O preço de se tomar decisões no campo de batalha.

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O preço de se tomar decisões no campo de batalha.

#1 Mensagem por Clermont » Qui Mai 13, 2004 8:57 pm

COMO UM FUZILEIRO NAVAL PERDE SEU COMANDO NA CORRIDA PARA BAGDÁ.

O "ritmo" do coronel Joe Dowdys desagradou seus superiores; Equilíbrio de missão x Homens; Nome de chamada do general: "caos".

Christopher Cooper, Repórter Adjunto do Wall Street Journal, 5 de abril de 2004.

Em duas semanas durante a guerra no Iraque, o coronel fuzileiro naval Joe D. Dowdy concluiu a manobra militar que coroou sua vida, atacando um grupo de elite de soldados iraquianos e, então, conduzindo 6 mil homens numa corrida de alta velocidade de 18 horas, rumo à Bagdá.

Mas nenhum louvor aguardava o comandante regimental da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais, enquanto ele adentrava na tenda de seu superior, major-general fuzileiro naval, James Mattis, em 4 de abril de 2003. Ao invés, o Cel Dowdy foi despido de seu comando, efetivamente, findando sua carreira de 24 anos nos Fuzileiros Navais. Num golpe final, o Cel Dowdy disse que o general solicitou-lhe que esvaziasse sua arma de porte, e entregasse sua munição. "Ele achou que eu ia me matar," disse o coronel.

Assumir um comando de campo de batalha é o ápice da carreira de um fuzileiro naval. Ser removido é quase o nadir, excedido, apenas, pela corte marcial. É extremamente raro para as modernas Forças Armadas dos EUA exonerar um comandante de ponta, especialmente, durante o combate. O Cel Dowdy, 47 anos, foi o único oficial superior, em qualquer das forças armadas, a ser demitido no Iraque. Ele disse que preferia ter tomado um tiro do inimigo.

A demissão do Cel Dowdy foi mais inusitada porque ele não cometeu qualquer um dos atos que, normalmente, precipitam tal atitude: falha em completar uma missão, desobediência à uma ordem direta, quebra das regras de guerra. "Foi uma decisão baseada no ritmo operacional", disse o tenente Eric Knapp, um porta-voz para a 1ª Divisão de Fuzileiros Navais. Ele não quis complementar.

A remoção do coronel detonou uma cobertura da imprensa e intensa especulação no Corpo de Fuzileiros Navais. As razões para a demissão não ficaram claras, principalmente devido ao coronel e seus superiores recusarem a falar sobre ela. Agora, entrevistas com o Cel Dowdy e um punhado de oficiais e praças mostram que o coronel foi condenado, em parte por uma antiga tensão de tempo de guerra: homens versus missão - na qual ele favoreceu seus homens.

O Maj-Gen Mattis e Cel Dowdy personificam tudo o que é celebrado na cultura do Corpo de Fuzileiros Navais. O Maj-Gen Mattis, 53 anos, é um "monge guerreiro", como alguns dos seus homens denominam isso, um celibatário por toda a vida, consumido com o estudo e a prática de táticas de batalha. O Cel Dowdy é amado pela atenção que ele presta a seus homens, dos "grunts"
(Government Rejects Unfit to Training, ou "rejeitos governamentais, inadequados para treinamento", apelido dos combatentes da linha de frente) para cima.

As qualidades desses dois fuzileiros navais, eventualmente, os dilaceraram. O Maj-Gen Mattis, um fuzileiro naval durante trinta e três anos, via a velocidade como primordial no plano da Guerra do Iraque. O Cel Dowdy pensava que sacrificar tudo pela velocidade, arriscava o bem-estar de seus homens.

A disputa foi alimentada por suposições errôneas sobre como os iraquianos iriam lutar. O desejo por velocidade provinha da expectativa do Pentágono de uma feroz e arrastada batalha em Bagdá, com resistência bem menor em outras áreas. Mas acabou que Bagdá caiu facilmente, enquanto o interior do país continuou em ebulição com a resistência.

Hoje, enquanto forças dos EUA chocam-se com um inimigo que, claramente, subestimaram, os militares continuam a debater se acelerar o rumo à capital iraquiana foi o melhor caminho para tomar.

O Maj-Gen Mattis declinou de ser entrevistado para essa história. Seu chefe de estado-maior, coronel Joe Dunford, disse que uma decisão feita durante o combate é impossível de explicar agora. "É uma dessas coisas que, ao tentar colocar os pedaços de volta, não há modo de conseguir."

Sobre um prato de empanados de frango, próximo a sua casa em Carlsbad, Califórnia, o Cel Dowdy admite ter cometido erros. Mas não acredita que qualquer um deles tenha garantido sua remoção. Ele tem orgulho de que apenas um fuzileiro naval tenha morrido sob seu comando. "Ao menos, eu não tenho uma conta de carniceiro para pagar," ele disse.

A poeira cobria os 900 caminhões e tanques no regimento do Cel Dowdy, quando eles emergiam do deserto, em 22 de março de 2003. Há dois dias na guerra, o regimento foi dirigido rumo à Nasiriyah, um amontoado de favelas e instalações industriais onde os problemas do Cel Dowdy iriam começar. Desde que era um menino em Little Rock, Arkansas, o coronel sonhava por uma designação como essa. Comandante de 6 mil homens do 1º Regimento de Fuzileiros Navais por quase um ano antes da guerra começar, o Cel Dowdy era profundamente familiar com o plano para invadir o Iraque.

Com a cabeça raspada, e poderosa constituição, o Cel Dowdy parece o arquétipo do fuzileiro naval. Seus homens o louvam por tratá-los como iguais, apesar da organização estratificada dos Fuzileiros Navais. Afastando-se do costume, o Cel Dowdy, casado com três filhos, convidava praças tanto como oficiais para a festa de Natal em sua casa. Quando os Fuzileiros estavam acampados no Kuwait, preparando-se para a guerra, o Cel Dowdy declinou do uso de um ar condicionado, quando se tornou claro que apenas oficiais poderiam obtê-los, relembra o sargento-de-armas (Gunnery-Sergeant) Robert Kane.

"Como coronel, ele estava autorizado à certos privilégios, mas ele era o tipo de homem que, se seus navais não podiam ter algo, ele também não," disse o sargento Kane, que serviu sob o Cel Dowdy no Iraque e no Timor Oriental, em 1999.

Por vários relatos, o Cel Dowdy estava destinado a ganhar as estrelas de general após a guerra no Iraque. "Eu conheço pessoas, apoiadores, pares que pensavam que Joe Dowdy podia caminhar sobre a água," disse Anthony Zinni, um general fuzileiro de quatro-estrelas. Quando o Cel Dowdy serviu sob ele, "era o melhor tenente que eu tinha," disse o Gen Zinni.

Igual a muitos no seu regimento, o Cel Dowdy carecia de extensiva experiência de batalha. Em 1983, ele viu ação limitada em Beirute, onde 241 fuzileiros foram mortos num atentado suicida. Ele serviu na Somália em 1993 e 1994, onde os Fuzileiros Navais foram a vanguarda do que se tornou uma sangrenta missão humanitária.

O Maj-Gen Mattis mapeou o amplo plano dos Fuzileiros para o Iraque, que muitos analistas de defesa consideravam taticamente brilhante. Dois regimentos de 6 mil homens cada, da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais iriam rumar para Bagdá. O regimento do Cel Dowdy iria se encaminhar para a cidade de Kut - onde um contingente de 8 mil dos melhores homens da Guarda Republicana de Saddam Hussein estavam entrincheirados.

Foi presumido que os iraquianos tinham armas químicas, portanto o plano foi evitar engajá-los diretamente. A unidade do Cel Dowdy devia agir como isca, desviando a atenção dos soldados de Hussein e permitindo aos outros regimentos americanos investi-los a partir do noroeste, através de uma brecha nas defesas iraquianas para alcançar Bagdá. A rota do Cel Dowdy iria levá-lo através da cidade de Nasiriyah. Outra unidade de fuzileiros navais, chamada Força-Tarefa Tarawa, foi encarregada de manter a ordem ali. Funcionários do Pentágono presumiam que a cidade iria oferecer pouca resistência pois havia sido longamente oprimida por Hussein. Essa suposição se mostraria errada.

O plano começou a se complicar em Nasiriyah. Quando o Cel Dowdy e seus homens chegaram nos limites da cidade, eles encontraram sua passagem bloqueada por uma maciça troca de tiros. Os boatos começaram a circular de que a Força-Tarefa Tarawa havia sofrido baixas, incluindo 18 mortos. Somando-se à confusão estava uma unidade de suprimentos do Exército americano, que havia entrado por engano, em Nasiriyah. Vários soldados dessa unidade foram mortos. Outros, incluindo a praça de 1ª classe Jessica Lynch, haviam sido feitos prisioneiros. Fora da cidade, o Cel Dowdy e seu estado-maior debatiam sobre o que fazer. Várias centenas de caminhões do trem de transportes do Cel Dowdy careciam de blindagem, e comprimí-las através de uma feroz zona de batalha poderia ser complicado, especialmente através das ruas estreitas de Nasiriyah.

Um contorno de 300 quilômetros em volta de Nasiriyah não parecia plausível. O Cel Dowdy não estava certo de ter bastante combustível e não sabia que tipo de resistência poderia enfrentar. O 1º Regimento estava paralisado.

O alto era anátema para o Maj-Gen Mathis, um devoto de uma moderna doutrina militar conhecida como "guerra de manobras". Embora os Fuzileiros Navais tenham praticado a técnica por anos, a Guerra do Iraque foi o primeiro teste em larga escala. Em vez de seguir rígidos planos de batalha e atacar frentes bem-definidas, essa tática demanda forças menores para se moverem rapidamente sobre as zonas de combate, explorando oportunidades e semeando confusão entre o inimigo. A técnica é resumida no nome-códido radiofônico do Maj-Gen Mattis: "Caos".

O Maj-Gen Mattis havia lutado no Iraque antes, na primeira Guerra do Golfo. Após isso, ele comandou o 7º Regimento de Fuzileiros Navais da 1ª Divisão, conhecido como uma das unidades dos Fuzileiros mais preparadas para combate. "Eu o seguiria novamente," disse o sargento-de-armas Kane, que lutou sob o Maj-Gen Mattis no Afeganistão. "Sua vida inteira é o Corpo."

Pequeno em estatura e feroz no comportamento, o Maj-Gen Mattis aumentou sua reputação no Afeganistão, onde seus homens capturaram uma pista de pouco fora de Kandahar (*). A ousada incursão isolou o coração da resistência Taliban. "Os Fuzileiros desembarcaram e agora nós temos nosso próprio pedaço do Afeganistão," o Maj-Gen Mattis contou aos repórteres, apenas uns poucos meses após o 11 de setembro de 2001. O Pentágono tratou de repudiar essa declaração, mas os Fuzileiros a adoraram.

Para alguns nas Forças Armadas, a Guerra do Iraque prometia ser o teste perfeito da guerra de manobras. Na época, os EUA achavam que a luta mais feroz iria começar próximo a Bagdá, e iria envolver uma arrastada luta de rua com uso de armas químicas. Velocidade era tudo. A jornada de 2 mil quilômetros para Bagdá, muitos imaginavam, seria apenas um aquecimento.

Detido fora de Nasiriyah, o Cel Dowdy disse que não ficou surpreso quando o principal ajudante do Maj-Gen Mattis, o brigadeiro-general John Kelly, apareceu. Os dois ficaram conversando sobre a ponte fora da cidade, observando a luta. O Brig-Gen Kelly, 53 anos, que era fuzileiro naval há trinta e três anos, havia servido, principalmente, em postos acadêmicos e administrativos. "Eu pensei que sabia o que era a guerra," ele disse. "É difícil imaginar se você não esteve lá."

O regimento do Cel Dowdy já estava paralisado em Nasiriyah há mais de 24 horas. Em retrospecto, ele disse que deveria ter sido mais decisivo em mover-se através da cidade.

Uma das regras cardeais da guerra de manobra estipula que os generais devem permitir aos comandantes em campanha, tais como o Cel Dowdy, tomar decisões táticas. O Brig-Gen Kelly disse que nunca ordenou ao Cel Dowd para se mover através de Nasiriyah e nunca ameaçou removê-lo de seu posto. Mas o tenente-coronel Pete Owen, chefe de estado-maior do Cel Dowdy, tinha uma lembrança diferente. "Quando nós ficamos detidos fora de Nasiriyah, o general Kelly veio até mim, e disse, "se o Cel Dowdy não colocar sua coluna em movimento, vou removê-lo.'"

Tarde da noite, o Cel Dowdy decidiu se mover. Ele deu ao comandante de batalhão, tenente-coronel Lew Craparottta, uma hora para resolver como formar um cordão de fuzileiros que iriam escudar o regimento enquanto ele passava através da cidade. O Ten-Cel Craparotta não estava contente. "Eu não acho que, da próxima vez, eu queira planejar alguma coisa no capô do meu "Humvee", em plena escuridão," ele disse. O regimento deslocou-se, ruidosamente, através de Nasiriyah, passando por cascos enegrecidos de viaturas americanas e cadáveres de fuzileiros navais esperando para serem recuperados pela Força-Tarefa Tarawa. Foi uma visão, disse o Cel Dowdy, que iria permanecer com ele por toda a campanha.

Enquanto outros dois regimentos dirigiram-se rumo ao norte, sobre uma autoestrada de quatro pistas, o grupamento do Cel Dowdy rolava sobre uma estrada vicinal de duas pistas que corria através de dúzias de vilarejos, eriçados de forças inimigas. Um relato oficial dos Fuzileiros, registrou mais tarde, como "um troca de tiros em movimento através da lama da Mesopotâmia."

O regime do Iraque inundou a estrada com milhares de combatentes. Logo, os homens do Cel Dowdy estavam engajados em batalha. Uma tempestade de areia misturada com chuvas reduziu a quase zero, a visibilidade dos Fuzileiros. O regimento sofreu sua primeira baixa quando um rojão antitanque explodiu através da porta de um "Humvee" e decepou a mão de um capitão, de acordo com os homens que viram a cena.

Enquanto as balas voavam e o capitão era levado de helicóptero, o Cel Dowdy, há dois dias sem dormir, relaxava em seu "Humvee", com seu estado-maior em volta dele. Ele caiu no sono.

Nas guerras, comandantes caem no sono em encontros, no rádio, mesmo durante a troca de tiros. O Cel Dowdy cochilou por uns cinco minutos, disseram seus homens. Mas o momento não poderia ter sido pior. Nesse momento, o ajudante principal do major-general Mattis, o Brig-Gen Kelly, viu o coronel dormindo. Alguns dos homens do Cel Dowdy que estavam lá, crêem que isso criou uma impressão permanente.

O Brig-Gen Kelly declina de comentar sobre a remoção do Cel Dowdy, dizendo que tais coisas são "território sagrado" que apenas o Maj-Gen Mattis pode tratar. Em resposta a questões gerais sobre a guerra, ele disse que prioridade principal de um comandante de campo de batalha é "pôr tudo o mais de lado e focalizar a missão. Eu tenho visto uma porção de gente aprender isso do modo mais difícil."

Dois dias mais tarde, em 27 de março, o Exército dos Estados Unidos ordenou um alto indefinido para a guerra, a fim de permitir que as linhas de suprimento alcançassem os combatentes americanos. O regimento do Cel Dowdy estava acampado cerca de 100 quilômetros ao sudeste de Kut. Ele tinha feito seus homens capturarem um campo de pouso próximo para que os suprimentos pudessem ser aerotransportados. No dia seguinte, o Maj-Gen Mattis desembarcou para checar seus homens - e ficou enfurecido pelo que viu: uma pista de pouso esburacada e um capitão fuzileiro naval sentado num "bulldozer" lendo um documento. O capitão disse que não havia recebido ordens para consertar a pista de pouso.

Umas poucas horas mais tarde, o Cel Dowdy diz, ele ganhou um puxão de orelhas do Maj-Gen Mattis. Este lhe disse que deveria ter deixado claro que o trabalho de consertar a pista seria feito. O Cel Dowdy agora diz que devia ter atribuído uma ordem escrita (**). Ele pensou em dispensar o operador do "bulldozer" do seu comando, mas pensou melhor. "Se você demite todo mundo que comete um erro, em breve você ficará lá sozinho," ele disse.

Apesar do mau-passo, o Cel Dowdy estava recebendo louvores diários do estado-maior do Maj-Gen Mattis, de acordo com o coronel John Toolan, que foi o chefe de estado-maior do general. Relatórios da Inteligência sugerem que a captura do aeroporto havia atraído a atenção dos soldados da Guarda Republicana. Os iraquianos logo anunciaram sua presença, ao disparar projéteis de artilharia sobre o regimento do Cel Dowdy.

O ardil estava funcionando. Os outros regimentos de fuzileiros navais aceleraram sobre o flanco ocidental desguarnecido dos iraquianos, rumo à Bagdá, de acordo com o plano. Nesse ponto, podia se afirmar que o Cel Dowdy havia cumprido sua missão. O plano de guerra previa que ele se retirasse e fizesse um contorno em volta de Kut. O Brig-Gen Kelly reconhece que esse era o plano original.

Mas, após ver os aldeões na área acenando e saudando os Fuzileiros, o brigadeiro-general Kelly acreditava que o colapso inimigo era iminente. "Havia tão pouca resistência," ele disse. "Eu achei que eles, ou desertaram ou estavam enfiados tão fundo nas suas tocas que não queriam mais lutar." Em 1º de abril, o 5º Regimento de Fuzileiros Navais, tomou uma ponte próximo a Kut. Nesse ponto, o Brig-Gen Kelly disse, a antigamente temida Divisão Bagdá se tornou "irrelevante."

Num movimento inesperado, o Brig-Gen Kelly ordenou que o Cel Dowdy encabeçasse o avanço para Kut, com uma missão de "objetivo limitado." Uma vez que lá estivesse, o Cel Dowdy decidiria se o regimento deveria avançar através da cidade, o que economizaria várias horas em tempo de deslocamento.

O Cel Dowdy não achava que pressionar através de Kut seria sábio. Isso seria uma rota mais rápida para Bagdá, mas ele pensava que seria perigoso. Seus homens haviam visto "foxholes" fortificados, edifícios com sacos de areia, minas ao longo das estradas e vários milhares de combatentes iraquianos. Com suas pontes estreitas e emaranhado urbano, Kut parecia ainda mais perigosa que Nasiriyah. Seria a economia de umas poucas horas digna do risco?

"Na guerra, você tem demandas concorrentes entre homens e a missão," diz o Cel Dowdy. "O que deve prevalecer? Não há resposta fácil." Seus superiores confirmam que ele não recebeu ordens para levar seu regimento através da cidade. Mas um agressivo fuzileiro naval deveria ter escolhido penetrar, para atingir Bagdá mais rápido.

Os generais do Corpo de Fuzileiros Navais estavam cada vez mais impacientes. O Exército já havia alcançado os arredores de Bagdá. Na manhã de 3 de abril, o décimo-quinto dia da guerra, o Brig-Gen Kelly chamou o Cel Dowdy para dizer que queria ver o assalto sobre Kut começando imediatamente. O Cel Dowdy disse que estava aguardando mais munição e checando um relatório de que a estrada para Kut estava minada.

O Brig-Gen Kelly estava furioso, de acordo com o Cel Dowdy. "Estas não são considerações, são desculpas," o Cel Dowdy relembra as palavras do general. Ele disse que o general continuou: "Por quê você não está rumando através de Kut, nesse momento? Quer saber? Vou recomendar que você seja exonerado do comando. Talvez o general Mattis não faça isso. Talvez ele decida que pode continuar com um regimento que não vale merda nenhuma. Mas é isso que vou recomendar."

O Brig-Gen Kelly disse que não lembra dessa conversa específica. Ele disse que apreciou o risco de vida potencial que uma ruptura através de Kut iria representar. Num e-mail recente do Iraque, onde ele está servindo uma segunda temporada, ele escreveu, "A escolha entre missão e homens... nunca é entre um ou o outro, mas sempre um equilíbrio."

Dentro de uma hora ou tanto, Cel Dowdy e dois de seus batalhões moveram-se para Kut. Imediatamente, eles encontraram resistência, com combatentes saindo das portas e vielas. "Minha metralhadora estava enlouquecida," disse o suboficial (Warrant Officer) Thomas Parks, um atirador deslocando-se na dianteira.

Os batalhões se detiveram diante de um tanque iraquiano, que o atirador Parks atingiu com um rojão, provocando fogo de resposta de um barraco de dois andares, alinhado com a estrada. A porta do "Humvee" do atirador Parks, foi arrancada de suas dobradiças, enquanto projéteis enchiam a porta da viatura do Cel Dowdy, de acordo com os dois homens. Momentos mais tarde o atirador Parks deu uma olhada e viu o Cel Dowdy correndo para uma família de civis iraquianos. O coronel recolheu duas crianças e enfiou a família numa cratera de bombas, como cobertura, disse o atirador Parks. Um combatente iraquiano movendo-se por uma viela, apontou uma metralhadora contra o Cel Dowdy. O atirador Parks o baleou na cabeça. "Isso me exigiu três tentativas," ele disse.

A decisão de pressionar ou não, através de Kut era, no fim, do Cel Dowdy. Mas nas horas antes e durante a luta, ele e seu estado-maior dizem ter recebido orientações conflitantes. No telefone de campanha, o Brig-Gen Kelly estava dizendo para pressionar através de Kut. Mas no rádio, o comando da divisão estava solicitando uma retirada. "Havia uma porção de confusão," disse o Cel Dowdy. "Vão. Não vão." O Brig-Gen Kelly concorda que havia discussão sobre o que o regimento devia fazer.

Portanto, o Coronel Dowdy tomou uma decisão crucial: ele decidiu não ir através da cidade. Alcançar Bagdá mais cedo não valia o risco, ele disse. "Nesse ponto, talvez você seja condenado se você vai e condenado se você não vai," disse o sargento-mor Gregory Leal, o praça mais graduado no regimento do Cel Dowdy. "Não há livro nenhum que diga, 'É assim que você liberta e ocupa um país.' "

Ao pôr-do-sol, o 1º Regimento de Fuzileiros Navais começou a se mover para uma área de estacionamento com o resto da divisão através de um contorno de 350 quilômetros em volta de Kut. Os homens do Cel Dowdy haviam recolhido 30 prisioneiros e, o coronel disse, "eu sentia vontade de levá-los para a divisão e dizer, 'olha, seus babacas, nós enfrentamos resistência e aqui está a prova.' "

Faróis dianteiros ligados e atraindo fogo intermitente de camponeses iraquianos, o regimento cobriu os quilômetros em cerca da metade das 36 horas que se supôs que levariam. Em 4 de abril de 2003, o regimento rolou para Numaniyah, onde os Fuzileiros Navais tinham planejado se reunir. O regimento havia completado sua missão com amplo tempo para se juntar ao assalto sobre Bagdá.

Porém, a carreira do Coronel Dowdy estava morta.

Um helicóptero aguardava quando o Cel Dowdy chegou a Numaniyah. O Cel Dowdy e o sargento-mor Leal embarcararm. O major-general Mattis havia pedido para vê-los. Eles voaram até o acampamento do general, cerca de 100 quilômetros de distância.

Quando chegaram, o sargento Leal disse que o Maj-Gen Mattis o levou para um lado. "Como seu chefe está se saindo?" o sargento-mor relembra dele perguntar. "Eu respondi, 'ele está se saindo bem, senhor.' " Então, de acordo com o sargento Leal, o general o cortou, bruscamente: "Vocês não estão engajados o bastante. Vocês tinham quatro batalhões e vocês não estão insistindo com o ataque.' "

"Eu disse para o general não demití-lo," relembra o sargento Leal. "Eu disse, 'diga-me o que nós precisamos fazer e nós faremos.' "

Os homens sob o comando do major-general Mattis dizem que ele toma decisões rapidamente e nunca olha para trás. O sargento-mor Leal disse que acreditava que o Maj-Gen Mattis já tinha tomado sua decisão.

Granadas de artilharia rugiam por sobre as cabeças e os tanques e caminhões do 5º Regimento de Fuzileiros Navais avançavam barulhentamente, passando pelo Cel Dowdy, enquanto ele abria caminho para a tenda do Maj-Gen Mattis. Lá dentro, o coronel sentou encarando os generais Mattis e Kelly enquanto um ordenança servia chá quente. O coronel diz que sabia no seu íntimo que estava perto de ser demitido. "Era como se eu estivesse em algum lugar onde nunca havia estado," ele relembra. "Estou falhando miseravelmente e não sei como e porquê."

Ele disse que o Maj-Gen Mattis começou com um tom simpático: "vamos dar a você algum descanso." O general Mattis trouxe de volta o incidente do "bulldozer". Então, de acordo com o Cel Dowdy, o general disse que o coronel se preocupava demais com a resistência inimiga e observou sua falta de experiência de batalha.

O Cel Dowdy disse que respondeu: "eu estive lutando para abrir caminho por esta estrada fodida nas últimas duas semanas." Ele relembra de apelar ao general Mattis para reconsiderar. "Pense na minha família, na minha unidade," ele relembra de dizer.

Mas isso não aconteceria. Quando o general Mattis requisitou sua munição, o Cel Dowdy, lhe assegurou que ainda considerava a si próprio como um integrante dos Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. O general abrandou-se. Em breve, o Cel Dowdy pegou um helicóptero para o Kuwait. Ele chamou sua esposa Priscilla. Ela já havia visto as novas na CNN.

As novas de sua demissão rapidamente percorreram o caminho até seus homens. Fuzileiros que estavam lá disseram que houve conversas esparsas sobre motim. "Eu queria ir com ele," disse o sargento-de-armas Kane. "Uma porção de sujeitos, sentiam o mesmo. Se o Cel Dowdy dissesse, 'peguem suas coisas, vocês vem comigo,' eu iria, mesmo se significasse o fim da minha carreira."

Nos dias que se seguiram, as publicações da imprensa e os "chat rooms" dos Fuzileiros Navais na Internet especularam sobre a remoção do coronel. Um dia ou mais, após sua demissão, o Cel Dowdy escreveu uma carta que foi postada num "web site" que congrega familiares da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais.

"Como todos estão cientes... eu não sou mais um membro do Regimento," a carta dizia. "Que fique claro, ninguém, exceto eu, é responsável por minha realocação. Priscilla e eu permanecemos leais ao Corpo de Fuzileiros Navais, à nossa Divisão e à seus muito capazes líderes." O Coronel Toolan, chefe de estado-maior do major-general Mattis, assumiu o comando. O regimento entrou em Bagdá, se estabelecendo numa favela antes conhecida como Saddam City.

Umas poucas semanas mais tarde, o Cel Dowdy encontrou o suboficial Parks, que estava voltando para os EUA, como a maioria da 1ª Divisão. O coronel arranjou para que seu subordinado conseguisse roupas civis e assim, pudesse pegar um vôo comercial e encontrar a esposa em Nova Iorque. "Ele chamou o comandante e disse, 'tenho um herói voltando, tome conta dele,' " o suboficial Parks relata. "Então ele ficou um pouco emocionado, eu fiquei um pouco emocionado, embarquei no helicóptero e saí."

O Cel Dowdy diz que não sentiu prazer algum na sua próxima designação, como chefe de pessoal na Estação Aérea dos Fuzileiros Navais, em Miramar, Califórnia. Em junho, a 1ª Divisão concedeu-lhe uma avaliação de desempenho. Ela o culpava por "estar fatigado além do normal" e "por não empregar o regimento até seu pleno potencial combativo," ele disse, citando o documento. Também estava escrito que ele estava "excessivamente preocupado com o bem-estar" de seus fuzileiros navais, de acordo com o Cel Dowdy. Por política, os Fuzileiros Navais não comentam sobre suas avaliações de desempenho.

Em novembro último, pela primeira vez em vinte e cinco anos, o Cel Dowdy e sua esposa evitaram o Baile do Corpo de Fuzileiros Navais. A 1ª Divisão retornou ao Iraque nessa primavera. O Cel Dowdy recebeu permissão para se reformar mais cedo, e deixou os Fuzileiros no mês passado. "Eu acho que eles, provavelmente, não sabiam o que fazer comigo," disse.

A questão da velocidade no Iraque permanece em debate. No último outono, o Colégio de Guerra do Exército, uma escola financiada pelo Pentágono onde oficiais analisam táticas, liberou um estudo dizendo que há poucas evidências de que a velocidade tenha afetado o resultado da guerra. A dura resistência fora de Bagdá sugere que as forças dos EUA teriam feito melhor movendo-se a um passo mais cadenciado, entrando em mais cidades, desentocando combatentes e deixando mais tropas nas províncias para reforçar a ordem, diz o relatório.

Entretanto, em outro estudo ainda por ser completado, o Centro Conjunto para Lições Aprendidas das Forças Armadas diz que a velocidade foi parte integral dos sucessos militares dos EUA no Iraque. Num discurso em fevereiro, o Almirante E.P. Giambastiani, comandante das Forças Conjuntas, disse que a velocidade "reduz os ciclos de decisão e execução, cria oportunidades, nega opções ao inimigo e acelera seu colapso."

O general reformado Zinni diz que, para o Cel Dowdy, a questão é acadêmica. "O chefe é o chefe," ele diz. "Se o general Mattis sente que você precisa se mover mais rápido, então você se move mais rápido." Ainda assim, ele diz que a demissão do Cel Dowdy irá atormentar o Maj-Gen Mattis também. "Isso não irá somar ao brilho de Jim Mattis."

O sargento-mor Leal, agora estacionado no Texas, freqüentemente fala ao coronel Dowdy que sua reputação irá ser limpa, um dia. "Eu acho que ele sempre será conhecido como o sujeito que escolheu os homens sobre a missão," diz o sargento Leal. "Se é assim que ele irá ser lembrado, tudo bem."


______________________

(*) Mas eu já li que foi o Exército americano quem tomou a pista de pouso. E que os fuzileiros só tiveram o trabalho de desembarcar nela, roubando os méritos dos soldados. Mais um exemplo das "fofoquinhas" inter-armas dos americanos...

(**) Uai! Sendo os U.S. Marines tão badalados, um pobre paisano como eu iria esperar um pouco mais de iniciativa individual de gente que é profissional do ramo. O cara era um capitão, não um recruta. Estava sentado em cima do trator, com uma porção de buracos na sua frente. Era mesmo necessário alguém esfregar no focinho dele, um pergaminho, dizendo: "Em nome do Presidente Bush Baby, eu ordeno que use o seu trator e tape todos os buracos"?




Editado pela última vez por Clermont em Sáb Out 05, 2013 10:07 pm, em um total de 2 vezes.
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FCarvalho
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Comando e Capacidades

#2 Mensagem por FCarvalho » Sex Mai 14, 2004 8:55 pm

Olá Clermont.
Só tenho a dizer o seguinte: qualquer um, seja oficial, graduado ou soldado que, diligentemente, não levar em consideração a vida e o bem-estar de seus companheiros, e por consequência as probabilidades de se desempenharem com sucesso em um combate, numa avaliação racional e plausível, ou é irresponsável ou está na carreira errada.
Pessoas morrem e se ferem em guerras, é claro, mas como isto se procederá e qual o valor dos efeitos que isto terá no combate, devem ser criteriosamente avaliados, caso contrário, podemos acar com perdas desnecessárias, ou que poderiam ser evitadas.

Abraços.




Um mal é um mal. Menor, maior, médio, tanto faz… As proporções são convencionadas e as fronteiras, imprecisas. Não sou um santo eremita e não pratiquei apenas o bem ao longo de minha vida. Mas, se me couber escolher entre dois males, prefiro abster-me por completo da escolha.
A. Sapkowski
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#3 Mensagem por Marechal-do-ar » Sex Mai 14, 2004 10:06 pm

FCarvalho, na guerra tudo tem o seu prço, inclusive vidas humanas, o objetivo é alcançar o sucesso com o menor custo, isso é para saber qual a forma mais eficiente de se obter o sucesso você deve somar os riscos de perda de materiais e vidas humanas e ver qual a missão que sai mais barato.




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#4 Mensagem por Clermont » Sáb Mai 15, 2004 2:59 pm

Salve, FCarvalho,

Vc tem toda a razão. Por isso achei intrigante a avaliação de desempenho do coronel supracitado, na qual ele era acusado de "estar excessivamente preocupado com o bem-estar de seus fuzileiros navais".

Seria preciso um olhar profissional sobre o caso para nos esclarecer a todos, sobre a justeza ou não, da demissão do oficial em questão.




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Tratamento

#5 Mensagem por FCarvalho » Ter Mai 18, 2004 6:25 pm

Olá pessoal.

Marechal, até concordo em parte com sua afirmação, mas tenho que discordar da que você diz a "missão mais barata"(?!?) e vidas humanas.
Não acredito que existam opções mais "baratas", seja numa guerra, seja nas decisões do dia-a-dia, em se tratando de vidas humanas, simplesmente por que estas, pelo menos para mim, não tem preço.
Para mim é difícil acatar esta idéia de valoração da pessoa; não que ela não exista e seja dispostas de diversas formas na história da humanidade, mas penso que, e você há de convir, que para alguém que está diante de uma missão de combate, conhece os riscos e o potencial de seus homens, e tem uma perspectiva realística de poder vencer este mesmo combate, sem levar na devida conta, e em primeiro lugar, a vida de seus companheiros e a sua própria, realmente não me pareceria, digamos, plausível, para um militar de carreira, visto que, a primeira coisa quie eles aprendem, nesta profissão, é cuidar, respaitar e valorizar sua própria segurança e da de seus homens, a missão vem depois.
O presente caso apresentado pelo Clermont, nos dá bem a verdadeira ilustração da má condução e da relativização dos princípios de condução de operações de guerra, e as consequências espúrias da influência exarcebada da política no commdo de tais operações. Não me atreveria aqui a pôr-me no lugar do cel citado, e emitir opinião de juízo sobre sua conduta, até porque não tenho a mesma competência daquele, tão pouco, me ajustaria à situação posta, visto que sou um simples teórico.
Fica realmente a impressão de que o alto comando do USMC no campo de batalha, falharou e muito seriamente, ao impor riscos, ordens e situações a seus homens contraprudecentes; em minha humilde opinião, não foram, no mínimo, condizentes com a melhor regra da condução de uma operação de guerra, deixando-se influenciar por fatores alienígenas ao processo coerente e racional de decisões, que deveriam caracterizar-lhes as ações.
Amigo Clermont, sinto que os homens e mulheres das fa's yankees estão cada dia mais expostos a um padrão de decisões cada vez mais capitalista, e menos castrense, seja no que diga respeito a resultados, seja na utilização dos meios e recursos.
A vida por lá parece estar ficando cada vez mais dura, e valendo menos para os milicos.

Abraços.




Um mal é um mal. Menor, maior, médio, tanto faz… As proporções são convencionadas e as fronteiras, imprecisas. Não sou um santo eremita e não pratiquei apenas o bem ao longo de minha vida. Mas, se me couber escolher entre dois males, prefiro abster-me por completo da escolha.
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#6 Mensagem por Clermont » Dom Mai 30, 2004 11:33 am

No último dia 6 de maio, o Major-General Mattis foi promovido pelo Presidente dos EUA ao posto de Tenente-General do Corpo de Fuzileiros Navais. E foi designado como general-comandante do Comando de Desenvolvimento de Combate do USMC.

Parece que, por enquanto, o único que sobrou foi mesmo o Coronel Dowdy...




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#7 Mensagem por Marechal-do-ar » Dom Mai 30, 2004 8:46 pm

Fcarvalho, na guerra vidas humanas tem um preço sim, existem basicamente dois tipos de pessoas na guerra, o militar e o civil. o militar luta e o civil trabalha para sustentar o militar, qual é mais barato: você usar uma arma que custa x e precisa dois militares para opera-la ou usar uma arma que custa 2x e precisa de um militar para opera-la? Depende do valor de x, se você precisa de um militar a menos essa pessoa pode ser civil e sendo civil ira trabalhar e gerar riquezas, riquezas essas que podem ser usadas para pagar o custo extra da arma que precisa só um militar, se essa riqueza gerada for superior a x sai mais barato operar a segunda arma, caso contrário a primeira, no caso de mortes isso se aplica assim, se você realiza uma missão em que um militar morre para reduzir custos essa redução de custos tem que ser superior ao que a que o civil que substituira o militar morto seria capaz de produzir, entendeu?




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Respostas

#8 Mensagem por FCarvalho » Seg Jun 07, 2004 8:56 pm

Olá Marechal.

Até entendo sua posição, mas contínuo a descordar da valoração mesquinha e imoral que se faz do ser humano, em quaisquer relações que se processem, militares, econômicos ou políticas.
Nada, para mim, justifica impôr-se números a importância ou a relativização das pessoas. É só uma opinião pessoal.
Vai ver que é por isso que até hoje nunca me entendi metido numa farda ou num cargo público de direção:wink:

Abraços.




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#9 Mensagem por Clermont » Qua Set 15, 2004 7:19 pm

Estou achando que essa guerra não está sendo muito fácil para os Fuzileiros Navais americanos. Mais outro oficial comandante sai atirando contra seus superiores militares e civis.

E mesmo assim, Bush Baby ainda está na frente das pesquisas!


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RETIRADA ABRUPTA CHAMADA DE VACILAÇÃO.

Por Rajiv Chandrasekaran

Washington Post Foreign Service, Monday, September 13, 2004; Page A17


FALLUJAH, Iraque, 12 de setembro - O general do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos que acaba de retornar do comando no Iraque ocidental disse domingo, que se opôs ao ataque dos Fuzileiros contra os militantes na volátil cidade de Fallujah em abril e a subseqüente decisão de se retirar da cidade e entregá-la ao controle de uma força de segurança de soldados iraquianos.

Essa força de segurança, conhecida como Brigada Fallujah, foi formalmente desmobilizada na última semana. Não só a brigada fracassou no combate aos militantes, como os ajudou ativamente, entregando armas, viaturas e rádios aos insurgentes, de acordo com oficiais superiores dos Fuzileiros. Alguns membros da brigada até mesmo participaram em ataques aos Fuzileiros cercando a cidade, disseram os oficiais.

Os comentários do Tenente-General Fuzileiro James T. Conway, feitos logo após ter passado o comando da 1a Força Expedicionária de Fuzileiros Navais no domingo, representam um canhoneio contra a alta liderança militar e civil dos EUA que ordenaram a invasão de Fallujah e a retirada. Suas declarações também forneceram a mais detalhada explicação - e justificação - das ações dos Fuzileiros em Fallujah nessa primavera, que foram amplamente criticadas por aumentarem a atividade de insurgência na cidade e transformando-a numa "zona proibida" para as tropas dos EUA.

Conway chegou em março resolvido a acelerar os projetos de reconstrução como forma de subjugar a província de Anbar, dominada por muçulmanos sunitas. Mas em 31 de março ele foi confrontado em Fallujah com a matança de quatro contratados de segurança, cujos corpos foram mutilados ou queimados por uma turba. Conway disse que resistiu aos chamados por vingança e, ao invés, advogou por operações de precisão e contínuo engajament com líderes municipais.

"Nós sentimos que tínhamos um método que queríamos aplicar em Fallujah: que provavelmente deveríamos deixar a situação acalmar antes que parecessemos estar atacando por vingança," ele disse numa entrevista com quatro jornalistas após a cerimônia de mudança de comando. "Teria sido melhor o nosso sistema? Teríamos sido capazes de controlar o povo de Fallujah com nossos métodos? Nunca saberemos ao certo, mas naquele momento certamente achávamos que sim."

Ele estava ecoando um argumento feito por muitos políticos iraquianos e analistas americanos - de que o ataque americano radicalizou mais ainda uma cidade refratária, levando muitos moradores a apoiar os insurgentes. "Quando fomos mandados para atacar Fallujah, eu achei que iríamos com certeza aumentar o nível de animosidade que lá existia," disse Conway.

Ele não pôde dizer onde se originou a ordem de ataque, apenas que ele a recebeu de seu superior na época, o Tenente-General do Exército Ricardo Sanchez, o comandante supremo das forças dos EUA no Iraque. Alguns oficiais superiores no Iraque tem dito que a ordem teve origem na Casa Branca.

"Nós seguimos ordens," disse Conway. "Nós tínhamos as nossas, e compreendemos sua razão, fizemos continência, e fomos ao ataque."

O assalto dos Fuzileiros contra Fallujah em abril terminou abruptamente após três dias. Conway expressou desagrado com a ordem que recebeu de Sanchez para cessar as operações ofensivas, uma decisão que culminou na formação da Brigada Fallujah.

"Quando você ordena a elementos de uma divisão de fuzileiros navais para atacarem uma cidade, você realmente precisa compreender quais irão ser as conseqüencias disso e não acabar vacilando no meio de algo assim," ele disse. "Uma vez que você se engaja, você tem de continuar engajado."

Notando que seis navais foram mortos e seis feridos nesses primeiros três dias, ele reforçou: "Nós estávamos satisfeitos com o progresso do ataque na cidade. Nös estávamos poupando vidas civis em todos os lugares e em todos os momentos que podíamos. Pensávamos que tudo estaria acabado em poucos dias.

O cerco de Fallujah pelos Fuzileiros foi altamente controverso. Lïderes políticos iraquianos e o enviado da ONU Lakhdar Brahimi acusaram os comandantes militares dos EUA de se engajarem na punição coletiva dos moradores da cidade.

Embora a ordem para parar a luta e buscar outra solução tenha vindo de cima de Conway, ele foi o responsável por colocar iraquianos encarregados da segurança. Ele formou a Brigada Fallujah após o chefe do serviço de inteligência iraquiano, Mohammed Abdullah Shahwani, ter trazido um punhado de antigos generais do exército iraquiano para o Campo Fallujah, a base dos Fuzileiros Navais. Os generais se ofereceram para formar uma força de mais de 1000 antigos soldados de Fallujah que iriam controlar a cidade e combater os insurgentes, incluindo um grupo de militantes islâmicos não-iraquianos. Em troca, os Fuzileiros se comprometeram a se retirarem da cidade.

Mas a brigada nunca se desenvolveu como o planejado. Ao invés de usar os uniformes de camuflagem de deserto que os Fuzileiros ofereceram, os membros trajavam seus velhos uniformes do exército iraquiano. Ao invés de confrontar os insurgentes, os ex-soldados inicialmente guarneceram "checkpoints" de trânsito levando à cidade. Após umas poucas semanas, até isso findou.

Oficiais dos Fuzileiros dizem que acreditam que ameaças, laços tribais e outras influências levaram muitos dos soldados a apoiar tacitamente os insurgentes. Os líderes de dois batalhões da Guarda Nacional, que estavam trabalhando para a Brigada Fallujah, foram seqüestrados. Um foi decapitado e o destino do outro é desconhecido. Um vídeo do assassinato circulou em Fallujah para dissuadir as pessoas de trabalharem com as forças de segurança.

Eventualmente, os oitocentes fuzis de assalto AK-47, vinte e sete "pickups" e cinqüenta rádios que os Fuzileiros deram à brigada acabaram nas mãos dos insurgentes, de acordo com oficiais americanos. Fuzileiros navais guarnecendo "checkpoints" no perímetro oriental da cidade foram alvejados por pistoleiros usando uniformes da Fallujah.

O chefe de estado-maior de Conway, Coronel John Coleman, disse que ele e outros oficiais superiores dos Fuzileiros não haviam previsto os desafios de colocar pessoas de Fallujah para policiar a cidade. "Não estou certo de que tenhamos compreendido completamente a dureza da cidade, a crueldade dos elementos operando dentro dela," disse ele.

Conway insistiu que a brigada era um experimento. "O sucesso inicial da Brigada Fallujah foi, no fim de tudo, sua queda," disse ele. "Você precisava ter uma força que viesse de Fallujah de modo a ser aceita pelo povo do local. Eles são muito xenofóbicos... mas no fim essas foram as mesmas coisas que eu acho que ditaram o fracasso da Fallujah. Pois sendo da área local, eles estavam emasculados no que concernia a suas capacidades de fazerem alguma coisa muito agressiva."

Agora, sem nenhuma força de segurança em Fallujah... tropas dos EUA não patrulham dentro dos limites da cidade... a área se tornou um refúgio para insurgentes, dizem os oficiais fuzileiros. Entre os combatentes estrangeiros que se acredita estarem entocados em Fallujah está Abu Musab Zarqawi, um jordaniano de quem se alega ter organizado os atentados com carros-bomba, seqüestros e outros ataques visando americanos e iraquianos.

Nas últimas semanas, aviões dos EUA tem bombardeado casas suspeitas de abrigarem insurgentes e outros alvos na cidade. Coleman disse que tais ataques tem matado centenas de insurgentes.

O sucessor de Conway, Tenente-General Fuzileiro John F. Sattler, sugeriu que outra incursão dentro da cidade iria exigir não só a aprovação do primeiro-ministro interino iraquiano mas também a participação conjunta de unidades do exército iraquiano. "Quando nos aproximarmos na próxima vez, iremos nos aproximar de um jeito um pouco diferente," ele disse.

Mas Sattler disse que ele não tem o desejo de tolerar uma cidade controlada pelos insurgentes. "O status quo," ele disse, "é inaceitável."




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Re: O preço de se tomar decisões no campo de batalha.

#10 Mensagem por Clermont » Sáb Out 05, 2013 10:16 pm

DOIS GENERAIS FUZILEIROS NAVAIS DEMITIDOS POR LAPSOS NA SEGURANÇA NO AFEGANISTÃO.

Rajiv Chandrasekaran - The Washington Post, 30 de setembro de 2013.

O comandante do Corpo de Fuzileiros Navais tomou a extraordinária medida de demitir dois generais por não protegerem adequadamente uma gigantesca base no sul do Afeganistão que foi assaltada por combatentes talibans ano passado, resultando nas mortes de dois fuzileiros navais e na destruição de meia-dúzia de caças americanos.

Esta foi a primeira vez desde a Guerra do Vietnam que um general, que dirá dois, foram exonerados por negligência após um ataque inimigo bem sucedido. Mas o assalto também foi sem precedentes.

Quinze insurgentes entraram num aeródromo da OTAN e destruíram quase que um esquadrão inteiro de jatos Harrier AV-8B dos Fuzileiros Navais, a maior perda isolada de material aliado nos quase doze anos da guerra afegã.

O comandante, general James F. Amos, disse que os dois geneerais não desdobraram tropas o bastante para guarnecerem a base e deixaram de tomar outras medidas para se prepararem para um ataque terrestre pelo Taliban. Os dois, major-general Charles M. Gurganus, o principal comandante dos Fuzileiros Navais no sul do Afeganistão na época, e o major-general Gregg A. Sturdevant, o mais alto oficial de aviação dos Fuzileiros Navais na área, "fracassaram em exercerem o nível de julgamento que se espera de comandantes de seu posto," disse Amos.

"Foi irrealismo pensar que um inimigo determinado não seria capaz de penetrar a cerca do perímetro," disse Amos.

O incidente põe em forte destaque os desafios únicos de travar guerra no Afeganistão. A retirada de milhares de militares americanos nos últimos dois anos, forçou os comandantes a fazerem escolhas, algumas vezes levando-os a rarearem as defesas. As forças armadas americanas também tem sido forçadas a contar com tropas de outras nações que, freqüentemente, não são tão bem treinadas ou equipadas, para salvaguardar pessoal e suprimentos americanos.

O ataque ocorreu em Campo Bastião, uma base aérea da OTAN controlada pelos britânicos, na província de Helmand que é adjunta ao Campo Leatherneck, uma enorme instalação americana que serve como quartel-general da OTAN para o sudoeste do Afeganistão. Como Leatherneck não dispõe de uma pista de pouco, os Fuzileiros Navais utilizam Bastião como seu principal eixo aéreo no território. Várias centenas de fuzileiros navais vivem e servem ao lado dos britânicos, e dezenas de helicópteros e aviões estão estacionados lá.

Os britânicos são responsáveis por guardarem Bastião, que é rodeada por uma cerca tripla de arame farpado e torres de vigia de onde sentinelas podem vasculhar o horizonte atrás de qualquer potencial atacante. Os comandantes britânicos designaram a tarefa de guarnecer as torres para a tropa de Tonga, que enviou 55 soldados para o Afeganistão.

Na noite do ataque, os tonganeses deixaram desguarnecida a torre de vigia mais próxima da brecha Taliban, de acordo com uma investigação do Comando Central dos Estados Unidos.

Outros aspectos do plano de segurança anglo-americano eram "menos do que ótimos", descobriu a investigação, sem que nenhum oficial individualizado estivesse encarregado da segurança para ambos, Bastião e Leatherneck. O arranjo de segurança criou relacionamentos de comando e controle "contrários aos princípios de guerra de simplicidade", escreveu Amos num memorando aceitando a investigação.

As reduções de tropas também afetaram as medidas de segurança. Quando Gurganus assumiu o comando em 2011, cerca de 17 mil militares americanos estavam em sua área de operações. Na época do ataque, em setembro de 2012, o contingente americano tinha caído para 7.400, devido à exigência de retirada de tropas imposta pelo presidente Obama.

Em dezembro de 2011, 325 fuzileiros navais foram designados para patrulharem a área ao redor de Bastião e Leatherneck. No mês anterior ao ataque, este número foi cortado para cerca de 110.

Gurganus buscou permissão no verão de 2012 para acrescentar 160 homens para protegerem Bastião e Leatherneck, mas seus superiores em Cabul rejeitaram a requisição pois as forças armadas tinham alcançado um limite de forças estabelecido pela Casa Branca.

Mesmo assim, Amos disse que Gurganus deveria ter realocado homens de outros lugares para proteger os acampamentos. "O comandante ainda assim tem a responsabilidade inerente para forncer proteção para suas forças," disse Amos. "Independente de se estar numa redução [de tropas], exige-se de você que equilibre projeção de força com proteção de força."

Apesar da redução geral de tropas, vários oficiais estacionados em Leatherneck na época, disseram que muitos fuzileiros navais com tempo ocioso poderiam ter sido designados para dever de guarda. Ao invés, alguns deles assistiam cursos universitários online e outros malhavam no ginásio duas vezes por dia.

Numa entrevista com The Washington Post, neste ano, Gurganus caracterizou o ataque como "um golpe de sorte" para o Taliban. ""Quando você está lutando numa guerra, o inimigo merece um crédito," disse ele.

Amos disse que, ao informar Gurganus de que seria exonerado, este contou-lhe, "Como o mais alto comandante no terreno, eu sou o responsável."

Dois fuzileiros navais, o tenente-coronel Christopher Raible e o sargento Bradley Atwell, foram mortos tentando rechaçar o ataque. Raible, um comandante de esquadrão de Harrier, carregou na zona de combate armado apenas com uma pistola. Oito outros navais foram feridos na luta. O custo dos aviões destruídos e danificados foi estimado em 200 milhões de dólares.

Embora Gurganus ordenasse uma revisão da segurança nas bases depois do ataque e um general britânico conduzisse uma breve investigação para o comando da OTAN em Cabul, o Corpo de Fuzilerios Navais aguardou oitos meses para solicitar ao Comando Central o início de uma investigação formal americana. A decisão de Amos seguiu inquéritos da Junta de Estado-Maior do Pentágono, membros do Congresso e uma artigo de primeira página do The Post que detalhou a torre de vigia desguarnecida e a redução nas tropas patrulhando o perímetro.

Amos disse, segunda-feira, que desejava esperar pelos relatórios da OTAN e do Comando Central antes de requisitar uma investigação formal.

Antes de pedir uma investigação, Amos tinha selecionado Gurganus para receber uma terceira estrela e servir como diretor de estado-maior do Corpo de Fuzileiros Navais, a terceira posição mais elevada da força. Sua promoção foi posta na fila de espera uma vez iniciado o inquérito.

Desde o seu retorno do Afeganistão, Sturdevant serve como diretor de planos e política para o Comando do Pacífico dos Estados Unidos.

Amos disse que a decisão de demitir os generais foi a mais agonizante escolha que teve de fazer como comandante dos Fuzileiros Navais. Gurganus e Sturdevant são amigos seus, ele disse, e o tempo coletivos deles com a farda totaliza quase sete décadas.

Numa declaração na noite de segunda-feira, Gurganus disse, "Eu tenho completa confiança e fé na liderança de nosso Corpo e respeito plenamente a decisão de nosso Comandante."

Gurgauns e Sturdevante terão permissão para se reformarem, mas Amos disse que caberá ao Secretário da Marinha Ray Mabus, determinar o posto final deles. Se permitidos a se reformarem como majores-generais, eles serão elegíveis para perceberem uma pensão anual, reajustada de acordo com a inflação, de cerca de 145 mil dólares.

O último general de duas estrelas a ser demitido por incompetência em combate foi o major-general do Exército James Baldwin, que foi exonerado do comando em 1971, em seguida a um ataque norte-vietnamita que matou trinta soldados americanos num posto avançado americano, contou o historiador militar Thomas E. Ricks.




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