LAGER, o horror do nazismo.

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Ilya Ehrenburg
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Re: LAGER, o horror do nazismo.

#76 Mensagem por Ilya Ehrenburg » Qua Ago 30, 2017 5:38 pm

Clermont escreveu:
O governo israelense nunca me pagou nada pelos textos.
Eu sou uma besta.

Devia ter aproveitado e cobrado do Bibi Netanyahu uma contribuição. Só que não em dinheiro.

Devia ter exigido um fim de semana romântico com uma soldado israelense...

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:mrgreen:
Então você iria chegar chegando na donzela e ela cairia de encantos pela sua pessoa?
Fisiculturista e extremamente rico?
Melhor não tentar, ela está armada...




Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
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Re: LAGER, o horror do nazismo.

#77 Mensagem por Clermont » Sáb Ago 18, 2018 11:20 am

O enterro secreto de Hitler.

Luís Antônio Giron, IstoE - 17-08-18.

Na conferência de Potsdam em 2 de agosto de 1945, Josef Stálin deu uma notícia aos aliados da Segunda Guerra Mundial: o chanceler alemão Adolf Hitler escapara vivo de Berlim, área conquistada pelos soviéticos quatro meses antes. Stálin foi além: Hitler teria sido levado de submarino à Argentina ou ao Japão. “Tratem de encontrá-lo”, desafiou. Ninguém capturou nem um fio de cabelo do ditador. Assim começou o mistério que incendiou a imaginação no Pós-Guerra. Inquéritos britânicos e americanos, teorias conspiratórias e romances davam conta de que Hitler viveria incógnito na América do Sul, tramando a nova invasão à Europa.

Na verdade, Stálin tinha mentido, talvez para despistar os aliados, evitar o culto ao Führer ou por falta de provas científicas. O mistério do paradeiro de Hitler perdurou por mais de 70 anos e começa a ser desvendado agora, com o lançamento mundial do livro “A Morte de Hitler — os Arquivos Secretos da KGB”, do jornalista francês Jean-Christophe Brisard e da intérprete russa Lana Parshina, editado no Brasil pela Companhia das Letras.

Os autores penetraram entre 2016 e 2017 no Arquivo Central do FSB (serviço secreto russo que sucedeu a KGB em 1991) e no RGVA (Arquivo do Estado Militar da Federação Russa), até então vedados a consultas. Depois de negociações tortuosas, obtiveram permissão para ver os dossiês sobre a tomada do bunker onde Hitler e seu círculo íntimo moraram de março a abril de 1945. Lá, encontraram os restos mortais de Hitler e da mulher, Eva Braun: um fragmento do lado esquerdo do crânio com uma perfuração de bala e duas arcadas dentárias.

A dupla perseguiu outro enigma: o destino do cadáver do Führer. Descobriu que o troféu máximo da Segunda Guerra foi alvo da disputa entre o departamento de contraespionagem e o Ministério da Guerra soviéticos. O primeiro desapareceu com os cadáveres de Hitler, Eva, do general Hans Krebs, do ministro da propaganda Joseph Goebbels, da mulher dele, Magda e dos seis filhos do casal. O segundo resgatou crânios e dentes. Nem uns nem outros queriam admitir que Hitler havia se matado segundo o código militar de bravura, e não como um covarde, por veneno.

Durante anos, a contraespionagem russa promoveu interrogatórios com os homens próximos a Hitler, como o criado Heinz Linge, o ajudante de campo Otto Günsche e o motorista Hans Baur. Eles foram torturados até confessar o que não sabiam. Linge jurou que havia ouvido os tiros no quarto de Hitler. Baur assegurou que o Führer tinha se dado um tiro na boca. Günsche contestava a versão, afirmando que havia sido na têmpora. E mudavam as versões, confundindo os investigadores. Por sua vez, os militares queriam sumir com os cadáveres. Realizaram uma autópsia superficial e enterraram os corpos em Rathenau, perto de Berlim.

Em 1970, o chefe da KGB Iuri Andrópov, futuro líder da União Soviética entre 1982 e 1984, ordenou que os ossos fossem exumados e incinerados, reduzidos a cinzas e atirados a um lago.

Em meio a despistes e depoimentos duvidosos, os departamentos soviéticos rivais não chegaram nenhuma conclusão — e enterraram o caso literalmente. Mas graças a Brisard e Parishna, a charada foi desvendada. Ao verificar inquéritos confidenciais da KGB e com ajuda do legista francês Philippe Charlier, concluíram que Hitler se suicidou no bunker da Nova Chancelaria de Berlim por volta das 15 horas de 30 de abril de 1945 ao lado de Eva Braun. Tomou um cápsula de cianeto e disparou um tiro na têmpora direita com uma pistola Walther PPK de 7,65 milímetros. A bala saiu do outro lado do crânio.

“A ciência prevaleceu sobre todos os depoimentos, sobre a emoção, sobre as tentativas de manipulação”, afirma Brisard. Mesmo assim, o fantasma de Hitler ainda assombra o mundo, até porque quase ninguém sabia do mistério. Ele foi enfim revelado, com a autorização do presidente russo Vladimir Putin, talvez desejoso de exibir finalmente o troféu que seu antecessor Josef Stálin teve de ocultar.




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Re: LAGER, o horror do nazismo.

#78 Mensagem por Clermont » Seg Ago 20, 2018 10:33 am

Coalizão permitiu que Hitler subisse ao poder.

Graça Magalhães - O GLOBO, 20.08.18.

BERLIM - Passados 85 anos, os alemães ainda buscam uma resposta sobre o que tornou possível a existência de uma ditadura como a que foi imposta por Adolf Hitler e o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP, na sigla alemã). O pior capítulo da História do país começou em janeiro de 1933 com um governo de coalizão eleito democraticamente, embora sem maioria própria, por uma população cansada da falta de competência dos políticos para resolver os problemas graves do país. Entre eles, a crise econômica que havia transformado as ruas de Berlim em um campo de batalha diário.

— Sem o NSDAP, Hitler nunca teria conseguido se tornar o poderoso ditador capaz de iludir aliados e adversários em apenas poucos meses— diz o historiador Sven Felix Kellerhoff.

Kellerhoff, autor do livro “O NSDAP: Um partido e seus membros” (em tradução livre), foi o primeiro historiador a pesquisar o poder de sedução do partido. Com base em documentos do arquivo federal e depoimentos de membros do NSDAP, Kellerhoff traça uma imagem detalhada do partido que produziu o Führer.

Os depoimentos dos membros do partido nazista foram registrados pelo sociólogo polonês Theodore Fred Abel, que vivia nos Estados Unidos, em 1934. Durante muito tempo esquecidos, eles foram agora redescobertos, sendo que Kellerhoff foi o primeiro a analisar o material. Quase todos dizem que ingressaram no partido porque ele combatia os comunistas. Havia ainda o antissemitismo em comum e a esperança de que a situação econômica melhorasse.

O povo ia às ruas para aplaudir as violentas SA, milícias paramilitares nazistas. O partido crescia em adeptos de forma fulminante, tendo alcançado 37,4% dos votos no final de 1932.

Nas eleições do início de 1928, os nazistas conseguiram apenas 2,6%, um resultado que irritou o Hitler de tal forma que fez com que ele praticamente fugisse para a sua casa de férias na Baviera. Mas um ano depois, com a grave crise econômica, seis milhões de desempregados e o agravamento também da crise democrática, os alemães deixaram de acreditar na democracia da República de Weimar, voltando a ansiar por um regime autoritário.

Jovens, uniformizados e dispostos à violência sem compromisso, os membros do partido transmitiam à população a ideia do sentimento nacional do povo unido contra os judeus e os comunistas. Essa encenação da violência nas ruas alemãs fez aumentar rapidamente a popularidade do partido, que nunca conseguiu, no entanto, a maioria absoluta.

Quando o general Kurt von Hammerstein-Equord percebeu que Hitler estava a caminho do poder, em janeiro de 1933, tentou desesperadamente junto ao presidente Hindenburg e ao então chanceler Kurt von Schleicher a convocação de uma “situação de emergência” para evitar o governo.

— Sete dias antes de Hitler ser indicado chanceler, Schleicher queria a dissolução do parlamento pelo presidente e a convocação de novas eleições. A recusa do presidente acabou com as chances de execução do plano — afirma o historiador Heinrich August Winkler, autor do livro “Weimar 1918-1933”, que ainda será lançado na Alemanha.
Hindenburg, por sua vez, foi influenciado pelo então ex-chanceler Franz von Papen, que preferia Hitler naquela posição do que o adversário Schleicher, que havia lhe sucedido no cargo. Ele planejava instrumentalizar o “soldado boêmio”, como Hitler era chamado, e voltar ao poder.

Segundo o historiador Andreas Sander, todos os políticos que tentaram combater ou manipular o ditador foram derrotados. Entre eles estavam Gregor e Otto Strasser, membros do partido nazista que defendiam uma linha mais anticapitalista, o que não era aceito por Hitler.

Os políticos que negociaram a coalizão do Führer julgavam que poderiam manipulá-lo para tornar possível a volta da monarquia, abolida em 1918. Só mais tarde, quando foi aprovada no parlamento uma lei que dava a Hitler poderes absolutos, perceberam que tinha acontecido exatamente o contrário. O ditador tinha usado esses políticos para conseguir a sua meta.

Schleicher e Gregor Strasser foram executados na operação chamada de Noite das Longas Facas. Hoje, Kellerhof observa preocupado o crescimento do partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha):

— Por sorte ele não dispõe de um Hitler, nem de um Goebbels, mas há paralelos. O antissemitismo do NSDAP é hoje o ódio aos muçulmanos, por exemplo.




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Re: LAGER, o horror do nazismo.

#79 Mensagem por Viktor Reznov » Ter Ago 21, 2018 2:05 pm

O antissemitismo do NSDAP é hoje o ódio aos muçulmanos, por exemplo.
Eu não me lembro de ter lido sobre Judeus se tornando majoritariamente responsáveis por estupros e crimes sexuais na Alemanhã pré-nazismo. Comparação descabida.




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Re: LAGER, o horror do nazismo.

#80 Mensagem por Clermont » Dom Ago 26, 2018 11:55 am

Desprezo de Hitler pela Democracia é um aviso para os dias de hoje.

Marcos Guterman - O Estado de S. Paulo, 25.08.18.

Com seu costumeiro didatismo, que o coloca entre os melhores historiadores do nazismo, o britânico Richard J. Evans, autor do recém-lançado Terceiro Reich: Na História e Na Memória, concedeu esta entrevista ao Aliás para explicar que Adolf Hitler se consolidou no poder por meio de uma combinação de encantamento e violência, que o governo nazista dependia da disposição radical de seus assessores de adivinhar a “vontade do Führer”, e que seu maior inimigo eram mesmo os judeus.

Muitos historiadores argumentam que a ditadura de Hitler foi, em certo sentido, “consentida”. Diz-se que a maioria dos alemães apoiou o regime, muitos entusiasticamente, pelo menos no início. Por outro lado, a máquina de repressão estatal agiu fortemente durante os primeiros anos do governo de Hitler. Afinal, qual foi o papel da violência e da repressão na consolidação do poder hitlerista?

A maior votação em eleições nacionais livres e justas obtidas por Hitler foi 37,4%, e nas últimas eleições livres, em novembro de 1932, os nazistas perderam um número substancial de eleitores. O partido foi então cooptado por conservadores para um governo de coalizão em 30 de janeiro de 1933, porque os conservadores pensaram que os nazistas estavam enfraquecidos, mas, como ainda constituíam o maior partido, dariam legitimidade ao plano dos conservadores de desmantelar a democracia de Weimar e estabelecer um regime autoritário, como era a Alemanha de antes da 1ª Guerra. A violência e a ameaça de violência foram usadas pelos nazistas entre janeiro e julho de 1933 para destruir a oposição – principalmente os socialistas e comunistas, mas também o grande Partido Católico do Centro – e estabelecer uma ditadura do partido. Opositores dos nazistas foram mortos, os sindicatos, tanto socialistas quanto católicos, foram fechados, cerca de 200 mil antinazistas foram colocados em campos de concentração e maltratados antes de serem libertados, e os que não eram nazistas foram forçados a se juntar ao partido ou demitidos de seus empregos, algo que, num país com 35% de desemprego, trazia consequências muito graves. Quase todas as organizações não-nazistas foram incorporadas ao Partido Nazista e seus vários ramos. Novas leis foram aprovadas, tornando ilegal criticar Hitler e o governo. Em 1935 havia 23 mil presos políticos nas penitenciárias. Assim, a ditadura foi criada por uma combinação de medidas pseudo-legais e novas leis. Algumas pessoas – protestantes de classe média, muitos dos jovens – apoiaram o regime, outras – socialistas, a minoria católica – não o fizeram. É preciso diferenciar. A política externa do regime era popular, porque restaurava a dignidade alemã sem derramamento de sangue, pelo menos até 1939, e também a recuperação econômica a partir de 1935, mas as políticas religiosas e educacionais do regime não eram nem um pouco populares.

O que o mundo sabe sobre Hitler hoje é suficiente para efetivamente conhecê-lo e entender seu papel na construção do Terceiro Reich? Será que o debate historiográfico da Alemanha na década de 1980, o chamado Historikerstreit, ainda faz sentido?

O assim chamado Historikerstreit era sobre a memória e sobre se a Alemanha e os alemães deveriam traçar uma linha sob o passado nazista e seguir em frente. Havia uma discussão paralela entre “intencionalistas”, que argumentavam que a vontade de Hitler determinava tudo o que acontecia no Terceiro Reich, e “funcionalistas”, que pensavam que Hitler não intervinha muito no governo, de modo que seus subordinados tinham que “trabalhar para o Führer” adivinhando o que ele iria querer, e sempre “adivinhou” aquele que optou pela política mais “nazista”, ou seja, mais radical, causando assim um processo de “radicalização cumulativa”. A maioria dos historiadores agora ocupa uma posição intermediária; Hitler estabeleceu as diretrizes ideológicas e dirigiu ele mesmo a política externa e a área militar, mas em áreas como a economia, a sociedade e a cultura, além da arte, ele deixou os detalhes para seus subordinados.

Seu livro aborda a questão da singularidade do Holocausto. Na sua opinião, o genocídio dos judeus é diferente dos outros massacres da história?

O genocídio dos judeus é diferente porque os nazistas consideravam que os judeus, em virtude de sua composição racial, estavam sistematicamente minando a Alemanha e o povo alemão. Eles eram o “inimigo mundial”. Os nazistas pensavam que o premiê britânico, Winston Churchill, o presidente americano, Franklin Roosevelt, e o ditador soviético, Josef Stalin, eram todos perseguidos pelos judeus. Os judeus eram, portanto, o verdadeiro inimigo e tinham que ser exterminados, sem exceção, onde quer que pudessem ser encontrados. Outros genocídios, mesmo em grande escala, foram motivados pelo ódio e pelo desejo de matar minorias raciais que são vistas como opressoras ou traidoras ou obstáculos no caminho de uma nação, mas elas não foram consideradas em escala global. Nem instalações de gás venenoso foram usadas para realizá-las. Finalmente, porque os nazistas temiam tanto os judeus quanto os odiavam, o genocídio foi acompanhado por um tratamento deliberadamente sádico e humilhante dos judeus.

Até que ponto o estudo do desenvolvimento da Alemanha nazista é relevante para a compreensão do mundo de hoje? Por outro lado, como vê a banalização do nazismo, tão bem capturada pela “Lei de Godwin”: “À medida que uma discussão online se alonga, a probabilidade de uma comparação envolvendo Hitler ou os nazistas tende a ser 100%”?

Hitler se apresenta na cultura contemporânea como o mal supremo, por isso é inevitável que ele também se banalize na cultura popular e seja usado em tópicos de comentários online como uma ferramenta de argumentação. Falando a sério, a maneira pela qual os nazistas destruíram a democracia de Weimar e estabeleceram uma ditadura, seu desprezo pela verdade, sua supressão da liberdade de expressão e de pensamento, sua supressão da independência judicial e seu racismo virulento servem como advertências contra desenvolvimentos políticos comparáveis em nosso próprio tempo.




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Re: LAGER, o horror do nazismo.

#81 Mensagem por Clermont » Seg Jul 29, 2019 4:11 pm

VINGANÇA NA SELVA.

No início da década de 1950, Eliahu Itskovitz era um soldado de pouco mais de vinte anos pertencente ao 3º REI (3º Regimento de Infantaria da Legião Estrangeira). Ele e seus companheiros participavam de uma guerra suja e desgastante contra o Viet Minh, nas selvas do norte do Vietnam. Mas o jovem judeu romeno não estava interessado em matar guerrilheiros vietnamitas. Tinha uma guerra pessoal a travar, contra um inimigo muito mais odioso.

Sete anos antes, Eliahu e sua família haviam sido presos em sua aldeia natal de Chisinau e colocados num campo de concentração. Lá ele presenciou um gigantesco suboficial da Guarda de Ferro (uma organização fascista romena), chamado Stanescu, levar seus pais para a câmara de gás e estrangular, com as próprias mãos, dois de seus irmãos. Quando os soviéticos libertaram o campo, seu único irmão sobrevivente morreu de inanição. Eliahu não passava de um esqueleto, mas estava decidido a permanecer vivo para vingar o assassinato de sua família. Tinha apenas dezesseis anos.

Após a guerra ele emigrou para Israel, onde se alistou como paraquedista, com o objetivo de recuperar sua condição física. Certo dia soube que Stanescu seguira o exemplo de tantos veteranos das formações militares e paramilitares fascistas e se alistara na Legião Estrangeira francesa, indo lutar na Indochina. Sem um momento de hesitação, Eliahu foi para Sidi-bel-Abbès, na época o quartel-general da Legião na Argélia, onde se alistou. Após três meses de treinamento, apresentou-se como voluntário para servir no Extremo-Oriente.

Afinal, nas densas selvas do Vietnam, Eliahu encontrou seu antigo torturador. Desta vez, porém, o jovem judeu tinha nas mãos uma submetralhadora Sten.

"Stanescu!" - gritou Eliahu. O gigantesco romeno voltou-se, assustado ao ouvir seu verdadeiro nome (ele havia se alistado com identidade falsa). Saboreando o momento, Eliahu falou-lhe: "Sou um dos judeus de Chisinau". E disparou todos os projéteis de sua Sten Gun contra o peito do inimigo.

Eliahu cumpriu até o fim seu tempo de serviço, mas o relato de sua vingança tornou-se, desde essa época, patrimônio de gerações sucessivas de legionários. Pois, mesmo para aquele estranho grupo de soldados profissionais, era uma história extraordinária, digna de integrar o acervo da Legião e ser contada à luz das fogueiras.




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