Israel e os israelenses.

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: Israel e os israelenses.

#46 Mensagem por Wingate » Qui Jul 18, 2013 12:58 pm

Oy Vey!!!

(tudo bem...se for jogar de graça... :mrgreen: )


http://noticias.uol.com.br/album/album- ... brefoto=19


Wingate




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Re: Israel e os israelenses.

#47 Mensagem por romeo » Dom Jul 28, 2013 6:19 pm

UM PRA FRENTE :

O gabinete de Israel aprovou a libertação de 104 prisioneiros palestinos, segundo uma fonte do governo, abrindo espaço para a possível retomada das negociações de paz após cinco anos de suspensão. A libertação dos prisioneiros faz parte de um esforço liderado pelos EUA para colocar os dois lados em diálogo novamente.


Com duas abstenções, o gabinete israelense votou pela aprovação em princípio da libertação dos prisioneiros, por 13 votos a favor e sete contra. A votação ocorreu depois de uma sessão turbulenta em que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ligou a libertação dos prisioneiros à retomada das negociações que ele disse serem importantes para Israel.


Familiares de pessoas que foram mortas em ataques palestinos protestaram do lado de fora do prédio do governo onde ocorria a votação. "Eu acredito que esse é um passo em direção à paz e espero que possamos usar essa oportunidade que os EUA nos forneceram para retomar as negociações", declarou o principal negociador palestino, Saeb Erekat.


Pelo acordo, os prisioneiros serão libertados em quatro fases durante vários meses. Cada libertação será ligada ao progresso nas negociações. Segundo uma lista fornecida pelos palestinos, os prisioneiros que serão libertados passaram de 19 a 30 anos presos por envolvimento em ataques mortais a israelenses.


O próximo passo será uma reunião de negociadores de Israel e da Palestina em Washington, EUA, na terça-feira, que deverá ser seguida por nove meses de negociações para um acordo de paz. Fonte: Associated Press.




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Re: Israel e os israelenses.

#48 Mensagem por romeo » Dom Jul 28, 2013 6:23 pm

UM PRA TRAZ :

Israel classifica nativos de Jerusalém como não-cidadãos.

O ministério israelense do interior surgiu com um novo plano para expulsar os nativos palestinos de Jerusalém ocupada a partir de sua cidade através de classificá-los como "não-cidadãos", revelou o advogado Ahmed Roweidi.

(Agência Ahlul Bayt News) - O ministério israelense do interior surgiu com um novo plano para expulsar os nativos palestinos de Jerusalém ocupada a partir de sua cidade através de classificá-los como "não-cidadãos", revelou o advogado Ahmed Roweidi.

Roweidi afirmou nesta terça-feira que o Ministério do Interior israelense começou a especificar prazos para a residência dos nativos em Jerusalém e classificou-os como não-cidadãos que são suscetíveis a deportação a qualquer hora.

Roweidi descreveu esta nova medida como um prelúdio para uma nova campanha de limpeza étnica contra os nativos palestinos na cidade santa.

Ele afirmou que um número de cidadãos Jerusalem foi recentemente à autoridade ocupação israelense para renovar suas identificações e percebeu que a palavra "residente" foi adicionado para os novos cartões com uma data de validade para a sua residência na cidade santa.

http://www.abna.ir/data.asp?lang=3&id=444534




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Re: Israel e os israelenses.

#49 Mensagem por FOXTROT » Dom Jul 28, 2013 7:24 pm

romeo escreveu:UM PRA TRAZ :

Israel classifica nativos de Jerusalém como não-cidadãos.

O ministério israelense do interior surgiu com um novo plano para expulsar os nativos palestinos de Jerusalém ocupada a partir de sua cidade através de classificá-los como "não-cidadãos", revelou o advogado Ahmed Roweidi.

(Agência Ahlul Bayt News) - O ministério israelense do interior surgiu com um novo plano para expulsar os nativos palestinos de Jerusalém ocupada a partir de sua cidade através de classificá-los como "não-cidadãos", revelou o advogado Ahmed Roweidi.

Roweidi afirmou nesta terça-feira que o Ministério do Interior israelense começou a especificar prazos para a residência dos nativos em Jerusalém e classificou-os como não-cidadãos que são suscetíveis a deportação a qualquer hora.

Roweidi descreveu esta nova medida como um prelúdio para uma nova campanha de limpeza étnica contra os nativos palestinos na cidade santa.

Ele afirmou que um número de cidadãos Jerusalem foi recentemente à autoridade ocupação israelense para renovar suas identificações e percebeu que a palavra "residente" foi adicionado para os novos cartões com uma data de validade para a sua residência na cidade santa.

http://www.abna.ir/data.asp?lang=3&id=444534

De deportação os sionistas entendem bem! :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:

Saudações




"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: Israel e os israelenses.

#50 Mensagem por Wingate » Seg Jul 29, 2013 5:10 pm

FOXTROT escreveu:
romeo escreveu:UM PRA TRAZ :

Israel classifica nativos de Jerusalém como não-cidadãos.

O ministério israelense do interior surgiu com um novo plano para expulsar os nativos palestinos de Jerusalém ocupada a partir de sua cidade através de classificá-los como "não-cidadãos", revelou o advogado Ahmed Roweidi.

(Agência Ahlul Bayt News) - O ministério israelense do interior surgiu com um novo plano para expulsar os nativos palestinos de Jerusalém ocupada a partir de sua cidade através de classificá-los como "não-cidadãos", revelou o advogado Ahmed Roweidi.

Roweidi afirmou nesta terça-feira que o Ministério do Interior israelense começou a especificar prazos para a residência dos nativos em Jerusalém e classificou-os como não-cidadãos que são suscetíveis a deportação a qualquer hora.

Roweidi descreveu esta nova medida como um prelúdio para uma nova campanha de limpeza étnica contra os nativos palestinos na cidade santa.

Ele afirmou que um número de cidadãos Jerusalem foi recentemente à autoridade ocupação israelense para renovar suas identificações e percebeu que a palavra "residente" foi adicionado para os novos cartões com uma data de validade para a sua residência na cidade santa.

http://www.abna.ir/data.asp?lang=3&id=444534

De deportação os sionistas entendem bem! :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:

Saudações
De repente vão a formalizar um ghetto árabe em Jerusalém e só faltará obrigar os cidadãos a usarem uma braçadeira com o crescente....

Ah, essa história que se repete com diferentes disfarces e a mesma crueldade :roll:

Wingate




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Re: Israel e os israelenses.

#51 Mensagem por Clermont » Sáb Ago 02, 2014 8:19 pm

Encontro em um túnel.

Uri Avnery - 02 de agosto de 2014.

Há uma aldeia na Inglaterra que tem muito orgulho de seu arqueirismo. Em cada quintal existe uma grande prancha de alvo mostrando as habilidades de seu dono. Numa destas pranchas, cada flecha tinha atingido a mosca.

Um visitante curioso perguntou ao dono: como isso foi possível? A resposta: "Simples. Primeiro, eu atiro as flechas, e então eu desenho os círculos em volta delas."

Nesta guerra, nosso governo faz a mesma coisa. Nós obtemos todos os nossos objetivos - mas nossos objetivos mudam o tempo todo. No fim, nossa vitória será completa.

Quando a guerra começou, nós só queríamos "destruir a infraestrutura do terror". Então, quando os foguetes alcançaram praticamente todo o Israel (sem causar muito dano, em grande parte devido à miraculosa defesa antimíssil), o objetivo de guerra era destruir os foguetes. Quando o exército atravessou a fronteira para Gaza com tal propósito, uma enorme rede de túneis foi descoberta. Eles tornaram-se o objetivo de guerra principal. Os túneis precisam ser destruídos.

Túneis tem sido utilizados na guerra desde a antiguidade. Exércitos incapazes de conquistar cidades fortificadas cavavam túneis sob suas muralhas. Prisioneiros escapavam através de túneis. Quando os britânicos aprisionaram os líderes do movimento de resistência hebreu, vários deles escaparam através de um túnel.

O Hamas utiliza os túneis para ultrapassar os muros e cercas de fronteira e atacar assentamentos e o exército israelenses no outro lado. A existência destes túneis era conhecida, mas seus grandes números e eficácia vieram como surpresa. Semelhante aos combatentes vietnamitas em seu tempo, o Hamas utiliza os túneis como arsenais, centros operacionais, postos de comando e para ataques. Muitos deles são interconectados.

Para a população no lado israelense, os túneis são fonte de medo. A idéia de que, em qualquer momento, a cabeça de um combatente do Hamas vai subir no meio do refeitório de um kibbutz não é divertida.

Portanto, agora o objetivo de guerra é descobrir e destruir tantos túneis quanto possível. Ninguém sonhou com este objetivo antes de tudo começar.

Se a necessidade política exigir isso, poderá haver outro objetivo de guerra amanhã. Ele será aceito em Israel por aclamação unânime.

A mídia israelense agora é totalmente subserviente. Não há nenhuma reportagem independente. "Correspondentes militares" não são permitidos em Gaza para verem por si mesmos; eles estão reduzidos, de bom grado, a papaguear comunicados do exército, apresentando-os como suas observações pessoais. Uma enorme manada de ex-generais é arrebanhada para "comentar" sobre a situação, todos dizendo exatamente a mesma coisa, até mesmo usando as mesmas palavras. O público engole toda esta propaganda como verdade evangélica.

A pequena voz do Haaretz, com uns poucos comentaristas como Gideon Levy e Amira Hass, é afogada na ensurdecedora cacofonia.

Eu escapo desta lavagem cerebral escutando ambos os lados, trocando o tempo todo entre estações de TV israelenses e a Aljazeera (em árabe e em inglês). O que eu vejo é duas guerras diferentes, acontecendo ao mesmo tempo em dois planetas diferentes.

Para os espectadores da mídia israelense, o Hamas é a encarnação do mal. Estamos enfrentando "terroristas". Estamos bombardeando "alvos terroristas" (como a casa da família do líder do Hamas, Ismail Haniyeh). Os combatentes do Hamas não se retiram, eles "fogem". Seus líderes não estão liderando de postos de comando subterrâneos, eles estão "homiziados". Eles estão estocando suas armas em mesquitas, escolas e hospitais (como nós fizemos durante a época dos britânicos). Túneis são "túneis do terror". O Hamas está, cinicamente, usando a população como "escudos humanos" (como Winston Churchill usou a população de Londres). As escolas e hospitais de Gaza não são atingidas por bombas israelenses, Deus não permita, mas por foguetes do Hamas (que, misteriosamente, erram de caminho) e por aí vai.

Vista pelos olhos árabes, as coisas parecem de alguma forma diferentes. O Hamas é um grupo patriótico, lutando com incrível coragem contra circunstâncias imensas. Eles não são uma força estrangeira, insensível ao sofrimento da população, eles são os filhos desta mesma população, membros das famílias que estão, agora, sendo mortas em massa, que cresceram em casas que estão, agora, sendo destruídas. Estas são suas mães, seus irmãos que se amontoam, agora, em abrigos da ONU, sem água e eletricidade, privados de tudo exceto as roupas do corpo.

Eu nunca vi a lógica em demonizar o inimigo. Quando eu era soldado na guerra de 1948, tínhamos discussões acaloradas com nossos camaradas em outras frentes. Cada um insistia que seu inimigo particular - egípcios, jordanianos, sírios - era o mais valente e eficiente. Não há glória alguma em enfrentar uma quadrilha depravada de "vis terroristas".

Vamos admitir que nosso atual inimigo está lutando com grande coragem e inventividade. Que, de modo quase miraculoso, sua estrutura de comando militar e civil ainda está funcionando bem. Que a população civil o está apoiando apesar de imenso sofrimento. Que, após quase quatro semanas de luta contra um dos mais fortes exércitos no mundo, eles ainda estão resistindo de pé.

Admitir isso pode ajudar-nos a compreender o outro lado, algo que é essencial tanto para travar a guerra e fazer a paz, ou até mesmo um cessar-fogo.

Sem compreender o inimigo ou ter um conceito claro do que realmente queremos, até conseguir um cessar-fogo é uma tarefa árdua.

Por exemplo: o que queremos de Mahmoud Abbas?

Por muitos anos, a liderança israelnese o tem abertamente menosprezado. Ariel Sharon famosamente o chamou de "galinha depenada". Os direitistas israelenses acreditam que ele é "mais perigoso do que o Hamas", já que os ingênuos americanos mais provavelmente dariam ouvidos a ele. Binyamin Netanyahu fez tudo o que pôde para destruir-lhe a posição e sabotar todas as negociações de paz com ele. Eles o vilipendiaram por buscar a reconciliação com o Hamas. Como Netanyahu colocou, com seu talento usual para frases soltas, "paz conosco, ou paz com o Hamas."

Mas, esta semanas, nossos líderes estavam, fervorosamente, procurando Abbas, coroando-o como o único líder real do povo palestino, exigindo que ele desempenhe um papel de liderança nas negociações de cessar-fogo. Todos os comentaristas israelenses declararam que um dos grandes feitos da guerra foi a criação de um bloco político consistindo de Israel, Egito, Arábia Saudita, os Emirados do Golfo e Abbas. O "adversário" de ontem é agora um firme aliado.

O problema é que muitos palestinos agora desprezam Abbas, enquanto olham com admiração para o Hamas, o reluzente símbolo da honra árabe. Na cultura árabe, a honra desempenha um papel muito maior do que na Europa.

Neste momento, os especialistas em segurança israelenses olham com crescente preocupação para a situação na Margem Ocidental. Os jovens - e não só eles - parecem prontos para uma terceira intifada. O exército já está disparando munição real contra manifestantes em Qalandia, Jerusalém, Bethlehem e outros lugares. O número de mortos e feridos na Margem Ocidental está subindo. Para nossos generais, esta é outra razão para um cessar-fogo sem demora em Gaza.

O cessar-fogo é efetuado entre pessoas que estão atirando. Quer dizer: Israel e o Hamas. Infelizmente, não há meio de fugir disso.

O que deseja o Hamas? Ao contrário do nosso lado, o Hamas não mudou seu objetivo: levantar o bloqueio sobre a Faixa de Gaza.

Isso pode significar muitas coisas. O máximo: abrir as travessias de Israel, reparar e reabrir o destruído aeroporto de Dahaniyah no sul da Faixa, construir um porto na Cidade de Gaza (ao invés do existente pequeno pier para pescaria), permitindo aos pesqueiros de Gaza irem para mais distante da costa.

(Depois de Oslo, Shimon Peres fantasiou sobre um grande porto em Gaza, servindo ao Oriente Médio inteiro e transformando Gaza numa segunda Singapura).

O mínimo seria reabrir as travessias israelenses para o livre trânsito de bens para dentro e fora, permitindo aos gazanos irem para a Margem Ocidental e além, e para sustentarem-se com exportações, um aspecto que é muito raramente mencionado.

Em troca, Israel certamente exigiria inspeção internacional para impedir a construção de novos túneis e o reabastecimento do arsenal de foguetes.

Israel também exigiria algum papel para Abbas e suas forças de segurança, que são vistas pelo Hamas (e não só por ele) como colaboracionistas israelenses.

O exército israelense também exige que mesmo depois de um cessar-fogo entrar em vigor, ele completará a destruição de todos os túneis conhecidos antes de se retirar.

(O Hamas também exige a abertura da travessia para o Egito - mas isso não é parte das negociações com Israel.)

Se tivesse havido negociações diretas, isso teria sido comparativamente fácil. Mas com tantos mediadores competindo um com os outros, isso é difícil.

Na última quarta-feira, o Haaretz desvendou um notícia espantosa: o ministério do exterior israelense - sim, o feudo de Avigdor Lieberman! - propôs entregar o problema para as Nações Unidas. Deixem que eles proponham as condições para o cessar-fogo.

A ONU? A instituição quase universalmente desprezada em Israel? Bem, como se diz em ídiche, "quando Deus quer, até uma vassoura pode atirar."

Presumindo que um cessar-fogo seja obtido (e não um curto cessar-fogo humanitário, que nenhum lado tenciona manter), e então?

Negociações de paz sérias serão possíveis? Abbas se juntará como representante de todos os palestinos, incluindo o Hamas? Será esta guerra a última, ou permanecerá apenas outro episódio numa cadeia infindável de guerras?

Eu tenho uma louca fantasia.

A paz virá e os cineastas produzirão fimes sobre esta guerra, também.

Uma cena: soldados israelenses descobrem um túnel e entram nele de modo a limpá-lo de inimigos. Ao mesmo tempo, combatentes do Hamas entram no túnel do outro lado, no seu caminho para atacar um kibbutz.

Os combatentes se encontram no meio, abaixo da cerca. Eles vêem uns aos outros, na luz tênue. E, então, ao invés de atirarem, eles apertam as mãos.

Uma idéia louca? Sem dúvida. Lamento.




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Re: Israel e os israelenses.

#52 Mensagem por Clermont » Qua Out 22, 2014 10:50 am

UM DECENTE RESPEITO PELAS OPINIÕES DA ESPÉCIE HUMANA.

Uri Avnery - 21 de outubro de 2014.

Se o parlamento britânico tivesse adotado uma resolução em favor da ocupação israelense da Margem Ocidental, a reação de nossa mídia teria sido assim:

"Numa atmosfera de grande entusiasmo, o parlamento britânico adotou com enorme maioria (274 a favor, meros 12 contra) uma moção pró-israelense... Mais da metade dos assentos estava ocupada, mais do que o normal... os inimigos de Israel ficaram escondidos e não ousaram votar contra..."

Infelizmente, o parlamento britânico votou nesta semana uma resolução pró-palestina, e nossa mídia reagiu quase unanimemente desta forma:

"O plenário estava metade vazio... não houve entusiasmo... um exercício sem-sentido... Somente 274 membros votaram pela resolução, que não é obrigatória... Muitos membros ficaram de fora, totalmente..."

Apesar disso, nossa mídia relatou os procedimentos de forma extensa, muitos artigos relacionados apareceram nos jornais. Um feito e tanto para um tal desprezível, desimportante, insignificante, inconseqüente, trivial e patético ato.

Um dia antes, 363 cidadãos judeus israelenses instaram o parlamento britânico para adotar a resolução, que pede ao governo britânico o reconhecimento do estado da Palestina. Os signatários incluíam um laureado com o Prêmio Nobel, vários ganhadores da mais alta condecoração civil israelense, dois ex-ministros do gabinee e quatro ex-membros do Knesset (incluido eu mesmo), diplomatas e um general.

A máquina de propaganda oficial não entrou em ação. Sabendo que a resolução seria adotada de qualquer jeito, ela tentou rebaixar o evento tanto quanto possível. O embaixador israelense em Londres não pôde ser contactado.

Foi este um evento desprezível? Num sentido estritamente processual, ele foi. Num sentido mais amplo, longe disso. Para a liderança israelense, ele foi o arauto de novidades muito ruins.

Uns poucos dias antes, notícias similares vieram da Suécia. O recém-eleito primeiro-ministro esquerdista anunciou que seu governo estava considerando o reconhecimento do estado da Palestina em futuro próximo.

A Suécia, como a Grã-Bretanha, sempre foi considerada um país "pró-israelense", lealmente votando contra resoluções "anti-Isrel" na ONU. Se tais importantes nações ocidentais estão reconsiderando suas atitudes para com a política de Israel, o que isso quererá significar?

Outro golpe inesperado veio do sul. O ditador egípcio, Muhammad Abd-al-Fatah al-Sisi, desiludiu a noção da liderança israelense de que estados árabes "moderados" preencheriam as fileiras de nossos aliados contra os palestinos. Num discurso firme, ele preveniu sua recém-encontrada alma gêmea, Binyamin Netanyahu, de que os estados árabes não cooperariam com Israel antes que fizéssemos a paz com um estado palestino.

Assim, ele furou o recém-inflado balão posto a flutuar por Netanyahu - de que estados árabes pró-americanos, tais como o Egito, Arábia Saudita, Jordânia, os Emirados, Kuwait e Qatar, se aliariam abertamente à Israel.

Na América do Sul, a opinião pública já mudou marcadamente contra Israel. O reconhecimento da Palestina está ganhando terreno nos círculos oficiais, também. Até mesmo nos EUA, o apoio incondicional ao governo israelense parece estar titubeando.

O que diabos está se passando?

O que está se passando é uma profunda, tectônica mudança na atitude pública para com Israel.

Durante anos agora, Israel vem aparecendo na mídia mundial principalmente como um país que ocupa as terras palestinas. Fotos da imprensa quase sempre mostram soldados pesadamente armados e couraçados confrontando manifestantes palestinos, com freqüência, crianças. Poucas destas fotos tiveram um impacto dramático imediato, mas o efeito cumulativo, incremental, não deveria ser subestimado.

Um serviço diplomático verdadeiramente alerta, teria prevenido seu governo muito tempo atrás. Mas nosso serviço do exterior está totalmente desmoralizado. Encabeçado por Avigdor Lieberman, um brutamontes peso-pesado, considerado por muitos de seus colegas ao redor do mundo como um semi-fascista, o corpo diplomático está aterrorizado. Ele prefere se manter quieto.

Este processo em andameno alcançou a marca mais elevada na recente guerra de Gaza. Esta não foi basicamente diferente da duas guerras de Gaza que a precederam, não muito tempo antes, mas por alguma insondável razão, teve um impacto muito mais forte.

Durante um mês e meio, dia após dia, pessoas ao redor do mundo foram bombardeadas com imagens de seres humanos mortos, crianças mutiladas, massas de refugiados sem-teto. Graças ao "Iron Dome", nenhum edifício israelense destruído pôde ser visto, nem praticamente quaisquer israelenses civis mortos.

Uma pessoa decente comum, seja em Estocolmo, ou Seattle ou Singapura, não pode ficar exposta a uma tal corrente permanente de imagens horríveis sem ser afetada - primeiro, inconscientemente, então conscientemente. A imagem do "Israelense" muda lentamente, quase de modo imperceptível. O bravo pioneiro, confrontando selvagens ao redor dele, se transmuta num feio brutamontes aterrorizando uma população indefesa.

Por quê os israelenses não compreendem isto? Porque "Nós-Sempre-Estamos-Certos".

Com freqüência tem sido dito antes: o perigo principal da propaganda, qualquer propaganda, é que a primeira vítima dela é o próprio propagandista. Ela o convence, antes do que sua audiência. Se você distorce um fato e o repete uma centena de vezes, você acabará acreditando nele.

Tome por exemplo, a afirmação de fomos obrigados a bombardear as instalações da ONU, na Faixa de Gaza porque o Hamas as estava utilizando para lançar foguetes em nossas vilas e aldeias. Jardins-de-infância, escolas, hospitais e mesquitas foram visadas por nossa artilharia, aviões, drones e belonaves. Noventa e nove porcento dos israelenses acredita que isso foi necessário. Eles ficaram chocados quando o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao visitar Gaza nesta semana, declarou que isso fôra totalmente inadmissível.

O secretário-geral desconhece que o nosso é o "Mais-Moral-Exército-no-Mundo"?

Outra afirmação é que estes edifícios eram utilizados pelo Hamas para ocultar seus armamentos. Uma pessoa da minha idade lembrou-nos, nesta semana, no Haaretz que nós fazíamos, exatamente, a mesma coisa durante nossa luta contra o governo britânico da Palestina e os atacantes árabes: nossos armamentos eram escondidos em jardins-de-infância, escolas, hospitais e sinagogas. Em muitos destes lugares, agora existem orgulhosas placas de memorial como lembrança.

Aos olhos do israelense mediano, a extensiva matança e destruição durante a recente campanha foi completamente justificável. Ele é completamente incapaz de compreender o ultrage mundial. Por falta de outra razão, ele atribui isso ao antisemitismo.

Após uma das guerras do Líbano (esqueci qual), recebi uma inusitada mensagem: um general do Exército convidava-me para dar uma palestra para seu corpo de oficiais reunido sobre o impacto da guerra na mídia mundijal. (Ele provavelmente queria impressionar seus oficiais com sua atitude iluminada.)

Eu disse aos oficiais que o moderno campo de batalha mudou, que as guerras modernas são travadas sob as vistas totais da mídia mundial, que os soldados de hoje tem de levar isto em consideração enquanto planejam e combatem. Eles escutaram respeitosamente, e fizeram questões relevantes, mas eu me perguntei se eles realmente absorveram a lição.

A militança é uma profissão como qualquer outra. Qualquer profissional, seja ele (ou ela) um advogado, ou um gari, adota um conjunto de atitudes adequada a ela.

Um general pensa em termos reais: quantos soldados para o serviço, quantos canhões. O que é preciso para quebrar a resistência do inimigo? Como reduzir suas próprias baixaas?

Ele não pensa sobre fotos no New York Times.

Na campanha de Gaza, crianças não foram mortas, nem casas destruídas, arbitrariamente. Tudo tinha uma razão militar. Pessoas tinham de ser mortas de forma a reduzir o risco para as vidas de nossos soldados. (Melhor uma centena de palestinos mortos do que um soldado israelense.) Pessoas tinham de ser aterrorizadas para fazê-las voltarem-se contra o Hamas. Quarteirões tinham de ser destruídos para permitir às nossas tropas avançarem, e também para ensinar uma lição à população que ela lembraria durante anos, desta forma adiando a próxima guerra.

Tudo isso faz sentido militar para um general. Ele está travando uma guerra, pelo Amor de Deus, e não pode se incomodar com considerações não-militares. Tais como o impacto na opinião pública mundial. E, de qualquer modo, depois do Holocausto...

O que o general pensa, Israel pensa.

Israel não é uma ditadura militar. O general al-Sisi pode ser o melhor amigo de Netanyahu, mas Netanyahu não é um general. Israel gosta de fazer negócios, especialmente negócios armamentistas, com ditadores militares ao redor do mundo, mas no próprio Israel os militares obedecem ao governo civil eleito.

Verdade, mas...

Mas o estado de Israel nasceu no meio de uma guerra arduamente travada, o resultado da qual, de modo algum, estava assegurado na época. O Exército era, então, e é agora, o centro da vida nacional de Israel. Pode ser dito que o Exército é o único elemento autenticamente unificador na sociedade israelense. Ele é onde homens e mulheres, Ashkenazi e orientais, seculares e religiosos (exceto os ortodoxos), ricos e pobres, antigos e novos imigrantes se encontram e são doutrinados no mesmo espírito.

A maioria dos israelenses judeus são antigos soldados. A maioria dos oficiais, que deixam o Exército na metade dos seus quarenta anos, espalha-se pela elite administrativa, econômica, acadêmica e política. O resultado é que a mentalidade militar é predominante em Israel.

Sendo assim, os israelenses são extremamente incapazes de compreenderem esta mudança da opinião pública mundial. O que eles querem de nós, estes suecos, britânicos e japoneses? Eles acreditam que nós gostamos de matar crianças, de destruir lares? (Como Golda Meir, memoravelmente, uma vez declarou: "Podemos perdoar os árabes por matarem nossas crianças, mas nunca os perdoaremos por nos forçarem a matar as suas crianças!")

Os fundadores de Isreal estavam muito conscientizados da opinião pública mundial. É verdade, David Ben-Gurion, certa vez declarou que "não é importante o que um goyim está dizendo, o importante é o que os judeus estão fazendo!", mas na vida real, Ben-Gurion era muito consciente da necessidade de conquistar a opinião pública mundial. Como também era seu adversário, o líder da extrema-direita sionista, Vladimir Jabotinsky, que uma vez disse a Menachem Begin que, se ele se desanimasse com a consciência do mundo, deveria "pular no Vístula".

A opinião pública mundial é importante. Mais do que isto, ela é vital. A resolução do parlamento britânico pode não ser obrigatória, mas ela expressa a opinião pública, que mais cedo ou mais tarde decidirá a ação do governo sobre vendas de armas, sobre as resoluções do Conselho de Segurança, as da União Européia e outras. Como Thomas Jefferson disse: "Se o povo lidera, então, eventualmente, os líderes seguirão."

O mesmo Jefferson recomendou "um decente respeito pela opinião da espécie humana."




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Re: Israel e os israelenses.

#53 Mensagem por suntsé » Qua Out 22, 2014 2:17 pm

Texto excelente!




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Re: Israel e os israelenses.

#54 Mensagem por Wingate » Dom Nov 02, 2014 12:01 pm

Um outro israelense já havia tratado do assunto abaixo há mais de 2000 anos: :wink:


http://exame.abril.com.br/mundo/noticia ... rem-pedras


Quem se propõe agora a atirar a primeira? :roll:

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Re: Israel e os israelenses.

#55 Mensagem por Clermont » Dom Fev 22, 2015 12:49 pm

QUEM É O GOVERNANTE DE ISRAEL?

Por Uri Avnery - Antiwar.com - 16 de fevereiro de 2015.

Quem É o Governante de Israel?

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, é claro.

Errado.

O real governante de Israel é um tal de Sheldon Adelson, 81 anos, judeu americano, rei dos cassinos, que foi rateado como a décima pessoa mais rica do mundo, valendo 37,2 bilhões de dólares na última contagem.

Além de seus cassinos em Las Vegas, Pennsylvania, Macau e Singapura, ele é dono do Partido Republicano americano e, no fim das contas, de ambas as Casas do Congresso dos Estados Unidos.

Ele também é dono de Binyamin Netanyahu.

A conexão de Adelson com Israel é pessoal. Ele apaixonou-se por uma mulher israelense.

Miriam Farbstein nasceu em Haifa, cursou uma prestigiosa universidade, cumpriu seu serviço militar no instituto israelense que lida com guerra bacteriológica e é uma cientista multifacetada. Depois de um filho adotado morrer de overdose, ela devotou-se à luta contra as drogas, especialmente a cannabis.

Ambos os Adelsons são apoiadores fanáticos de Israel. Não apenas de um Israel qualquer, mas de um Israel colonialista, sem compromissos, anexacionista, expansionista, violento, arrogante, supremacista e direitista.

Em "Bibi" Netanyahu eles acharam seu homem. Por meio de Netanyahu eles esperam governar Israel como feudo privado.

Para garantir isto, eles fizeram uma coisa extraordinária: eles fundaram um jornal israelense, apenas devotado à promoção dos interesses de Binyamin Netanyahu. Não do Likud, não de uma política específica, mas de Netanyahu pessoalmente.

Anos atrás, eu inventei uma palavra em hebreu para jornais que são distribuídos gratuitamente. "Hinamon" com conotação injuriosa. Mas eu havia sonhado com um monstro igual ao "Israel Hayom" ("Israel Hoje") - um jornal com fundos ilimitados, distribuido todo dia de graça nas ruas e lojas por todo o país por centenas, talvez milhares de jovens pagos.

Os israelenses adoram ganhar qualquer coisa de graça. O Israel Hayom é agora o jornal diário com mais ampla distribuição em Israel. Ele drena leitores e rendimentos de propaganda de seu único competidor - Yedioth Ahronoth ("Últimas Notícias"), que mantinha esse título até então.

O Yedioth reagiu furiosamente. Ele tornou-lse um inimigo feroz de Netahyahu. Yossi Werter, um comentarista do Haaretz de centro-esquerda (que tem uma circulação de longe mais baixa) até mesmo acredita que a atual eleição resume-se a uma disputa entre os dois jornais.

Isso é um exagero enorme. Julgados por seus conteúdos políticos e sociais, há pouca diferença entre os dois. Ambos são superpatrióticos, criadores de guerra e direitistas. Esta é a receita para atrair as massas em qualquer parte do mundo.

O Yedioth é possuído pela família Moses, um clã orientado para os negócios. O atual editor, da terceira geração, é Arnon ("Noni") Moses, o chefe avesso à publicidade, de um vasto império econômico centrado no jornal. Este serve seus interesses comerciais, mas ele não tem nenhum interesse político especial.

Adelson é único.

Em Israel o jogo é proibido por lei. Não temos cassinos e antros ocultos de jogatina são incursionados pela polícia. Em nossa juventude somos ensinados que chefes de cassino são gente ruim, quase como mercadores de armas. Eles tiram dinheiro de pobres pessoas viciadas, levando-as ao desespero, mesmo ao suicídio. Veja Dostoyevsky.

Os israelenses lêem o Israel Hayom (afinal, é de graça, ora essa), mas eles não necessariamente gostam do homem e de seus métodos. Assim alguns membros do Knesset foram encorajados a apresentar uma emendda proibindo totalmente os jornais gratuitos.

Netanyahu e o partido Likud fizeram tudo para obstruir essa emenda. Mas na votação preliminar (necessária para emendas pessoais dos membros) eles foram batidos de forma impressionante. Até mesmo membros da coalizão governamental de Netanyahu votaram por ela. As câmeras pegaram Netanyahu literalmente correndo no plenário do Knesset para chegar no seu assento antes que a votação iniciasse.

A votação foi de 43 à 23. Quase metade dos membros do próprio Likud se ausentaram. O ministro do exterior Avigdor Lieberman e seu partido votaram pela emenda. Assim fizeram os ministros Ya'ir Lapid e Tzipi Livni.

Da votação preliminar até a adoção final, uma tal emenda precisa passar por vários estágios. Havia tempo em demasia para enterrá-la em um dos comitês. Mas Netanyahu estava furioso. Uns poucos dias depois da votação, ele demitiu Lapid e Livni do gabinete, provocando a dissolução da coalizão governamental e a dispersão do Knesset.

Por quê Netanyahu fez uma coisa tola como esta menos em menos da metade de seu (terceiro) mandato no cargo? Só pode haver uma única explicação lógica: ele recebeu ordem para fazer isso de Adelson, de forma a impedir a adoção da lei.

Se for mesmo, Adelson é agora o nosso legislador-chefe. Talvez ele também seja nosso fabricante de governos-chefe.

O dinheiro representa um papel cada vez maior na política. A propaganda eleitoral é feita na televisão, o que é muito dispendioso. Tanto em Israel quanto nos EUA, fundos legais e ilegais são despejados na campanha, direta e indiretamente. A corrupção é instigada ou tolerada pelas cortes. Os muito ricos exercem influência indevida.

Nas últimas eleições presidenciais americanas, Adelson despejou rios de dólares na disputa. Ele apoiou Newt Gingrich, e então Mitt Romney, com somas enormes de dinheiro. Em vão. Talvez os americanos não gostem de ser governados por capitães de cassinos.

Para as próximas eleições presidenciais americanas, Adelson começou cedo. Ele já convocou ao seu QG no cassino de Las Vegas, todos os principais candidatos republicanos, para arrancar-lhes sua lealdade para com ele - e para com Netanyahu. Ninguém ousou recusar sua convocação. Um senador romano recusaria a convocação de César?

Em Israel, tais rituais são supérfluos. Os Adelsons - tanto Miri e Sheldon - sabem quem é seu homem.

O jornal Israel Hayom é, naturalmente, uma grande máquina progandística, totalmente devotada à reeleição de Netanyahu. Tudo muito legal. Numa democracia, quem pode dizer a um jornal, a quem apoiar? Nós ainda somos uma democracia, pelo amor de Deus!

Parece estranho para um país permitir a um estrangeiro, que nunca viveu no país, ter um tão grande poder sobre o futuro deste, na verdade, sobre sua própria existência.

Aqui é que entra o sionismo. De acordo com o credo sionista, Israel é o estado dos judeus, todos os judeus. Cada judeu no mundo pertence à Israel, mesmo se temporariamente residindo alhures. Uns poucos dias atrás, Netanyahu publicamente declarou representar não somente o Estado de Israel, mas também o "Povo Judeu" inteiro. Nenhuma necessidade de perguntar a este.

De acordo, Adelson não é realmente um estrangeiro. Ele é um de nós. É verdade, ele não pode votar em Israel, embora sua esposa provavelmente possa. Mas muitas pessoas, incluindo ele próprio, acreditam que ele, sendo um judeu, tem o perfeito direito de interferir em nossos assuntos e dominar nossas vidas.

Por exemplo, a nomeação de nosso embaixador nos EUA. Ron Dermer é um americano, nascido em Miami, que foi ativo na política republicana. Nomear um funcionário americano do Partido Republicano como embaixador de Israel perante uma administração democrata pode parecer estranho. Não tão estranho se Netanyahu tiver agido sob ordens de Sheldon Adelson.

Foi Adelson quem preparou a poção de bruxa que está agora pondo em risco a linha vital para Washington. Seu fantoche, Dermer, induziu os republicanos no Congresso - todos eles dependentes das benesses de Adelson, ou esperando ser - para convidar Netanyahu para pronunciar um discurso anti-Obama perante ambas as Casas do Congresso.

Enquanto esta intriga estava em preparação, Dermer encontrou-se com John Kerry, mas não contou-lhe da vinda de Netanyahu. Nem informou o presidente Obama, que, furioso, anunciou que não encontraria o primeiro-ministro.

Do ponto de vista dos interesses vitais de Israel, é pura loucura provocar o presidente dos Estados Unidos da América, que controla o fluxo de armas americanas para Israel e o poder de veto americano na ONU. Mas do ponto de vista de Adelson, que deseja eleger um presidente republicano em 2016, faz sentido. Ele já ameaçou investir somas ilimitadas de dinheiro para impedir a reeleição de qualquer senador ou representante que se ausente durante o discurso de Netanyahu.

Estamos perto de uma guerra aberta entre o governo de Israel e o presidente dos Estados Unidos.

Alguém estará jogando roleta com nosso futuro?




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Clermont
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Re: Israel e os israelenses.

#56 Mensagem por Clermont » Sáb Mar 21, 2015 4:26 pm

BIBI: SE PREOCUPAR COM O QUÊ?

Eric Margolis - 21.03.15.

A mídia americana está cheia de estórias sobre como a administração Obama irá punir Israel por reeleger Bibi Netanyahu num pleito marcado pela demagogia e flagrante racismo.

O New York Times ATÉ MESMO previne que o presidente Barack Obama pode apoiar uma série de resoluções da ONU exigindo que Israel retire-se para suas estreitas fronteiras de 1967 e crie um estado palestino viável.

Dificilmente. A reeleição do "Rei Bibi" torna Israel virtualmente inatacável e dono de todas as cartas.

Quem é que vai forçar Israel a sensível solução de dois estados? Obama não pôde nem mesmo impedir Netanyahu de vir à Washington e humilhá-lo perante o Congresso. Será Obama quem forçará Israel e seus 650 mil colonos armados a saírem da Margem Ocidental?

Não enquanto Israel e seus advogados americanos controlarem ambas as casas do Congresso, os partidos republicano e democrata - e Hillary Clinton. O finado primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, supostamente disse a um auxiliar preocupado com uma resposta negativa americana, "não se preocupe com os Estados Unidos, eu controlo os Estados Unidos."

Partidários de Israel exercem importante influência sobre o governo da França e o Partido Socialista. A França, secretamente, forneceu a Israel a sua capacitação em armas nucleares, nos anos 1950.

Ambos os partidos na Grã-Bretanha são, de forma similar, influenciados por doadores pró-Israel. A Alemanha permanece muito tímida em política externa e cumpre muito do que Israel exige, até mesmo dotando Israel com submarinos portando mísseis de cruzeiro com ogivas nucleares.

A Rússia de Vlad Putin é bastante pró-Israel e nunca esquece que há mais de um milhão de antigos russos agora vivendo em Israel. A China, sabiamente, ficou de fora da disputa árabe-israelense. Portanto, exceto os EUA, nenhum poder pode forçar Israel a sair de suas terras anexadas.

A maioria dos israelenses ficou feliz com o resultado eleitoral. Pesquisas mostram que cerca de 75 % dos israelenses são contrários à criação de um estado palestino e não querem morar perto de árabes, a quem muitos chamam de "animais selvagens." Seu temperamento está em algum lugar à direita dos sul-africanos brancos durante a era do apartheid. A centro-esquerda de Israel, liderada pelos judeus europeus asquenazes, foi destroçada. Os judeus orientais e imigrantes russos agoram ditam o jogo.

Os israelenses lamuriam-se um bocado a respeito de seus males econômicos, mas de fato sua renda per capita, reforçada por mais de $ 3 bilhões em ajuda americana anual, é mais alta do que a da Itália e próxima àquelas da Europa Ocidental. As indústrias bélicas e de alta-tecnologia de Israel são, agora, líderes mundiais.

O poder militar de Israel poderia conquistar todo o Oriente Médio central, incluindo o Egito e a Arábia Saudita, numa semana. Com mais de duzentas armas nucleares - por quê tantas, alguém poderia perguntar - Israel é inexpugnável. A Arábia Saudita, Jordânia, Marrocos, Egito e os Emirados Árabes Unidos são aliados tácitos. Israel controla o fluxo de auxílio americano que impede o Egito de morrer de fome, graças ao controle sobre o Congresso.

Então, quem empurrará Israel de volta às fronteiras de 1967? Não a al-Qaida que tem apenas umas poucas centenas de membros ativos. Não a quadrilha de bandidos do Exército Islâmico, que é excelente em relações públicas on line e enfrentar ineptas forças árabes. Não um boicote da União Européia: Israel dá mais valor à conquistada Margem Ocidental - sem esquecer o estratégico Golan - do que à batatas importadas da UE. Não o Irã, que é militarmente decrépito e incapaz de projetar poder - e que não tem nenhuma arma nuclear ou meios de lançá-las.

O mundo árabe tinha, somente, três potências militares significativas: Egito, Síria e Iraque. O Egito foi subornado e tornou-se o primeiro real estado neofascista árabe. A Síria e o Iraque jazem em ruínas graças à intervenção americana.

O sonho do teórico sionista dos anos 1920, Vladimir Jabotinsky - a luz condutora da família Netanyahu - está tornando-se realidade: uns poucos golpes no quebradiço mosaico do mundo árabe derrubará seus regimes e abrirá o caminho para o Grande Israel.

Não admira que o patriarca fundador de Israel, David Ben Gurion, recusava-se a definir as fronteiras orientais de sua nova nação. O herói de guerra, Moshe Dayan, afirmava que era direito de sua geração definir tais fronteiras - mas das gerações futuras.

A recente descoberta de enormes campos submarinos de gás e petróleo entre Israel/Palestina e o Chipre, é uma mina de ouro para Israel, que em pouco tempo se tornará um exportador de energia. Acordos secretos entre Israel e os curdos estão trazendo mais petróleo à costa do Mediterrâneo através da Turquia.

Quanto aos palestinos, eles não parecem ter muitas esperanças. As chances para, até mesmo, um raquítico e débil estado-bantustão na Margem Ocidental, se foram. Netanyahu, no final da corrida eleitoral, declarou que não haverá nenhum estado palestino. Ele irá, é claro, continuar flertando com os EUA e a UE sobre esta desgastada questão, fazendo pequenas concessões táticas para permitir seus aliados ocidentais continuarem a prosseguir com a pretensão de que as "conversações de paz" ainda estão vivas. Elas não estão e não estiveram já a uma década. Elas apenas se adequam à continução pelas potências ocidentais de seu jogo dissimulado, enquanto Israel implacavelmente anexa os Territórios Ocupados.

Os palestinos fariam bem em se ver livres de seu idoso e inútil líder fantoche, Mahmoud Abbas. O Hamas, trancafiado em Gaza por Israel e o Egito, será a verdadeira voz dos palestinos. Muitos destes pensarão em emigrar da Palestina, o que é justamente o que Israel quer, enquanto continua a demolir e cimentar toda a Margem Ocidental. A Golan ocupada, de onde 230 mil sírios foram limpos etnicamente após 1967, será esquecida, tornando-se parte do Grande Israel.

Os israelenses mostraram que não querem ser parte do vizinho mundo árabe, não mais do que muitos sul-africanos brancos queriam se juntar à África Negra. Eles querem ficar sozinhos por detrás de seus muros altos, com suas turbulentas populações árabes trancadas lá longe, em reservas tribais. Israel tem a terra, a água e agora a energia, e tem a intenção de mantê-las todas.

E por quê não? O rei Bibi agora está com o jogo na mão.




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Re: Israel e os israelenses.

#57 Mensagem por mmatuso » Sáb Mar 21, 2015 4:59 pm

Eita nóis Israel controla metade do mundo e esqueceram de avisar. [003]




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Re: Israel e os israelenses.

#58 Mensagem por FCarvalho » Sáb Mar 21, 2015 5:01 pm

Tudo neste mundo tem o seu tempo. E o tempo de Israel pagar pela arrogância de seus líderes irá chegar. E isto não é nenhuma profecia. É apenas história.

abs.




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Re: Israel e os israelenses.

#59 Mensagem por suntsé » Qua Mar 25, 2015 7:06 pm

mmatuso escreveu:Eita nóis Israel controla metade do mundo e esqueceram de avisar. [003]
Não precisa ninguém avisar, basta conhecer a história dos Judeus. Que se tornaram um dos povos mais poderosos da terra (se não for o mais poderoso).




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Re: Israel e os israelenses.

#60 Mensagem por FCarvalho » Qui Mar 26, 2015 10:40 am

O povo não, alguns indivíduos.
Associar o povo judeu ao que fazem, no contexto geoestratégico mundial, alguns de seus políticos, enricados e/ou religiosos, não é justificável.
Ademais, a sociedade israelense hoje é uma coisa, e o povo judeu outra. Não precisa ser judeu para ser israelense. Assim como o contrário é também verdadeiro.
É como dizer que o Barcelona é o time mais importante do mundo só porque tem Messi e Neimar jogando juntos. Bom, o Barcelona não é o time mais importante do mundo, e segundo me consta , nem é o mais rico, embora tenha importância destacada no mundo do esporte.

abs.

abs.




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