/portalcee ... 83&lang=pt). Acesso em 15/05/2010.
• MILLES, Dona. (2010). Secretário Gates e Ministro da Defesa do Brasil assinam Pacto de Segurança. Disponível em DEFESANET. http://www.defesanet.com.br/md1/br-usa_1.htm. Acesso em 12 de Abril. 2010.
• POGGIO, Guilherme. (2008). Para Lula, Brasil será potência regional após acordo com a França. Disponível em: http://www.naval.com.br/blog/2008/12/26 ... -a-franca/. Acesso em 25 de Abril de 2010.
• TOSTA, Wilson. (2010). Colaboração Brasil-Índia na área de defesa. Disponível em: http://www.defesanet.com.br/india1/drdo.htm. Acesso em 16 de Abril. 2010.
• TOSTA, Wilson. (2010). Lula Amplia 45% gasto com defesa em 5 anos. Disponível em: http://www.defesanet.com.br/10_04/10042 ... efesa.html. Acesso em 26 de Abril. 2010.




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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#2 Mensagem por Marino » Sáb Jul 10, 2010 7:34 pm

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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#3 Mensagem por jumentodonordeste » Sáb Jul 10, 2010 8:11 pm

Não.

Concordo plenamente com os autores, não é o fim de um estado pacífico. É apenas o nascimento de um estado inteligente, que sabe o que tem que fazer e faz, que tem grandes desafios e ambições. Como o autor diz, um país que quer ter presença marcante no cenário global, ser uma potência. Só estamos nos encontrando com o nosso destino, fazendo o que já deveríamos ter feito.

Como o Jobim diz, "estamos construindo isso para podermos dizer não quando precisarmos dizer não e sim, quando precisarmos dizer sim, é uma questão de soberania".


Todos os países querem fazer isso. Poucos têm coragem de fazê-lo. Pouquíssimos tem condições.

Ainda mais raros são os que ousam fazer e possuem condições (políticas e técnicas) para tal. E, com honra, podemos incluir o Brasil nessa lista.




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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#4 Mensagem por Loki » Sáb Jul 10, 2010 8:35 pm

Sim, o assunto é complexo. E demanda um certo cuidado ao ler o texto, um resumo acredito eu.

De bate pronto diria também que concordo com o autor, só estamos correndo atrás de uma posição compatível com o nosso país. Nada mais que isso.

vou reler com calma para comentar depois.


Abraço




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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#5 Mensagem por delmar » Sáb Jul 10, 2010 9:07 pm

Vou contrariar um pouco. O Brasil nunca foi um estado pacifista. Com um vasto território e uma população relativamente pequena, o país sempre esteve envolvido em seus próprios assuntos internos. Todos os esforços eram no sentido de ocupar e desenvolver suas fronteiras internas. Isto nunca foi feito de maneira pacífica mas com sim com grandes conflitos nas linhas desta fronteira interna.
A visão que os de fora tinham, e ainda tem, do Brasil era a do Rio de Janeiro. O pessoal na praia, o chopinho, o carnaval, a calma. A turma do "eu sou da paish". Fossem para o interior do Brasil, acompanhando o avanço da fronteira agrícola, Paraná, MS, MT, etc. veriam uma situação muito diferente. Em muitos locais o Estado e a lei inexistia. Os governos brasileiros não conseguiam controlar a situação interna, como poderiam pensar em meter-se em conflitos externos?
Penso assim que o END só foi possível com a estabilização interna e a presença do Estado em quase todo território brasileiros.




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#6 Mensagem por marcelo l. » Sáb Jul 10, 2010 10:07 pm

Quando li o texto pensei igual ao Delmar, o Brasil era um Estado voltado para seus problemas internos, externamente a América Hispânica era uma desconhecida, mesmo assim no fins dos anos 1970, estavamos em pé de guerra com os argentinos que por sinal era nosso pensamento externo, não deixar os argies dominarem a América do Sul.

Como diziam os americanos eramos um povo de costa para América do Sul e o Atlântico, totalmente voltado aos graves conflitos internos e nosso sistema de gastos públicos que privilegiava pensões e aposentadorias inviabilizando o orçamento das forças armadas (noto que apesar de não ter lido nos autores, mas a contenção de gastos nas escolas militares se deu um pouco antes da primeira crise do petróleo).

Sendo assim o nascimento da Estratégia Nacional de Defesa Brasileira só poderia ser um posicionamento de um Estado que tivesse alguma pretensão perante a comunidade internacional, mesmo da maneira não muita clara atual.

Dentro de um quadro de um protagonista inédito, depois de anos de crise que começa nos fins do 1970 que levou a destruição da indústria bélica brasileira devido a aceitação de pressões externas e visão equivocada de estado.

Isso leva ao Estado a pensar a END e integração com a reestruturação da indústria bélica brasileira, já que dentro da idéia da geração agora em Brasília nada adianta um exercito moderno sem uma indústria de apoio.

Esse não é apenas uma idéia do pensamento militar, mas uma crítica muito em voga na década de 1990 de necessidade do Estado voltar a planejar e ter uma política industrial até se usava a tese de presidente de 1963...mas, a resposta era que isso era nhém-nhém-nhém.

A sim críticas ao excesso de tratados e acordos internacionais, vem de um pensador do direito como NJ que graças a ele e um grupo (entre eles o genuíno diga-se) não temos a supremacia dos tratados sobre a CF...Não é de se estranhar portanto que na sua explanação no Congresso, o NJ colocou o Congresso Brasileiro acima dos tratados.

O protagonismo na América do Sul e seu desempenho em questões polêmicas como o tratamento da questão Nuclear e o Irã. Se dá em em quadro como já citei de uma retomada do crescimento economico e pensamento estratégico de Estado, mesmo incompleto ao meu ver a END deve ser visto mais como um instrumentos de racionalização do Estado.

Apesar da dificuldade do dialógo entre um pensamento brasileiro e desconfiança das partes, é nítido que hoje se vê a necessidade de um Estado operante terá que ter forças armadas também eficientes.

E a END, como os autores bem colocam busca afirmar através de todos os meios o não alinhamento automático com qualquer país, até por que a END tem um componente de afirmação de um Estado que ser firmar seu papel importante ator da sociedade internacional.

Não diria que existe uma idéia fixa de liderança brasileira, afinal em todo esse tempo a política externa atual é voltada para mecanismos multilaterais que muitas vezes o governo brasileiro aceitou soluções que o desfavorecia, isso é meio inédito se pensarmos que país líder sempre quer impor sua visão, mesmo errônea, vide EUA em relação a negociação Brasil e Turquia que tentou sabotar antes e logo depois.

A estratégia nacional de defesa inseparável da estratégia nacional de desenvolvimento, alegando que uma reforça as razões da outra, nisso concordo integralmente com os autores, mas só vejo caso seguirmos o caminho traçado atualmente seremos um país pacífico já que o Brasil espera e muito em todos os novos espaços estar acompanhado de outras potências regionais na sua expansão comercial, na América do Sul a Argentina, na África com a Àfrica do Sul (na África portuguesa com Portugal), no OM com a Turquia, claro que essa estratégia traz maior degaste com quem tem hegemonia que devido aos dilemas de um sistema global que desde fins dos anos 80 tinha apenas uma superpotência que podia impor suas soluções.

A END veio dentro dos anseios de um novo país, mas falta uma política de inteligência que foi bombardeada infelizmente devido a fatos conhecidos.

A END portanto é um começo de um pensamento estratégico que pensa o Brasil como Estado e como utilizar o patrimônio que são as forças armadas não apenas em "missões de salvamento" ou de "polícia", mas sim como uma força apropriada para dissuadir pretensões futuras sobre a nossas riquezas, mas também que elas sirvam o país em missões internacionais para reforçar as "instituições multilaterais" e não um líder, seja ele nosso ou qualquer vizinho, se fui claro...

Sorry pelo texto mau escrito e que parece que não concordo com os autores, até pensei em não escrever por isso, mas o texto é bom, só que meu pensamento formado vai por outro lado.




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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#7 Mensagem por Bolovo » Sáb Jul 10, 2010 10:47 pm

O Brasil nunca foi pacifista. Não quero dizer que é um país briguento. Mas outra coisa. O Brasil passou por inúmeras guerras com seus vizinhos, Argentina e Paraguai principalmente. O que ocorre é que o Brasil é um país sólido, bem definido, sendo todo uma criação portuguesa, sem fragmentações. Já a a conquista espanhola no continente americano se fragmentou em um monte de pedaços e os então novos Estados estavam preocupados na administração, na criação de um poder centralizador. Já as bordas, ou seja, as fronteiras não e ficaram para depois o que acabou gerando conflitos (basicamente todos da região). O Brasil não tem briga com esses caras faz tempo. Daí acabou gerando a idéia que o Brasil é pacifista. A END coloca o Brasil num horizonte mais longe, além da America do Sul, indo para além mar. Nisso aí pode estar conflitos. Mas ela serve para nos preparar contra a isso.




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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#8 Mensagem por EDSON » Dom Jul 11, 2010 11:05 am

O texto quer mostrar que o Brasil poderá intervir com ações armadas num futuro não muito distante contra nossos vizinhos.




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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#9 Mensagem por Marino » Dom Jul 11, 2010 11:15 am

Vejam que o foco do texto são as Relações Internacionais, e não questões internas.
Na minha visão, o texto é muito favorável ao Brasil, mostrando que continuamos "pacíficos", sem ameaçar ninguem, que preservamos as políticas mestras de não intervenção e respeito à soberania de todos os países, mas que estamos tentando reverter uma fragilidade nacional, o poder militar.
Os portugueses que escreveram o texto defenderam a END, e por conseguinte a visão nacional neste ponto, melhor que muitos brasileiros.
Meu reconhecimento aos três.




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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#10 Mensagem por Bender » Dom Jul 11, 2010 12:53 pm

Em princípio vou comentar a forma.

Nosso tópico sobre a END já bateu nas 50 páginas,talvez seja o tópico depois do "praga" que eu seja um leitor mais assíduo,não tenho a pretensão de lembrar dos pormenores do que já foi transcrito e postado naquele tópico,mas não me lembro de um "resumo" como disse o Loki,tão preciso e favorável,e com uma característica "desapaixonada" politica e ideológica a respeito da END.

Tem como anunciado logo no inicio uma "forma" de monografia,e tem uma qualidade que nós não encontramos em outros textos já postados anteriormente sobre o tema,que é a de responder a questão inicial proposta de forma clara e isenta.

Quanto ao conteúdo e a resposta da propositura em si,eu concordo com os autores,mas faço uma ressalva a uma certa "inocência" ou face "politicamente correta" dos autores ao dar a resposta a pergunta inicial,me explico:

Realmente não estamos diante do "fim do estado pacifista" em nossas relações internacionais,mesmo se todas as intenções contidas na END vierem a se realizar,mas a indicação conforme citado pelo colega jumentodonordeste da capacidade que quer ser adquirida: "para podermos dizer não quando precisarmos" ,sem dúvida trará consequências palpáveis a nossa maneira de nos posicionarmos e nos dirigirmos ao mundo quando vier a se consolidar.

A natural timidez e comedimento ao se posicionar diplomaticamente perante o mundo independente de sempre tentar-mos demonstrar independência e convicções fortes diante das questões internacionais,é uma faceta normal,como à de uma féra desprovida de presas,a "inocência" dos autores na minha visão se faz presente nesse aspecto,pois pelo menos na minha maneira de vislumbrar um futuro possível,o fortalecimento do poder dissuasório,proposto em princípio pela END,trará como consequência um ganho de "presas" que sepultará definitivamente a "timidez e comedimento" hstóricos de nossa diplomacia,e mesmo que não eliminemos definitivamente nossa característica de "estado pacifista",sem dúvida passaremos a demonstrar que não existirá mais o pacifismo com fraqueza e tibiesa militar,este agora terá como suporte o maior requisito para que lutemos para que prevaleça a paz;uma força militar crível.

Este fato modificará para sempre o nível de "agressividade" diplomática de nosso país,e possivelmente essa visão idílica que muitos tem a nosso respeito no mundo,será substituida por outra que eu ainda não ouso prever qual será.

Abraços a todos!




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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#11 Mensagem por Marino » Dom Jul 11, 2010 1:37 pm

Um amigo, presente em um evento na Casa das Calc..., perdão, Itamaraty, presenciou o atual Secretário Geral Patriota dizer que o Brasil, por ser um país desarmado, teria mais credibilidade que as outras nações, as armadas, para exercer o papel de mediador no mundo.
Teria dito outras coisas mais, encantado com a China, por ela recusar a formação de um G2 mundial com os EUA, ao que o embaixador indiano refutou, que evidente que não aceitariam um G2, se querem ser o G1...
Amigo Bender, outra geração de homens..., digo, diplomatas, tem que ser formada na antiga Casa do Barão, antes de vermos estes representantes do Brasil aceitarem sequer pensar em usar a força militar como sustentáculo para suas ações.




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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#12 Mensagem por Tupi » Dom Jul 11, 2010 3:07 pm

Marino escreveu:Um amigo, presente em um evento na Casa das Calc..., perdão, Itamaraty, presenciou o atual Secretário Geral Patriota dizer que o Brasil, por ser um país desarmado, teria mais credibilidade que as outras nações, as armadas, para exercer o papel de mediador no mundo.
Teria dito outras coisas mais, encantado com a China, por ela recusar a formação de um G2 mundial com os EUA, ao que o embaixador indiano refutou, que evidente que não aceitariam um G2, se querem ser o G1...
Amigo Bender, outra geração de homens..., digo, diplomatas, tem que ser formada na antiga Casa do Barão, antes de vermos estes representantes do Brasil aceitarem sequer pensar em usar a força militar como sustentáculo para suas ações.
Muito mais do que nossas expeculações sobre o futuro e as divagações recorrentes na nossa mídia sobre o relacionamento vertical ou horizontal do Brasil com seus pares no exterior. É visto aqui nesta pequena fotografia do quadro no Itamaraty. Este sim o verdadeiro artifice de noss politica externa, arrevelia dos demais orgãos do governo federal e das FA.
Realmente termos formar uma nova geração de diplomatas e esperar a mesma assumir os ditames da nossa diplomacia. Se isso não ocorrer de forma diversa à condução do time atual, poderemos ter a EDN ou ENA(estratégia nacional de ataque) :twisted: que continuaremos com a politica de "Bom Moço cidadão exemplar do Mundo".





Se na batalha de Passo do Rosário houve controvérsias. As Vitórias em Lara-Quilmes e Monte Santiago, não deixam duvidas de quem às venceu!
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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#13 Mensagem por Marino » Dom Jul 11, 2010 3:28 pm

Tem mais: vejam na abertura dos seminários sobre Segurança Internacional o novo slogan do Itamaraty, patrocinado pelo seu Secretário Geral: "Brasil, potência da paz".
O interessante é vermos as consequências para as FA, se dependermos destes sibaritas, pois já que somos uma potência da paz, para que armas, pq não assinar o protocolo adicional, não é lógica a assinatura na declaração de direitos dos povos indígenas?




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Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#14 Mensagem por suntsé » Dom Jul 11, 2010 3:45 pm

Bolovo escreveu:O Brasil nunca foi pacifista. Não quero dizer que é um país briguento. Mas outra coisa. O Brasil passou por inúmeras guerras com seus vizinhos, Argentina e Paraguai principalmente.
Olá prezado Bolovo.

Com todo o respeito eu discordo desse argumento, o Brasil teve guerra com esses paises no passado porque foi arrastado para elas. O Brasil nunca buscou conflito com esses paises, portanto o Brasil reagiu aos ataques desses atores.

Eu não estou fazendo um discurso nacionalista lonje disso.....tanto é que em todas as guerras o Brasil sempre foi pego de surpresa, não estava militarmente preparado, alias o Brasil nunca se preparou militarmente para prevenir contra um possivel guerra.

O Brasil só não teve o seu teritorio original amputado até hoje, pela competencia me muitos cidadãos que se importão com o nosso país. Eu acho que até hoje o Brasil teve um pouco de sorte, pela imensa fronteira que tem com outros grandes estados nacionais....poderiamos ter passados por maus bocados.

A Russia por exemplo entrou em guerra com todos os seus visinhos, a china também, esta certo é um exagero esta comparação....ja que a formação Historica destes 2 paises é totalmente diferente da nossa, é penas para exemplificar uma situação.

Eles usam este termo pacifista tendo como base o historico da nossa diplomacia, e devido ao fato de o Brasil nunca ter sido um conquistador belicoso que avança sobre os territorios de outros estados.

EU ACHO O TITULO DESTE TEXTO TOTALMENTE EQUIVACADO. mas é um bom texto.




Carlos Mathias

Re: END: o fim de um Estado pacifista?

#15 Mensagem por Carlos Mathias » Dom Jul 11, 2010 5:04 pm

Olha, eu acho que toda essa conversa pacifista do Itamaraty é isso, conversa. Pelo menos até que possamos sustentar decisões mais contundentes com um belo porrete.

A função da diplomacia é esta, vaselinar e as vezes (ou na maioria delas) mostrar uma face que não a real, dissimular, dourar a pílula e etc e tal .

E vou ser sincero, eu acho que sempre é melhor a saída diplomática do que a guerra. Jamais vou querer ver meus irmãos brasileiros, militares ou civis, mortos ou feridos, a menos que seja impossível outra solução.

O texto é muito bom, recomendável prá muitos "brasileiros".




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