Comando de Operações Aeroespaciais - COMAE

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Re: V FAE

#46 Mensagem por FCarvalho » Sáb Mar 10, 2018 11:19 am

Este texto é muito interessante e vem a calhar sobre o debate de uma aeronave logística na FAB.



Espero que seja de bom proveito a todos.

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Re: V FAE

#47 Mensagem por FCarvalho » Dom Mar 11, 2018 7:43 pm

A questão da Mobilidade

A END prega ainda hoje que uma das capacidades a serem almejadas pelas ffaa’s é a monildade aérea das tropas e equipamentos. Isso se dá em parte pelo reconhecimento de dois pontos importantes, quais sejam, o tamanho do território a defender e a sua compatibilidade com a demanda por forças militares capazes de defende-lo incondicionalmente.

O território brasileiro possui mais de 17 mil kms de fronteiras com cerca de 11 países e um litoral de mais de 7 mil kms de extensão. As distâncias das fronteiras aos grandes centros urbanos e, portanto, militares, industriais, econômico e político, gera um vazio notório desde há muito tempo reconhecido, tanto pelo MD quanto por outros órgãos internos do poder nacional, mas que bem ou mal, não tem sido suficiente para tratar as fronteiras com a necessária prioridade e urgência que lhes fazem jus.

Neste sentido, uma vez que também se reconhece que o país não possui vontade e nem capacidade para almejar um número de tropas suficiente para a proteção de todas as suas fronteiras na íntegra, logrou aquele texto político-militar institucional fixar como resposta a esta questão o desenvolvimento de uma capacidade de pronta resposta de nossas ffaa’s de forma que possam estar onde e quando necessário for, dentro ou fora do território nacional, a fim de defender os interesses do país.

Para isso o EB já conta há alguns anos com seus núcleos de modernidade, com algumas OM’s hoje chamadas de FAR-E – Forças de Ação Rápida Estratégicas, quais sejam, a Bgda Inf Pqd, a 12ª Bgda Aeromóvel (Lv) e o COEsp, além da Avex. O CFN também possui sua Bgda Anf pela qual a MB é responsável em termos de apronto, treinamento e operacionalidade. Todas essas OM’s têm na FAB o seu esteio quanto à sua mobilidade aérea. Como se tratam de forças leves, a maioria do seu material de dotação é escolhido tendo como qualidade básica a sua aerotransportabilidade, tendo ainda como referência os vestutos C-130.

Cada brigada dessa tem sua própria organização, material e doutrina de ação, sendo que a FFE/CFN, apesar de ser considerada uma bgda expedicionária, e portanto, de caráter leve, tem junto de si elementos que não são necessariamente classificados enquanto tal, muito em vista da sua vocação naval e anfíbia. Nela encontramos elementos mtz, mecanizados e também blindados que não obstante, não cabem e nem caberiam na categoria de aerotransporte. Se muito podemos considerar que os 3 btl’s inf fuz nvs são as verdadeiras forças leves da FFE, mas que, como nas bgdas do EB, pouco ou nada podem fazer no TO, sem a indispensável parceria de suas OM’s de apoio ao combate.

Para uma tropa ser efetiva no combate não basta apenas que ela tenha uma boa infantaria. Esta é apenas o elemento ponta de lança da capacidade militar de um país de apor a seus opositores e/ou inimigos, a força que julga produtiva para obter os resultados pretendidos. Neste aspecto, por exemplo, a Bgda Pqdt possui 3 Btl Inf, e junto a eles undes de apoio das demais armas, todos aquinhoados em termos quantitativos em companhias e/ou pelotões. Um btl inf pqdt brasileiro em geral possui em média pouco mais de 800 homens, e a bgda toda por volta de 4 a 5 mil.

Se considerarmos um btl inf pqdt com 864 homens, e que o KC-390 pode levar 64 pqdt prontos para lançamento, temos então uma demanda para o transporte de um único btl de cerca de14 aeronaves. Apenas configurado para transporte seriam necessárias 11 aeronaves. Só aqui se pode ver que um esquadrão inteiro da FAB teria de ser ocupado para o transporte de um único btl paraquesdista. Como um lançamento operacional desse tipo de tropa não prescinde de seu natural apoio ao combate, podemos considerar além destas aeronaves o acréscimo de outras 3 ou 4 aeronaves a mais para que o btl pqdt obtenha a capacidade de permanência e resistência que os manuais fazem constar. Ou seja, podemos observar que uma tropa de reação rápida nucleada em um btl pqdt apresenta uma demanda de mobilidade em torno de 11 a 18 aeronaves do tipo KC-390, no caso de realmente se querer oferecer uma capacidade de pronta resposta concreta.

Esta seria em tese a demanda hoje para o 1º GTT em Anápolis - para onde se espera a Bgda também vá – em termos de aeronaves KC-390, tendo em vista que os Pqdt têm no 26º Btl Inf Pqdt a sua unidade de reação rápida. É claro que devemos atentar que o número acima diz respeito a operações de cunho exclusivamente militar, e não de outras fontes secundárias, como GLO ou outras. Conquanto, ele serve como referencia para o estabelecimento de demandas futuras para a própria FAB, em relação não somente a Bgda Pqdt, como as demais OM’s que fazem parte da FAR-E, sejam elas pertencentes ou não ao EB.

Como se pode observar, das 28 aeronaves pretendidas pela FAB, cerca de metade teria de ficar detida em um único grupo de transporte, a fim de estabelecer uma real capacidade de pronta resposta ao EB. Se considerarmos que além dos dois esquadrões do 1º GTT ainda temos o 1º/2º GT, as demais seriam organizadas neste esquadrão, cerca de 10, para atender todas as demandas restantes da FAB. A ele caberia o eventual apoio a 12º Bgda Aeromóvel, situada em SP, e também pelo apoio logístico que se fizesse necessário as próprias OM’s da FAB em caso de necessidade. Com a inf lv são unds via de regra menores, há de se supor que um número menor de KC’s também sejam necessários. Mas isso não desconta o fato de que com 28 aeronaves táticas a FAB não tenha condições exercer todas as atividades que lhes são apostas. Pode ser que em tempos de paz não seja necessário se pensar sobre tal quadro, mas como seria a FAB sob pressão tendo que dar conta de um eventual conflito e atender as demandas de EB e MB ao mesmo tempo? Será que 28 KC-390 seriam suficientes? A recriação da asa fixa no EB, na aviação naval um pouco antes, parecem dar o caminho para esta resposta.

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Re: V FAE

#48 Mensagem por Carlos Lima » Dom Mar 11, 2018 10:02 pm

28 KC390 e mais alguns 767 seriam mais do que o suficiente.

Ainda mais com 11 C-295, etc.

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Re: V FAE

#49 Mensagem por FCarvalho » Dom Mar 11, 2018 10:39 pm

Carlos Lima escreveu:28 KC390 e mais alguns 767 seriam mais do que o suficiente.
Ainda mais com 11 C-295, etc.
[]s
CB
Em tempos de paz, provavelmente sim.
Mas nós não temos "alguns" 767 e muito menos 28 KC 390.
E os C-105 estão na região norte em sua maioria.
Não há previsão ou planos para o KC- 2, cancelado.
Os aviões da Embraer só estarão todos disponíveis em 2030.
Considere também a disponibilidade em rampa das aeronaves.
Resumindo, nossa capacidade de transporte não é lá realmente essas coisas.
Se em tempo de paz já tá ruim, como achas que seria em uma guerra?

Abs




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Re: V FAE

#50 Mensagem por Carlos Lima » Seg Mar 12, 2018 12:25 am

Nao vamos confundir os papos. A realidade 'e que com os 28KC-390 estaremos melhores do que nunca. Essa 'e a realidade.

Obviamente precisamos de mais alguns 767. Se isso nao acontecer 'e de fato algo lamentavel.

Mas tambem nao 'e necessariamente o fim do mundo.

Claro que se pensarmos em tempos de Guerra, ai a nossa ultima dor de cabeca seria com aviacao de transporte.

Temos piores realidades do que essa.

:|

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Re: V FAE

#51 Mensagem por Marechal-do-ar » Seg Mar 12, 2018 12:59 am

Carlos Lima escreveu:A realidade 'e que com os 28KC-390 estaremos melhores do que nunca.
A realidade brasileira é que estar melhor do que nunca não significa estar bem.




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Re: V FAE

#52 Mensagem por FCarvalho » Seg Mar 12, 2018 6:28 pm

Carlos Lima escreveu:Nao vamos confundir os papos. A realidade 'e que com os 28KC-390 estaremos melhores do que nunca. Essa 'e a realidade.
Obviamente precisamos de mais alguns 767. Se isso nao acontecer 'e de fato algo lamentavel.
Mas tambem nao 'e necessariamente o fim do mundo.
Claro que se pensarmos em tempos de Guerra, ai a nossa ultima dor de cabeca seria com aviacao de transporte.
Temos piores realidades do que essa.
:|
[]s
CB
A realidade a que te referes Carlos é algo que ainda não existe. E se vier existir tal como se prevê, só daqui a 12 anos. Portanto estás considerando como sendo bom algo que se vislumbra apenas para a década de 2030. Lembres que até lá ainda teremos toda uma década na qual não teremos 28 KC-390, mas uma mistura cada vez mais difícil de se manter de C-130 e KC-390. Esta realidade não é das melhores, pelo contrário. E ela é de curtíssimo prazo.
Temos de considerar também, como coloquei, o fator disponibilidade, que obviamente deve ser contado, mesmo em se tratando de uma aeronave nova.
Os Hércules que ainda voam, de 4 a 5, se muito, estão cada vez mais caros de manter e, mais ainda de voar, não só pela idade como pela falta de recursos para sua adequada manutenção/operação. É muito provável que até 2025 - se chegarem até lá - sejam todos retirados de operação. Com alguma sorte, se muito, vamos ter pouco mais de 10 KC-390 na FAB.
Quanto ao KC-X2 sabe-se que a FAB não abre mão de uma aeronave estratégica, mesmo com o cancelamento daquele programa. Embora não haja planos para um novo avião, ainda assim a sua necessidade continua. O Corsário não vai poder ficar ad nauseam sem uma aeronave orgânica porque alguém no Planalto simplesmente não quer. Então, uma resposta provisória para esta questão até o momento é o leasing do único 767 atual, que poderá ser renovado por mais 1 ano em 2019, e talvez por outros 3 anos a partir de 2021. Ou não. Na teoria, teremos um cargo estratégico na forma daquela aeronave até 2023. Ou seja, em 2024, quando os 36 Gripen E estiverem todos entregues, não teremos uma aeronave REVO que não seja um tática.
Como equalizar todas essas demandas entre transporte tático e estratégico, apoio logístico intra e extra-FAB, REVO, SAR, Rec, CAN, etc... com pouco mais de 10 KC-390 dos quais nem todos obviamente estarão disponíveis? E tudo isso em menos de 10 anos?
Acreditas mesmo que vamos estar, ou estamos, bem em transporte?

abs.




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Re: V FAE

#53 Mensagem por FCarvalho » Seg Mar 12, 2018 6:33 pm

Marechal-do-ar escreveu:
Carlos Lima escreveu:A realidade 'e que com os 28KC-390 estaremos melhores do que nunca.
A realidade brasileira é que estar melhor do que nunca não significa estar bem.
Se levarmos em consideração o que consideramos ser bom por aqui em defesa... :roll:

abs




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Re: V FAE

#54 Mensagem por FCarvalho » Seg Mar 12, 2018 7:02 pm

Este é um texto mais genérico sobre o KC-X2 e que versa sobre a necessidade da FAB para uma aeronave estratégica.



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Re: V FAE

#55 Mensagem por knigh7 » Seg Mar 12, 2018 7:45 pm

FCarvalho escreveu:
Carlos Lima escreveu:28 KC390 e mais alguns 767 seriam mais do que o suficiente.
Ainda mais com 11 C-295, etc.
[]s
CB
Em tempos de paz, provavelmente sim.
Mas nós não temos "alguns" 767 e muito menos 28 KC 390.
E os C-105 estão na região norte em sua maioria.
Não há previsão ou planos para o KC- 2, cancelado.
Os aviões da Embraer só estarão todos disponíveis em 2030.
Considere também a disponibilidade em rampa das aeronaves.
Resumindo, nossa capacidade de transporte não é lá realmente essas coisas.
Se em tempo de paz já tá ruim, como achas que seria em uma guerra?

Abs
Olá, Carvalho.

Algumas observações (e também correções):

-a célula c-105 Amazonas cujo problema foi o colapso do trem de pouso na pista de Surucucu será recuperada. O problema foi que ela necessitava ser desmontada para o transporte. Coloco a nota oficial da FAB neste ano sobre o assunto. Portanto, não é um a
célula perdida, ou que será aproveitada.
Nota da FAB sobre o C-105 Amazonas acidentado em Surucucu
6 de Fevereiro de 2018

Com relação ao texto intitulado “Avião C-105 acidentado em Roraima foi canibalizado”, publicado na segunda-feira (05/02) no site Poder Aéreo, este Centro esclarece:

Todos os equipamentos embarcados, motores, hélices, assentos e demais itens passíveis de remoção já foram recolhidos e estão em processo de recertificação para reaproveitamento pela Força Aérea Brasileira.

O Comando-Geral de Apoio realizou estudo de viabilidade técnica, financeira e logística para retirar a fuselagem da aeronave. A operação deve ocorrer em breve.

Atenciosamente,

ASSESSORIA DE IMPRENSA
Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
http://www.aereo.jor.br/2018/02/06/nota ... -surucucu/


Com a opção realizada pela FAB, a Força terá 15 exemplares do CASA 295 (SC-105, C-105).

-Os 2 protótipos que voam do KC390, juntos somam até agora apenas 1.500horas voo. Vale ressaltar que os testes de resistência estruturais são mais concentrados no protótipo de solo. Portanto esses 2 prótpotipos terã uma boa vida pela frente na FAB, junto aos 28.
Ou seja: terá 30 KC390

A FAB irá dotar primeiramente o 1º GTT, de Anápolis, que atualmente está sem aeronaves.
Os C-130 do 1º/1º GT serão aposentados quando eles forem substituídos pelo KC390, e isso após eles dotarem o GTT.

O Corsário está com apenas um C-767 por falta de dinheiro. Sim, a FAB cancelou aquela concorrência que previa 3 aeronaves (2+1, mas seria exercida essa opçao, porque o estudo de 2008 apontou para 4 aeronaves. Reduziram para 3 por falta de verba, e depois para 2+1).

E o KCX2 (provavelmente com outro nome, kc-x3(?) vai voltar quando as condições orçamentárias deixarem de ser tão ruins.
1 KC767 leva 351 passageiros. Em 2 voos transporta um contingente de um batalhão de infantaria inteiro saindo de qualquer lugar do Brasil para qualquer lugar do país sem escalas.

A FAB com 30 kc390, 15 CASA 295 e 3 KC767 vai proporcionar uma boa capacidade de mobilidade para as FFAA.

Obs: bom não ficar considerando que a atual situação fiscal do Brasil será uma constante. Não vai ser aquela Brastemp, mas na próxima década ela não será tão ruim como está.




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Re: V FAE

#56 Mensagem por Carlos Lima » Seg Mar 12, 2018 8:27 pm

FCarvalho escreveu:
Carlos Lima escreveu:Nao vamos confundir os papos. A realidade 'e que com os 28KC-390 estaremos melhores do que nunca. Essa 'e a realidade.
Obviamente precisamos de mais alguns 767. Se isso nao acontecer 'e de fato algo lamentavel.
Mas tambem nao 'e necessariamente o fim do mundo.
Claro que se pensarmos em tempos de Guerra, ai a nossa ultima dor de cabeca seria com aviacao de transporte.
Temos piores realidades do que essa.
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A realidade a que te referes Carlos é algo que ainda não existe. E se vier existir tal como se prevê, só daqui a 12 anos. Portanto estás considerando como sendo bom algo que se vislumbra apenas para a década de 2030. Lembres que até lá ainda teremos toda uma década na qual não teremos 28 KC-390, mas uma mistura cada vez mais difícil de se manter de C-130 e KC-390. Esta realidade não é das melhores, pelo contrário. E ela é de curtíssimo prazo.
Temos de considerar também, como coloquei, o fator disponibilidade, que obviamente deve ser contado, mesmo em se tratando de uma aeronave nova.
Os Hércules que ainda voam, de 4 a 5, se muito, estão cada vez mais caros de manter e, mais ainda de voar, não só pela idade como pela falta de recursos para sua adequada manutenção/operação. É muito provável que até 2025 - se chegarem até lá - sejam todos retirados de operação. Com alguma sorte, se muito, vamos ter pouco mais de 10 KC-390 na FAB.
Quanto ao KC-X2 sabe-se que a FAB não abre mão de uma aeronave estratégica, mesmo com o cancelamento daquele programa. Embora não haja planos para um novo avião, ainda assim a sua necessidade continua. O Corsário não vai poder ficar ad nauseam sem uma aeronave orgânica porque alguém no Planalto simplesmente não quer. Então, uma resposta provisória para esta questão até o momento é o leasing do único 767 atual, que poderá ser renovado por mais 1 ano em 2019, e talvez por outros 3 anos a partir de 2021. Ou não. Na teoria, teremos um cargo estratégico na forma daquela aeronave até 2023. Ou seja, em 2024, quando os 36 Gripen E estiverem todos entregues, não teremos uma aeronave REVO que não seja um tática.
Como equalizar todas essas demandas entre transporte tático e estratégico, apoio logístico intra e extra-FAB, REVO, SAR, Rec, CAN, etc... com pouco mais de 10 KC-390 dos quais nem todos obviamente estarão disponíveis? E tudo isso em menos de 10 anos?
Acreditas mesmo que vamos estar, ou estamos, bem em transporte?

abs.
Nao estaREmos mal.

Muito melhor do que estivemos no passado se incorporarmos alguns 767. Sem essa peca do quebra-cabeca a coisa fica bem limitada.

[]s
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Re: V FAE

#57 Mensagem por knigh7 » Seg Mar 12, 2018 8:32 pm

É isso aí, Lima. [009] [009] [009]




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Re: V FAE

#58 Mensagem por FCarvalho » Qui Mar 15, 2018 10:04 pm

Olá Knigh7,

Quanto ao C-105, uma boa notícia a recuperação do avião acidentado. Entretanto, sua atuação é essencialmente tática - no nível médio - e voltada para apoio ao EB na Amazônia, e secundariamente centro-oeste. Sua capacidade de carga e pessoal é importante no contexto do apoio logístico regional, e hoje na verdade, na falta dos Hércules, cada vez mais raros, tem sido utilizados mais intensamente do que o previsto. No contexto geral sua importância é realmente muito grande, mas atende apenas uma parte da equação, que com o tempo, de certa forma irá perder espaço para a asa fixa da Avex. Mas isso o tempo irá dizer.

Quanto ao 767 da FAB a configuração dele é para 257 pax conforme infos públicas da instituição. E como diz o ditado, andorinha só não faz verão. Com certeza outras aeronaves serão necessárias, mas é fato que não há previsão para isso, em nenhum prazo previsível.

Conquanto, essas aeronaves também são apenas parte da equação, pois o REVO e o transporte pesado de carga e a logística internacional são o principal carro chefe do 2o/2o GT na FAB. Contar com várias aeronaves é algo tão indispensável quanto necessário. Até certo ponto, sua existência não dispensa ou supre a falta de um transporte pesado estratégico militar, que complementaria algumas daquelas missões mas diretamente relacionadas ao apoio EB e a capacidade de mobilidade das forças estratégicas.

O que estou colocando aqui é que não há concorrência entre um 767 e um cargo militar pesado na FAB, mas uma complementação. Não são e não seriam necessárias quantidades expressivas do mesmo, mas o suficiente para dar-nos a capacidade de mobilidade estratégica tão propalada pelos documentos oficiais.

Os 28 KC-390 irão trazer uma outra realidade para o transporte tático para a FAB, assim como um novo KC-X, mas isso não elimina a necessidade de um terceiro vetor que apoie a ambos.

Mais para frente vou ver se consigo comentar de que forma um cargo peado pode ser importante para a FAB em termos de reorganização por que passa.

abs




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Re: V FAE

#59 Mensagem por FCarvalho » Sex Mar 16, 2018 5:20 pm

Para que serviria mesmo um cargo militar pesado na FAB?

Tentando responder em poucas palavras, podemos começar pelas descrição das missões primárias do 2o GT e seus dois esquadrões.

1. REVO Estratégico;
2. Transporte de Carga e Pessoal nacional e internacional;
3. Apoio Logístico Operacional das OM's FAB, EB e MB;
4. CAN
5. VVIP / Apoio GTE FAB Zero Uno

Estas são, resumidamente, as missões que os C-99 e o único 767 da FAB cumprem, além de outras que sob demanda podem ser solicitadas. Vamos expô-las individualmente a partir da pergunta acima.

A missão REVO na FAB é exercida pelos 2 únicos KC-130 de que dispõe, enquanto se aguarda a chegada dos KC-390, e em um futuro ainda indefinido, do KC-X. O atual B-767 não tem esta capacidade, fazendo apenas transporte de carga e pessoal. Neste quesito um cargo militar pesado não teria para nós maiores aplicações uma vez solucionada a questão do KC-X e a chegada dos aviões da Embraer, dado que, uma vez disponíveis em boa quantidade seriam capazes de exercer esta atividade dentro daquilo que a FAB espera conseguir em termos de mobilidade de suas forças. Em relação a este aspecto então, o cargo militar pesado não é uma resposta, mas por outro lado, amplia a necessidade da FAB em termos de vetores com tal capacidade. É o caso de pensar se realmente apenas 4 KC-X dariam conta não apenas dos caças e dos KC-390, mas de mais este vetor. A FAB várias vezes já deu a entender que este não é o número ideal. Há de se buscar então qual seja.

O transporte de carga e pessoal nacional e internacional diz respeito tanto aos C-99 quanto ao B-767 tendo em vista que o seu emprego é feito na maioria das vezes em proveito não da FAB, mas em apoio às atividades dos demais órgãos civis do governo federal e também à pedido das demais esferas do poder público tanto estadual quanto municipal, principalmente em ações ligadas a ACISO, MMI e desastres naturais. Neste aspecto, o C-99 atende principalmente o CAN, e as atividades dos órgãos civis do governo, fazendo o transporte de pessoal e material pelo Brasil, além de também prover em nível de América do Sul o apoio logístico dos corpos diplomáticos brasileiros, que também era apoiado pelos KC-137 em outros continentes, e que não mais possuem este recurso na falta daquele vetor, e também por dispormos apenas de um único B-767. Assim, a demanda do 2o GT para apoio de transporte de pessoal e carga dentro e fora do país é sempre e tão maior que a sua capacidade de acatar as demandas que lhes chegam. Notar aqui que um cargo militar pesado no lugar do C-99 seria não apenas um acréscimo em termos qualitativos, mas sobretudo de capacidade de exercer várias missões ao mesmo tempo, coisa que o jato da Embraer não faz em virtude de suas limitações, e obviamente um apoio inestimável ao futuro KC-X, já que ambos podem cumprir esta missão e ainda apoiar-se mutuamente.


Quanto ao apoio logístico operacional das OM's da FAB, EB e MB, é preciso ter em mente que cada força apresenta suas próprias demandas em termos de transporte aéreo, em vista de seus planejamentos de operações e exercício de suas atividades-fim e subsidiárias, quando solicitado. Neste aspecto, a força que mais tem se ressentido desse apoio da FAB é o exército, já que a Avex ainda não está contemplada com a sua aviação de asa fixa, apenas embrionária. A MB também há muito tempo se recente de uma capacidade de transporte própria, principalmente levando em consideração o apoio e aprovisionamento que precisa dar as suas diversas bases navais e fluviais ao longo da costa e interior do país, além de, obviamente, o apoio ao CFN. A FAB há anos não tem conseguido manter em dia suas obrigações tanto em relação ao apoio de transporte as suas OM's como das demais forças, visto que com orçamentos cada vez mais curtos e os altos custos de manutenção do seu inventário, fica muito difícil para a força atender a todas as demandas militares, e civis, que lhes chagam. Ou seja, resumindo, a FAB não tem capacidade hoje e nem no curto/médio prazo de atender as crescentes demandas por transporte aéreo solicitadas. Um cargo pesado militar resolveria a minimizar este problema em duas vertentes: maior capacidade de transporte, maior alcance, e maior flexibilidade de uso. Fixando-se no transporte aéreo estratégico, a FAB teria condições de melhor atender a demanda civil, e operar suas linhas de suprimento com melhor e maior qualidade, deixando as demais forças e suas respectivas aviações táticas, a distribuição regional e local do apoio necessário a sua operacionalidade. Como exemplo, um Y-20 carregado com 50 tons de equipamentos e pessoal poderia sair do RJ e fazer a perna BLM-MAO-TBT-RJ e assim abastecer as bases da Avex com o necessário em um único voo. Sem precisar tirar um KC-X de outra missão para isso.

O CAN historicamente tem se constituído em um fator de integração nacional há muitas gerações. E não é intenção da FAB deixar de operá-lo, posto que a integração nacional está na raiz de sua atividade fim. Esta missão hoje é executada pelos C-99 do 1o/2o GT, pois é a aeronave que se dispõe. E ele tem se saído bem, posto que é uma aeronave regional feita justamente para operar em condições nas quais outros jatos não o fariam. O CAN não somente leva correspondência, como também apoio diversos programas das IFES, saúde, assistência social, etc..
Desta maneira a disposição de uma aeronave maior com certeza agregaria muito mais qualidade e efetividade as ações de apoio que o CAN realiza ao longo do território nacional, principalmente na região norte e centro-oeste do Brasil, onde na maioria das vezes a única presença do Estado só é percebida nas asas destas aeronaves. Um cargo militar pesado com capacidade de operar em pistas curtas e despreparadas pode muito bem executar várias missões em uma mesma viagem, além de conseguir levar muito mais pessoal e material consigo. Inclusive aqueles que hoje, por exemplo, um hospital de campanha, demandariam de duas a 3 aeronaves ou então ter de desviar uma aeronave do tipo KC-X - não preparada para chegar onde é necessário - que obviamente pode não estar disponível.

A missão VVIP e de apoio ao FAB Zero Uno também faz parte das missões primárias do 2o GT, seja com os C-99 ou com o 767, dependendo do planejamento e das necessidades do voo presidencial. Normalmente suas aeronaves eram/são usadas em voos internacionais, e não raro onde o A-319ACJ ou o E-190PR estivesse, lá estava um KC-137, um C-130 e/ou C-99 da FAB fazendo o apoio. Via de regra esses voos são usados para levar e trazer o pessoal de apoio, e/ou convidados da PR que "não caibam" no avião presidencial. Hoje o 767 está sendo usado, também, neste tipo de voo, em ao menos duas oportunidades. Sobre este aspecto da missão deste grupo, pode-se observar que o uso de um cargo militar pesado se torna um plus a mais em relação a missão a ser executada, pois dependendo aonde ela for, é recomendável o seu uso no apoio do avião presidencial. Com sua ampla capacidade de carga e alcance, ele pode aferir ao grupo de apoio a viagem presidencial o espaço e a flexibilidade necessários a melhor prontidão e execução da viagem daquela autoridade. Seu uso obviamente não dispensaria a presença de um 767, mas adicionaria ainda mais capacidade à FAB de realizar e apoiar este tipo de missão, que é uma das mais complicadas, diga-se, apesar de parecer apenas "mais um passeio" do presidente.

Como se pode ver, existem várias possibilidades onde um cargo pesado militar pode atuar dentro da FAB, e estamos falando apenas de um único grupo de transporte, justamente aquele mais ligado as necessidades de uma aeronave assim.

Deste modo, procurei demonstrar de forma simples e sem maiores compromissos a importância de se dispor de um cargo militar pesado na FAB. As quantidades podem variar de acordo com o que a FAB, e demais ffaa's entenderem como coerente com o que se propõe em termos de necessidades e demandas. E elas são sempre cada vez mais crescentes.

Outros grupos e esquadrões de transporte também podem vir a contar com este tipo de aeronave, e de forma semelhante ao que acima descrevi, também se encaixar de forma complementar e adequada aos vetores esperados para a próxima década na forma do KC-390 e do futuro KC-X.

A ver.

abs.




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Carlos Lima
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Re: V FAE

#60 Mensagem por Carlos Lima » Sex Mar 16, 2018 6:47 pm

28 KC-390 e uns 4 ou 5 767 dao e sobram!

Ainda mais apoiados por 11 C-295.

[]s
CB




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