AVIBRAS
Enviado: Sex Fev 26, 2010 8:26 pm
Governo se torna sócio da Avibrás
Dívidas da principal fabricante de produtos militares do País com a União serão transformadas em
participação
Roberto Godoy
A Avibrás Aeroespacial,
principal fabricante de produtos
militares do País, vai ganhar um
sócio: o governo federal. O grupo,
de São José dos Campos, terá a
participação do sistema financeiro
da União na proporção de 15% a
25% - isso ainda está sendo
discutido.
Não haverá aporte direto de
dinheiro. Na forma prevista na Lei
11941/09, a presença dos recursos
será efetivada por meio da
conversão das dívidas da Avibrás. O
anúncio da primeira parceria
público-privada do setor de Defesa é
esperado para abril.
A Avibrás está em regime
de recuperação judicial desde julho
de 2008. O valor do processo, cerca
de R$ 500 milhões, foi superado
pelo cumprimento de um rico contrato firmado com a Malásia, para fornecimento de baterias, munições e
equipamentos de apoio da última geração do lançador de foguetes Astros-II, carro-chefe do grupo.
Esse sistema de armas brasileiro é o principal recurso dissuasório da força terrestre malaia na
região de tensão permanente no sudeste asiático.
A quarta etapa da encomenda foi entregue em sigilo há apenas dois meses. Uma bateria
completa, das carretas lançadoras à central de comando, mais 12 veículos blindados 4 x 4, embarcaram
no porto de Santos dia 29 de dezembro de 2009.
Segundo o presidente do grupo, engenheiro Sami Hassuani, "as contas estão em dia: os
compromissos trabalhistas foram quitados e, a dívida com os fornecedores está paga; abrimos 600
vagas". A participação do governo tem tamanho - 1,2 mil páginas, soma do texto principal e dos 12
documentos anexos.
O faturamento do grupo formado por quatro unidades acomodadas em duas instalações, está
crescendo. Foi de R$ 60 milhões em 2007, bateu em R$ 250 milhões em 2009, "e tem potencial para
chegar aos R$ 500 milhões até dezembro", avalia Sami. Segundo o executivo, a Avibrás pode vender
cerca de 1,4 bilhão por ano trabalhando nos seus mercados tradicionais, do Oriente Médio até a Ásia,
além de abrir praças novas na América Latina e África. Hassuani não confirma, mas os governos de
Angola e da Colômbia teriam revelado interesse na linha Astros-II e nos foguetes ar-terra Skyfire, de 70
mm.
O Astros-II que a Malásia está recebendo é a quinta geração tecnológica do projeto,
desenvolvido permanentemente desde que o lançador foi apresentado em 1980. O painel é digital, a navegação é operada por GPS e sinais de satélite, a central de comunicação é criptográfica. O veículo, uma carreta com tração integral sobre o qual a plataforma de disparo - de foguetes com raio de ação entre 9 e 150 km - com cabine é montada, é o Tatra, da República Checa. O blindado 4x4 de Comando, Controle e Comunicações, também é novo. Pesa 14 toneladas e recebe todas as informações de combate - dos dados meteorológicos às ameaças de ataque. "Podemos entrar com ele e seus derivados, inclusive versões da classe 8x8, para completar a família de carros couraçados sobre rodas que o Exército está interessado em formar."
A próxima etapa é um ambicioso programa, o Astros 2020. "Trata-se de um conceito novo,
sustentado pelo conhecimento já adquirido", explica Sami. Vai exigir investimentos estimados em R$ 1,2 bilhão, dos quais cerca de R$ 210 milhões aplicados no desenvolvimento. "Ele vai se integrar com o míssil de cruzeiro AV-TM, de 300 quilômetros de alcance, na etapa de testes e certificação", explica Hassuani para quem "o empreendimento 2020 vai permitir ao Exército, por exemplo, integrar o Astros com a defesa antiaérea, criando um meio de uso comum para as plataformas, os caminhões, parte dos sensores eletrônicos e os veículos de comando".
EVOLUÇÃO - Astros-II já está na quinta geração tecnológica
Estratégias para sair da crise
Aos 49 anos, o engenheiro aeronáutico Sami Hassuani, não tem tido tempo para os jogos de
vôlei com os dois filhos adolescentes. Contratado da empresa desde 1984, Sami encara a dureza de substituir uma figura lendária, o fundador da Avibrás, João Verdi de Carvalho Leite, morto em 2008, com a mulher Sônia, na queda do helicóptero que pilotava sobre o litoral norte de São Paulo. Verdi estava no Iraque em 1983, no dia do batismo de fogo do Astros-II, utilizado na guerra contra o Irã. Sobre Saddam Hussein, limitava-se a dizer que "era um homem afável". O mesmo personagem que, em 1998, condecorou uma bateria de lançadores do Astros-II pela participação na batalha de Faw. Mais tarde, em 1990, com a empresa em concordata por causa do calote aplicado pelo cliente iraquiano, superou a crise redirecionando a encomenda de milhares de foguetes para outro cliente, a Arábia Saudita, - que condicionou o pedido de US$ 70 milhões à entrega acelerada, cumprida com uma ponte aérea de 13
voos em 10 dias.
Dívidas da principal fabricante de produtos militares do País com a União serão transformadas em
participação
Roberto Godoy
A Avibrás Aeroespacial,
principal fabricante de produtos
militares do País, vai ganhar um
sócio: o governo federal. O grupo,
de São José dos Campos, terá a
participação do sistema financeiro
da União na proporção de 15% a
25% - isso ainda está sendo
discutido.
Não haverá aporte direto de
dinheiro. Na forma prevista na Lei
11941/09, a presença dos recursos
será efetivada por meio da
conversão das dívidas da Avibrás. O
anúncio da primeira parceria
público-privada do setor de Defesa é
esperado para abril.
A Avibrás está em regime
de recuperação judicial desde julho
de 2008. O valor do processo, cerca
de R$ 500 milhões, foi superado
pelo cumprimento de um rico contrato firmado com a Malásia, para fornecimento de baterias, munições e
equipamentos de apoio da última geração do lançador de foguetes Astros-II, carro-chefe do grupo.
Esse sistema de armas brasileiro é o principal recurso dissuasório da força terrestre malaia na
região de tensão permanente no sudeste asiático.
A quarta etapa da encomenda foi entregue em sigilo há apenas dois meses. Uma bateria
completa, das carretas lançadoras à central de comando, mais 12 veículos blindados 4 x 4, embarcaram
no porto de Santos dia 29 de dezembro de 2009.
Segundo o presidente do grupo, engenheiro Sami Hassuani, "as contas estão em dia: os
compromissos trabalhistas foram quitados e, a dívida com os fornecedores está paga; abrimos 600
vagas". A participação do governo tem tamanho - 1,2 mil páginas, soma do texto principal e dos 12
documentos anexos.
O faturamento do grupo formado por quatro unidades acomodadas em duas instalações, está
crescendo. Foi de R$ 60 milhões em 2007, bateu em R$ 250 milhões em 2009, "e tem potencial para
chegar aos R$ 500 milhões até dezembro", avalia Sami. Segundo o executivo, a Avibrás pode vender
cerca de 1,4 bilhão por ano trabalhando nos seus mercados tradicionais, do Oriente Médio até a Ásia,
além de abrir praças novas na América Latina e África. Hassuani não confirma, mas os governos de
Angola e da Colômbia teriam revelado interesse na linha Astros-II e nos foguetes ar-terra Skyfire, de 70
mm.
O Astros-II que a Malásia está recebendo é a quinta geração tecnológica do projeto,
desenvolvido permanentemente desde que o lançador foi apresentado em 1980. O painel é digital, a navegação é operada por GPS e sinais de satélite, a central de comunicação é criptográfica. O veículo, uma carreta com tração integral sobre o qual a plataforma de disparo - de foguetes com raio de ação entre 9 e 150 km - com cabine é montada, é o Tatra, da República Checa. O blindado 4x4 de Comando, Controle e Comunicações, também é novo. Pesa 14 toneladas e recebe todas as informações de combate - dos dados meteorológicos às ameaças de ataque. "Podemos entrar com ele e seus derivados, inclusive versões da classe 8x8, para completar a família de carros couraçados sobre rodas que o Exército está interessado em formar."
A próxima etapa é um ambicioso programa, o Astros 2020. "Trata-se de um conceito novo,
sustentado pelo conhecimento já adquirido", explica Sami. Vai exigir investimentos estimados em R$ 1,2 bilhão, dos quais cerca de R$ 210 milhões aplicados no desenvolvimento. "Ele vai se integrar com o míssil de cruzeiro AV-TM, de 300 quilômetros de alcance, na etapa de testes e certificação", explica Hassuani para quem "o empreendimento 2020 vai permitir ao Exército, por exemplo, integrar o Astros com a defesa antiaérea, criando um meio de uso comum para as plataformas, os caminhões, parte dos sensores eletrônicos e os veículos de comando".
EVOLUÇÃO - Astros-II já está na quinta geração tecnológica
Estratégias para sair da crise
Aos 49 anos, o engenheiro aeronáutico Sami Hassuani, não tem tido tempo para os jogos de
vôlei com os dois filhos adolescentes. Contratado da empresa desde 1984, Sami encara a dureza de substituir uma figura lendária, o fundador da Avibrás, João Verdi de Carvalho Leite, morto em 2008, com a mulher Sônia, na queda do helicóptero que pilotava sobre o litoral norte de São Paulo. Verdi estava no Iraque em 1983, no dia do batismo de fogo do Astros-II, utilizado na guerra contra o Irã. Sobre Saddam Hussein, limitava-se a dizer que "era um homem afável". O mesmo personagem que, em 1998, condecorou uma bateria de lançadores do Astros-II pela participação na batalha de Faw. Mais tarde, em 1990, com a empresa em concordata por causa do calote aplicado pelo cliente iraquiano, superou a crise redirecionando a encomenda de milhares de foguetes para outro cliente, a Arábia Saudita, - que condicionou o pedido de US$ 70 milhões à entrega acelerada, cumprida com uma ponte aérea de 13
voos em 10 dias.