Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

Moderadores: J.Ricardo, Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
Reginaldo Bacchi
Sênior
Sênior
Mensagens: 2434
Registrado em: Sex Fev 01, 2008 9:46 am
Localização: São Paulo, SP
Agradeceram: 272 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#76 Mensagem por Reginaldo Bacchi » Sex Ago 02, 2013 10:32 am

gitanoba escreveu:
FCarvalho escreveu:Ou seja, trocando em miúdos, estávamos, e continuamos na merda, mesmo com a reorganização da cav blda do EB. E vamos continuar assim ainda por um bom tempo.
Até alguém achar que CC não são coisas do maligno, e nem uma ameaça contra os direitos humanos e a economia nacional. :?
abs.
Cortar mais tanques e blindaso sobre lagartas do EB não é opção de redução de custo. Vejam o artigo do Tenente-Coronel Marcelo Carvalho Ribeiro, na Defesanet:
http://www.defesanet.com.br/leo/noticia ... rasileiro/
Port favor, seria possivel postar os quadros mencionados no artigo acima?

Obrigado

Bacchi




Avatar do usuário
FCarvalho
Sênior
Sênior
Mensagens: 36388
Registrado em: Sex Mai 02, 2003 6:55 pm
Localização: Manaus
Agradeceram: 3144 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#77 Mensagem por FCarvalho » Sex Ago 02, 2013 3:24 pm

RobsonBCruz escreveu:
jauro escreveu:Para não abrir outro tópico, vou colocar aqui:
http://www.defesanet.com.br/leo/noticia ... rasileiro/
Acho que o assunto merecia um tópico sim, desvinculando da discusão "Roraima".
Tempos atrás foi divulgado uma tese de um coronel (não me lembro qual) sobre a reestruturação de cavalaria mecanizada, propondo a substituição dos RCB por BIM nas Bda C Mec.
Agora vem essa novo trabalho elaborado pelo TC Marcelo Carvalho Ribeiro defendendo o contrário.
Aqui no FDB com frequencia defendem que não se pode juntar blindados SL com blindados SR e esse documento recem divulgado prega o uso harmônico, compondo uma mesma unidade ou memo SU, dando exemplos da Espanha, França e Canadá.
Robson, até onde se sabe, de público, é que até o presente momento não existe um consenso entre os cavalarianos do EB sobre como e em que termos (re)organizar a arma da cavalaria.

Tenho conhecimento e já li sobre ambas as propostas, e me parece em princípio, que todas as duas tem suas vantagens e estão em consonância com a modernidade da discussão teórica sobre os avanços doutrinários havidos nestes últimos anos.

Em que pesa a qualidade e o esmero dos estudos, o que nos falta na realidade, e o que penso ser crucial para a definição por qualquer uma das alternativas, é definir tanto na END como na nossa risível PND, o que de fato queremos e estamos dispostos a enfrentar para defender este país, e de quem. Como isso não será feito e nem tem sequer abertura para discussão no atual cenário militar e politico nacional, ainda vamos ver por um tempo essa dicussão, que é muito salutar, diga-se de passagem, a manter-se em cima do muro por simples incompetência ou leniência nossa em definir que tipo de poder queremos ser capazes de contrapor aos nossos interesses nacionais, hoje, amanhã e depois.

Um exército que não sabe contra o quê e contra quem se preparar para combater, acaba por tornar-se refém das mazelas e idiossincrasias da retórica e hipocrisia política do momento. E neste entretempo, qualquer coisa caba servindo, ou nenhuma serve como motivo para fazer algo... ou simplesmente, não fazer nada.

Porque não precisamos mesmo, não é? :roll:

abs.




AVATAR INSERIDO PELA MODERAÇÃO

(pode ser substituído sem problemas)
Avatar do usuário
Clermont
Sênior
Sênior
Mensagens: 8842
Registrado em: Sáb Abr 26, 2003 11:16 pm
Agradeceram: 644 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#78 Mensagem por Clermont » Sex Ago 02, 2013 4:29 pm

FCarvalho escreveu:Em que pesa a qualidade e o esmero dos estudos, o que nos falta na realidade, e o que penso ser crucial para a definição por qualquer uma das alternativas, é definir tanto na END como na nossa risível PND, o que de fato queremos e estamos dispostos a enfrentar para defender este país, e de quem.

(...)

Um exército que não sabe contra o quê e contra quem se preparar para combater, acaba por tornar-se refém das mazelas e idiossincrasias da retórica e hipocrisia política do momento.
Certa vez, numa entrevista, um almirante brasileiro disse que rearmamento é a mesma coisa que a escolha da roupa. A pessoa tem que saber pra onde vai, se não sabe, acaba indo no casamento da filha, usando pijama, e vai dormir usando terno e gravata.




gitanoba
Júnior
Júnior
Mensagens: 77
Registrado em: Dom Jun 09, 2013 10:19 am
Agradeceram: 7 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#79 Mensagem por gitanoba » Sex Ago 02, 2013 5:39 pm

RobsonBCruz escreveu:
jauro escreveu:Para não abrir outro tópico, vou colocar aqui:

http://www.defesanet.com.br/leo/noticia ... rasileiro/
Acho que o assunto merecia um tópico sim, desvinculando da discusão "Roraima".

Tempos atrás foi divulgado uma tese de um coronel (não me lembro qual) sobre a reestruturação de cavalaria mecanizada, propondo a substituição dos RCB por BIM nas Bda C Mec.

Agora vem essa novo trabalho elaborado pelo TC Marcelo Carvalho Ribeiro defendendo o contrário.

Aqui no FDB com frequencia defendem que não se pode juntar blindados SL com blindados SR e esse documento recem divulgado prega o uso harmônico, compondo uma mesma unidade ou memo SU, dando exemplos da Espanha, França e Canadá.

Oi Robson, a tese a qual vc se refere é de autoria do Cel. Cav. Flavio Roberto Bezerra Morgado, e tem por título "As forças mecanizadas do EB - uma proposta de modificação, atualização e modernização", defendida na ECEME em 2005.

De fato Morgado defende a formatação de Bda C Mec a 3 Reg C Mec + 1 Btl Inf Mec, e pr as Bda Inf Mec a proposção inversa a 3 Btl Inf Mec e 1 Reg C Mec.

Na época não se cogitava ou considerava a possibilidade de ter um RCC - SR (sobre rodas) e como esta agora é uma proposta (inclusive da IVECO) via VBC - SR 8x8 com 105 mm ou 120 mm de arma principal, há outros trabalhos que consideram ter um RCC (SR) no lugar de um dos RCMec nas Bda C Mec e ter as Bda Inf Mec com 1 RCC-SR e 1 RCMec, além dos 2 Btl Inf Mec.

Veja p. expo. o trabalho do Maj Perez Souza (2004).

Ambos os trabalhos têm arquivos pdf livres na web.

Boa leitura.




gitanoba
Júnior
Júnior
Mensagens: 77
Registrado em: Dom Jun 09, 2013 10:19 am
Agradeceram: 7 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#80 Mensagem por gitanoba » Sex Ago 02, 2013 5:40 pm

Reginaldo Bacchi escreveu:
gitanoba escreveu: Cortar mais tanques e blindaso sobre lagartas do EB não é opção de redução de custo. Vejam o artigo do Tenente-Coronel Marcelo Carvalho Ribeiro, na Defesanet:
http://www.defesanet.com.br/leo/noticia ... rasileiro/
Port favor, seria possivel postar os quadros mencionados no artigo acima?

Obrigado

Bacchi
Oi Bacchi, os quadros estão no corpo do próprio artigo, na série de imagens disponibilizadas no site. Caso não consiga, informe q envio via este site.

Abç




gitanoba
Júnior
Júnior
Mensagens: 77
Registrado em: Dom Jun 09, 2013 10:19 am
Agradeceram: 7 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#81 Mensagem por gitanoba » Sex Ago 02, 2013 5:51 pm

FCarvalho escreveu:
RobsonBCruz escreveu: Acho que o assunto merecia um tópico sim, desvinculando da discusão "Roraima".
Tempos atrás foi divulgado uma tese de um coronel (não me lembro qual) sobre a reestruturação de cavalaria mecanizada, propondo a substituição dos RCB por BIM nas Bda C Mec.
Agora vem essa novo trabalho elaborado pelo TC Marcelo Carvalho Ribeiro defendendo o contrário.
Aqui no FDB com frequencia defendem que não se pode juntar blindados SL com blindados SR e esse documento recem divulgado prega o uso harmônico, compondo uma mesma unidade ou memo SU, dando exemplos da Espanha, França e Canadá.
Robson, até onde se sabe, de público, é que até o presente momento não existe um consenso entre os cavalarianos do EB sobre como e em que termos (re)organizar a arma da cavalaria.

Tenho conhecimento e já li sobre ambas as propostas, e me parece em princípio, que todas as duas tem suas vantagens e estão em consonância com a modernidade da discussão teórica sobre os avanços doutrinários havidos nestes últimos anos.

Em que pesa a qualidade e o esmero dos estudos, o que nos falta na realidade, e o que penso ser crucial para a definição por qualquer uma das alternativas, é definir tanto na END como na nossa risível PND, o que de fato queremos e estamos dispostos a enfrentar para defender este país, e de quem. Como isso não será feito e nem tem sequer abertura para discussão no atual cenário militar e politico nacional, ainda vamos ver por um tempo essa dicussão, que é muito salutar, diga-se de passagem, a manter-se em cima do muro por simples incompetência ou leniência nossa em definir que tipo de poder queremos ser capazes de contrapor aos nossos interesses nacionais, hoje, amanhã e depois.

Um exército que não sabe contra o quê e contra quem se preparar para combater, acaba por tornar-se refém das mazelas e idiossincrasias da retórica e hipocrisia política do momento. E neste entretempo, qualquer coisa caba servindo, ou nenhuma serve como motivo para fazer algo... ou simplesmente, não fazer nada.

Porque não precisamos mesmo, não é? :roll:

abs.
Prezado FCarvalho,

Concordo quase plenamente com estas idéias, contudo sou obrigado a tecer uma consideração, q de certa forma, vai em sentido oposto (ou complementar) ao q vc escreveu.

A END (e por conseguinte está na PND) já definiu contra quem e o que devemos (o Brasil) nos preparar para oferecer resistência armada: forças de poder militar (similar) igual ou superior ao nosso.

Tais forças (por extrapolação) caracterizam: (1o) na América Latina, a Venezuela e a Argentina, sendo q esta última enfrenta grave crise econômica e é País com o qual mantemos cordiais e pacíficas relações, (2o) as potências europeias, que apresentam capacidade de projeção de poder, ou seja, França e Inglaterra, e em parte Alemanha, esta última sem possibilidade de projetar poder efetivo sem apoio,por não ter submarinos nucleares nem um porta-aviões, (3o) o próprio Estados unidos da América do Norte, não tanto rival, mas q defende seus interesses com unhas e dentes, de forma nem sempre "leal" ou previsível, e q está aui perto,por assim dizer, e (4o) a China (Zhongguo) e a Rússia, esta últimas distantes demais e com limitações de unidades militares, além de, se tentarem, esbarrarem com sérios problemas logísticos.

Acho q o recado está dado... não ?

Em tempo: esta opinião é de domínio e unânime nos círculos militares, e certamente irá aparecer novamente durante os debates sobre a Defesa da Amazônia, tema do ENABED 2013 deste anos em Belém.

Estarei lá apresentando trabalhos de pesquisa e propostas. Mando informes sobre as discussões ao longo da próxima semana.




Avatar do usuário
Reginaldo Bacchi
Sênior
Sênior
Mensagens: 2434
Registrado em: Sex Fev 01, 2008 9:46 am
Localização: São Paulo, SP
Agradeceram: 272 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#82 Mensagem por Reginaldo Bacchi » Sex Ago 02, 2013 6:34 pm

gitanoba escreveu:
Reginaldo Bacchi escreveu: Port favor, seria possivel postar os quadros mencionados no artigo acima?
Obrigado
Bacchi
Oi Bacchi, os quadros estão no corpo do próprio artigo, na série de imagens disponibilizadas no site. Caso não consiga, informe q envio via este site.
Abç
Obrigado por sua atenção.

Nem no link que você postou, nem no sitio do DefesaNet, aparecem os quadros.

Bacchi




gitanoba
Júnior
Júnior
Mensagens: 77
Registrado em: Dom Jun 09, 2013 10:19 am
Agradeceram: 7 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#83 Mensagem por gitanoba » Sex Ago 02, 2013 8:33 pm

Reginaldo Bacchi escreveu:
gitanoba escreveu: Abç
Obrigado por sua atenção.

Nem no link que você postou, nem no sitio do DefesaNet, aparecem os quadros.

Bacchi
Oi Bacchi, segue 1o o artigo "COMO EQUIPAR? BLINDADOS SOBRE RODAS OU LAGARTAS? O DILEMA VIVIDO PELO EXÉRCITO BRASILEIRO" do Ten-Cel Marcelo Carvalho Ribeiro. No próximo post tentarei enviar as imagens a q o artigo se refere.
------------------------------------------------ transcrito da Defesa.net ----------------------------------------
I. INTRODUÇÃO

Os conflitos ocorridos durante o primeiro quartil do século XXI demontraram que as forças blindadas continuam sendo a espinha dorsal dos exércitos mais poderosos do mundo. Do Mali ao Iraque, da Chchênia ao Afeganistão, os exércitos não deixaram de utilizar pesados meios blindados que, após imporem ao oponente uma derrota militar, passaram a empregar forças leves e médias, dotadas de blindados sobre rodas, contra grupos de insurgentes. Isso sem prescindir de reserva blindada, em menor ou maior escala, dependendo da situação, que estivesse pronta para intervir em caso de necessidade.

O Exército Brasileiro(EB), ao pensar o seu "como organizar", vive um dilema com relação às suas forças mecanizadas, em particular quanto ao número e natureza das forças que constituirão as Brigadas de Cavalaria Mecanizadas (Bda C Mec). Estas foram originalmente pensadas para um cenário estratégico completamente distinto do atual. Em função destas mudanças, suas missöes estão sendo revistas. Surge, portanto, o questionamento: como equipá-la? E, como centro destas discussöes, uma pergunta gera divergências de opiniöes entre os profissionais militares: a brigada deve ser equipada com blindados sobre lagartas ou sobre rodas?

Por ser a única unidade dotada de blindados sobre lagartas nas Bda C Mec, os Regimentos de Cavalaria Blindados (RCB) acabam sendo o pivô destas discussöes. A Bda C Mec possui atualmente, como peças de manobra, dois regimentos de cavalaria mecanizados (blindados sobre rodas) e um RCB cada. Este é composto por duas subunidades de carros de combates e duas subunidades de fuzileiros e seus apoios (blindados sobre lagartas).
Os RCB deixaram de receber os Carros de Combate Leopard1A5 adquiridos pelo Exército Brasileiro em 2009. O Comando do Exército optou, em 2011, por dotar os RCB das Bda C Mec do Comando Militar do Sul com os antigos Leopard1A1 belgas e o 20º RCB, do Comando Militar do Oeste, com os antigos M60 americanos, dando um claro sinal de que estudaria o destino dos RCB e das Bda C Mec com mais cautela. O momento de uma decisão se aproxima, e as discussöes em torno do tema vão crescendo de importância. O fato é que o como equipar os RCB leva a uma reflexão sobre a essência do problema: a estrutura da Bda C Mec é atual? Ou deve ser modificada em função dos novos horizontes estratégicos? É o que pretende abordar o presente artigo.

II. DESENVOLVIMENTO

a. Reestruturação das Forças Blindadas: uma realidade mundial
O término da Guerra Fria levou os exércitos do mindo a repensar suas Forças Blindadas. Estas, tradicionalmente divididas em leve, média e pesada, fizeram uma transição nas duas últimas décadas, com expressiva redução de seu número. Em prol de maior mobilidade estratégica, e visando a redução de custos logísticos para sua manutenção e transporte, tem-se optado, em geral, por forças aptas as missões de todo o espectro dos conflitos: das ações desencadeadas em missões de paz estável até as operações militares desencadeadas em situação de guerra, passando pelas etapas intermediárias da escalada da crise, as chamadas “Operações no Amplo Espectro”.
Com isso, os exércitos verificaram a necessidade da organização de forças de combate flexíveis nos níveis táticos (Bda, Btl/Rgt, SU) que atendessem à demanda de operações em amplo espectro. Assim, surgiram tropas que, primordialmente, irão atuar com composição mista ou seja, tropas blindadas sobre lagartas e sobre rodas em conjunto.
Um breve estudo das opções adotadas pelos exércitos mais próximos do estado da arte na atualidade permite concluir que os armamentos buscados para equipar suas tropas seguem alguns critérios essenciais, a saber:

- Modularidade: capacidade para prover os exércitos dos meios necessários no mais curto prazo, de acordo com as necessidades da operação em curso;

- Mobilidade: envolve a capacidade de atingir determinados parâmetros em termos de deslocamento estratégico e mobilidade em operações;

- Flexibilidade: implica possuir versatilidade, de modo a permitir a atuação fluida nos distintos tipos de operações, em distintos cenários e

- Interoperabilidade: capacidade de interagir com distintos tipos de forças, organizações e materiais que as equipam.

Dada a necessidade das operações no amplo espectro, tem-se buscado, de maneira geral, constituir forças de natureza MISTA,ou seja, tropas blindadas sobre lagartas e sobre rodas em conjunto, até o escalão mais elementar. Em suma, os exércitos vem buscando organizar forças de combate flexíveis nos níveis táticos (Bda, Btl/Rgt, SU) que atendam a demanda de operações em amplo espectro, buscando um EQUILÍBRIO entre forças blindadas pesadas, médias e leves. Estas tendências podem ser observadas nos exemplos abaixo:

1) Exército do Reino da Espanha

O exército espanhol adota em sua formação básica, no nível brigada e inferiores, a composição mista de meios blindados (lagarta e roda) facilitando o adestramento e a integração da tropa. Desta forma busca adequar-se as demandas que surgirão no combate moderno podendo responder de maneira mais rápida e oferecendo flexibilidade ao planejamento.
(Imagem: Quadro 1)

2) Exército da República Francesa

O exército francês possui 4 brigadas mistas e 2 brigadas blindadas. Suas composições flexíveis adaptam-se às várias possibilidades de emprego e podem contar com pelotões de carros de combate dotados de carros de combate Leclerc 2, apoiados por viaturas blindadas leves (VBL), bem como de pelotões de infantaria blindados dotados de Viaturas Blindadas de Combate de Infantaria (VBCI) Renault VAB 6x6.
(Imagem: Quadro 2)


3) Exército do Canadá

Uma força-tarefa canadense é definida e estrutura como uma força tática baseada em uma companhia de infantaria mecanizada ou um esquadrão de carros de combate com no mínimo um pelotão ou tropa de apoio conforme as necessidades.

Apesar da formação básica ser sobre lagarta ou sobre rodas, sempre que os regimentos de carros atuam são empregados juntamente com a infantaria embarcada em viatura blindada sobre rodas (LAV III).
(Imagem: Quadro 3)

b. Precisamos de blindados sobre lagartas?

A questão da opção por blindados sobre rodas ou sobre lagartas está intimamente ligada à trafegabilidade do solo onde se vislumbra operar. Obviamente, em terrenos urbanos ou estradas, trafegar com blindados sobre rodas é muito menos custoso, logisticamente falando. É preciso considerar, contudo, que nosso pais, afora nossas matas, na sua maioria impeditivas para o emprego de blindados, possui um elevado índice de terras agricultáveis. Trafegar por elas requer veículos de baixa pressão sobre o solo, sob pena de não operarmos por ele, como nos explica o Coronel Fabio Benvennutti de Castro, em trabalho realizado em 2003, no EME:

[...]As características de menor pressão sobre o solo e melhor mobilidade tática e de maior blindagem e armamento de maior alcance, são requisitos conflitantes, a medida em que maior proteção blindada e canhão de alta pressão significam maior peso e, em conseqüência, maior pressão unitária e menor mobilidade através campo.

Estes requisitos são melhor atendidos por Vtr Bld sobre lagartas, que com um peso de 18 Ton apresentam uma pressão unitária de aproximadamente 0,6 Kg/cm2 enquanto que uma Vtr sobre 8 rodas (8x8), de mesmo peso, tem uma pressão unitária em torno de 2,4 Kg/cm2, seis vezes maior. As Vtr Bld sobre rodas, à medida que são aperfeiçoadas para que apresentem um desempenho em QT próximo das sobre lagartas, se tornam maiscomplexas e sua manutenção mais difícil, não atendendo ao requisito de facilidade de manutenção e elevando o custo operacional.

É inegável que o emprego conjunto de Vtr Bld SR e SL eleva as possibilidades operacionais, particularmente em combates que almejam realizar ações em profundidades. O Exército Brasileiro em função da variedade de cenários em que poderá atuar não pode abrir mão de possuir ambas as plataformas, que são complementares em termos táticos-operacionais. CASTRO(2003).(grifo nosso)


Abrir mão do uso de blindados sobre lagartas em uma grande unidade operacional, portanto, é reconhecer que a mesma não será empregada em um contexto de guerra convencional, ao menos em solo brasileiro, ou então admitir que esta seria reforçada por meios de uma outra brigada blindada para fazê-lo, diminuindo,com isso, o poder de combate das forças disponíveis para um contra-ataque, empregando-se prematuramente estas forças. Fica a pergunta: a que país interessa perder a capacidade de operar em seu próprio território?

Ressalta-se que, historicamente, o Brasil adota uma estratégia defensiva. A não ser que nossa estratégia mude seu foco, não poderemos prescindir de possuir blindados sobre-lagartas, em número adequado para causar um efeito minimamente dissuasivo. A incipiente quantidade de blindados deste tipo que nosso país possui, como demonstrado, apontaria justamente para o lado oposto ao da redução.

A necessidade de se realizar operações de amplo espectro traz a possibilidade, em algum momento, em se atuar decisivamente no ponto de decisão. Adotando-se critérios de FLEXIBILIDADE e de MOBILIDADE, o mix roda-lagarta, em função dos argumentos expressos pelo Cel CASTRO na citação acima, tornam-se determinantes.

Com relação à suposta diferença dos custos de manutenção entre uma viatura sobre rodas e outra sobre lagartas, o quadro vem se alterando. Atualmente, os veículos vem agregando tecnologias mais sofisticadas, refletindo em um aumento de custo de manutenção e de peso. O resultado é que a vantagem das viaturas sobre rodas, no quesito custeio, diminuiu muito, e o aumento de peso aumenta a pressão sobre o solo, reduzindo sua mobilidade tática. Assim sendo, é irrefutável que a mobilidade tática que as viaturas sobre lagarta proporcionam é muito superior ao das viaturas sobre rodas, o que dá mais flexibilidade às operações e possibilita o emprego fora do eixo.

Cabe ressaltar que os CRITÉRIOS adotados para se classificar forças leves, médias e pesadas variam em cada país. Em geral, admite-se como critério para forças médias aquelas cujos subsistemas atinjam no máximo as 32 toneladas. Entretanto, para as Viaturas Blindadas de Combate, admite-se que blindados médios alcancem as 43 toneladas, o que significa dizer que, no EB, não dispomos de forças blindadas pesadas.

c. O Exército Brasileiro - Reestruturação de 2004 e tendências atuais

O Exército Brasileiro (EB) possuía, até o ano de 2004, quatro Brigadas Blindadas (Bda Bld) com sedes em Campinas, Ponta Grossa, Rio de Janeiro e Santa Maria (11º Bda Inf, 5º Bda Inf, 5º Bda Cav e 6ª Bda Inf respectivamente). As brigadas possuíam constituição ternária, ou seja, possuíam três unidades valor batalhão em cada uma. Da mesma maneira, as Organizações Militares (OM) valor batalhão, possuíam três subunidades de manobra.

A partir de então, a Força Terrestre passou por uma reestruturação de suas Bda Bld em acordo com o Plano Básico de estruturação do exército (PBEEX) conforme consta da Portaria nº 126 EME, de 07 DEZ 04 constante do Boletim do Exército (BE) nº 050 do mesmo ano.

“ a. Considerações Gerais referentes ao PBEEX:
1) O PBEEx, no tocante à reorganização e à rearticulação das forças blindadas, prevê as seguintes ações para as GU e Unidades a serem extintas, transferidas, transformadas ou reorganizadas:

a) 5a Bda C Bld será extinta.
b) 5a Bda Inf Bld, após a extinção da 5a Bda C Bld, será transformada, assumindo a
denominação de 5a Bda C Bld.
c) 11a Bda Inf Bld será transformada em 11a Bda Inf L-GLO, transferindo seu material blindado para a 5a Bda C Bld e para a 6a Bda Inf Bld.
d) 6a Bda Inf Bld será reorganizada, recebendo o Centro de Instrução de Blindados e o

1° RCC que serão transferidos para Santa Maria-RS…
...i) 4° BIB será extinto, transferindo suas Cia Fzo Bld da seguinte forma:
- uma para o 13° BIB;
- uma para o 20° BIB; e
- Uma, apenas o material blindado, para ser redistribuído à 5a Bda C Bld e à 6a Bda Inf Bld.

...j) 24° BIB será extinto, transferindo suas Cia Fzo Bld da seguinte forma:
- uma para o 7° BIB;
- uma para o 29° BIB; e
- uma, apenas o material blindado, para ser redistribuído à 5a Bda C Bld e à 6a Bda Inf Bld…
… m) 28° BIB será transformado em 28° BIL, tendo seu material redistribuído para a 5a Bda C Bld e a 6a Bda Inf Bld.
n) 2° RCC será transformado em 13° RCMec, passando seu material blindado para o 4° RCC, e recebendo 3 Esqd C Mec, um do 11° Esqd C Mec( um do 12° RCMec e um do 19° RCMec).
o) 3° RCC será reativado em Ponta Grossa, recebendo os Esqd CC (material blindado) do 2° RCC.”

A partir desta transformação, observa-se que o poder de combate do EB foi reduzido devido a extinção de unidades blindadas. O fato das Bda atuais possuírem estrutura quaternária, em regra, não modificou estas perdas.

Atualmente, discute-se a transformação dos RCB em unidades leves ou médias, dotadas de viaturas sobre rodas. Adotando-se a hipótese de transformação dos RCB em unidades leves, o EB reduziria perigosamente seus meios blindados médios, indo contra uma tendência mundial, conforme demonstrado no quadro 04 (imagem acima):

A redução de forças blindadas médias vai de encontro a todos os critérios adotados pelos países mais modernos. Em geral, a MODULARIDADE, a MOBILIDADE e a FLEXIBILIDADE seriam os critérios mais atingidos. O quadro acima deixa de expor que o EB, comparado a outras forças armadas do mundo, POSSUI POUQUÍSSIMOS MEIOS BLINDADOS. Como exemplo, as Forças Armadas da Alemanha, com efetivo de 80.000 homens, possui quase o dobro de blindados que o EB.

A redução dos RCB ocasionariam uma importante perda de recursos humanos tecnicamente preparados e aptos ao combate de forças blindadas. Ademais, a sua extinção implicaria na restrição do número de OM que quadros especializados poderiam atuar, impactando diretamente as possibilidades de mobilização, em caso de conflito. Neste sentido, a capacidade de oferecer COMBATE CONTINUADO ficaria comprometida, em função da diminuição do corpo técnico necessário para manter forças blindadas em operações.

Se comparamos os dados do EB com o de outros exércitos do mundo, percebemos que a redução do número de blindados no Brasil é indesejável. Basta, para exemplificar, uma simples comparação dos dados expostos no quadro 04 (imagem acima):

Em geral, para se justificar a necessidade de maior MOBILIDADE ESTRATÉGICA, tem-se ignorado a necessidade de MOBILIDADE OPERACIONAL. Neste critério, um blindado sobre lagartas aumenta a FLEXIBILIDADE do comandante tático, permitindo-o operar em ambiente urbano e em AOC com desenvoltura. Basta verificar as operações em ambiente Urbano no Oriente Médio, ou mesmo no Rio de Janeiro, para se concluir a importância do mix lagarta-rodas.


d. O papel dos RCB nas Brigadas de Cavalaria Mecanizadas

Segundo a Concepção estratégica do Exército (CEEx) – SIPLEX 4, as Grandes Unidades (GU) Mecanizadas estão articuladas em áreas estratégicas vocacionadas para a defesa externa e todas integram a Força de Cobertura Estratégica (F Cob Estrt), desde o tempo de paz, ao longo das fronteiras terrestres nos locais passíveis de serem mobiliadas direções estratégicas e táticas de atuação orientadas para dentro do território nacional.

Seu emprego mais característico é serem empregadas como elemento de reconhecimento, segurança e para obter-se, em planejamentos de operações de dimensões amplas, a economia de meios tendo em vista a Área Operacional do Continente (AOC). Para isso, são dotadas de meios que lhes permitem desdobrarem-se por longas frentes do campo de batalha.

Este fato, em especial, nos chama a atenção para que a referida dispersão não resulte em uma oportunidade para o inimigo a derrotar por partes. Estabelecendo-se uma analogia, pode-se observar que no Teatro de Operações Naval, a força naval deve permanecer reunida para concentrar seu poder de combate, sob pena de ser batida por partes por outra força, inclusive, menor, caso esteja dispersa, conforme nos explicita o General CASALES (1997):

“...é uma grande ilusão pensar-se que os famosos ‘caranguejos’ que representam uma Bda C Mec e sua área de responsabilidade, com 100, 200, 300 ou mais quilômetros de frente tenham qualquer possibilidade de êxito no cumprimento de u’a missão defensiva ou ofensiva.

Uma Brigada, qualquer que seja, em mais de 10 Km de frente, é facilmente destruída por outra com meios semelhantes, que atue concentrada, em frente normal, aplicando seu poder de combate no ponto de decisão.

O problema de uma Brigada em grandes espaços terrestres não difere muito de uma Força Tarefa Naval. Se a FTN dispersar seus navios tentando ocupar o mar, será destruída por partes por outra que atuar em conjunto. Se uma Brigada dispersar seus meios tentando ocupar uma frente maior que as de suas possibilidades, dispersando unidades, subunidades e frações, desprezando o apoio mútuo de suas armas combinadas, fatalmente será destruída por outra, até de menor valor, que atue concentrada, aplicando a massa no ponto de decisão.” (CASALES,1997)

Da mesma forma, as Bda C Mec necessitam concentrar poder de combate para serem empregadas no momento e ponto decisivo. A fração que cumpre este papel nas Bda C Mec é o RCB, cuja potência de fogo, ação de choque e, principalmente, por sua alta mobilidade através campo lhe proporciona as capacidades necessárias para apoiar a manobra dessas brigadas.

Assim, a segurança para planejar operações de reconhecimento e segurança em largas frentes e grandes profundidades só é possível graças a presença de uma Bda C Mec dotada de meios blindados, sobre lagarta, capazes de concentrar poder de combate. A falta do RCB, tal como é, implicará na impossibilidade das Bda C Mec cumprirem as suas missões.É provável que no contexto doutrinário que se visualiza, que as Bda Bld tenham seu emprego prematuro em apoio às Bda C Mec decisivamente engajadas.

É necessário que entendamos, na concepção atual, qual será a missão das Bda C Mec, segundo o Projeto de Força do Exército Brasileiro (PROFORÇA):

“As Ffron1são as tropas vocacionadas para emprego inicial na fronteira terrestre,tendo como missão principal a manutenção da inviolabilidade do território nacional. Estão articuladas para tal e integram o SISFRON. Entende-se por inviolabilidade a não-ocorrência de operações militares em território nacional, por forças hostis constituídas. As F Fron terão capacidade de monitoramento, controle e de pronta atuação.”

....

“g) Na Defesa da Pátria, a F Ter será empregada, mediante acionamento do Ministério da Defesa, em princípio, em operação conjunta com as demais Forças Singulares, da seguinte maneira:

(1) empregar, em princípio, as Ffron para manter a inviolabilidade territorial, podendo antecipar-se a uma agressãoe atuar fora do território nacional, ao mesmo tempo em que se realiza a concentração estratégica das FAE, para ampliar a dissuasão; e
(2) se necessário, neutralizar a ameaça.” (PROFORÇA, pag 17)

As Bda C Mec, em sua constituição atual, portanto, são as Brigadas do EB que mais se adequam à tendência atual do combate moderno. Ressalta-se, contudo, que o mix lagarta-roda precisa ser levado até os escalão unidade e, por que não dizer, até o nível subunidade. As dificuldades logísticas porventura levantadas para que isto ocorra não podem servir de escusa para a transformação, sob o risco de tornar o EB obsoleto. Dilema maior enfrentaram aqueles que transformaram as unidades a cavalo em unidades mecanizadas, em meados da década de 80. O fizeram, ressalta-se, tardiamente, pois a obsolescência foi constatada quando da invasão da Polônia pela Alemanha, em 1939 (46 anos antes).

III. CONCLUSÃO

Com a adoção do PBEEX 2004, o EB adotou medidas que reduziram significativamente a quantidade de organizações militares blindadas sobre lagartas. Em destaque, os fuzileiros blindados que tiveram diminuição de 17,2% em suas capacidades reduzindo de forma comprometedora o poder de combate da Força Terrestre. A transformação dos RCB em tropas leves reduziriam as forças blindadas sobre lagartas do EB, já consideradas diminutas em relação a outras potências, em cerca de 30%.

No cenário atual, verifica-se que ainda há necessidade do emprego de tropas blindadas sobre lagartas já que as mesmas, de forma única, proporcionam flexibilidade tática ao processo decisório e desempenham satisfatoriamente toda a gama de operações em amplo espectro. Neste sentido, atualmente as Bda C Mec são a organizações mais adaptadas às tendências modernas, pois possuem, ainda que no nível OM, o mix lagarta-rodas. Eliminar os RCB, ou transformá-los em unidades leves, seria caminhar num sentido contrário ao modelo adotado por outros exércitos mais modernos.

A mudança dos meios sobre lagarta para sobre rodas não implica em redução de custos de manutenção, nem tampouco em aumento na mobilidade tática. Os dados a respeito foram amplamente explorados ao longo do artigo.

Por fim, a extinção dos RCB comprometerá as missões das Bda C Mec, já que deixarão de contar com uma OM capaz de atuar com poder de combate adequado em um ponto decisivo, caso necessário. No cenário de defesa externa, em AOC, as Bda Bld teriam que ser utilizadas prematuramente, comprometendo o desempenho da Força Terrestre Componente.

-x-


O autor: Tenente-Coronel Marcelo Carvalho Ribeiro de Cavalaria do Exército Brasileiro, da turma de 1990 da AMAN, e comanda o Centro de Instrução de Blindados (CI Bld)




Avatar do usuário
Reginaldo Bacchi
Sênior
Sênior
Mensagens: 2434
Registrado em: Sex Fev 01, 2008 9:46 am
Localização: São Paulo, SP
Agradeceram: 272 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#85 Mensagem por Reginaldo Bacchi » Sáb Ago 03, 2013 9:46 am

Salvei.

Gitanoba, muito obrigado por sua nimia gentileza.

Bacchi




sapao
Sênior
Sênior
Mensagens: 4009
Registrado em: Qui Jul 22, 2010 9:42 am
Agradeceram: 253 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#86 Mensagem por sapao » Sáb Ago 03, 2013 5:43 pm

delmar escreveu:Sobre o assunto em discussão quero dizer que conheço um pouco de Roraima. Já fui de carro de Boa Vista até Santa Helena, na Venezuela. Também entrei em território da Venezuela para visitar um parque nacional de lá. Conheço melhor a estrada entre Boa Vista e Bonfim, bem como Lethem, na Guyana por onde passei muitas vezes
Então aqui vão algumas observações. Não há, ou não havia, ligação terrestre entre a Venezuela e a Guyana. Se um Venezuelano quisesse ir de carro para a Guyana deverá vir primeiro até Boa Vista e depois seguir para Bonfim, entrando na Guyana por Lethem. Pessoas que já foram de Lethem até a capital da Guyana dizem que a estrada é infernal, não sei se melhorou ultimamente. Não vejo como factível alguém organizar qualquer tipo de invasão por aqueles lados.
Acredito que em uma invasão a utilização das estradas pavimentadas seria uma opção desejável, mas não mandatória.
E por ali existem inúmeras vias rodáveis e carroçaveis que poderiam suprir essa demanda.
http://www.uff.br/ppgest/page29/files/jorge_donetto.pdf




[justificar]“ Se não eu, quem?
Se não agora, quando?”[/justificar]
sapao
Sênior
Sênior
Mensagens: 4009
Registrado em: Qui Jul 22, 2010 9:42 am
Agradeceram: 253 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#87 Mensagem por sapao » Sáb Ago 03, 2013 5:46 pm

FCarvalho escreveu:
sapao escreveu:Vão vir de onde pela RR-404?
O problema de blindados é exatamente COMO leva-los até o campo de batalha? Estando lá, como opera-los?
Se for para o cerrado de Roraima eu até entendo, fora isso pode esquecer. Quem já andou de carro em Manaus sabe como o terreno é irregular, e dentro da selva é a mesma coisa.
Impossível um blindado se locomover por entre árvores e elevações, caçando no mato um inimigo que ela não vai conseguir ver a 10,15 metros na vegetação.
Se fosse para colocar mais aeronaves na região, Boa Vista seria minha ultima opção EXATAMENTE por ser a mais frágil para um avanço por terra. E eu não colocaria helicópteros de grande porte, que significam também grandes áreas para sua operação!
Já imaginou abrir uma clareira para um MI-26 pousar na floresta?
Levar combustível para ele, que consome 2 TONELADAS por hora (folder do fabricante)!?
Se houvesse um combate de infantaria na selva daquela região, basta olharmos para o nosso vizinho Colômbia e aprendermos com eles: pequenas tropas de ação rápida apoiadas por helicópteros médios de transporte e ataque, com grande utilização de ISR e aeronaves. Não vemos os colombianos entrando com blindados, nem helicópteros de grande porte e nenhum outro equipamento pesado.
gostaria de destacar esta parte da fala do sapão por expor de forma sintética e bastante objetiva o que pensa o EB hoje em termos de operações de infantaria de slv e como pretende lutar as suas guerras na região amazônica.
aprendemos isso com os colombianos e também com as lições tiradas do longíncuo conflito do Vietnã, afora outras inúmeras guerras em ambiente de slv ao longo das últimas décadas do século passado.
a saber isto, e de posse desta consciência, é que até hoje o EB bem que gostaria de poder dispor na minha região de maiores e melhores tropas, com seus respectivos recursos materiais.
As oito/nove bgdas que hora se planejam para a reformulação do EB tem de dispor exatamente de três coisas básicas para o seu sucesso: um bom fuzil, embarcações leves e de helos.
neste sentido eu advogo já há tempos que a Avex deveria/deve dispor de mais do que um simples btl em Mao, mas ao invés disso, deveria contar no mínimo três unidades, de forma a atender toda a extensão do Rio Solimões/Amazonas e as regiões adjacentes as suas principais calhas, desde Tabatinga até Belém.
Talvez a (re)criação do CMN dê "asas" novamente a esta necessidade do EB na região, que mormente se recente das ausência dos três requisitos que citei aqui.
quanto ao uso de bldos em RR, o que de fato temos é que eles só serão usados lá no dia em que forem realmente necessários.
E em função desta premissa, devemos nos perguntar, o que penso ser realmente relevante: como levar um ou mais RCM, RCB ou RCC, ou quiçá as duas únicas bgdas bldas que temos por mais 3.000kms de distância, do extremo sul até o extremo norte do país, em tempo hábil afim de que estes bldos tenham algum efeito prático no desenrolar de um hipotético conflito naquele teatro?
Eu penso que quando, e se isso puder ser feito, eles já não terão qualquer influência benéfica no curto/médio prazo para nós. Pois se levar os Leo 1a1 do RJ para os pampas na reorganização das undes bldas do EB já foi um grandissíssimo problema, imagine-se isso para o norte do país... :?

abs.
Eu diria ainda um tilt-rotor, além dos ARP´s.




[justificar]“ Se não eu, quem?
Se não agora, quando?”[/justificar]
sapao
Sênior
Sênior
Mensagens: 4009
Registrado em: Qui Jul 22, 2010 9:42 am
Agradeceram: 253 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#88 Mensagem por sapao » Sáb Ago 03, 2013 5:57 pm

gabriel219 escreveu: Fariam o contorno pelas montanhas do Sul da Venezuela, entrariam em território Guianês, que não poderia fazer nada para impedir uma grande coluna blindada e chegariam ao território Brasileiros, pela RR-404, em Normandia.
Isso, creio eu, levaria menos tempo do que subirem montanhas com uma grande coluna blindada, onde ficariam bem mais expostos do que se fizerem o contorno pela Guiana.
Contorno pelo maciço do Monte Roraima? Você chegou a ler a tese do Cel Doneto?
gabriel219 escreveu:Um Mi-26T2 não precisa poucas para despachar suprimentos, alguns blindados. Isso pode ser feito usando um cabo externo, como o EUA já fez no Vietnam, com seus CH-47.
Desculpa , mas não entendi o que você quis dizer.

gabriel219 escreveu:Mas isso não é Guerra Convencional, mas uma Guerra Não-Regular, onde métodos de emprego militar, como em uma Guerra Convencional, não funcionariam tanto.
O EUA demorou para aprender que não pode lutar como um Exército contra um inimigo desorganizado e imprevisível, a Somália está de prova.
Uns 12 AH-2 Sabre para o EB estaria de bom tamanho para a região, isso contando com 2 Mi-26 e 4 CH-47F, além de alguns SH ou quem sabe NH 90, para fazer transporte de tropas. O Mi-26T2 e o CH-47F fariam transporte de cargas, como suprimentos e até blindados, como o Guarani, que pode ser transportado externamente por um Mi-26T2.
Até viaturas Astros 2020 podem ser transportadas pelo Mi-26T2. O CH-47F e os Mi-26T2 poderiam mover GACSl's em poucas horas do que alguns dias, surpreendendo o inimigo,
O Mi-26T2 só faria transporte de tropas em emergências, essa tarefa seria primária de SH's e AH-2 Sabre, secundária para os CH-47 e terciárias para os Mi-26T2.
Um abraço.
Sinceramente eu não acredito mais nesse divisão Convencional-Assimetrica quando falamos de conflito.
Acredito sim que iríamos variar de uma fase para a outra, mesmo combatendo um Estado e não uma organização Paramilitar.

Os erros na Somália foram outros, sendo o principal a falta de priorização para o conflito. Estariam então o EB e a MB errados no Haiti? A experiência mostra que não.

Gabriel, você imagina algum alvo mais fácil de ser atingido e mais difícil de ser furtivo do que um MI-26 com um blindado na carga externa?
Quem conseguiria ser surpreendido por isso, ainda mais na fronteira N-NW de Roraima onde praticamente TODOS os pontos dominantes do terreno estão na fronteira ou do lado de lá da fronteira?




[justificar]“ Se não eu, quem?
Se não agora, quando?”[/justificar]
Avatar do usuário
gabriel219
Sênior
Sênior
Mensagens: 13521
Registrado em: Qui Abr 18, 2013 9:03 am
Agradeceram: 2307 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#89 Mensagem por gabriel219 » Sáb Ago 03, 2013 7:09 pm

sapao escreveu:
gabriel219 escreveu: Fariam o contorno pelas montanhas do Sul da Venezuela, entrariam em território Guianês, que não poderia fazer nada para impedir uma grande coluna blindada e chegariam ao território Brasileiros, pela RR-404, em Normandia.
Isso, creio eu, levaria menos tempo do que subirem montanhas com uma grande coluna blindada, onde ficariam bem mais expostos do que se fizerem o contorno pela Guiana.
Contorno pelo maciço do Monte Roraima? Você chegou a ler a tese do Cel Doneto?
Só corrigindo, é a RR-401.
gabriel219 escreveu:Um Mi-26T2 não precisa pousar para despachar suprimentos, alguns blindados. Isso pode ser feito usando um cabo externo, como o EUA já fez no Vietnam, com seus CH-47.
Desculpa , mas não entendi o que você quis dizer.
Onde estava "poucas", deveria estar "pousar".
Estava escrevendo no celular.
Voltando...
Não precisa pousar para despachar suprimentos e blindados, cabos externos podem ser usados.

gabriel219 escreveu:Mas isso não é Guerra Convencional, mas uma Guerra Não-Regular, onde métodos de emprego militar, como em uma Guerra Convencional, não funcionariam tanto.
O EUA demorou para aprender que não pode lutar como um Exército contra um inimigo desorganizado e imprevisível, a Somália está de prova.
Uns 12 AH-2 Sabre para o EB estaria de bom tamanho para a região, isso contando com 2 Mi-26 e 4 CH-47F, além de alguns SH ou quem sabe NH 90, para fazer transporte de tropas. O Mi-26T2 e o CH-47F fariam transporte de cargas, como suprimentos e até blindados, como o Guarani, que pode ser transportado externamente por um Mi-26T2.
Até viaturas Astros 2020 podem ser transportadas pelo Mi-26T2. O CH-47F e os Mi-26T2 poderiam mover GACSl's em poucas horas do que alguns dias, surpreendendo o inimigo,
O Mi-26T2 só faria transporte de tropas em emergências, essa tarefa seria primária de SH's e AH-2 Sabre, secundária para os CH-47 e terciárias para os Mi-26T2.
Um abraço.
Sinceramente eu não acredito mais nesse divisão Convencional-Assimetrica quando falamos de conflito.
Acredito sim que iríamos variar de uma fase para a outra, mesmo combatendo um Estado e não uma organização Paramilitar.

Os erros na Somália foram outros, sendo o principal a falta de priorização para o conflito. Estariam então o EB e a MB errados no Haiti? A experiência mostra que não.
Não entendi sobre o Haiti.
O EUA quis subestimar uma milicia e quis combater de uma forma que não se pode combater contra uma milícia, principalmente em uma missão de paz e em área urbana. O Assad deve está percebendo isso em algumas cidades, onde seus blindados estão sendo destruídos.
Como um amigo meu me falou: quiseram botar a cara para levar um soco para tentar dar dois, mas acabaram levando muito mais que isso.
Ou seja, subestimar um inimigo.

Gabriel, você imagina algum alvo mais fácil de ser atingido e mais difícil de ser furtivo do que um MI-26 com um blindado na carga externa?
Por caças ou por mísseis terra-ar?
Se for assim, iremos suprir nossa tropa com o que? Um C-130 ou C-390 tem RCS maior.
Se for por caças, lembro que, em minha sugestão, há Pantsir-S1 e SPYDER-MR em jogo. Se for mísseis Terra-Ar, lembro que há Astros 2020 em jogo, então o caminho estaria limpo para os Mi-26T2.
Além do mais, como iriam saber que nossos Mi-26T2 estariam lá, levando em conta que suas aeronaves estariam nas bases e não possuem nenhuma aeronave AEW&C?

Quem conseguiria ser surpreendido por isso, ainda mais na fronteira N-NW de Roraima onde praticamente TODOS os pontos dominantes do terreno estão na fronteira ou do lado de lá da fronteira?
Se você consegue mover artilharia em poucas horas com helicópteros médios e pesados, ainda mais em uma região como aquela, isso lhe dá um poder excelente.




sapao
Sênior
Sênior
Mensagens: 4009
Registrado em: Qui Jul 22, 2010 9:42 am
Agradeceram: 253 vezes

Re: Sobre o futuro Reg de Cavalaria Blindado em Roraima

#90 Mensagem por sapao » Sáb Ago 03, 2013 8:17 pm

gabriel219 escreveu:Um Mi-26T2 não precisa pousar para despachar suprimentos, alguns blindados. Isso pode ser feito usando um cabo externo, como o EUA já fez no Vietnam, com seus CH-47.
Na carga externa? Você vai ter uma aeronave que já é lenta e com pouca manobrabilidade em uma situação em que ela vai estar ainda com MENOS manobrabilidade e velocidade!!!
Só para citar, normalmente quando com carga externa o helicóptero fica limitado a algo em torno de 60 kt e a 15 graus de inclinação. Claro que isso varia, mas nada muito diferente disso devido ao momento gerado e para evitar que a carga fica pendulando.
gabriel219 escreveu:Onde estava "poucas", deveria estar "pousar".
Estava escrevendo no celular.
Voltando...
Não precisa pousar para despachar suprimentos e blindados, cabos externos podem ser usados.
Sim, mas de qualquer maneira vai ter que pairar para poder alijar a carga; e esse pairado normalmente causa muito mais impacto para quem está em volta e dificuldades para quem está dentro da aeronave do que o pouso em si, já que para este ultimo existem técnicas para evitar o aumento da potencia necessária na fase final de aproximação.
gabriel219 escreveu:
Não entendi sobre o Haiti.
O EUA quis subestimar uma milicia e quis combater de uma forma que não se pode combater contra uma milícia, principalmente em uma missão de paz e em área urbana. O Assad deve está percebendo isso em algumas cidades, onde seus blindados estão sendo destruídos.
Como um amigo meu me falou: quiseram botar a cara para levar um soco para tentar dar dois, mas acabaram levando muito mais que isso.
Ou seja, subestimar um inimigo.
Foi o que eu disse: o problema na Somália NÃO foi a Doutrina de emprego e sim a falta de vontade em vencer do americano.

gabriel219 escreveu: Por caças ou por mísseis terra-ar?
Se for assim, iremos suprir nossa tropa com o que? Um C-130 ou C-390 tem RCS maior.
Se for por caças, lembro que, em minha sugestão, há Pantsir-S1 e SPYDER-MR em jogo. Se for mísseis Terra-Ar, lembro que há Astros 2020 em jogo, então o caminho estaria limpo para os Mi-26T2.
Além do mais, como iriam saber que nossos Mi-26T2 estariam lá, levando em conta que suas aeronaves estariam nas bases e não possuem nenhuma aeronave AEW&C?
Por qualquer meio. Você acha que é possível deslocar um helicóptero do tamanho do C-130 sem que ninguém perceba?
Iriam saber simplesmente porque iria ver a preparação, principalmente porque eles teriam que operar de Boa Vista. Não dá para montar uma operação assim em questão de horas do dia para a noite, na própria preparação para a mobilização eles (o inimigo) já estariam cientes.

gabriel219 escreveu:Se você consegue mover artilharia em poucas horas com helicópteros médios e pesados, ainda mais em uma região como aquela, isso lhe dá um poder excelente.
Sim, para os dois lados.
Só que como eu disse, a parte elevada do terreno fica do outro lado da fronteira então a Artilharia, de quem quer que fosse, teria muito mais vantagem sobre a nossa pela condição Geográfica. Ai vamos transportar inúmeros equipamentos em varias saídas de helicópteros e o povo vai ficar lá em cima do morro só olhando?




[justificar]“ Se não eu, quem?
Se não agora, quando?”[/justificar]
Responder