AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

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Clermont
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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#31 Mensagem por Clermont » Seg Ago 04, 2008 9:25 am

Bem, em primeiro lugar, é preciso levar em conta que o título da reportagem americana, “Novas Descobertas, blá-blá-blá...” é, apenas, jargão jornalístico. Pelo que me consta, as principais questões discutidas aí, já o eram desde os finais dos anos 1960, e se estabelecendo, firmemente, na historiografia, em meados dos anos 1970. Pelo menos, com a historiografia não-marxista. Refiro-me, especificamente, à questões tais como a dos filhos não-primogênitos, sem-terra; à questão da motivação material versus religiosa para ir às Cruzadas etc e tal.

Por outro lado, eu achei, particularmente interessante, a análise de como o episódio das Cruzadas foi assumido pelo imaginário muçulmano moderno, a partir de determinadas visões ocidentais. Realmente, para o mundo muçulmano dos séc. XI-XIII, a invasão ocidental teve muito menos importância e ofereceu muito menos perigo, do que as invasões mongóis. A própria Jerusalém, considerada vital para a fé islâmica, pelo moderno mundo muçulmano, naqueles tempos, só tinha uma importância secundária, dentro da fé do Profeta Mohammad. Mais do que uma vez, governantes muçulmanos se propuseram a oferecê-la aos cruzados em troca de outras coisas que lhes eram mais necessárias, em dado momento. Alguns dizem que os muçulmanos, no tempo de Saladino, só ficaram, realmente, emputecidos com os cruzados, depois da ameaça que um bandoleiro e pirata, chamado Reinaldo de Chatillon, apresentou às cidades-santas de Meca e Medina.

Porém, tratando-se, especificamente, da questão da expansão da fé cristã em detrimento da fé muçulmana, me parece que o escritor está, basicamente, coberto de razão, embora, isso também não seja nenhuma interpretação recente. O fato é que, canonicamente, em todo o período do apogeu das Cruzadas, a idéia de conversão dos muçulmanos era, francamente, desaprovada. Os cruzados não foram à Terra Santa, para salvar as almas dos “infiéis maometanos”, mas, sim, para libertar os Lugares Santos, do jugo destes mesmos infiéis. Talvez, o autor pudesse ter matizado, um pouco mais, esta questão, mas é preciso lembrar que o texto é uma matéria jornalística, não um artigo em revista de historiografia medieval. Se o fosse, com certeza, o autor teria mencionado que, houveram sim, teólogos, líderes eclesiásticos, e até mesmo papas, que flertaram com a idéia, desde os inícios do movimento. Mas pensavam por si mesmos e jamais conseguiram tornar tais visões um pensamento ou doutrina majoritários dentro da Cristandade.

Também seria interessante, observar que havia uma diferença entre muçulmanos e pagãos. Tratando-se destes últimos, era mais aceitável para muitos, dentro e fora da Igreja, de que era legítimo convertê-los à Cristandade, como o fizeram os Cavaleiros Teutônicos, nas Cruzadas Bálticas. E, aind assim, esta não era visão oficial canônica da Igreja de Roma.

Pode-se resumir a visão convencional medieval européia dizendo-se que, ao tomar Jerusalém e a Palestina, os cruzados estavam, simplesmente, reavendo territórios que, por direito, pertenciam à Cristandade. Primeiro, porque estavam consagrados pela própria presença do Cristo e dos Apóstolos e, segundo, porque tinham sido propriedade do Império Romano.

A visão da conversão, como bem aponta o autor, só se tornou difundida, muito tempo depois, do início do movimento das Cruzadas, e uma das datas de começo, foi a viagem de S. Francisco de Assis, durante uma cruzada no Egito, nos inícios do séc. XIII. Ele atravessou as linhas de combate, e foi recebido pelo sultão egípcio, pedindo que este renegasse a fé muçulmana e se tornasse cristão. Claro, o sultão não atendeu, mas parece que gostou muito de S. Francisco pois, em vez de cortar-lhe a cabeça, deu-lhe salvo-conduto para voltar às linhas cruzadas, carregado de ricos presentes.




nestor
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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#32 Mensagem por nestor » Ter Ago 05, 2008 1:35 am

Portada > España
PIDEN LA REHABILITACIÓN DE LA ORDEN
Una asociación de templarios demanda al Papa por la suspensión de la orden en 1307
Actualizado domingo 03/08/2008 10:36 (CET)
EFE
MADRID.- La Asociación Orden Soberana del Temple de Cristo, que asegura ser la heredera de los míticos templarios, ha presentado una demanda contra el Papa, al que exigen la rehabilitación de la orden, suspendida por Clemente V en 1307, así como el reconocimiento de sus bienes incautados, valorados en 100.000 millones de euros de 2008.

La demanda, interpuesta en los Juzgados de Madrid contra el Santo Padre por vía de la Nunciatura Apostólica en España, solicita la revisión del proceso que terminó con la suspensión de la orden templaria hace ya 700 años.

La denuncia, formulada en contra de la persona física del Papa Benedicto XVI como sucesor de Clemente V, y no como jefe del Estado del Vaticano, deja claro que los actuales templarios no desean la restitución patrimonial de lo expoliado en el siglo XIV, que alcanzaría actualmente los 100.000 millones de euros.

"No pretendemos en ningún caso producir la quiebra económica de la Iglesia Romana", añade el escrito, "sino que el tribunal pueda hacerse una idea de la magnitud de la operación tramada contra nuestra Orden".

Según la Asociación Orden Soberana del Temple de Cristo, legalmente inscrita en el registro de asociaciones, los templarios tenían censadas 9.000 propiedades en toda Europa, sin contar los derechos sobre tierras, pastos, molinos y derechos portuarios, incluidos barcos de transporte y de guerra.

En el siglo XIV los templarios, que contaban con más de 15.000 caballeros en toda Europa, tenían propiedades en España, Francia, Inglaterra, Portugal, Alemania, Italia, Bélgica, Luxemburgo y Polonia.

La demanda está pendiente de que se resuelva el recurso de apelación interpuesto por la orden del Temple ante la Audiencia Provincial de Madrid después de que no fuera admitida a trámite en primera instancia.

En su primer auto la juez negó la admisión a trámite por falta de jurisdicción, al entender que no correspondía a su tribunal pronunciarse sobre hechos ocurridos hace 700 años "al ser materia propia de historiadores".

http://www.elmundo.es/elmundo/2008/08/0 ... 52562.html

Saludos




Eurofighter Typhoon español dotado con Misil Meteor.
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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#33 Mensagem por delmar » Ter Ago 05, 2008 9:35 am

nestor escreveu:Portada > España
PIDEN LA REHABILITACIÓN DE LA ORDEN
Una asociación de templarios demanda al Papa por la suspensión de la orden en 1307
Actualizado domingo 03/08/2008 10:36 (CET)
EFE
MADRID.- La Asociación Orden Soberana del Temple de Cristo, que asegura ser la heredera de los míticos templarios, ha presentado una demanda contra el Papa, al que exigen la rehabilitación de la orden, suspendida por Clemente V en 1307, así como el reconocimiento de sus bienes incautados, valorados en 100.000 millones de euros de 2008.

La demanda, interpuesta en los Juzgados de Madrid contra el Santo Padre por vía de la Nunciatura Apostólica en España, solicita la revisión del proceso que terminó con la suspensión de la orden templaria hace ya 700 años.

La denuncia, formulada en contra de la persona física del Papa Benedicto XVI como sucesor de Clemente V, y no como jefe del Estado del Vaticano, deja claro que los actuales templarios no desean la restitución patrimonial de lo expoliado en el siglo XIV, que alcanzaría actualmente los 100.000 millones de euros.

"No pretendemos en ningún caso producir la quiebra económica de la Iglesia Romana", añade el escrito, "sino que el tribunal pueda hacerse una idea de la magnitud de la operación tramada contra nuestra Orden".

Según la Asociación Orden Soberana del Temple de Cristo, legalmente inscrita en el registro de asociaciones, los templarios tenían censadas 9.000 propiedades en toda Europa, sin contar los derechos sobre tierras, pastos, molinos y derechos portuarios, incluidos barcos de transporte y de guerra.

En el siglo XIV los templarios, que contaban con más de 15.000 caballeros en toda Europa, tenían propiedades en España, Francia, Inglaterra, Portugal, Alemania, Italia, Bélgica, Luxemburgo y Polonia.

La demanda está pendiente de que se resuelva el recurso de apelación interpuesto por la orden del Temple ante la Audiencia Provincial de Madrid después de que no fuera admitida a trámite en primera instancia.

En su primer auto la juez negó la admisión a trámite por falta de jurisdicción, al entender que no correspondía a su tribunal pronunciarse sobre hechos ocurridos hace 700 años "al ser materia propia de historiadores".

http://www.elmundo.es/elmundo/2008/08/0 ... 52562.html

Saludos
Existem muitas entidades que se dizem "herdeiras dos cruzados". Na verdade não há herdeiros legais ou reconhecidos. Ninguém está autorizado a representar os cruzados. Em tese os herdeiros naturais seriam o próprio papa e a igreja, já que era uma ordem religiosa, embora militar.

saudações




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#34 Mensagem por soultrain » Qui Fev 26, 2009 2:38 pm

A existir "herdeiros dos cavaleiros Templários" são os Cavaleiros da Ordem de Cristo ou mais concretamente a Ordem da Milicia de Jesus Cristo.





"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento" :!:


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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#35 Mensagem por soultrain » Qui Fev 26, 2009 2:39 pm

Página secreta e misteriosa da História de Portugal: doação de Soure por D. Afonso Henrique aos Templários, 1129

Página secreta e misteriosa da História de Portugal

“(…) esta doação faço, não por mando, ou persuação de alguém, (…) e porque em a vossa Irmandade [Ordem do Templo] e em todas as vossas obras sou Irmão (…) Eu o Infante D. Afonso com minha própria mão roboro esta carta.”

Exerto de carta de doação de Soure por D. Afonso Henrique aos Templários, 1129.
“Pensamos que houve entre nós, senão connosco, uma organização esotérica que, de uma maneira perfeitamente consciente e intencional, procurou a partir desta Pátria, a que deu existência, redimir o mundo do mal e da divisão.”

António Telmo in “O Mistério de Portugal – Na Historia e n’Os Lusíadas”.


* * *



Este texto pode ser considerado incompleto visto ainda não ter lido todos os livros sobre o assunto como desejava, mas á medida que isso aconteça venho cá por actualizações - diz um dos colegas cibernautas, de um blog versanto o esotérico português. E não resisto a transcrever as suas interessantes observações ou especulações sobre essa página brumosa da História.
Paulo Oliveira

* * *





Ok, vamos todos supor que de facto existe uma organização secreta chamada Prieuré de Sion e que essa organização, como é defendido no Holy Blood Holy Grail, esteve por de trás da criação da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão e tem alguma estranha relação com os mistérios do Graal.
Ora bem, então é de supor que, pelo menos até 1188 (Corte do Olmo e a suposta separação entre a Prieuré e os Templários) onde estavam os Templários, estava a Prieuré, e isso, como é obvio inclui Portugal.

Tentando não arrastar muito o tema vamos ver os pontos importantes. Tudo se começa a formar na Borgonha, esta é a terra de Hugues de Payens, fundador da ordem do Templo e suposto Grão Mestre da Prieuré. Este na companhia dos seus oito companheiros, um dos quais da zona do condado Portucalense, rumam a Jerusalém para a fundação da sua ordem. Um pouco antes S. Hugo, abade de Cluny e também borgonhês, providencia o envio de vários cavaleiros da Borgonha para auxiliar a reconquista da Península Ibérica, entre os quais o futuro Conde D. Henrique, de quem S. Hugo era tio-avô.
Um dos primeiros cavaleiros a chegar cá foi D. Raimundo, primo de D. Henrique, que mais tarde casa com a filha legitima de D. Afonso IV de Leão, D. Urraca e torna-se governador da Galiza.
Entretanto chega D. Henrique e como recompensa pelas vitorias sobre a moirama é lhe dada a mão de D. Teresa, filha ilegítima de Afonso IV e o Condado Portucalense, que depois de fixado no seu condado este mesmo conde trata de fazer peregrinação à Terra Santa por razões não explicadas, onde os Templários já estavam fundados.
Ambos os borgonheses iniciam uma conspiração com o objectivo de tornar a Galiza e o Condado Portucalense independentes, criando assim um reino com fortes laços á Borgonha.
Receosos dos planos dos borgonheses os nobre leonenses e castelhanos, em 1104 persuadem D Afonso VI a considerar como herdeiro legitimo ao trono o Infante D Sancho, filho de moura Zaida, nora do rei de Sevilha, refugiada na sua corte.
Isto vem destabilizar o plano de ambos os burgueses de D. Raimundo subir ao trono, de tal forma que ambos reúnem-se secretamente, em 1105, provavelmente em Janeiro, no Mosteiro de S. Isidoro de las Dueñas, no Reino de Castela. Na presença do monge Dalmácio, legado do Mosteiro de Cluny, os dois condes assinam um pacto cujo conteúdo resumido é algo como:

Henrique reconhece Raimundo como legitimo sucessor de Afonso VI nos Reinos de Leão, Castela e Galiza, e propunha-se a defendê-lo contra qualquer homem ou mulher, na qualidade de seu vassalo. Raimundo prometia, no caso de se tornar rei, conceder a Henrique o governo do território de Toledo e um terço de todos os seus tesouros ou o reino da Galiza.

Tal pacto fracassou por completo com os acontecimentos que se seguiram, mas mostra com clareza a ambição de ambos os borgonheses.
Dois meses depois nasce Afonso Raimundo, filho de Raimundo e Urraca, dando força à facção borgonhesa.
Em Dezembro de 1106, Afonso VI contrai a doença de que viria a falecer, fazendo a sua fraqueza despertar varias intrigas. Em Setembro de 1107 morria D. Raimundo. Em Maio de 1108 morre também D Sancho, na batalha de Uclés.
Neste mesmo ano o debilitado D. Afonso VI reúne cortes em Toledo, nas cuias D. Henrique é considerado traidor, provavelmente pela sua oposição a segundo casamento de D. Urraca com Afonso I de Aragão, o que faria com que Afonso Raimundes apenas ficasse com o trono da Galiza, e como tal acabar de estragar os seus planos e do falecido D. Raimundo.
Nesta altura supõe-se que D. Henrique faz uma viagem de regresso à Borgonha, provavelmente para ser instruído num novo plano de acção, devido à grande mudança de panorama político.
Em 1109 morria D. Afonso VI e o abade Hugo de Cluny, o grande orientador dos cavaleiros borgonheses na região. Assim D. Henrique fica sozinho, seno Afonso Raimundes ainda uma criança e nas mãos do “inimigo”.
Entretanto estala um conflito armado entre os recém casados, D. Urraca e D Afonso I de Aragão. D Henrique volta e começa, de uma forma estranha, a auxiliar tanto um lado como o outro, estabilizando a sua posição e ganhando sucessivas recompensas pelos serviços prestados.
Mas em 1111 o bispo Diego Gelmírez com o apoio de Pedro Froilaz, tutor de Afonso Raimundes, trata de o corar rei de Galiza com apenas seis anos, e tornando-o um fantoche nas suas mãos, acabando de destruir a influencia borgonhesa na Galiza Henrique agora sim estava sozinho, sendo o único reduto burgunhes na península o Condado Portucalense, mas este acaba por morrer em 1112 em Astorga.
É mais que obvio que D. Raimundo era um político e D. Henrique um guerreiro, as duas peças essenciais para a criação do novo reino, cujas funções o destino acabou por colocar nos ombros de um só homem, D. Afonso Henriques.
Este rapidamente se torna amigo de Bernardo de Claraval (S. Bernardo), também ele da Borgonha e primo de Hugues de Payens, com o qual o nosso primeiro rei é dito ter tido varias conversas por telepatia. Então vem a onda Templaria para o nosso país, dois anos antes da sua oficialização pela igreja, e a conquista das nossas fronteiras começa, não se tendo alterado muito desde então. Juntamente com isto os Templários fazem renascer por todo o país os vários cultos ás varias “nossas senhoras”, reconstruem varias capelas em antigos locais sagrados pagãos e fazem nascer o Culto ao Espirito Santo, em que mais tarde são auxiliados pela Rainha Santa Isabel (mas este tema só por si dá para um ou vários livros).
Isto são os factos históricos aceites pela comunidade no geral, mas outros autores desde então têm sugerido algo mais que isto.
No mínimo toda esta historia é estranha, há uma clara conspiração, para não falar obsessão, Borgonhesa para a criação de um novo reino na costa Ocidente da Europa e os Templários aparecem nisto tudo como uma mais valia para esse reino. António Telmo chega realmente a dizer que Portugal apenas existe por causa dos Templários e a razão da existência dos Templários é Portugal.

As informações que vou disponibilizar de seguida são essencialmente tiradas dos livros “Historia Misteriosa de Portugal” de Victor Mendanha, “O Mistérios de Portugal – na Historia e n’Os Lusíadas” de António Telmo e “Os Templários na Formação de Portugal” de Paulo Alexandre Loução. Nenhum destes é tão rigoroso como o Holy Blood Holy Grail, tendo os seus autores a tendência para por vezes divagarem em especulações com muito pouco rigor histórico, mas não deixa de ser uma hipótese fascinante que não faz mal ter conhecimento.

Victor Mendanha diz que efectivamente o Corte do Olmo separou as duas ordens, mas no entanto o seu objectivo principal e plano para Portugal permaneceu inalterado. Podem depois ver-se três secções distintas dentro da Ordem do Templo, a secção de Terra Santa, a secção Francesa e a secção Portuguesa (cujo símbolo é a cruz orbicular, raramente utilizada pelos Templários fora do país). A secção da Terra Santa é destruída quando os Cristão perdiam Jerusalém para os Muçulmanos (1187, um ano antes do Corte do Olmo) e a secção francesa é destruída entre 1307 e 1314, restando apenas a secção lusitana.

A questão agora é “porquê?”
Novamente Victor Mendanha sugere que a brutal destruição da Ordem do Templo em França foi provavelmente prevista, mas não evitada. Os Templários eram a ordem militar mais poderosa e rica do mundo conhecido, estavam em todo o lado, eram inclusive mais poderosos que alguns reis. Tamanha propagação e fama iria comprometer o seu “verdadeiro plano oculto”. Também, a Ordem necessitou de Jacques de Molay sacrificado como Jesus para dar nova vida aos restantes Templários.

Agora volta-se a focar Portugal. Este é o reinado de D. Dinis, amante da literatura e poesia provençal, trazida para Portugal e Galiza por refugiados Cátaros que a Rainha Santa Isabel acolheu em Carção (uma derivação de Carcassonne) no Norte do País.

Antes de subir ao trono D. Dinis viaja ao Sul de França, onde passa vários meses, especialmente em Gisors, tempo suficiente para ser iniciado nos planos da Prieuré para o reino.

Quando os Templários são extintos em França, o Papa passa as Bulas Regnans in Caelis e Callidi serpentis vigil decretando para que o Templários Portugueses serem detidos e todos os seus vastos bens apreendidos e doados á ordem dos Hospitalarios. Tal não acontece, os Templários Portugueses simplesmente desaparecem e pouco depois surge a Ordem da Milícia de Jesus Cristo, oficializada pela Bula Ad ea exquibus cultus augeatur divinus, á qual são atribuídos todos os bens dos antigos Templários. Provavelmente sobre as instruções da Prieuré.
Assim é criado uma nova ordem, rica sem duvida, mas com a folha limpa.

Seguidamente D. Dinis ordena a plantação de pinhais e florestas por todo o país e a sua missão dada pela Prieuré acaba.
Quando os pinheiros plantados ficam maduros surge O Infante D. Henrique, o Navegador (Nautonnier), o novo representante da Prieuré em Portugal.

Este inicia os Descobrimentos e a época de ouro Portuguesa. Usa a madeira dos pinheiros planada por D. Dinis para fazer as suas naus e caravelas e vai buscar praticamente toda a totalidade dos seus navegadores á Ordem de Cristo, todos eles iniciados no grande plano borgonhês.

Mesmo nesta altura a influencia física da Borgonha é notória em Portugal. Vejamos uma das possíveis interpretações dos enigmáticos Painéis de S. Vicente de Fora (do livro Portugal – Razão e Mistério, Vol. II de António Quadros).


I - Painel dos Cirterciences
1- O Esmoler do Rei, cirterciense de Alcobaça, se não o proprio Dom Abade.

II - Painel das Confrarias do Espírito Santo
2 - Frei João Álvares, religioso da Ordem de Avis, companheiro do Infante Santo em Fez e seu biógrafo; figura de intelectual e de místico, ao tempo retirado para a Comfraria do Espírito Santo, em Lagos.

III - Painel da Aliança no Espírito Santo
3- Infanta D. Joana «Santa Joana Princesa».
4- Isabel de Avis, filha de D. João e Duquesa-mãe de Borgonha.
5- Imagem de Infante Santo, mostrando o Evangelho de São João.
6- Rei D. Afonso V.
7- Carlos o Temerário, neto de D. João I, o Grande Duque do Ocidente já Duque da borgonha.
8- Infante D. João, futuro D. João II

IV - Painel da Missão das Ordens de Cristo e de Avis
9- D. Fernando, irmão de D. Afonso V; 9º governador da Ordem de Cristo, representante da Ordem de Avis, Mestre de Santiago, Contestavel de Reino, Duque de Viseu.
10- Seu filho D. Diogo, futuro 12º Governador da Ordem de Cristo.
11- Seu filho mais velho, D. João, futuro 11º Governador de rdem de Cristo.
12- D. Jorge da Costa, Conselheiro de D. Afonso V, Arcebispo de Lisboa futuro Cardeal de Alpedrinha.
13- D. Jorge da Costa, homónimo e meio-irmão de Cardeal, Deão da Sé de Lsiboa.
14- Segunda imagem do Infante Santo, agora com a vara simbólica do Mestrado de Avis, investindo o Mestre das 3 Ordens e Contestavel, na missão de libertar o seu corpo.
15- D. Fernando II, Duque de Guimarães, filho do Duque de Bragança, futuro comandante da esquadra para a expedição de 1471 a Marrocos.
16- D. João, seu irmão e Marquês de Montemor
17- O cronista Gomes Eanes de Zurara.

V - Painel dos Cavaleiros
18- D FernandoI, 2º Duque de Bragança, que seria regente durante a expedição
19- D. João Coutinho, Conde de Marialva, que comandaria um dos corpos do Exercito, no ataque a Arzila.
20- D. Herrique de Menezes, Conde de Valença, filho de D. Duarte de Menezes
21- D. Álvaro de Castro, Conde de Monsanto, Camareiro-Mor de D. Afonso V e futuro comandante do outro corpo de exército.

VI - Painel da Reliquia
22- Provedor da casa de Santo Antonio, mostrando uma reliquia do Santo.
23- Um criado da casa do Infante Santo? Um Franciscano?
24- Olivier de le Marche, Cronista da Borgonha, amigo e embaixador de Carlos o Temerario, apresentando um teexto alegorico relacionado com o milagre pedido a Santo Antonio, de salvar-se o corpo do Infante Santo.

(Para mais informação sobreos Paineis de S. Vicente de Fora vejam: http://paineis.org/)



A todos os navegadores que saiam de Portugal o Infante dizia sempre a mesma coisa: “Tragam-me notícias do Preste João das Índias!”

Quem é o Preste João?

Supostamente Preste João era um soberano de um reino cristão idílico, descendente do Rei Salomão e da Rainha do Sabá e como tal um membro da casa de David, a mesma de Jesus Cristo. Supostamente praticante de Cristianismo Copta, tendo sido dada uma cruz desta mesma confissão ao Conde Henrique na sua viagem a Jerusalém, que mais tarde foi adaptada para o símbolo do Ordem de Avis.

A esta altura era já reconhecido como Preste João, ou melhor, como “um” Preste João, o Rei Negus da Abissínia (Etiópia).

Quando contactado o reino de Preste João, são iniciadas fortes trocas diplomáticas e comerciais entre os dois reinos, entre os quais o envio de um Mestre de Alquimia Copta de Alexandria que inicia D. Afonso V nesta via iniciativa. Tais trocas culminam com a proposta, da parte Etíope, na fusão das casa reais Portuguesas e da Abissínia. No entanto todos os planos são destruídos quando o embaixador de Preste João, Zaga Zaab, também ele um praticante de Cristianismo Copta é apanhado pela inquisição e consequentemente morto.

Mas aqui a questão torna-se mais complicada. Segundo António Telmo, existiam simultaneamente quatro Prestes João. Um na Abissínia, encontrado pelos Portugueses, um na Índia, um na Mongólia e outro no Tibete. Isto sugere ainda com mais força que “Preste João” era um titulo atribuído a determinado indivíduo por um poder ainda maior.

Se agora analisarmos alguns “Romances do Graal” vamos encontrar mais pistas, livros estes em que os autores do Holy Blood Holy Grail também basearam grande parte da sua investigação. Nestes é referida uma terra junto do Ocidente, junto ao mar, a terra de Anfortas ou Afonso, o Rei pescador, onde estará o Graal, protegido pelos templários. Uma terra a Ocidente, junto ao mar, com Templários e com um Rei chamado Afonso só conheço uma… Portugal!

Mais ainda, no “Percivali li Gallois” o Graal é levado por Templários (os navegadores da Ordem de Cristo), numa nau com cruz vermelha sobre vela branca. Novamente Portugal. E finalmente no “Titurel” o Graal acaba por ser levado para o reino de Preste João na Índia, onde ficará “junto do Paraíso”. Isto é uma clara alusão ao Shambala-Agarth, a divina terra mítica do Tibete.

E aqui está! O grande plano nacional da Prieuré desvendado (ou não…), tudo não passou de uma forma de chegar ao Oriente distante e entrar em contacto com os Preste João embaixadores do divino Shambala.

O que o transporte do Graal para esta terra de mistérios significa, não faço ideia. Mas é possível, se a tese de Michael Baigent e amigos estiver correcta, que o objectivo disto tudo seria dar uma nova “injecção” e sangue divino, supostamente abundante no Shambala, á linhagem de Cristo, que já o possui.

Mas não acaba por aqui. O ultimo episódio desta estranha historia dá-se apenas na década de 70.

Nesta altura Rainer Daehnhardt, o alemão mais Português do mundo e presidente da Sociedade Portuguesa de Armas Antigas, habitava nos Açores. A sua fama de mecenas da cultura portuguesa e tudo quanto seja Portugal antigo fez com que ás suas mão fossem parar três estranhos pergaminhos. Tratam-se de três pergaminhos redigidos numa escrita chamada “gée”, usado por sacerdotes Coptas abexins.

Ora bem, quais são as probabilidades de pergaminhos Coptas estarem perdidos nos Açores? Os únicos dois sítios de onde esses pergaminhos possam ter originado são, Alexandria (muito pouco provável) ou o Reino Copta do Preste João de Abissínia, tal não é disparatado.

Durante as intensa trocas entre os dois reinos Portugal enviou vários navios de tropas para auxiliar Negus nas suas campanhas. Sem problema nenhum estes pergaminhos teriam sido enviados num desses barcos, que frequentemente faziam escala nos Açores. Sabendo os navegadores da Ordem de Cristo o perigo que estes mesmos pergaminhos correriam em Portugal devido á inquisição também não é de todo improvável que tenham sido guardados nestas mesmas ilhas.

Supostamente estes serão os misteriosos pergaminhos que são mencionados nas profecias do Papa João XXIII:

«Rolos de papel serão encontrados nos Açores e falarão de antigas civilizações que aos homens ensinarão coisas antigas por eles desconhecidas.»

Estes pergaminhos estão neste momento a ser traduzidos pelo próprio Rainer Daehnhardt. É uma questão de tempo.

Qual então o objectivo da Prieuré? O Shambala? Os pergaminhos? Ou os dois?

É provável que tudo isto seja só um monte de tanga, mas não deixa de ser um monte de tanga interessante. Não sei se a Prieuré existe ou não, se tem poder real ou não. Acredito sim que existe uma Ordem, deste o inicio da civilização, uns chamam-lhe “The White Brotherhood”, “The Sages” ou simplesmente “The Organization”. Se é a mesma que a Prieuré acho que não é relevante, mas não acredito que isto tudo sejam apenas coincidências.

A ideia de um “Prestes João” ( presbyterus Johannes ) como um poderoso rei-sacerdote cristão, situado muito a Oriente e que combatia os mouros, é comum durante toda a Idade Média. A sua posição geográfica é sempre muito vaga, variando entre África ( devido aos rumores sobre os coptas aí, basicamente correctos), e a Mongólia. Por falar nestes, quando os Mongóis chegam ao Médio Oriente, são acolhidos pelos Cruzados como enviados do Prestes João, sendo enviados então como resposta missionários.

As relações entre Portugal e a Abíssinia foram bastante atribuladas e picarescas. É certamente uma faceta dos Descobrimentos muito pouco conhecido mas bastante interessante. O grande problema nas comunicações era que a única via de comunicação viável era pelo Mar Vermelho, nas mãos dos Turcos, sendo portanto bastante dificil as portugueses lá entrar. Aqui vai uma pequena lista dos principais acontecimentos:

1452: Segundo os documentos da chancelaria de D. Afonso V, está em Portugal um tal de “Jorge”, embaixador do Prestes João. Não existem mais registos sobre ele, podendo ser ou um impostor, ou um peregrino abexim ( i.e. da abissínia) que tinha chegado à Europa por Jerusalém ( será este o tal “mestre alquímico” ?) De qualquer maneira não deixou rasto

1487- D. João II envia Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva para a “Índia” ( significado genérico da altura), em busca de especiarias e do Prestes João. Após muitas aventuras e vários anos, Pêro da Covilhã atinge a Etiópia e contacta o seu Imperador, o “Prestes João”. Torna-se bastante influente por lá, nunca mais abandonando esse país ( e vive até contactar com os portugueses seguintes).

1510/1512- João Gomes consegue chegar à Abissinia e volta com um embaixador, chamado de Mateus. Este Mateus chega a Portugal onde é recebido pelo rei D. Manuel. Volta com uma embaixada grandiosa, mas que falha miservalmente, chegando apenas alguns dos seus elementos ao imperador da Abíssinia.

1521- Uma 2ª embaixada chega a Portugal, com o tal Zaga Zaab à frente. É este que traz a tal proposta do casamento ente membros das famílias reais ( nada deextraordinário no mundo medieval: afinal Ricardo Coração-de-Leão ofereceu a mão da irmã a Saladino para selar uma paz). É apenas uam figura de retórica. Zaga Zaab é interrogado sobre a doutrina da Igreja etíope, chega a publicar um livro sobre o assunto em conjunto com Damião de Góis. As suas ideias são condenadas pela hierarquia da Igreja Católica e pela Inquisição ( ainda no seu início), mas nada lhe acontece. Presume-se que tenha voltado à Abíssinia na armada de 1539.

1541- Depois de contactos muito esporádicos, os abíssinios pedem ajuda aos portugueses frente a uma invasão turca. D. Cristovão da Gama e 400 homens vão em seu auxílio, vencendo várias batalhas contra forças muito superiores, mas a maior parte deles morre.

1541-1632- Os jesuítas vão entrando muito a custo na Abíssinia ( sempre os árabes a barrarem o caminho), mas vão começando a sua missionização: os abexins eram coptas. Ocorrem os episódios habituais daí resultantes, como conversões por interesse, conversões forçadas, perseguições, guerras, massacres, etc, etc. Em 1632 o partido tradicional expulsa finalmente os jesuítas ( os últimos são lapidados).

Sobre os tais “pregaminhos”: essa é mesmo uma estória à Rainer Daenhardt. Mas se em 30 anos ainda não conseguiu avançar no seu estudo, mais vale entregá-los a quem sabe. No entanto, não nego que exista a hipótese de esses manuscritos serem autênticos.

De todas as maneiras, um texto extremamente interessante e que merece uma pesquisa e actualização constante. Umas consultas a fontes de história “mais tradicionais” ajudariam também.




Editado pela última vez por soultrain em Qui Fev 26, 2009 2:41 pm, em um total de 1 vez.

"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento" :!:


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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#36 Mensagem por soultrain » Qui Fev 26, 2009 2:40 pm

Conheço pessoalmente o Sr. Rainer Daenhardt, vou tentar indagar.

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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#37 Mensagem por Clermont » Qui Fev 26, 2009 7:23 pm

Olha, confesso que não li o texto, meticulosamente - muitos detalhes tipo, "fulana que casou com sicrano, que passou a mão na beltrana".

Só acharia que, acima de tudo, seria preciso confirmar a exata constituição do elemento humano da Ordem de Cristo. Isto porque não há certeza - e provavelmente, nunca haverá - da proporção de antigos templários na nova ordem. Se foram muitos ou se foram poucos. Por exemplo, o primeiro Mestre de Cristo, foi um cavaleiro de uma das ordens militares portuguesas (agora, esqueci qual), não um ex-templário. De qualquer modo, não me parece que templários de outros países tenham sido aceitos na nova ordem portuguesa.

Realmente, até prova em contrário, eu ainda fico com a teoria de que a criação da Ordem de Cristo, simplesmente, foi uma forma de "manter em casa" todos as grandes propriedades que o Templo possuía em Portugal, que, de outra forma, iriam para uma ordem estrangeira, a Ordem do Hospital. Seria interessante lembrar que o Hospital foi a única ordem militar a manter sua autonomia, enquanto todas as outras acabaram como meras dependências da Coroa portuguesa.

Por falar nisso, não foi só em Portugal que surgiu esta idéia, também no reino de Aragão, foi criada uma nova instituição, a Ordem de Montesa, que absorveu todas as ex-propriedades templárias.




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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#38 Mensagem por Clermont » Ter Abr 07, 2009 10:37 am

OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS OCULTAVAM O SUDÁRIO DE TURIM, DIZ O VATICANO.

Richard Owen - Times On Line – 6 de abril de 2009.

Cavaleiros medievais ocultaram e veneraram o Santo Sudário de Turim, durante mais de 100 anos depois das Cruzadas, disse, ontem, o Vaticano, num anúncio que parece resolver o mistério dos anos perdidos da relíquia.

Os Cavaleiros Templários, uma ordem que foi suprimida e desmobilizada por alegada heresia, cuidou do tecido de linho, que ostenta a imagem de um homem barbado, cabelos longos e ferimentos de crucificação, de acordo com pesquisadores do Vaticano.

O Sudário, que é guardado na capela real da Catedral de Turim, de há muito é reverenciado como o sudário com o qual Jesus foi sepultado, embora a imagem só tenha aparecido, claramente, em 1898, quando um fotógrafo desenvolveu um negativo.

Barbara Frale, uma pesquisadora nos Arquivos Secretos do Vaticano, disse que o Sudário tinha desaparecido durante o saque de Constantinopla, em 1204, durante a Quarta Cruzada, e não reapareceu, de novo, até meados do século XIV. Escrevendo no L’Osservatore Romano, o jornal do Vaticano, a Drª. Frale disse que o destino dele, durante todos estes anos, sempre espantou os historiadores.

Entretanto, o estudo dela a respeito do julgamento dos Cavaleiros Templários trouxe à luz um documento no qual Arnaut Sabbatier, um jovem francês que entrou para a Ordem, em 1287, testemunhava de que, sendo parte de sua iniciação, ele foi levado a “um local secreto no qual, somente os freires do Templo tinham acesso”. Lá foi-lhe exibido “um longo tecido de linho, sobre o qual estava impressa a figura de um homem”, e ele foi instruído a venerar a imagem, beijando os pés dela, três vezes.

Drª Frale disse que entre outras alegadas ofensas tais como sodomia, os Cavaleiros Templários tinham sido acusados de cultuar ídolos, em particular, uma “figura barbada”. Na realidade, entretanto, o objeto que eles tinham, secretamente, venerado, era o Sudário.

Eles o tinham resgatado para assegurar-se que não caísse nas mãos de grupos heréticos, tais como os Cátaros, que proclamavam que Cristo não teve um corpo, autenticamente humano, apenas a aparência de humano, e, portanto, não podia ter morrido na Cruz e sido ressuscitado. Ela disse que sua descoberta confirmava uma teoria, apresentada, pela primeira vez, pelo historiador britânico Ian Wilson, em 1978.

Os Cavaleiros Templários tinham sido formados nos tempos da Primeira Cruzada, no século XI, 1 para proteger os cristãos fazendo peregrinação à Jerusalém. A Ordem foi endossada pelo Papa, mas, quando Acre foi tomada, em 1291, e os Cruzados perderam seu controle sobre a Terra Santa, o apoio aos Templários se desvaneceu, em meio a crescente inveja da fortuna deles, financeira e em propriedades.

Rumores sobre as corruptas e secretas cerimônias arcanas da Ordem, afirmavam que os noviços tinham de negar Cristo, três vezes, cuspir na cruz, despirem-se e beijar seus superiores nas nádegas, umbigo e lábios, e submeterem-se à sodomia. O Rei Filipe IV de França, que cobiçava a riqueza da Ordem e lhe devia dinheiro, deteve seus líderes e pressionou o Papa Clement V a dissolvê-la.

Vários cavaleiros, incluindo o Mestre do Templo, Jacques De Molay, foram queimados na estaca. Lendas sobre os rituais secretos e tesouros perdidos dos Templários tem, há muito tempo, fascinado os teóricos de conspirações e aparecem no Código Da Vinci, que repete a teoria de que aos Cavaleiros foi confiado o Santo Graal.

Em 2003, a Drª Frale, especialista medieval do Vaticano, descobriu o registro do julgamento dos Templários, também conhecido como o Pergaminho Chinon, após perceber que ele tinha sido, erroneamente, catalogado. O pergaminho mostrava que o Papa Clemente V tinha aceitado que os Templários eram culpados de “graves pecados”, tais como corrupção e imoralidade sexual, mas não de “heresia”.

A cerimônia de iniciação deles, envolvia cuspir na Cruz, mas isto destinava-se a prepará-los para fazer tal coisa, se fossem capturados por forças muçulmanas, diz a Drª Frale. Ano passado, ela publicou, pela primeira vez, a oração que os Cavaleiros Templários compuseram quando “injustamente aprisionados”, na qual eles apelavam à Virgem Maria que persuadisse “nossos inimigos” a abandonarem as calúnias e mentiras e voltarem-se para a verdade e a caridade.

Testes de datação com radiocarbono no Sudário de Turim, em 1988, indicaram que ele era uma fraude medieval. Entretanto, isto foi contestado sob o argumento de que a amostra foi tirada de uma área do sudário que havia sido remendada, após um incêndio na Idade Média, e não uma parte do tecido original.

Após o saque de Constantinopla, ele foi visto a seguir em Lirey, na França, em 1353, quando foi exibido numa igreja local, por descendentes de Godofredo De Charney, um cavaleiro templário queimado na estaca com Jacques De Molay.

Ele foi transferido para várias cidades européias, até que foi adquirido pela dinastia de Savóia, em Turim, no século XVI. Propriedade da Santa Sé, desde 1983, o Sudário foi exibido em público, pela última vez, em 2000, e deverá ser exibido, de novo, no próximo ano.

O Vaticano não proclamou se ele é genuíno ou uma fraude, deixando aos fiéis decidirem. O finado João Paulo II disse que ele era “um ícone do sofrimento dos inocentes, de todas as épocas.” Os auto-proclamados herdeiros dos Cavaleiros Templários tem pedido que o Vaticano “restaure a reputação” da Ordem caída em desgraça e reconheça que seus bens, valendo cerca de 80 milhões de libras britânicas, foram confiscados.

A Associação da Soberana Ordem do Templo de Cristo, sediada na Espanha, disse que, ao ser dissolvida pelo Papa Clemente V, mais de 9 mil propriedades, fazendas e estabelecimentos comerciais pertenciam a Ordem e foram tomados pela Igreja. Um ramo britânico, também, afirmando descendência dos Cavaleiros Templários, e sediado em Hertfordshire, tem solicitado uma desculpa papal pela perseguição da Ordem.

_____________________________________

1 : só pra sermos chatos e precisos, logo após a Primeira Cruzada, e no século XII...




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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#39 Mensagem por Clermont » Qui Jun 25, 2009 7:17 pm

CAVALEIROS DE MALTA; CAVALEIROS DE VERDADE, NÃO INVENTADOS.

Zenit.org - Roma, 15 de maio de 2006.

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Enquanto a Ordem dos Cavaleiros Templários tornou-se famosa graças ao «Código da Vinci», apesar de que tenha sido suprimida há muito tempo, a Soberana Ordem Militar e Hospitalar de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta (mais conhecida hoje como Cavaleiros de Malta) [e, também, originariamente, como os Cavaleiros Hospitalários], que pode alardear de uma história milenar, continua sendo praticamente desconhecida apesar de seu extenso trabalho internacional.

E, contudo, essa ordem tem uma história muito mais exitosa, cheia de aventuras, complôs e situações dramáticas, e inclusive com final feliz. E está até relacionada com a obra mestra de um famoso artista.

Bernard Galimard Flavigny, jornalista francês de «Le Figaro», narra de novo sua história no livro escrito em francês «Histoire de l’Ordre de Malte». Recentemente, os Cavaleiros apresentaram essa nova história da Ordem em seu impressionante terraço, com vista panorâmica ao Foro de Augusto em Roma, propriedade sua desde a Idade Média.

Se já há milhares de volumes escritos sobre a Ordem, desde que seu fundador, o beato irmão Gerardo, abrira seu primeiro centro de acolhida em Jerusalém, no século XI, a primeira pergunta que se faz é por que outra obra sobre a Ordem, que é reconhecida por numerosas nações como uma realidade soberana, como uma nação.

«A paixão contemporânea pela história o requer – respondeu o porta-voz dos Cavaleiros de Malta Eugênio Ajroldi di Robbiate. O livro realiza um enfoque temático e cronológico muito interessante da longa história da Ordem, e também é um prazer lê-lo para o leitor atual.»

Flavigny assinalou que, ainda que tenha condensado «novecentos anos em um volume», empregou dez anos de investigação em Malta, Roma e Paris para escrevê-lo. Flavigny estudou os documentos, comprovou os fatos e logo escreveu a história.

O livro contém toda série de fatos e anedotas sobre a Ordem, como a origem e significado de seu símbolo principal, a cruz de oito pontas. Levavam uma cruz branca na costas para proteger o cavaleiro contra o pecado e o mal. O maior castigo que se podia infligir a um cavaleiro era que perdesse seu hábito.

O branco simboliza a pureza, e a estrela de oito pontas representa as boas vindas dos cavaleiros: alegria espiritual, vida simples sem malícia, humildade, penitência, amor pela justiça, compaixão, sinceridade e paciência na perseguição por causa da justiça.

Os Cavaleiros de Malta começaram abrindo hospitais, cuidando dos enfermos, e continuam sendo uma das maiores organizações médicas caritativas do mundo. Quando se trasladaram de Jerusalém a Rodas e a Malta, perseguidos pela onda turca, tiveram que abandonar hospitais bem equipados, com os mais modernos métodos médicos. Dietas especiais para diferentes pacientes, ênfase na limpeza, e um ambiente ventilado e iluminado, contribuíram para com sua boa fama como especialistas na atenção médica.

Os perigos que enfrentavam os peregrinos cristãos forçaram a Ordem a tomar as armas para protegê-los e para defender a Europa do que parecia uma invasão inevitável por parte do Império Otomano.

O melhor momento militar da Ordem foi em 31 de maio de 1565, quando a pequena ilha de Malta, ocupada pelos Cavaleiros, foi assediada pela frota turca que tentava tomá-la com o fim de instalar uma base para invadir Europa. O valor e a incrível estratégia demonstrada pelos Cavaleiros, que resistiram a um assédio de três meses, garantiu-lhes um lugar nos anais da história européia.

Michelangelo Merisi da Caravaggio (1573-1610), um dos maiores pintores da história, foi a Malta em 1608, atraído pela fascinante história e humildade espiritual dos cavaleiros. Após pintar a extraordinária Decapitação de João Batista, para a ordem, esta lhe ofereceu torná-lo cavaleiro. Mas a mansidão que tão bem refletiu em sua pintura não lhe acompanhou em sua vida e, após lugar contra outro cavaleiro, Caravaggio foi expulso da ordem.

Flavigny sublinhou que a história da Ordem de Malta está impregnada de sua espiritualidade. Os cavaleiros seguiam a regra de santo Agostinho e até o dia de hoje prestam ajuda humanitária, vivendo a mesma vocação iniciada pelo irmão Gerardo em maior escala. Sempre rejeitaram ser comparados a uma organização não governamental, para manter sua independência e ser fiéis a seu carisma.

Dos mais de onze mil membros com que conta a Ordem de Malta, só cem são cavaleiros professos (sacerdotes). Cada ano, em maio, quase a metade deles peregrina a Lourdes. A mesma caridade e justiça destacada por Bento XVI, em sua encíclica «Deus caritas est», foi praticada por essa ordem em uma tradição ininterrupta desde o século XI.




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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#40 Mensagem por Al Zarqawi » Seg Jul 13, 2009 7:54 pm

Clermont escreveu:Olha, confesso que não li o texto, meticulosamente - muitos detalhes tipo, "fulana que casou com sicrano, que passou a mão na beltrana".

Só acharia que, acima de tudo, seria preciso confirmar a exata constituição do elemento humano da Ordem de Cristo. Isto porque não há certeza - e provavelmente, nunca haverá - da proporção de antigos templários na nova ordem. Se foram muitos ou se foram poucos. Por exemplo, o primeiro Mestre de Cristo, foi um cavaleiro de uma das ordens militares portuguesas (agora, esqueci qual), não um ex-templário. De qualquer modo, não me parece que templários de outros países tenham sido aceitos na nova ordem portuguesa.

Realmente, até prova em contrário, eu ainda fico com a teoria de que a criação da Ordem de Cristo, simplesmente, foi uma forma de "manter em casa" todos as grandes propriedades que o Templo possuía em Portugal, que, de outra forma, iriam para uma ordem estrangeira, a Ordem do Hospital. Seria interessante lembrar que o Hospital foi a única ordem militar a manter sua autonomia, enquanto todas as outras acabaram como meras dependências da Coroa portuguesa.

Por falar nisso, não foi só em Portugal que surgiu esta idéia, também no reino de Aragão, foi criada uma nova instituição, a Ordem de Montesa, que absorveu todas as ex-propriedades templárias.

Algumas considerações.A Ordem de Cristo foi criada a partir da extinção da Ordem dos Templários devido ao confisco de suas propriedades quer pelo Filipe " O Belo" e o Papa Clemente na França.
D.Dinis criou esta nova Ordem extinguindo a dos Templários que também herdaria os bens desta.É por demais óbvio que nesta nova Ordem de Cristo muitos vieram de França e outras paragens,que realmente não foi nada de inédito pois assim como Portugal,o Reino de Castela,Leão e Aragão se uniram contra a Ordem do Hospital.
D.Dinis ao aceitá-los não só criou uma nova ordem como garantiu a posse de seus bens ficassem no país,mas a maior parte eram de fora.
Quanto ao primeiro mestre da Ordem de Cristo Dom Gil Martins,era um ex.templário segundo o historiador Alexandre Herculano.

http://books.google.com.br/books?id=8rk ... t&resnum=1




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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#41 Mensagem por Clermont » Seg Jul 13, 2009 10:12 pm

Al Zarqawi escreveu:É por demais óbvio que nesta nova Ordem de Cristo muitos vieram de França e outras paragens, (...)
Realmente, para mim é justamente o contrário que parece óbvio: o fato de que nenhum estrangeiro poderia ter entrado em Portugal para aderir a nova ordem, construída sobre os bens do Templo. Até mesmo em relação aos portugueses natos, há dúvidas sobre a quantidade de ex-membros do Templo que teriam sido aceitos. Há historiadores que dizem que foram muitos; há os que dizem que foram poucos. Talvez algum forista português pudesse informar se há novidades recentes sobre isto.
Quanto ao primeiro mestre da Ordem de Cristo Dom Gil Martins,era um ex.templário segundo o historiador Alexandre Herculano.
Bem, ele pode dizer, mas todos os outros historiadores dizem o contrário, como Alain Demurger, por exemplo. Estes sustentam que Dom Gil Martins era Mestre da Ordem Militar de São Bento de Avis, quando foi escolhido pelo Rei Dom Dinis para tornar-se o primeiro Mestre de Cristo. À propósito, o último Comendador do Templo de Portugal, Vasco Fernandes, tornou-se comendador da Ordem de Cristo em Montalvão.




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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#42 Mensagem por Al Zarqawi » Ter Jul 14, 2009 8:20 am

Clermont escreveu: Realmente, para mim é justamente o contrário que parece óbvio: o fato de que nenhum estrangeiro poderia ter entrado em Portugal para aderir a nova ordem, construída sobre os bens do Templo. Até mesmo em relação aos portugueses natos, há dúvidas sobre a quantidade de ex-membros do Templo que teriam sido aceitos. Há historiadores que dizem que foram muitos; há os que dizem que foram poucos. Talvez algum forista português pudesse informar se há novidades recentes sobre isto.
E,porque não?Sobre esse tema poderia ler (Definições e Estautos dos Cavaleiros & Freires da Ordem de N.S.Iesu Christo,com a história da origem & principio della,1628-Pedro Craesbeeck)ou a obra de Eduardo Amarante (Templários),ou numa pesquisa mais personalizada vefirificar o acervo bibliotecário na Torre do Tombo em Lisboa.
Bem, ele pode dizer, mas todos os outros historiadores dizem o contrário, como Alain Demurger, por exemplo. Estes sustentam que Dom Gil Martins era Mestre da Ordem Militar de São Bento de Avis, quando foi escolhido pelo Rei Dom Dinis para tornar-se o primeiro Mestre de Cristo. À propósito, o último Comendador do Templo de Portugal, Vasco Fernandes, tornou-se comendador da Ordem de Cristo em Montalvão.
Sim e é verdade,mas qual a incompatibiliadade em o ter sido Templário?Sinceramente não vejo alguma.Quanto a Alexandre Herculano é somente um dos mais conceituados historiadores de História de Portugal esse Alain Demurger nem conheço.
Clermont existe nestes historiadores geralmente franceses,um certo conceito e uma visão de a França ser o centro de toda a história européia,se ler André Corvisier de repente até achará que as Grandes Navegações não foram criadas pelos franceses.Eu como português dou mais crédito a Alexandre Herculano (até tem o nome do Liceu onde fiz o secundário na cidade do Porto). :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:


Nosso Senhor Jesus Cristo (Ordem militar de).

Correndo o ano de 1311 foi extinta a ordem dos cavaleiros do Templo, por sentença que, a instancias de Filipe, o Formoso, rei de França, deu em privado consistório o papa Clemente V. A ordem militar dos Templários florescera por espaço de dois séculos com excelente fama de valor, e piedade, empregando-se já na defesa dos lugares santos de Jerusalém, já no agasalho dos peregrinos que da Europa iam visitar os mesmos lugares. Os motivos de uma tal resolução pontifícia deram grande variedade de opiniões nos diferentes autores, pelo que, com certeza, se não podem indicar precisamente. Sendo geral a extinção da ordem do Templo, não o foram as culpas dos cavaleiros, porque os de Portugal, como os de Castela e do Aragão, justificaram com evidentes provas a pureza dos seus procedimentos, e foram julgados livres dos delitos, que se atribuíram aos de França, onde se dizia que eram comuns a toda a ordem, cujas rendas se incorporaram na coroa do mesmo reino, o que é tido como claro indicio de que Filipe, o Formoso, excitara ao pontífice com falsas informações e indignas violências, a extinguir aquela ordem. Em Portugal, como em Espanha, procedeu-se com um nobre desinteresse e uma generosa cristandade. D. Diniz, que então reinava, podendo acrescentar o património real com as propriedades dos Templários, quis antes fundar com elas outra ordem. Constitui este facto, além disso, una hábil resolução do soberano, que diplomaticamente soube conservar as riquezas duma ordem extinta, para as passar a outra. Alguns autores afirmam que a cúria romana queria, com fúteis pretextos, apoderar-se das enormes rendas dos templários em Portugal (como o fizera noutros reinos) mas D. Diniz, política e patrioticamente, lhas subtraiu, criando em 14 de Agosto de 1318 a ordem de Cristo e dando-lhe esses rendimentos. Com a sua autoridade o sumo pontífice João XXII expediu então a sua bula de 14 de Março de 1319, confirmando aquela instituição. Além dos bens que ficaram dos templários, doou também o rei à nova milícia a vila e fortaleza de Castro Marim no reino do Algarve, dispondo que nela se estabelecesse o convento da ordem, donde, assim por mar como por terra, podia fazer guerra aos moiros de Marrocos e Granada, que inquietavam os nossos mares, e persistiam na teima de invadir e conquistar de novo toda a Espanha. O primeiro mestre que teve a ordem foi D. Gil Martins, que o era então da cavalaria de Avis, e vinha nomeado pelo papa, querendo que entrasse logo na de Cristo mestre que houvesse militado debaixo da regra de S. Bento e reformação de Cister, para instrução dos novos professores, sujeitando-a outrossim à visitação dos abades de Alcobaça, de que só foi isenta por outra bula de Paulo 111, expedida em 1542, no reinado de D. João III. Fez o mestre D. Gil as primeiras Constituições da ordem em 1321; cinco anos depois fez outras o segundo mestre D. João Lourenço, e assim foram continuando seus sucessores, aditando e inovando as coisas conforme o tempo requeria, todas as quais confirmava o abade de Alcobaça, como visitador e reformador desta religião, até que cm 1443, sendo governador da ordem o infante D. Henrique, o primeiro e principal ampliador dela, se procedeu à sua reformação por breve que impetrou do papa Eugénio IV. Aos estatutos que então se fizeram para observância da ordem, e modo de vida dos cavaleiros, acrescentou depois el-rei D. Manuel outras definições, por onde a mesma lhe ficou devendo a legislação e direcção religiosa com que se governava. Corria o ano de 1356 quando o mestre D. Estêvão Gonçalves Leitão, quarto cru ordem dos desta cavalaria, fez a mudança do convento de Castro Marim para Tomar, vendo que aquela vila era de pouca povoação, e que a ordem não tinha cabedal para a povoar e fortalecer como convinha. As razões mais congruentes e verosímeis que a isso o moveram foram sem duvida o ter sido Tomar convento e cabeça da ordem do Templo, estar esta vila situada no coração do reino, donde podiam os mestres acudir a tudo o que tocava à ordem; assim como pela disposição do sítio e capacidade do edifício, em que se podia acomodar tudo quanto convinha a uma religião de tanta estimação e valia. Deste tempo em diante ficou sendo Tomar cabeça da ordem militar de Cristo. Contando do primeiro mestre D. Gil Martins até D. Lopo Dias de Sousa, sobrinho da rainha D. Leonor, teve a ordem sete, que foram em rigor mestres e cavaleiros estreitamente professos desta religião. A este ultimo sucedeu o infante D. Henrique, duque de Viseu, que foi o primeiro que administrou a ordem com o titulo de governador e administrador dela, não querendo fazer profissão com o voto de pobreza por não perder o ducado e mais senhorios que lograva. Com o mesmo título de governador lhe sucedeu seu sobrinho o infante D. Fernando, irmão de el-rei D. Afonso V, e a ele seus três filhos D. João, D. Diogo e D. Manuel, o qual conservou o governo da ordem em todo o tempo do seu reinado. Por sua morte a administrou el-rei D. João II por bula do papa Adriano VI, até que por outra de Júlio III, expedida em 4 de Janeiro de 1551, lhe foi conferida, e a todos os seus sucessores na coroa, ainda que fêmeas, a administração perpetua dos mestrados das ordens militares do reino O hábito dos cavaleiros da ordem militar de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma cruz vermelha, quase quadrada, fendida no meio com outra branca dado que a alguns autores pareça que esta insígnia fosse a mesma que a do Templo, notoriamente é diferente, porque a dos Templários era toda vermelha, e a de Cristo consta daquelas duas cores; nem é crível que o papa lhe permitisse a insígnia da cavalaria que o seu antecessor extinguira, ordenando que de todo se perdesse a memória dela. Não só teve a ordem de Cristo um considerável património dentro do reino, senão que se estendia a sua jurisdição a todas as conquistas de Portugal, de que foi devedora ao imortal infante D. Henrique, o qual depois que se recolheu da conquista de Ceuta, em que teve grande parte, concebeu logo em seu ânimo pensamentos de descobrir e ganhar novas terras, sendo as ilhas de Porto Santo e Madeira as primícias de tão laboriosos cuidados. Por falecimento de D. João I, seu filho e sucessor D. Duarte, respeitando os dispêndios grandes que o infante seu irmão havia feito no descobrimento, povoação e culto destas ilhas, lhas doou por tempo de sua vida, concedendo à ordem de Cristo a perpetua jurisdição espiritual delas. Nos mais descobrimentos e conquistas, que se principiaram debaixo do estandarte da ordem, e com os cabedais do infante D. Henrique, reconheceu o reino o que devia a esta cavalaria; e assim com muita razão todas as armadas que saíam para as nossas possessões ultramarinas levavam os estandartes das armas reais assentes sobre a cruz da ordem de Cristo, reconhecendo que a ela era devida aquela herança, por onde a capitania da Índia não só em seus próprios mares, mas nos de Portugal, tinha preferência ás capitanias reais, não obstante que o cargo de general da armada real de Portugal era preeminente ao de capitão-mor da Índia. Os reis, como tinham esta milícia por sua, a honraram e enriqueceram mais que a nenhuma das outras, dando-lhe 21 vilas e lugares e 454 comendas, em que entravam 45 que se proviam pela Casa de Bragança. Quanto ás dignidades da ordem, a primeira e principal, depois do mestre, era o prior-mor, que tinha jurisdição no espiritual e temporal do convento, exercitando o poder espiritual não só com os clérigos residentes na casa mas com os cavaleiros que viviam separados dela. Ao Dom prior do convento de Tomar pertencia chamar por cartas a capítulo geral para nova eleição de mestre, a quem tomava o juramento de fidelidade e obediência ao papa. A segunda era o commendador-mor, que presidia na ausência do prior, e por falecimento do mestre, no interim da vacante, lhe pertencia governar a ordem. Seguia-se o claveiro, cujo ofício era ter as chaves do convento quando os cavaleiros viviam em comunidade, e ao qual competia distribuir o mantimento É tomar conta dos gastos que se faziam. A quarta dignidade era o sacristão-mor, a quem pertencia em capitulo ter os selos da ordem. A quinta e última dignidade era o alferes, que levava a bandeira nas procissões e em todos os actos de guerra em que ia o mestre. D. Maria I, reformando as três ordens militares por sua carta de lei de 19 de Junho de 1789, estabeleceu entre outras disposições as seguintes: Depois do grão-mestre e do comendador-mor as dignidades serão gradualmente os grã-cruzes, os comendadores e os cavaleiros. Nenhum será grã-cruz sem ser comendador promovido a grã-cruz. Pela mesma lei foram as insígnias de grã-cruz e comendador de cada uma das três ordens militares aumentadas com um coração, em memória do monumento ao Santíssimo Coração de Jesus que a mesma soberana pretendia estabelecer. Os cavaleiros teriam a sua venera como mandavam os antigos estatutos da ordem. Os actuais distintivos da ordem são na forma indicada nas gravuras respectivas, sendo a cruz vermelha aberta em branco, e a fita encarnada.

Bibliografia:

Compendio da regra e definições dos cavalleiros da ordem de Nosso Senhor Jesus Christo, com alguns breves pontificios e privilegios reaes, etc., por fr. Damião das Neves, Lisboa, 1607; Noticia historica das ordens militares e ci­vis portuguezas, etc., por Aleixo Tavano e José Augusto da Silva, Lisboa, 1881; A Ordem de Christo, por J. Vieira da S. Guimarães, Lisboa, 1901.

Transcrito por Manuel Amaral

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume Y, págs. 127-130
Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2009 Manuel Amaral




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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#43 Mensagem por Clermont » Ter Jul 14, 2009 10:26 am

A) Quanto ao primeiro mestre da Ordem de Cristo Dom Gil Martins,era um ex.templário segundo o historiador Alexandre Herculano.
B) Quanto a Alexandre Herculano é somente um dos mais conceituados historiadores de História de Portugal esse Alain Demurger nem conheço.
C) O primeiro mestre que teve a ordem foi D. Gil Martins, que o era então da cavalaria de Avis, e vinha nomeado pelo papa, (...)
Eu não discordo dos méritos de Alexandre Herculano, porém, observe que a afirmativa "C" contesta a afirmativa "A". Ou seja, se, por hipótese, Alexandre Herculano fez mesmo tal assertiva, forçoso é reconhecer que se equivocou.

À propósito, Alain Demurger, também é, somente, um dos mais conceituados historiadores da França. E é especializado em história medieval, especialmente, das Ordens Militares. E tem a grande vantagem de ainda estar vivo, portanto, tendo acesso a fontes que não eram do conhecimento de Herculano, que já morreu há mais de 100 anos.
Sim e é verdade,mas qual a incompatibiliadade em o ter sido Templário? Sinceramente não vejo alguma.
Bem, somente um estudioso da Ordem de Cristo poderia emitir pareceres definitivos sobre a constituição desta instituição. O pouco que eu sei já disse: há controvérsias sobre a quantidade de ex-templários portugueses que tenham sido aceitos na nova ordem. Mas, basta dar um exemplo interessante. Como eu disse antes, Vasco Fernandes, o último comendador (ou mestre provincial) da Ordem do Templo em Portugal recebeu uma comendadoria da Ordem de Cristo em Montalvão - nem me perguntem em que parte de Portugal isto fica. Mas, o interessante é que, a princípio, ele teve sua entrada na nova ordem vetada pelo Mestre Gil Martins. Só depois que este recebeu uma ordem direta do Papa, é que Dom Vasco Fernandes foi aceito. Isso pode indicar uma certa resistência da nova Ordem de Cristo de aceitar, pelo menos, a presença de ex-templários em posições de comando.

Daí, a gente pode imaginar que seria, extremamente difícil, que fossem admitidos estrangeiros (ingleses, franceses, espanhóis) ex-templários na nova ordem. Mas, seria fácil averiguar isto: bastaria descobrir algum documento que comprove a existência de ex-templários estrangeiros nas fileiras da nova ordem que não era muito numerosa, diga-se de passagem: ela tinha alguma coisa por volta de 100 (cem) freires, entre sargentos e cavaleiros. Muito pouco para se acreditar na presença de franceses, e outros.




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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#44 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Jul 14, 2009 10:29 am





"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#45 Mensagem por Al Zarqawi » Ter Jul 14, 2009 11:11 am

Clermont escreveu:
A) Quanto ao primeiro mestre da Ordem de Cristo Dom Gil Martins,era um ex.templário segundo o historiador Alexandre Herculano.
B) Quanto a Alexandre Herculano é somente um dos mais conceituados historiadores de História de Portugal esse Alain Demurger nem conheço.
C) O primeiro mestre que teve a ordem foi D. Gil Martins, que o era então da cavalaria de Avis, e vinha nomeado pelo papa, (...)
Eu não discordo dos méritos de Alexandre Herculano, porém, observe que a afirmativa "C" contesta a afirmativa "A". Ou seja, se, por hipótese, Alexandre Herculano fez mesmo tal assertiva, forçoso é reconhecer que se equivocou.
No meu conceito não.Aqui numa fonte onde a bibliografia cira o Alain Demurger afirma o oposto.
<![endif]--> Ordem dos templários

De Symbolom
Ir para: navegação, pesquisa
A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, melhor conhecida como Ordem dos Templários é uma Ordem de Cavalaria criada em 1118, na cidade de Jerusalém, por nove cavaleiros de origem francesa, entre os quais Hugo de Payens e Geoffroy de Saint-Omer, visando a defesa dos interesses e proteção dos peregrinos cristãos na Terra Santa.
Sob a divisa Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam (Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória), tirada de Salmos 115:1, tornou-se, nos séculos seguintes, numa instituição de enorme poder político, militar e econômico.
Inicialmente, as suas funções limitavam-se à proteção dos peregrinos que se deslocavam aos locais sagrados, nos territórios cristãos conquistados na Terra Santa, durante o movimento das Cruzadas. Nas décadas seguintes, a Ordem beneficiou-se de inúmeras doações de terra na Europa que lhe permitiram estabelecer uma rede de influências em todo o continente.

Conteúdo [esconder]
1 Origem do nome e lendas
2 História: ascensão e queda
3 Alguns fatos
4 Qual o seu Destino?
5 Influências
6 "Processus contra templarios"
7 Mito
8 Mestres
9 Em Portugal
9.1 Mestres Portugueses
10 Bibliografia


[editar] Origem do nome e lendas
Com a tomada de Jerusalém pela primeira Cruzada e o surgimento do Reino Latino de Jerusalém, nove cavaleiros que dela participaram pediram autorização para permanecer na cidade e proteger os peregrinos que para lá se dirigiam. O rei de Jerusalém, Balduíno II, permitiu que os estábulos sobre as ruínas do Segundo Templo de Salomão, naquela cidade, lhes servissem de sede.
Estes cavaleiros fizeram voto de pobreza e seu símbolo passou a ser o de um cavalo montado por dois cavaleiros. Em decorrência do local de sua sede, do voto de pobreza e da fé em Cristo surgiu o nome da Ordem, "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão", ou simplesmente "Cavaleiros Templários".

Segundo uma versão da lenda, nos primeiros nove anos de existência estes cavaleiros dedicaram-se a escavações feitas nos alicerces da sua sede, até terem encontrado documentos e riquezas que os tornaram poderosos. Supostamente, sob o Segundo Templo, local mais sagrado dos antigos Judeus, jaziam riquezas ocultas pelos sacerdotes antes da conquista e destruição de Jerusalém pelos romanos no ano de 70.

Segundo outras versões da lenda, os cavaleiros teriam encontrado o Santo Graal, cálice utilizado por Jesus Cristo na Última Ceia, e que teria sido utilizado para coletar o seu sangue quando de sua crucificação.

As versões são acordes quando dizem que o que foi encontrado foi levado pelos cavaleiros templários, sigilosamente para a Europa, onde a Ordem teria alcançado do Papa Inocêncio II uma bula pela qual obtinham poderes ilimitados, sendo declarados "isentos de jurisdição episcopal", constituindo-se, desse modo, em um poder autônomo, independente de qualquer interferência, política e religiosa, quer de reis quer de prelados.

[editar] História: ascensão e queda


É facto que, no continente europeu, a Ordem expandiu-se rapidamente, em número e em poder político, acumulando vastos domínios em mais de dez países, vindo a enriquecer através da concessão de créditos a reis, nobres e prelados, cobrando juros sobre esses recursos, instituindo o embrião do moderno sistema bancário.

No século XIV, a Ordem teria alcançado tamanho poder que Filipe IV de França e o Papa Clemente V, colocaram em prática uma estratégia para esmagar a mesma e se apoderarem dos seus recursos.

O Papa enviou instruções secretas, lacradas, a serem abertas simultaneamente pelas suas forças, por toda a Europa, no dia 13 de outubro de 1307. Nesse dia, ao serem abertas, os destinatários tomaram conhecimento da afirmação do Pontífice de que Deus lhe falara numa visão, alertando-o de que os Templários eram culpados de heresia, blasfêmia, idolatria, sodomia e, até mesmo, de feitiçaria<ref>DEMURGER, Alain. O roubo do tesouro dos Templários. in: História Viva, ano 1, n° 4, fev. 2004. p. 66-69.</ref>. Como Papa, recebera de Deus a ordem de purificar a Terra, reunindo todos os Templários e torturando-os até que confessassem as supostas heresias cometidas.

A operação foi um sucesso e inúmeros Templários foram presos, torturados e queimados em fogueiras como hereges, mantendo a soberania da Igreja Católica no cenário político da época.

O rei Filipe IV de França tentou tomar posse dos tesouros dos templários. No entanto, quando seus homens chegaram ao porto, a frota templária já havia partido misteriosamente com todos os tesouros, e jamais foi encontrada. Os possíveis destinos dessa frota seriam Portugal, onde os templários seriam protegidos; a Inglaterra, onde poderiam se refugiar por algum tempo, e a Escócia onde também poderiam se refugiar com bastante segurança. O refúgio, nestes casos, era facilitado por se tratarem de países onde a Igreja Católica tinha menor penetração. A existência de ritos da maçonaria correspondendo a estes países, entre outros, justificam a teoria de que as origens da ordem esteja nos Cavaleiros Templários, como o Rito de York (Inglaterra), Rito Escocês Antigo e Aceito, Rito Adonhiramita (Portugal e França), entre outrosPredefinição:Carece de fontes.

O último Grão-mestre Templário, Jacques de Molay, após dez anos na prisão, prestes a ser executado na fogueira em 1314, amaldiçoou seus perseguidores, convocando-os a prestar contas a Deus no prazo de um ano. A maldição dirigia-se especificamente ao rei Filipe IV, ao Papa Clemente V e a Guilherme de Nogaret, guarda do Selo Real. Os três personagens faleceram naquele prazo. Complementarmente, nenhum dos filhos de Filipe IV conseguiu manter-se no trono ou deixar descendentes, encerrando-se a Dinastia Capetiana e abrindo uma crise sucessória que mergulhou a França na Guerra dos Cem Anos.

[editar] Alguns fatos
A mistura da hierarquia monástica e militar atraiu muitos filhos de nobres, em geral aqueles que não receberiam qualquer herança em razão da regra da primogenia, para as suas fileiras.
A valentia e destreza demonstrada em várias batalhas tornava a participação na ordem uma forma atrativa de adotar uma postura de vida religiosa e ganhar respeitabilidade na sociedade, sendo certo que a ordem era vista como uma nova cavalaria, cujos membros mesclavam atuação guerreira com a salvação espiritual.
Uma das principais características da ordem era a sua autonomia em relação à hierarquia da Igreja Católica, sendo certo que seus membros só se sujeitavam ao próprio Papa. Tal autonomia isentava-os do pagamento de dízimos e permitia que mantivessem os seus próprios cultos, padres, capelões, cemitérios etc.
O reconhecimento da ordem, ocorrido no Concílio de Troyes, e seu posterior crescimento, está intimamente ligada à atuação de São Bernardo de Claraval, que advogou em seu favor perante o Papa e a nobreza europeia da época, ressaltando seus ideais. A regra que estabelecia o modo de viver dos cavaleiros templários também foi escrita por São Bernardo, que era sobrinho de um dos nove cavaleiros que a fundaram. Tal regra previa o voto de pobreza e de celibato.
Após a consolidação da sua força na Europa, quando passaram a ser proprietários de vastas áreas e de diversas fortalezas, os Templários foram os precursores do cheque e do sistema financeiro internacional. Evidentemente, transportar riquezas na Idade Média representava um enorme risco. Assim, qualquer viajante poderia depositar determinada quantia numa fortaleza templária e receberia um documento cifrado que poderia ser descontado em qualquer outra fortaleza, pagando-se uma percentagem por tais serviços. Além disso, os templários fizeram empréstimos a diversos reinos, o que demonstrava o seu poder econômico.
Como a função inicial da ordem era proteger os peregrinos que se dirigiam a Terra Santa, a ordem passou a manter relações diplomáticas com vários não-cristãos. Para evitar conflitos, tolerava os ritos e as crenças dos muçulmanos e judeus e muitos de seus membros aprenderam idiomas dos não-cristãos para evitar a negociação por meio de intérpretes. Tais fatos foram amplamente usados nas acusações feitas mais tarde contra a ordem.
De certa forma, a ascensão meteórica dos Templários levou à sua própria queda. Segundo alguns, um pouco das razões de sua queda foram causadas pelo fato de Filipe IV, o belo, ter tentado entrar para a ordem templária, mas ter sido recusado. Além disso, num levante de seus súditos, o rei francês foi obrigado a se refugiar dentro de uma fortaleza templária até que a situação fosse controlada. O sentimento de impotência diante da ordem templária, aliado à dificuldade financeira pela qual os cofres do reino se encontravam, além da ambição por documentos contendo informações sobre tecnologia naval (que seria posteriormente usada por Colombo, Pedro Álvares Cabral e Vasco da Gama) motivou a ideia de destruição dos templários e apoderamento dos seus vastos recursos. Assim, com medo do Estado dentro do seu próprio Estado, o rei Filipe IV, com apoio do Papa Clemente V, que devia favores ao rei e foi eleito papa devido à pressão das tropas francesas, planejou a destruição da Ordem do Templo.

Em todo o território francês, os cavaleiros do Templo foram presos simultaneamente a 13 de Outubro de 1307, uma sexta-feira. (Inclusive, alguns dizem, que vem deste evento a lenda de serem as Sextas-Feiras 13 dias de azar). Por terem sido submetidos a tortura, a maioria admitiu práticas consideradas hereges, como adorar um ídolo chamado Baphomet, homossexualidade ou cuspir na cruz. O papa aprovou a sua extinção no Concílio de Vienne de 1311-1312 (esta cidade, localizada a aproximadamente 40 km de Lyon, na França, nada tem a ver com Viena na Austria).

[editar] Qual o seu Destino?
Embora muito se tenha dito e/ou escrito sobre o julgamento dos Templários e sobre o processo de extinção da Ordem, apenas uma parte relativamente pequena, porém não desprezível, de seus membros foi executada na fogueira. Mesmo entre estes o número de membros que realmente eram Cavaleiros era uma parcela ainda menor. A grande maioria que sob tortura ou qualquer outro subterfúgio reconheceu de maneira individual ter cometido os "crimes" que eram imputados à Ordem foram perdoados e postos livres.
Já o Grão-mestre Jacques de Molay e outros três Cavaleiros do topo da hierarquia da Ordem, que num primeiro momento, sob tortura, reconheceram ter praticado estes "crimes" foram condenados à prisão perpétua. Porém, no dia da proclamação pública desta sentença, na presença dos quatro acusados, Jacques de Molay interrompeu a leitura da sentença e num discurso comovente voltou atrás e rejeitou todos crimes já reconhecidos. Tendo sido acompanhado, neste ato, por apenas um dentre os outros três cavaleiros presentes. Num processo contra heresia, que é o caso, um condenado que reconhece sua culpa e volta atrás torna-se um "herege reincidente", a partir de então ele não merece mais a absolvição da Igreja e passa para o controle da justiça secular, neste caso, o Rei da França, Filipe o Belo. Jacques de Molay e o outro cavaleiro que o acompanhou no discurso foram queimados de maneira sumária na manhã seguinte, a mando do Rei, em Paris, no ano de 1314. A fogueira ocorreu em algum lugar na atual ilha de Saint Louis ou ainda na ilha de Notre Dame.
O julgamento dos Templários arrastou-se por anos e embora muitos dos seus membros tenham sido condenados e queimados, a ordem em si não foi considerada culpada.
A Ordem teve uma extinção formal através da bula papal do Concílio de Vienne, entretanto o destino prático da mesma nos diversos países onde ela se encontrava foi muito variado. Na França ela foi totalmente suprimida e seus bens móveis foram incorporados pela estrutura real, já seus bens imóveis foram transferidos, não sem muito esforço, para a Ordem dos Hospitalários (Ordem Hospitalária de São João de Jerusalém) conforme orientação direta do Papa Clemente V. O destino de seus membros não é muito claro, mas vários deles foram totalmente reintegrados à sociedade inclusive em postos de destaque.

Na Inglaterra, Irlanda e Escócia, o destino dos bens materiais foi ligeiramente diferente, pois o Rei da Inglaterra, que inicialmente custou a aceitar a determinação papal e a ação do rei francês, acabou por vislumbrar uma grande oportunidade de aumentar seu patrimônio. Assim, mesmo tendo tratado de maneira branda os membros da Ordem sob sua jurisdição, apossou-se dos bens da Ordem e, em grande parte, ignorou a orientação papal de transferi-los para a Ordem dos Hospitalários. Vários dos Cavaleiros e membros da Ordem Templária, muitos dos quais já fazendo parte da corte inglesa, foram aceitos e integrados aos diversos condados e ducados na Inglaterra, Irlanda e Escócia.
Na Península Ibérica, o resultado prático do fim da Ordem foi totalmente diferente. O Papa reconheceu um pedido dos soberanos locais de manter os bens que os Templários mantinham em seus reinados, destinando-os a outras Ordens. Em Portugal foi criada, em 1319, a Ordem de Cristo (em latim,Ordo Militiae Jesu Christi) que teve como seu primeiro Mestre o antigo Mestre Templário em Portugal e que manteve praticamente a mesma estrutura material e hierárquica da ordem anterior, porém sob controle real. Já nos reinos de Castela e Aragão os bens foram entregues a ordens já existentes, também ligadas aos reis locais. Vários de seus membros foram automaticamente incorporados às mesmas.
Na Alemanha, onde as propriedades da Ordem eram inferiores, embora seus membros tenham recebido um tratamento e julgamento dignos, seus bens foram totalmente incorporados aos Cavaleiros Teutônicos (Cavaleiros Teutônicos do Hospital de Santa Maria de Jerusalém) ou em alemão, Deutscher Ritterorden. Não se tem uma informação precisa sobre o destino de seus membros originais, porém não temos motivo para afirmar que não tenham sido aceitos entre os Teutônicos - cuja rivalidade com os Templários não era a mesma apresentada pelos Hospitalários.


[editar] Influências
Quando os Templários passaram a ser perseguidos na França, Portugal recusou-se a obedecer à ordem de prisão dos seus membros. Na verdade os portugueses tinham os Templários em alta conta, já que ajudaram nas guerras de Reconquista que expulsaram os mouros da península Ibérica, e possuíam grande tecnologia de locomoção terrestre e marítima, útil a D. Dinis (1279-1325).

Assim, após a aniquilação dos Templários na maior parte da Europa, a Ordem continuou em Portugal, como Ordem de Cristo (da qual o Infante D. Henrique foi grão-mestre). Toda a hirerarquia foi mantida e na cruz vermelha sobre o pano branco, símbolo templário, foi acrescida uma nova cruz branca em seu centro, simbolizando a pureza da ordem.
A Ordem de Cristo herdou todos os bens dos Templários portugueses e desempenhou um papel fulcral nos descobrimentos portugueses. Por um lado, emprestaram recursos para a coroa portuguesa financiar os avanços marítimos, por outro, transmitiu à chamada Escola de Sagres todo o vasto conhecimento que já dispunham sobre navegação após anos singrando o mar Mediterrâneo. Essa ligação íntima explica porque as caravelas portuguesas tinham as suas velas pintadas com a cruz templária.
Alguns templários também se dirigiram para a Escócia, onde foram recebidos de bom grado e se incorporaram no exército escocês. A experiência e destreza dos cavaleiros templários foi importante nas batalhas que culminaram com a libertação do país do domínio inglês. Apesar disso, nunca mais alcançaram a importância anterior.
Segundo alguns, na Escócia ela gozou de liberdade suficiente para continuar as suas atividades sem ser incomodada pela inquisição da Igreja Católica, tendo-se misturado a fraternidades maçônicas, onde se originou, segunda a lenda, a Franco-Maçonaria.


[editar] "Processus contra templarios"
O livro "Processus contra Templarios", terceiro volume da série Exemplaria Praetiosa, pertencente ao Arquivo Secreto do Vaticano é uma obra realizada com a colaboração da editorial Scrinium, foi apresentado na "Aula Antigua" do Sínodo, no Vaticano, em 25 de outubro de 2007.
A obra recolhe facsímiles dos documentos originais, as atas do processo contra os Templários (28 de junho de 1308-1311) arquivadas no Arquivo Secreto do Vaticano. Apresenta também, sob a forma de edição crítica, a transcrição dessas atas. A edição é limitada a 799 exemplares e foi requisitada por colecionadores, peritos, especialistas e bibliotecas de todas as partes do mundo.


[editar] Mito
Muitas pessoas têm a sexta-feira 13, como um dia de azar por pura superstição sem saber ao certo como surgiu tal fato. A origem deve-se à perseguição (julgando-os como hereges para serem queimados) aos cavaleiros templários, ordenada pelo Papa Clemente V com interesses de Felipe IV que ocorreu simultaneamente em toda Europa numa sexta-feira 13. Assim, com esse massacre, a Igreja Católica acabou criando uma data para a crença popular do "dia terrível".


[editar] Mestres
Hugo de Payens (Huguens de Payns) (1118-1136)
Hugue, conde de Champagne
Rossal de Clairvaux
Geoffro de Bissor
André de Condemare
Archambaud de Saint-amande
Philippe de Milly (Philippus de Neapoli/de Nablus) (1169-1171)
Odo de St Amand|Odo (Eudes) de St Amand ou Odon de Saint-Chamand (1171-1179)
Arnaud de Toroge (Arnaldus de Turre Rubea/de Torroja) (1179-1184)
Gérard de Ridefort (1185-1189)
Robert de Sablé (Robertus de Sabloloi) (1191-1193)
Gilbert Horal (Gilbertus Erail/Herail/Arayl/Horal/Roral) (1193-1200)
Phillipe de Plessis / Plaissie`/ Plesse` /Plessiez (1201-1208)
Guillaume de Chartres ou Willemus de Carnoto (1209-1219)
Pedro de Montaigu|Pierre (Pedro) de Montaigu (Petrus de Monteacuto) (1219-1230)
Armand de Périgord (Hermannus Petragoricensis) ou Hermann de Pierre-Grosse (???-1244)
Richard de Bures (1245-1247)
Guillaume de Sonnac (Guillelmus de Sonayo) (1247-1250)
Renaud de Vichiers (Rainaldus de Vicherio) (1250-1256)
Thomas Bérard (1256-1273)
Guillaume de Beaujeu (Guillelmus de Belloico) (1273-1291)
Thibaud Gaudin (Thiband Ggandin) (1291-1292)
Jacques de Molay (1292-1314)
[editar] Em Portugal

Moeda TempláriaOs Templários entraram em Portugal ainda no tempo de D. Teresa, que lhes doou a povoação minhota de Fontarcada, em 1127. Um ano depois, a viúva do conde D. Henrique entregou-lhes o Castelo de Soure sob compromisso de colaborarem na conquista de terras aos mouros. Em 1145 receberam o Castelo de Longroiva e dois anos decorridos ajudaram D. Afonso Henriques na conquista de Santarém e ficaram responsáveis pelo território entre o Rio Mondego e o Tejo, a montante de Santarém.

Os Templários Portugueses a partir de 1160 ficaram sediados na cidade de Tomar, onde continuou a situar-se a sua ordem sucessora, a Ordem de Cristo, depois de uma breve passagem por Castro Marim.

[editar] Mestres Portugueses
Afonso Henriques, Irmão Templário (13.03.1129)
Guillaume Ricardo (1127 - 1139)
Hugues Martins (1139)
Hugues de Montoire (1143)
Pedro Arnaldo (1155 - 1158)
Gualdim Pais (1158 - 1195)
Lopo Fernandes
Fernando Dias (1202)
Gomes Ramires (1210 - 1212)
Pierre Alvares de Alvito (1212 - 1221)
Pedro Anes (1223 - 1224)
Martin Sanchez (1224 - 1229)
Estevão Belmonte (1229 - 1237)
Guillaume Fouque ou Fulco (1237 - 1242)
Martim Martins (1242 - 1248)
Pedro Gomes (1248 - 1251)
Paio Gomes (1251 - 1253)
Martim Nunes (1253 - 1265)
Gonçalo Martins (1268 - 1271)
Beltrão de Valverde (1273 - 1277)
João Escritor (1280 - 1283)
João Fernandes (1283 - 1288)
Afonso Pais-Gomes (1289 - 1290)
Lourenço Martins (1291 - 1295)
Vasco Fernandes (1295 - 1306)
[editar] Bibliografia
DEMURGER, Alain. Os Cavaleiros de Cristo: templários, teutônicos, hospitalários e outras ordens militares na Idade Média (sécs. XI-XVI). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. 348p. ISBN 8571106789
DEMURGER, Alain. Os Templários - uma cavalaria cristã na Idade Média. São Paulo: Difel, 2007. 687p. ISBN 8574320765
LOUÇÃO, Paulo Alexandre. Os Templários na Formação de Portugal (8ª ed.). Edições Ésquilo, 2003.
LOUÇÃO, Paulo Alexandre. Dos Templários à Nova Demanda do Graal. Edições Ésquilo, 2003.
RUNCIMAN, Steven. História das Cruzadas (v. 1: A 1a. Cruzada e a Fundação do Reino de Jerusalém). São Paulo: Imago, 2002. 340p. ISBN 8531208165
TELMO, António. O Mistério de Portugal na História e n'Os Lusíadas. Edições Ésquilo.




À propósito, Alain Demurger, também é, somente, um dos mais conceituados historiadores da França. E é especializado em história medieval, especialmente, das Ordens Militares. E tem a grande vantagem de ainda estar vivo, portanto, tendo acesso a fontes que não eram do conhecimento de Herculano, que já morreu há mais de 100 anos.
Não dúvido,mas não conhecia.Azar o meu.

Bem, somente um estudioso da Ordem de Cristo poderia emitir pareceres definitivos sobre a constituição desta instituição. O pouco que eu sei já disse: há controvérsias sobre a quantidade de ex-templários portugueses que tenham sido aceitos na nova ordem. Mas, basta dar um exemplo interessante. Como eu disse antes, Vasco Fernandes, o último comendador (ou mestre provincial) da Ordem do Templo em Portugal recebeu uma comendadoria da Ordem de Cristo em Montalvão - nem me perguntem em que parte de Portugal isto fica. Mas, o interessante é que, a princípio, ele teve sua entrada na nova ordem vetada pelo Mestre Gil Martins. Só depois que este recebeu uma ordem direta do Papa, é que Dom Vasco Fernandes foi aceito. Isso pode indicar uma certa resistência da nova Ordem de Cristo de aceitar, pelo menos, a presença de ex-templários em posições de comando.
Verdade,o tema é complexo e as contradições são inumeras.
Daí, a gente pode imaginar que seria, extremamente difícil, que fossem admitidos estrangeiros (ingleses, franceses, espanhóis) ex-templários na nova ordem. Mas, seria fácil averiguar isto: bastaria descobrir algum documento que comprove a existência de ex-templários estrangeiros nas fileiras da nova ordem que não era muito numerosa, diga-se de passagem: ela tinha alguma coisa por volta de 100 (cem) freires, entre sargentos e cavaleiros. Muito pouco para se acreditar na presença de franceses, e outros.
É pode ser.Contudo não acho nenhum que diga que tivesse e nenhum que não tivesse.Apenas e entendo como ser muito provável ter existido por dois motivos intrinsecos à sua atividade.
O terem ajudado Portugal na Reconquista,terem muitos conhecimentos marítimos,factores determinantes nas Grandes Navegações.Poderá dizer que isso nada terá a ver,mas também pode ter tido.É complexo.




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