J.Ricardo escreveu:FCarvalho, na verdade até prefiro uma e bem feita como no Haiti, do que espalhar muito por aí e não fazer o serviço a contento.
Mas tenho medo da África, lá a vida vale muito menos que aqui, conflitos tribais, extremistas, doenças...
Olá Ricardo.
Já estivemos na Africa antes, e mesmo hoje temos vários observadores militares por lá em diversos países onde os conflitos não estão bem resolvidos. Falta de conhecimento sobre o TO é que não nos falta. Até por isso citei a recente liberação da verba para a compra dos LMV. Com certeza uma "imposição" dos militares para operarem por lá.
Ademais, existem necessidades e missões para todos os gostos. Já disseram aqui mais de uma vez que há um grande problema de logística para manter as tropas lá, mas isso é muito mais uma questão relativa às nossas deficiências do que pelo lugar em si.
Antes de qualquer missão ser autorizada para as quais somos convidados elas são investigadas e mensurados todos os riscos implicados. É no fundo uma decisão política se mandamos ou não, porque do ponto de vista militar e diplomático, somos tão ou mais capazes quanto qualquer outra tropa da ONU por lá. O que nos falta mesmo é material de primeira para fazer as coisas melhores.
Eu penso o seguinte: se o pessoal não quer correr nenhum tipo de risco, então é melhor ficar por aqui. Mas se os riscos para poder ajudar quem mais precisa forem justificáveis, e podemos ajudar da melhor forma possível, então não tem porque não ir.
Cito exemplos:
Saara Ocidental - a missão da ONU vai gerir um referendo que vão fazer por lá. Temos observadores por lá. Porque não podemos mandar o pessoal da FAB para lá, e suas aeronaves, que inclusive a ONU veio aqui verificar? É justamente o tipo de missão que a FAB tem amplas qualificações. E não precisa enviar um btl, apenas as aeronaves e o pessoal de apoio. Risco médio a baixo.
Líbano - já conhecido por nós. Porque não mandar um grupamento de fuznvs para lá, como o que está no Haiti hoje, para apoiar as ações navais da MB? Riscos: médio a baixo.
Por fim, República Centro Africana e/ou Sudão do Sul, poderíamos enviar um btl do EB para lá com elementos de saúde, engenharia e logística, mais PE e comunicações. Um hospital de campanha, ou melhor, três, seriam mais que bem vindos. Riscos? médio a alto.
O que nos impede de fazermos parte ao mesmo tempo dessas três missões? Dinheiro, vontade, capacidade, interesse?
Na minha opinião nada. Aqui quando se tem vontade e interesse os recursos aparecem na hora até para coisas tão pueris quanto favorecer um campeonato de várzea em troca de votos.
O que não falta na África é gente precisando de ajuda, de todo jeito. E ajudar é o que os nossos militares já mais que provaram que sabem fazer melhor do que muita gente muito mais bem equipada e adestrada que nós. Nós somos bem vindos em qualquer buraco onde nos metermos na África, ao contrário de uns e outros por aí que seriam alvos preferenciais.
As missões da ONU são ao mesmo tempo um ótimo aprendizado para nós e também fonte de recursos para a modernização de nossas forças.
Não fosse esse binômio, garanto que ninguém aqui estaria falando de VBMT-LR.
abs.