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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Qua Dez 01, 2010 6:43 pm
por renam oliveira
Celso Amorim esta sendo entrevistado no programa riskan da ALjazeera neste instante.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Qui Dez 02, 2010 11:00 am
por marcelo l.
Dilma Rousseff escolheu o diplomata Antonio de Aguiar Patriota ( foto) para ocupar a cadeira de ministro das Relações Exteriores.
Trata-se de mais uma escolha guiada pelo signo da continuidade. Patriota é, hoje, secretário-executivo de Celso Amorim, o chanceler que irá substituir.

Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Qui Dez 02, 2010 11:39 am
por WalterGaudério
marcelo l. escreveu:Dilma Rousseff escolheu o diplomata Antonio de Aguiar Patriota ( foto) para ocupar a cadeira de ministro das Relações Exteriores.
Trata-se de mais uma escolha guiada pelo signo da continuidade. Patriota é, hoje, secretário-executivo de Celso Amorim, o chanceler que irá substituir.

É barbudo tb, mas tem um nome de impacto. Espero que faça jus a ele.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Qui Dez 02, 2010 3:47 pm
por Sterrius
mesmo com continuidade deveremos ver pequenas mudanças ja que ninguem pensa igual. Será interessante acompanhar os proximos anos e ver se essas mudanças serão pra melhor ou pior.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Qui Dez 02, 2010 5:35 pm
por rodrigo
marcelo l. escreveu:Dilma Rousseff escolheu o diplomata Antonio de Aguiar Patriota ( foto) para ocupar a cadeira de ministro das Relações Exteriores.
Demitiram o MAG?
Currículo do Patriota:
Embaixador Antonio de Aguiar Patriota
27/10/2009 - Secretário-Geral das Relações Exteriores
21/02/2007 - Embaixada em Washington, Embaixador
07/07/2005 - Subsecretaria-Geral Política, Subsecretário-Geral
20/05/2004 - Gabinete do Ministro de Estado, Chefe de Gabinete
19/12/2003 - Ministro de Primeira Classe, por merecimento, em 19 de dezembro
17/07/2003 - Secretaria de Planejamento Diplomático, Secretário
11/07/1999 - Missão Permanente em Genebra, Ministro-Conselheiro
29/12/1998 - Ministro de Segunda Classe, por merecimento, em 29 de dezembro
24/06/1998 - O Conselho de Segurança após a Guerra do Golfo: a articulação de um novo paradigma de segurança coletiva, Editado pela FUNAG, Brasília
24/06/1997 - CAE, IRBr, O Conselho de Segurança após a Guerra do Golfo: a articulação de um novo paradigma de segurança coletiva
23/07/1994 - Missão junto à ONU, Nova York, Conselheiro e Ministro-Conselheiro
25/06/1993 - Conselheiro, por merecimento, em 25 de junho
23/11/1992 - Presidência da República, Assessoria Diplomática, Adjunto
28/10/1992 - Divisão Especial de Avaliação Política, assessor
04/09/1990 - Secretaria-Geral de Política Exterior, assessor
24/09/1988 - Embaixada em Caracas, Primeiro Secretário
30/06/1987 - Primeiro Secretário, por merecimento, em 30 de junho
02/09/1986 - Embaixada em Pequim, Segundo, Primeiro Secretário e Conselheiro, comissionado
28/02/1983 - Delegação Permanente em Genebra, Segundo Secretário
01/04/1982 - CAD - IRBr
17/12/1981 - Segundo Secretário, por merecimento, em 17 de dezembro
20/11/1979 - Divisão das Nações Unidas, assistente
19/11/1979 - Terceiro Secretário, em 19 de novembro
15/11/1979 - Prêmio do Rio Branco, IRBr, Medalha de Vermeil
13/02/1978 - CPCD - IRBr
18/10/1975 - Filosofia pela Universidade de Genebra
27/04/1954 - Filho de Antonio Patriota e Maria Thereza de Aguiar Patriota, nasce em 27 de abril, no Rio de Janeiro/RJ
http://www.itamaraty.gov.br/o-ministeri ... iores/view
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Qui Dez 02, 2010 6:16 pm
por marcelo l.
MAG, pelo que li ele continua de assessor agora da presidente. Mas, tem notinha que ele ia para UNASUL.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Sáb Dez 04, 2010 7:53 pm
por Penguin
Patriota mostra, em análise, que não mudará linha atual
Avaliação da cena mundial, escrita pelo futuro chanceler, reafirma prioridades como apoio à
Unasul e manutenção do protagonismo
Gabriel Manzano - O Estado de S.Paulo
Uma análise sobre o papel do Brasil na diplomacia mundial, preparada recentemente pelo futuro
chanceler, Antonio Patriota, indica que, no governo Dilma Rousseff, o continuísmo da era Lula está mais
que garantido. No texto, Patriota desenha um quadro positivo das relações com os vizinhos, elogia a
"diversificação de parcerias" e defende um maior protagonismo do País na cena mundial. O Brasil, diz
ele, tem características "que o habilitam a participar, com especial autoridade, nos processos de
transformações internacionais em curso".
As avaliações estão em um breve estudo - seis a sete páginas - que o secretário-geral do
Itamaraty preparou em meados do ano para a revista Política Externa. Na trilha do ministro Celso
Amorim, ele vê o mundo envolto em "profundas e aceleradas transformações", nas quais Brasil, Índia e
África do Sul emergem como "parceiros incontornáveis" nos processos de decisão.
Cauteloso, Patriota cria uma linha divisória: "Podemos não saber, com precisão, o que está por
vir, mas sabemos identificar os elementos do passado que já não valem". E entre esses elementos estão
"os mecanismos de governança tradicionais" - leia-se, o poder de cinco nações decidirem tudo no
Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Multipolar. A análise de Patriota começa pela macropolítica: ele entende que a unipolaridade,
com predomínio da superpotência americana, vem dando lugar a uma multipolaridade gerida por
"estruturas de governança de caráter multilateral". Nesse novo quadro, "a supremacia americana é vista
como um processo declínio relativo". Ele relata fracassos dos EUA no Iraque e no Afeganistão e diz que
o país "não se tem revelado capaz, por si só, de produzir e moldar resultados em escala global, de
acordo com os seus interesses".
E o Brasil? O futuro ministro vê a diplomacia do Itamaraty apoiada em três eixos. Primeiro, o
"reforço de relações tradicionais" - a camaradagem com os vizinhos sul-americanos, com os EUA,
Europa e Japão. Em segundo, "a diversificação de parcerias, especialmente no sentido Sul-Sul", decisão
que ajudou muito o Brasil a proteger-se da crise financeira de 2008. E terceiro, um "plano sistêmico"
destinado a "aperfeiçoar o multilateralismo e os processos de governança global".
Para ele, está correta a prioridade que se deu ao Mercosul e, agora, à União de Nações Sulamericanas, Unasul. Ele menciona um comercio regional que saltou de US$ 9 bilhões em 2003 para US$
36 bilhões em 2008. O governo fez bem em abrir 35 novas embaixadas, "em grande parte na África, na
Ásia e no mundo árabe". Diz que a opção pela edstratégia sul-Sul não impediu que o comércio com EUA
e Europa crescesse muito. E sustenta que o Brasil desenvolveu "uma política externa que evita falsas
opções entre Norte e o Sul, entre o econômico e o político _ e sem descuidar da modernização de suas
Forças Armadas".
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Dom Dez 05, 2010 8:55 pm
por Penguin
FSP, 04/12
Elio Gaspari
O WikiLeaks lavou a alma do Itamaraty
Não é a diplomacia brasileira que não gosta dos EUA, são os EUA que não gostam de uma diplomacia brasileira
A PAPELADA do WikiLeaks relacionada com o Brasil prestou um serviço à diplomacia nacional. À primeira vista, apresentou o Itamaraty como inimigo dos Estados Unidos. Olhada de perto, documentou que o governo americano é inimigo do Itamaraty.
Como o vazamento capturou mensagens do canal que liga a embaixada americana ao Departamento de Defesa, o ministro Nelson jobim ficou debaixo de um exagerado holofote. Exagerado, porém veraz. Em janeiro de 2008, Jobim tratou com o então embaixador Clifford Sobel assuntos que não eram de sua competência, dizendo coisas que não devia.
Sobel, um quadro estranho à diplomacia americana, saído do plantel de empresários republicanos com carreiras políticas fracassadas, qualificou-o como um homem decidido a "desafiar a supremacia histórica do Itamaraty em todas as áreas da política externa". Em treze palavras, resumiu o objeto do desejo dos americanos: desafiar a supremacia histórica do Itamaraty em todas as áreas da política externa.
O Itamaraty é um ofidiário. Nele há de tudo, mas poucos foram os casos de diplomatas bem colocados que quisessem terceirizar as relações internacionais do Brasil. Já houve diplomata que ia para o serviço vestindo a camisa verde dos integralistas, assim como houve comunista dos anos 50 que, nos 70, trabalhava de mãos dadas com o Serviço Nacional de Informações.
Sempre há quem divirja das linhas da política externa da ocasião mas, noves fora vinganças burocráticas, a máquina une-se quando se trata de defender "a supremacia histórica do Itamaraty em todas as áreas da política externa".
Essa característica sempre incomodou a diplomacia americana. Pelo poderio e pelo tamanho de sua representação no Brasil, ela busca o fatiamento das "áreas da política externa". É sempre mais fácil negociar assuntos agrícolas com um ministro indicado por um poderoso deputado que um dia voltará a cuidar de seus interesses. Negociar tarifas em foros internacionais com diplomatas influenciando a posição brasileira é um pesadelo para as delegações americana e europeias. (Salvo em casos raros, como quando Brasília determinou ao chefe da delegação que votasse com os americanos.)
Se dependesse das famosas ekipekonômicas, os Estados Unidos teriam quebrado a resistência brasileira à criação da Associação de Livre Comércio das Américas, a Alca, defendida durante os governos Clinton e Bush. Em 2002, o negociador americano disse que, se o Brasil não aderisse à Alca, teria que vender seus produtos na Antártida. O setor mais organizado (e pecuniariamente desinteressado) da oposição à Alca estava no Itamaraty.
Durante o tucanato, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães dizia que negociar um acordo de livre comércio daquele tipo seria o mesmo que discutir um caminho para o patíbulo e foi demitido da direção do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais do ministério.
O que incomoda o Departamento de Estado é uma diplomacia capaz de impedir que sua embaixada negocie no varejo dos ministérios assuntos que envolvem relações internacionais. Se o embaixador Sobel pudesse tratar temas da defesa só com Jobim, seria um prazer. Os diplomatas brasileiros não decidem todas as questões onde se metem, mas atrapalham. Por isso, um embaixador americano queixava-se dos "barbudinhos do Itamaraty".
Poucas vezes os "barbudinhos" apanharam tanto como no caso da resistência brasileira ao golpe de Honduras, no ano passado. Graças ao WikiLeaks, conhece-se agora o telegrama enviado pelo embaixador americano em Tegucigalpa, Hugo Llorens, a Washington, três semanas depois da deposição do presidente Manuel Zelaya: "Na visão da embaixada, os militares, a Corte Suprema e o Congresso armaram um golpe ilegal e inconstitucional contra o Poder Executivo". O texto integral do telegrama é quatro vezes maior que este texto e nele a palavra "golpe" é usada 13 vezes.
O companheiro Obama agasalhou o golpe, Nosso Guia, não.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Qui Dez 09, 2010 9:37 pm
por marcelo l.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/cl ... ento.shtml
Palestina, atraso e não açodamento
A diplomacia brasileira merece todas as críticas que lhe têm sido feitas por causa do comportamento em relação à violações aos direitos humanos por diferentes países. Tanto merece que até Dilma Rousseff condenou a omissão no caso do Irã.
O problema é que, não raro, as críticas entram de contrabando, quando o Itamaraty faz o que deve ser feito. Caso mais recente: o reconhecimento do Estado palestino nas fronteiras vigentes até 1967.
Houve, primeiro, a crítica israelense de traição porque uma autoridade israelense acabara de conversar com diplomatas brasileiros e não fora avisada.
Queixa no mínimo injusta, do que dá prova declaração ao "Jerusalém Post" de Danny Ayalon, que vem a ser vice-ministro do Exterior: ele disse que o próprio presidente Lula avisara tanto ao presidente Shimon Peres quanto ao primeiro-ministro Binyamin Netanyahu que o reconhecimento logo se daria. Foi na visita de Lula a Israel (e, depois, Palestina), nove meses atrás.
Segundo dado: o reconhecimento não é uma iniciativa pioneira -- e, portanto, potencialmente provocadora da diplomacia brasileira. Saeb Erekat, principal negociador palestino, lembrou na segunda-feira que 104 países reconheceram o Estado palestino desde 1988, quando os próprios palestinos fizeram o primeiro anúncio. Erekat diz que quase todos os 104 têm embaixadas palestinas.
Se houvesse uma crítica a ser feita seria, pois, ao atraso do Brasil, não a um suposto açodamento.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Sex Dez 10, 2010 12:39 pm
por Viktor Reznov
Coalition and Afghan special operations teams have hit hard at the Taliban and allied groups' leadership and rank and file during more than 7,000 raids throughout Afghanistan over the past six months.
Approximately 7,100 special operations counterterrorism missions have been conducted between May 30 and Dec. 2 of this year, the International Security Assistance Forces told The Long War Journal. More than 600 insurgent leaders were killed or captured. In addition, more than 2,000 enemy fighters have been killed, and over 4,100 fighters have been captured.
http://www.military.com/news/article/sp ... 6032310810
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Sex Dez 10, 2010 1:36 pm
por Hader
Cross...acho que vc errou de tópico...
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Sáb Dez 11, 2010 10:02 am
por Viktor Reznov
Hader escreveu:Cross...acho que vc errou de tópico...
Completamente.

Tô mais perdido que cego numa suruba.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Ter Dez 14, 2010 10:58 am
por Marino
A nova diplomacia do Brasil
Dilma troca o comando do Itamaraty, ataca o Irã e sinaliza como conduzirá a política externa
Claudio Dantas Sequeira
Na tarde do sábado 25 de novembro, a presidente eleita Dilma Rousseff retornou o telefonema de Marco Au¬rélio Garcia. O assessor internacional da Presidência estava a caminho de Georgetown, na Guiana, para participar da cúpula da União das Nações Sul-Americanas, na qual seria indicado o novo secretário-geral. Sondado para o posto, Garcia precisava do aval de Dilma para entrar na disputa oficialmente. A presidente, no entanto, pediu que a decisão fosse adiada e marcou um encontro na Granja do Torto para dali a uma semana. Numa caminhada pelos jardins da residência oficial na quinta-feira 2, Dilma comunicou a Garcia que não iria liberá-lo para o órgão multilateral. “Quero você no meu governo”, disse. Em seguida, comentou que nomearia o embaixador Antonio Patriota ministro das Relações Exteriores e revelou sua diretriz para a diplomacia nos próximos quatro anos. “Vamos dar lastro para o que o presidente Lula criou”, disse.
A conversa entre Dilma e Garcia se deu poucos dias após a presidente eleita ter afirmado que discordava da posição do Brasil em relação ao Irã. Para ela, o País não deveria ter se abstido na votação do Conselho de Segurança da ONU que condenava o país asiático pela prática do apedrejamento. “Não posso concordar com uma prática medieval como essa, discordo da posição do Brasil”, disse Dilma, em uma entrevista ao jornal americano “The Washington Post”.
O convite a Garcia para permanecer no cargo que ocupa há quase uma década mostra que a divergência no caso iraniano se resume a uma questão isolada. Dilma, ao contrário de Lula, defende princípios, mas está disposta a manter as linhas mestras da política externa adotada por Lula e, por isso, decidiu turbinar a Assessoria Internacional da Presidência. Sua meta é pelo menos duplicar o staff do gabinete e ampliar suas atribuições. Já pediu a Garcia que produza dossiês sobre as relações do Brasil com seus principais parceiros e sugestões de consolidação dos grupos e fóruns criados na última década. Dilma quer que a diplomacia brasileira funcione como uma espécie de indutor no processo de institucionalização desses diversos organismos que têm muita pompa no nome e pouca estrutura operacional e burocrática. Na visão da presidente eleita, entidades como a Unasul, os Brics, o Mercosul e mesmo grupos de menor expressão, como o Ibas, carecem de uma estrutura própria e não podem ficar relegados apenas aos raros encontros entre os presidentes e ministros das Relações Exteriores dos países que os compõem.
No caso da Unasul, há um projeto de constituição de uma série de coordenações para impulsionar os entendimentos nas áreas de energia e infraestrutura, nos temas ligados ao Conselho de Defesa Sul-Americano, ao Conselho de Combate às Drogas e na articulação das políticas educacionais e de saúde. “Resolver esses gargalos da integração depende em grande medida de um fortalecimento institucional”, justifica Garcia. Outra proposta, que já está na mesa de Dilma, prevê a criação de uma Alta Autoridade no Mercosul. Na prática, esse organismo funcionaria como um comitê executivo do bloco, com presidente e demais integrantes de um alto escalão responsável por gerir e implementar as decisões tomadas pelos países-membros. Ao dar mais autonomia funcional ao bloco, a região segue o modelo europeu. Para a presidente eleita, segundo Garcia, “não se pode pensar que os problemas da integração serão resolvidos exclusivamente por uma reunião semestral de ministros.”
Esse entendimento será aplicado para outras iniciativas em processo de consolidação como o G 20, que deu voz às potências emergentes e pôs uma pá de cal no G 8. Se depender do Brasil, os BRICs também deverão deixar de ser apenas uma sigla. Já há uma iniciativa de estímulo do comércio em moeda comum em contraponto ao dólar. Também ganharão musculatura institucional o Ibas, fórum que reúne Índia e América do Sul, e o diálogo entre a América do Sul e os países árabes, lançado na cúpula de Brasília em 2005.
Em termos gerais, o que se espera é o aprofundamento do que já vem sendo feito. “Não há razões para achar que a diplomacia de Dilma será diferente da atual. Não vejo nenhuma chance de grandes guinadas”, avalia o cientista político Gilberto Sarfati, da FGV. Segundo ele, seguem na pauta do Itamaraty a aproximação Sul-Sul, a construção de laços com outros países em desenvolvimento, a consolidação do Brasil como um jogador global de peso e a busca por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Questões como as negociações da Rodada Doha devem ficar em suspenso, por causa da crise cambial e do protecionismo crescente. “Alguma novidade pode surgir na relação com os EUA, já que o presidente Barack Obama deve se dedicar mais à diplomacia para melhorar sua imagem nos EUA”, afirma Sarfati.
Dentro do Itamaraty, a pergunta que vem tirando o sono dos diplomatas é se a Assessoria Internacional – leia-se Marco Aurélio Garcia – com mais poder criará problemas para o futuro chanceler Antonio Patriota. Tudo indica que não. Patriota e Garcia se conhecem desde o início do governo Lula e trabalharam juntos em crises como a de Honduras e do Haiti. Aliás, desde o primeiro mandato o ministro Celso Amorim decidiu preparar o pupilo para sucedê-lo ou pelo menos para assumir maiores responsabilidades. Patriota compartilha das visões de mundo que aproximaram Amorim de Garcia. A diferença é que o futuro chanceler, com 54 anos, é de uma geração posterior à de Amorim e Garcia, e, portanto, não se prende ao velho embate quase dogmático entre Norte e Sul. Adepto das novas tecnologias, não desgruda do telefone BlackBerry e costuma se comunicar diretamente com seus pares em outros países. “Um dia desses ele queria falar com o subsecretário americano, William Burns. Pegou o celular e ligou”, relata um assessor.
Pesam a favor de Patriota seu refinamento intelectual e a memória acurada, além de rara habilidade política. Interlocutores mais próximos comentam, inclusive, que o embaixador consegue transitar sem constrangimento tanto no governo como na oposição. “Ele é sobretudo um operador”, afirma um diplomata próximo. Espera-se, portanto, que a combinação entre a experiência de Garcia e a jovialidade de Patriota dê um perfil mais ágil e eficiente para a diplomacia no governo Dilma Rousseff.
“Os EUA descuidaram da região”
ISTOÉ – O que muda na política externa com Dilma?
Marco Aurélio Garcia – Bem, o Lula tinha um lado meio imprevisível na sua intervenção internacional e que causava resultados surpreendentes. É o efeito Garrincha. Dava um drible que deixava as pessoas meio estarrecidas. A Dilma vai ter uma conduta menos intuitiva, mais racional. Vai amarrar e institucionalizar as coisas.
ISTOÉ – A nomeação de Antonio Patriota sinaliza uma reaproximação com os EUA?
Garcia – Antes de tudo, significa que o Itamaraty é um grande celeiro de funcionários com capacidade de condução da política externa. O Antonio é um diplomata jovem, com um portfólio respeitável. Sobre os EUA, gostaríamos de ter uma interlocução mais forte, sim. Se isso não ocorreu com Lula não foi porque o Celso Amorim é antiamericano, mas por questões objetivas. Os EUA descuidaram da região.
ISTOÉ – O que pode mudar, então?
Garcia – De nossa parte, queremos debater a relação bilateral, temas continentais e mundiais. Só que a relação com os EUA não pode ocorrer em detrimento da política externa como um todo. Não vamos abandonar a política de aproximação com a França, por exemplo,
só por que isso incomoda Washington.
ISTOÉ – Dilma Rousseff criticou a abstenção brasileira sobre violações de direitos humanos no Irã. Haverá mudança nessa relação?
Garcia – A abstenção respondeu a uma posição histórica do Itamaraty, que se recusa a individualizar essas violações publicamente. Mas não somos indiferentes. Em gestões discretas, conseguimos libertar a professora Clotilde Reiss e um dos alpinistas americanos. Nossa aproximação com o Irã não é uma aliança, mas uma ação conjunta para obtermos um acordo no âmbito da Aiea. É preciso entender que ninguém bebeu demais e resolveu se meter ali. Detectamos uma zona de alto risco e propusemos uma alternativa.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Ter Dez 14, 2010 11:06 am
por Marino
Eliane Cantanhêde
Dois pra lá, dois pra cá
BRASÍLIA - O futuro secretário-geral do Itamaraty, segundo cargo em importância na carreira, deverá ser
o embaixador Ruy Nogueira, um dos principais articuladores da aproximação do Brasil com a Venezuela de
Hugo Chávez desde o governo Fernando Henrique Cardoso.
Atual subsecretário de Cooperação e Promoção Comercial, Nogueira é o nome mais forte para substituir
no cargo o embaixador Antônio Patriota, que será promovido a chanceler no governo Dilma Rousseff. Os dois
fazem um contraponto direto e interessante.
Nogueira, 67, é experiente nas áreas de economia, agricultura, comércio e política, tendo sido inclusive
chefe da Secretaria de Imprensa do Itamaraty no governo José Sarney. Patriota, 56, é bem mais jovem e um
intelectual voltado essencialmente para a área política.
Enquanto Nogueira ficou muito próximo de Chávez, a ponto de ser hostilizado por setores da oposição
venezuelana, Patriota é casado com uma americana, foi embaixador nos Estados Unidos e terá entre suas
funções melhorar o clima entre Brasília e Washington, turvo desde a participação brasileira no acordo nuclear
do Irã.
A terceira ponta do tripé é o professor Marco Aurélio Garcia, o homem do PT para a área externa. Ele é
assessor internacional da Presidência com Lula e vai continuar sendo com Dilma. Até aqui, ocupa uma salinha
apertada no Planalto. A partir de 2011, vai ter mais gente, mais subdivisões, mais atribuições. E vai botar mais a
cara.
A política externa continua a mesma, mas Dilma tem lá o jeito dela, diferente do de Lula. Quer menos
improvisação, rompantes, tititi. Vai cobrar discrição. E só vai abrir a boca em questões de repercussão
internacional quando tiver certeza -e estiver bem "brifada".
PS - Jobim quer anunciar os caças já; Dilma, só em 2011. Com o impasse, o processo foi parar nas mãos
de Fernando Pimentel, para olhar os aspectos comerciais.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Ter Dez 14, 2010 1:57 pm
por prp
Cara, a Dilma está saindo melhor que a encomenda.
